Blog do José Cruz

Arquivo : junho 2015

Futuro de quatro CTs de Atletismo depende do Ministério do Esporte
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José Cruz

Do presidente da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), José Antônio Fernandes, recebi a seguinte mensagem, referente ao artigo sobre o fechamento do CT de Uberlândia, 

O convênio foi assinado em 2011, entre o Ministério do Esporte e a CBAt, para iniciar quatro centros de atletismo: Uberlândia, Fortaleza, Rio e São Paulo. O Prazo era determinado por dois anos, mas conseguimos por duas vezes ampliar o prazo, pois o dinheiro da poupança foi reaplicado na continuidade dos Centros, com autorização do Ministério do Esporte.

Foram assinados os seguintes convênios para o funcionamento dos CTs: com o Sesi para o Centro de Uberlândia; com a UNIFOR para o de Fortaleza; com a Aeronáutica para o Centro do Rio, e com a Prefeitura de São Paulo para o Centro Olímpico da Prefeitura. Todos os convênios têm término em 31 de julho deste ano, e as entidades já foram comunicadas. Os atletas vieram de clubes que pediram para treinarem nos centros. Com o término dos convênios, os atletas voltam aos clubes de origem, para continuarem seus treinos.

Já enviamos ao Ministério novo projeto, com as modificações necessárias, após avaliações do corpo técnico da CBAt. O projeto encontra-se em avaliação.

Do ponto de vista da Confederação, achamos muito importante a continuidade do projeto, pois foram contratados técnicos do mais alto gabarito, técnicos campeões Olímpicos, internacionais, e o desenvolvimento e aperfeiçoamento é muito importante para os atletas ali treinados. Estamos muito preocupados com o RH do esporte, mas o princípio da construção esportiva, que também é importante, parece que está prevalecendo.

Nota do blogueiro

Agradeço a gentileza das informações enviadas pelo presidente da CBAt, José Antônio.

Essa realidade most ra que ainda falta um planejamento de governo de longo prazo. Não adiantam só instalações. Se o governo oferece os CTs – e está ampliando a rede para 48 unidades – deve ter a preocupação de projetos duradouros, pois em qualquer modalidade e principalmente no atletismo não se forma um atleta em apenas dois anos. Pior para os que estão de olho na vaga olímpica, passarem agora pelo transtorno de mudanças a um ano dos Jogos do Rio de janeiro, caso o Ministério do Esporte não prorrogue a ocupação dos quatro centros com “mortes anunciadas”.

Por tudo isso, é preciso ficar atento: o que ocorrerá com o Brasil esportivo depois de 2016?


Sem verbas, quatro CTs de Atletismo serão fechados, a um ano da Olimpíada
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José Cruz

Em plena reta final de preparação dos atletas para os Jogos Rio 2016 a CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) fechará quatro unidades do Centro Nacional de Treinamento de Atletismo:  Uberlândia, São Paulo, Fortaleza e Rio de Janeiro. O motivo da decisão extrema é o fim do convênio com o Sesi de Minas Gerais

Enquanto isso…

… ironicamente, o Ministério do Esporte está investindo R$ 900 milhões na construção ou reforma de 48 centros de atletismo. E não tem recursos para a manutenção das praças existentes? Ficam abandonadas e colocam em risco a carreira de dezenas de atletas de alto rendimento, além de frustrar a expectativa de centenas de jovens talentos?

O Ministério do Esporte não respondeu sobre as indagações abordando este assunto.

Desperdício  

Ao longo dos anos, o governo financia as obras de construção ou reforma dos CTs, mas deixa a manutenção por conta de terceiros, como o Sesi, prefeituras e universidades federais. Mas se falta orçamento principalmente para o ensino, o que esperar das novas unidades, se não o abandono, como ocorre, agora, com os CTs de Uberlândia, Rio, Fortaleza e São Paulo?

Morte anunciada

O primeiro Centro Nacional de Treinamento de Atletismo foi inaugurado em Manaus, em 1995, mas fechou em 2002.

Em Uberlândia, o CT foi aberto em 2009, através de parceria da CBAt, Caixa e Sesi de Minas Gerais. O convênio de inauguração fixava data fechamento: 2016… Vai desaparecer um ano antes.

Iniciativas governamentais são assim, inauguração com discursos e festas e data da morte anunciada…


Com apenas três federações filiadas, Confederação de Esgrima tem duas sedes
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José Cruz

Sem dinheiro para programas de treinamento da equipe principal e até para fornecer uniformes às delegações em eventos oficiais, mesmo assim a Confederação Brasileira de Esgrima (CBE) exagera na gestão dos recursos públicos que recebe. Tem apenas três federações filiadas – Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro – mas gastos mensais com duas sedes, uma no Rio e outra em Brasília. Ed Gilberrto Salomão

Na Internet, a página oficial da Confederação não se refere à sede de Brasília, coincidentemente a cidade onde mora o presidente da entidade, Gerli dos Santos.

Na capital da República, o imóvel fica no edifício Gilberto Salomão (foto), no Setor Comercial Sul, região central. Conforme recibos de 2014, o aluguel era de R$ 605,00, e o condomínio R$ 240,00. A reportagem não conseguiu acesso aos recibos de 2015.

Da mesma forma, faltam informações oficiais sobre a utilidade desse imóvel. A direção da CBE não respondeu às indagações da reportagem, sobre a importância de uma sede na capital da República. Na portaria do edifício Gilberto Salomão, o segurança informou que “dificilmente aparece alguém aí” (na sede da CBE).

Para saber mais:

http://josecruz.blogosfera.uol.com.br/2015/06/esgrima-gasta-r-240-mil-anuais-com-ct-que-nao-e-utilizado-por-atletas/

 


Esgrima gasta R$ 240 mil anuais com CT que não é utilizado por atletas
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José Cruz

O Centro de Treinamento da CBE (Confederação Brasileira de Esgrima), no Rio, destina, em média, 81% de sua manutenção mensal para o pagamento de pessoal e encargos sociais. São dois assistentes administrativos, uma fisioterapeuta e um preparador físico. O dinheiro vem da Lei Piva, sob a gestão do Comitê Olímpico do Brasil (COB).

No entanto, atletas da elite da esgrima consultados sobre a importância do referido CT afirmaram que não utilizam aquele espaço. Extraoficialmente, a reportagem do UOL Esporte apurou que o CT também não é usado para treinar jovens talentos da esgrima.

Documentos oficiais aos quais a reportagem teve acesso demonstram que,  em fevereiro de 2014, a CBE recebeu R$ 21 mil do COB para o “Centro de Treinamento”. Do total, R$ 17 mil foram aplicados em salários, INSS, FGTS, PIS, vale transporte, vale alimentação e assistência médica. A Lei Piva, criada em 2001, com repasses das loterias às confederações esportivas, foi idealizada para ser aplicada, prioritariamente, no apoio ao treinamento e viagens de atletas.

Memória  elorahugogabrielrossistfgetty

Esta revelação ocorre dois meses depois que a esgrimista Élora Ugo denunciou falta de recursos da CBE para treinamento de atletas de ponta, culminando com a sua desistência de participar da equipe nacional. Na ocasião, a Confederação devolvia R$ 825 mil ao Ministério do Esporte por não ter conseguido aplicá-los no programa de treinamento de atletas, apesar de ter contratado a empresa SB Promoções como executora, que recebeu R$ 94 mil pelo trabalho que teve apenas 25% executado.

 Entrevista

Sobre este e outros assuntos, assim se manifestou a diretoria da confederação:

A Confederação de Esgrima informa cumpriu todas as obrigações relativas aos convênios com o Ministério do Esporte e na nota oficial divulgada a toda a imprensa no mês de março, nada mais tendo a declarar sobre o assunto. A CBE tem suas contas aprovadas pelo Ministério do Esporte e pelo Comitê Olímpico Brasileiro. Quanto às pistas e aparelhos, este material tem sido utilizado em benefício coletivo. Cada federação recebeu um conjunto. Algumas pistas e aparelhos permanecem com a CBE e são utilizados em competições nacionais e internacionais, em proveito não só do alto rendimento como nas categorias de base (infantis, cadete e juvenis).”

Nota do blog: as contas junto ao Ministério do Esporte não estão aprovadas, mas em análise.

Blog – A CBE informou que vende os uniformes aos atletas pelo preço de custo. Porém, identificamos pagamentos de R$95,00 por unidade e venda por R$ 140,00. Gostaria de saber sobre a divergência das informações.

CBE – O preço cobrado é acrescido das despesas de Sedex, fretes, etc. Todos os esgrimistas da equipe principal e juvenil e alguns cadetes receberam o uniforme gratuitamente. 

Blog – Identificamos despesas mensais superiores a R$ 20 mil, em salários e encargos sociais para funcionários do CT do Rio de Janeiro. Porém, segundo vários atletas, o espaço não é utilizado pelos competidores. A quem se destina o CT e o que justifica esses salários?

CBE – O Centro de Treinamento no Rio está ativo, no momento sendo utilizado pelo Curso de Mestre D’ armas/2015. Foi utilizado por atletas brasileiros e estrangeiros que chegaram antecipadamente ao Rio para o Grand Prix de maio. 

Nota do blog: O Curso de Mestre d’armas é ministrado pela Escola de Educação Física do Exército para oficiais da Forças Armadas. Ocasionalmente algum civil participa do curso, porém sem vínculo com a CBE, exceção ao funcionário Rodrigo Fontes, que tem o cargo de Preparador Físico no CT. Quanto à utilização do referido Centro por atletas na semana que antecedeu o GP do Rio, não justifica custos anuais superiores a R$ 240.000,00.

Blog – A CBE aluga uma sede em Brasília. Existe necessidade de ter tal sede, diante da exiguidade dos recursos para investimentos nos atletas?  O fato de o Senhor, Presidente, morar em Brasília, mas ter a sede da CBE no Rio não onera o orçamento da entidade, inclusive com gastos de viagens, hospedagens e alimentação?

CBE – não respondeu

Blog – No convênio com o Ministério do Esporte, que não foi executado, havia R$ 286.200,00 para remuneração de técnicos. Por que os mesmos não foram contratados? Como se deu tal planejamento para incluir esse item no projeto? Por que somente nesse último pedido de prorrogação a CBE admitiu que os seus técnicos (somente três) já eram remunerados pela Petrobrás e pediu a realocação dos recursos para outras atividades?

CBE – não respondeu


Como eles “roubam” o jogo
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José Cruz

…E, assim, roubam o jogo, estimulados pela emoção do esporte e atuação do atleta, agente principal do negócio olímpico

Além de Andrew Jennings, que antecipou em dois livros o esquema de corrupção no futebol, agora desvendado pelo FBI, o norte-americano David Yallop contou em 1998 sobre os segredos e subterrâneos da Fifa,  em “Como eles roubaram o jogo”. A festa continuou no mesmo “padrão Fifa”.

capaComoElesRoubaram

No Brasil sabíamos sobre os trambiques que o futebol esconde. As quebras de sigilos bancários e fiscal da CBF, clubes e federações, conseguidas pelas CPIs do Futebol e da CBF Nike, em 2001, mostraram como muitos ganharam dinheiro, guardado em paraísos fiscais. Mas os relatórios dessas CPIs foram ignorados.

A bola da vez é o futebol, mas o esporte olímpico também esconde milionárias falcatruas.  No Brasil, até hoje não temos respostas a dezenas de desmandos no Pan 2007, no Rio de Janeiro. E já estamos na fase final de outro evento bilionário, a Olimpíada, que segue no mesmo rumo, consumido verbas públicas. E com a omissão do Ministério do Esporte. Sobre o Pan, ministro Marcos Vilaça, do Tribunal de Contas da União, escreveu em seu relatório final, de 2008:

“Lamento o excessivo tempo que o Ministério dos Esportes tem levado na análise dos contratos e convênios do Pan. Essa demora embaraça o trabalho do TCU e impede o trâmite mais ágil dos processos atualmente em curso nesta Casa…

Esporte e política

Está claro que o ente político-partidário age de propósito para conturbar a fiscalização, porque outros fatos virão e aqueles ficarão no esquecimento.

Quem se lembra do escândalo do Segundo Tempo, por exemplo, que abasteceu contas de partidos, facilitando a eleição de políticos que hoje circulam com “imunidade” pelo Congresso Nacional?  E, assim, roubam o jogo, estimulados pela emoção do esporte e atuação do atleta, agente principal do negócio olímpico

As fartas fontes de recursos para o esporte olímpico também contribuem para que os aproveitadores atuem sem temor de serem incomodados. A falta de punição aos roubos e fraudes é aliada histórica.

Em várias confederações, há licitações fraudadas, aquisições de equipamentos de empresas fantasmas, desvios de objetivos das verbas liberadas pelo governo, importações ilegais, enfim. Um pouco já foi revelado e outro tanto está sob investigação pelos Ministério Público e Polícia Federal, no Rio de Janeiro e em São Paulo e em breve teremos outra “surpresa”.

Mas, e daí?


Desde 2001, governo sabia sobre a corrupção na CBF
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José Cruz

“Os investimentos em clubes de futebol são uma fonte de risco de lavagem de capitais devido à falta de transparência em relação à origem de financiamento.”

“Entre 2005 e 2009 o Brasil realizou 786 (15,9%) transferências de jogadores para 17 países com deficiências em suas políticas de prevenção e combate à lavagem de dinheiro e retornaram 440 (16,6%) atletas deste tipo de países.” 

(Mauro Salvo, doutor em Economia, em estudo divulgado em 2010)

 Escândalo anunciado

A principal novidade no escândalo do futebol é que saímos da fase de denúncias e entramos na de comprovações de criminosos esquemas. E, enfim, há prisões. Esse escândalo, anunciado há anos pelo jornalista irlandês Andrew Jennings, poderia ter sido detonado no Brasil.

No caso da CBF, conhecemos sobre os seus trambiques desde 2001, há 14 anos!!! – a partir dos relatórios da CPI do Futebol, no Senado, e da CBF Nike, na Câmara. CPI

“O trabalho (da CPI CBF Nike) mostra como o futebol vem sendo usado para a promoção de grandes negócios. São milhões de dólares que rolam em contratos obscuros e desaparecem”, – diz o relatório assinado pelos deputados Aldo Rebelo (presidente da CPI) e Silvio Torres (relator).

Omissão

Mas, nenhuma ação foi tomada pelo governo de então (FHC) ou órgãos que receberam o relatório com “recomendações”:

Ministério Público Federal

Banco Central

Polícia Federal

Receita Federal

Mesas da Câmara e do Senado

Ministério Público dos Estados

Ministério Público Eleitoral (sobre as doações da CBF a campanhas políticas) e

COAF, Conselho de Controle de Atividades Financeiras.

Mais:

Em 2011, Mauro Salvo, doutor em economia, analisou o mercado brasileiro em geral, e gaúcho em particular, no que diz respeito às “transferências de jogadores de futebol”. E concluiu:

“Com base nos dados analisados conclui-se que o mercado de futebol no Brasil é bastante vulnerável à lavagem de dinheiro. A quantidade crescente tanto transações e a soma dos valores envolvidos deveriam causar preocupação para as autoridades brasileiras. Muito embora seja positivo que o mercado de atividade vista pela população como nobre esteja pujante, não se pode ignorar o fato de que lavadores de dinheiro costumam procurar mercados com as características mencionada neste artigo para efetivação de ato criminoso”.

O Brasil poderia ter sido exemplo de combate ao crime organizado que o futebol profissional esconde. Ao contrário, houve estreita relação da CBF com a Câmara e o Senado, a ponto de ali instalar um QG de aliciamento de políticos, em troca de doações para campanhas eleitorais, farta distribuição de ingressos para jogos da Seleção Brasileira, financiamentos de viagens promocionais etc.

O estudo de Mauro Salvo está aqui.


CPI da CBF poderá ser mista
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José Cruz

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, deu sinal branco para que a CPI da CBF se torne mista, isto é, com participação de deputados e senadores, fortalecendo a  investigação do Legislativo no maior escãndalo do futebol nacional, fora das quatro linhas.

A manifestação foi durante reunião como senador Romário, hoje de manhã, em Brasília. Novas articulações com lideranças políticas serão feitas à tarde, para levar adiante a proposta.

Se a CPI Mista da CBF for confirmada, serão necessárias novas assinaturas,  mínimo de 27 senadores e 171 deputados, que correspondem a um terço de parlamentares em cada Casa Legislativa. Romário já manifestou o desejo de ser o relator, caso a CPI seja aprovado. Se a investigação for mista, a presidência caberá a um deputado.

Recorde

Ontem, o senador Romário(PSB/RJ) bateu o seu próprio recorde. Quem sabe, o recorde da história do Congresso Nacional. Em apenas duas horas ele conseguiu 52 assinaturas – praticamente o dobro das 27 necessárias –  para pedir a instalação da CPI da CBF. A marca anterior era de 24 horas, ainda quando deputado federal, para colher as mais de cem assinaturas exigidas para um CPI na Câmara, que acabou arquivada.

No Senado, Romário voltou a usar o seu prestígio ex-craque e de campeão mundial de futebol, amparado pelo argumento de investigar as denúncias de corrupção na CBF, para colher pessoalmente as assinatura. Agora, é esperar pela leitura do pedido da CPI em plenário, sua aprovação, designação dos membros, escolha do presidente e relator e instalação dos trabalhos. Porém, se for aprovada a CPI Mista, será necessário nova rodada de assinaturas de adesão no Senado.

Deepois, se algum esperto retirar a assinatura poderá se identificar quem está na Bancada da CBF, que é poderosa, mas está fragilizada pelo golpe do FBI, desvendando os trambiques do futebol internacional.

Se a CPI for aprovada, o senador Romário quer ser o relator. É o parlamentar que elabora a pauta de convocações e tem prioridade nas perguntas aos depoentes. Mas é importante que o presidente seja um político que tenha condições de pressionar e  impor o cumprimento das decisões da Comissão, porque a pressão da cartolagem será em nível desesperador.

Diante de tudo isso, nem se falou mais em MP da Dívida Fiscal dos Clubes. Será que os cartolas ainda querem “negociar”?

Post atualizado ás 12h06


Escândalo na Fifa: ações entre amigos
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José Cruz

“O trabalho mostra como o futebol vem sendo usado para a promoção de grandes negócios. São milhões de dólares que rolam em contratos obscuros e desaparecem. Quanto maior o contrato, mais endividados ficam a CBF, as federações e os clubes, enquanto fortunas privadas formam-se rapidamente, administradas em paraísos fiscais de ondem brotam mansões, iates, e se alimenta o poder de cooptação e de corrupção”. (do relatório da CPI da CBF Nike/2001)

Entre amigos

 A  prisão de cartolas internacionais do futebol não é um ato isolado no mundo do futebol. Está intimamente vinculado a fatos ainda recentes, envolvendo outros brasileiros, João Havelange e Ricardo Teixeira. Ambos abandonaram seus cargos e saíram pela porta dos fundos, para escaparem da ação que hoje expõe a imundice dos negócios ocultos do esporte.

CBF

O atual presidente da CBF, Marco Polo del Nero (à esquerda), era vice-presidente e assessor direto do então presidente, José Maria Marin (à direita). Portanto, se a investigação prosperar, poderemos acordar, dia desses, com a notícia: “Del Nero também está preso!”

CPI

Desde 2001 sabíamos, a partir de documentos oficiais – bancários e fiscais –, obtidos pela CPI da CBF Nike, que o futebol escondia grandes negociatas, evasão de divisas, sonegação fiscal, tráfico de menores, corrupção internacional envolvendo fortunas suspeitas. No Brasil, a “embaixada” desses trambiques tinha endereço conhecido: sede da CBF, no Rio de Janeiro, então dirigida por Ricardo Teixeira, com uma sucursal em Brasília, numa mansão alugada em área nobre.

O relatório da CPI, assinado pelo presidente, então deputado federal Aldo Rebelo, e o relator, deputado Silvio Torres, resumi os crimes identificados, há 14 anos… Contra a ordem tributária, contra o sistema financeiro nacional, falsificação de documentos públicos; falsificação de passaportes, falsidade ideológica e envio de crianças e adolescentes ao exterior de forma irregular (disfarçados de jogadores).

Para saber mais:

http://josecruz.blogosfera.uol.com.br/2015/05/a-desmoralizacao-mundial-da-cartolagem-no-jogo-sujo-do-futebol/


A desmoralização mundial da cartolagem no “jogo sujo” do futebol
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José Cruz

A operação liderada pela FBI, a pedido de autoridades da Suíça, que prendeu 14 executivos da Fifa por corrupção, entre eles o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, é capítulo até aqui mais emocionante nos negócios corruptos do futebol. Os réus são acusados de extorsão, fraude, lavagem de dinheiro, entre outros delitos, em um “esquema de 24 anos para enriquecer através da corrupção no futebol”.

A novidade é a prisão dos cartolas. De resto, já se sabia sobre essa prática, através de três documentos de referências. Jogo sujo

Pioneiro nas denúncias, o jornalista irlandês Andrew Jennings denuncia, desde a década passada, sobre a corrupção no esporte. Em 2011, ele publicou o primeiro livro específico sobre os negócios do futebol internacional, “Jogo Sujo”. E, por ocasião da Copa no Brasil, o segundo da série, “Um Jogo cada vez mais sujo – o padrão Fifa de fazer negócios e manter tudo em silêncio”.

Logo na primeira página, Jennings escreveu:

Agora que este livro etá concluído, vamos aguardar para ver se o FBI vai indiciar os principais membros da família Fifa-Blatter. As investigações do esquadrão do FBI contra o crime organizado, com sede em nova York, começaram em 2010.”

Gafi

Fora do jornalismo investigativo, um documento oficial do “GAFI”, Grupo de Ação Financeira Internacional (FATF, na sigla em inglês) divulgou em 2009 um relatório mostrando sobre o crime organizado no futebol, que usa clubes pequenos e inexpressivos, por exemplo, para a lavagem de dinheiro.

Essas operações ocorrem também na América do Sul, com o dinheiro do tráfico de drogas, ou na Itália, através de organizações criminosas. O relatório avançou para confirmar operações de crimes conexos, como o tráfico de seres humanos, corrupção, tráfico de drogas (doping) e crimes contra a ordem tributária.

Olímpicos

Além do futebol, o crime avança pelo mundo olímpico. No livro “Os Senhores dos Anéis”, lançado em 1992, Andrew Jennings revela sobre “o poder, dinheiro e drogas nas Olimpíadas modernas”.

“Há anos comecei a me interessar por essa história de idealismo no esporte combinado a um monte de dinheiro”, disse Jennings em uma de suas visitas ao Brasil.

“No fim dos anos 1980, com mais investimentos nos esportes – que provocam muita emoção – e a participação da TV mostrando os eventos, o negócio cresceu muito com aportes de grandes patrocinadores. Começou a briga pela alta performance e pressão sobre o atleta para ser o primeiro, o melhor, o recordista. Com isso, veio o doping, disse Jennings.


Governo financia 48 pista de atletismo. E daí?
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José Cruz

Notícia boa

O Ministério do Esporte está investindo R$ 887 milhões na construção/recuperação de 48 pistas, no programa Rede Nacional de Treinamento de Atletismo. Com as contrapartidas, os investimentos chegarão a R$ 932 milhões.  A pista da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, abaixo, que integra o programa, já foi inaugurada.PistaAtletismoRN

Notícia ruim

A responsabilidade de manutenção das pistas é das universidades, prefeituras e governos dos estados. Atualmente, dezenas de universidades estão fechadas. Faltam verbas até para a limpeza das salas de aula.

O recente  corte de R$ 70 bilhões no orçamento da União repercutiu na “Pátria Educadora”. O Ministério da Educação perdeu 9,3 bilhões. Sobrará dinheiro para a manutenção de pistas? O próprio Ministério do Esporte terá que ajustar seu orçamento, pois perdeu R$ 900 milhões. Construir é política do governo em todos os tempos. Há décadas! O problema é a conservação dos espaços.

Repasses

Os repasses do Ministério do Esporte para a Rede de Treinamento de Atletismo tem o seguinte perfil, segundo o próprio órgão de governo:

           DESTINAÇÕES           R$
Centros de Iniciação – PAC 2     608.300.000
Universidades     171.474.162
Prefeituras       63.513.904
Governos Estaduais       39.458.750
Instalações Multidisciplinares         4.525.940
T O T A L       887.272.756

Dúvidas

Qual o programa foi desenvolvido na pista de atletismo do Estádio Nilton Santos, o Engenhão do Pan 2007?

As pistas da Rede nacional têm técnicos para todas as provas do atletismo?

Porque o governo, preocupado com a Rede de Atletismo, permitiu transformar a pista do Estádio Célio de Barros, no Rio, em estacionamento com arquibancada?

Qual foi a ação do Ministério do Esporte para evitar essa estupidez e agressão aos três mil frequentadores semanais daquele espaço?

Leia amanhã: o fechamento de pistas.