Blog do José Cruz

Arquivo : maio 2015

Como eles “roubam” o jogo
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José Cruz

…E, assim, roubam o jogo, estimulados pela emoção do esporte e atuação do atleta, agente principal do negócio olímpico

Além de Andrew Jennings, que antecipou em dois livros o esquema de corrupção no futebol, agora desvendado pelo FBI, o norte-americano David Yallop contou em 1998 sobre os segredos e subterrâneos da Fifa,  em “Como eles roubaram o jogo”. A festa continuou no mesmo “padrão Fifa”.

capaComoElesRoubaram

No Brasil sabíamos sobre os trambiques que o futebol esconde. As quebras de sigilos bancários e fiscal da CBF, clubes e federações, conseguidas pelas CPIs do Futebol e da CBF Nike, em 2001, mostraram como muitos ganharam dinheiro, guardado em paraísos fiscais. Mas os relatórios dessas CPIs foram ignorados.

A bola da vez é o futebol, mas o esporte olímpico também esconde milionárias falcatruas.  No Brasil, até hoje não temos respostas a dezenas de desmandos no Pan 2007, no Rio de Janeiro. E já estamos na fase final de outro evento bilionário, a Olimpíada, que segue no mesmo rumo, consumido verbas públicas. E com a omissão do Ministério do Esporte. Sobre o Pan, ministro Marcos Vilaça, do Tribunal de Contas da União, escreveu em seu relatório final, de 2008:

“Lamento o excessivo tempo que o Ministério dos Esportes tem levado na análise dos contratos e convênios do Pan. Essa demora embaraça o trabalho do TCU e impede o trâmite mais ágil dos processos atualmente em curso nesta Casa…

Esporte e política

Está claro que o ente político-partidário age de propósito para conturbar a fiscalização, porque outros fatos virão e aqueles ficarão no esquecimento.

Quem se lembra do escândalo do Segundo Tempo, por exemplo, que abasteceu contas de partidos, facilitando a eleição de políticos que hoje circulam com “imunidade” pelo Congresso Nacional?  E, assim, roubam o jogo, estimulados pela emoção do esporte e atuação do atleta, agente principal do negócio olímpico

As fartas fontes de recursos para o esporte olímpico também contribuem para que os aproveitadores atuem sem temor de serem incomodados. A falta de punição aos roubos e fraudes é aliada histórica.

Em várias confederações, há licitações fraudadas, aquisições de equipamentos de empresas fantasmas, desvios de objetivos das verbas liberadas pelo governo, importações ilegais, enfim. Um pouco já foi revelado e outro tanto está sob investigação pelos Ministério Público e Polícia Federal, no Rio de Janeiro e em São Paulo e em breve teremos outra “surpresa”.

Mas, e daí?


Desde 2001, governo sabia sobre a corrupção na CBF
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José Cruz

“Os investimentos em clubes de futebol são uma fonte de risco de lavagem de capitais devido à falta de transparência em relação à origem de financiamento.”

“Entre 2005 e 2009 o Brasil realizou 786 (15,9%) transferências de jogadores para 17 países com deficiências em suas políticas de prevenção e combate à lavagem de dinheiro e retornaram 440 (16,6%) atletas deste tipo de países.” 

(Mauro Salvo, doutor em Economia, em estudo divulgado em 2010)

 Escândalo anunciado

A principal novidade no escândalo do futebol é que saímos da fase de denúncias e entramos na de comprovações de criminosos esquemas. E, enfim, há prisões. Esse escândalo, anunciado há anos pelo jornalista irlandês Andrew Jennings, poderia ter sido detonado no Brasil.

No caso da CBF, conhecemos sobre os seus trambiques desde 2001, há 14 anos!!! – a partir dos relatórios da CPI do Futebol, no Senado, e da CBF Nike, na Câmara. CPI

“O trabalho (da CPI CBF Nike) mostra como o futebol vem sendo usado para a promoção de grandes negócios. São milhões de dólares que rolam em contratos obscuros e desaparecem”, – diz o relatório assinado pelos deputados Aldo Rebelo (presidente da CPI) e Silvio Torres (relator).

Omissão

Mas, nenhuma ação foi tomada pelo governo de então (FHC) ou órgãos que receberam o relatório com “recomendações”:

Ministério Público Federal

Banco Central

Polícia Federal

Receita Federal

Mesas da Câmara e do Senado

Ministério Público dos Estados

Ministério Público Eleitoral (sobre as doações da CBF a campanhas políticas) e

COAF, Conselho de Controle de Atividades Financeiras.

Mais:

Em 2011, Mauro Salvo, doutor em economia, analisou o mercado brasileiro em geral, e gaúcho em particular, no que diz respeito às “transferências de jogadores de futebol”. E concluiu:

“Com base nos dados analisados conclui-se que o mercado de futebol no Brasil é bastante vulnerável à lavagem de dinheiro. A quantidade crescente tanto transações e a soma dos valores envolvidos deveriam causar preocupação para as autoridades brasileiras. Muito embora seja positivo que o mercado de atividade vista pela população como nobre esteja pujante, não se pode ignorar o fato de que lavadores de dinheiro costumam procurar mercados com as características mencionada neste artigo para efetivação de ato criminoso”.

O Brasil poderia ter sido exemplo de combate ao crime organizado que o futebol profissional esconde. Ao contrário, houve estreita relação da CBF com a Câmara e o Senado, a ponto de ali instalar um QG de aliciamento de políticos, em troca de doações para campanhas eleitorais, farta distribuição de ingressos para jogos da Seleção Brasileira, financiamentos de viagens promocionais etc.

O estudo de Mauro Salvo está aqui.


CPI da CBF poderá ser mista
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José Cruz

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, deu sinal branco para que a CPI da CBF se torne mista, isto é, com participação de deputados e senadores, fortalecendo a  investigação do Legislativo no maior escãndalo do futebol nacional, fora das quatro linhas.

A manifestação foi durante reunião como senador Romário, hoje de manhã, em Brasília. Novas articulações com lideranças políticas serão feitas à tarde, para levar adiante a proposta.

Se a CPI Mista da CBF for confirmada, serão necessárias novas assinaturas,  mínimo de 27 senadores e 171 deputados, que correspondem a um terço de parlamentares em cada Casa Legislativa. Romário já manifestou o desejo de ser o relator, caso a CPI seja aprovado. Se a investigação for mista, a presidência caberá a um deputado.

Recorde

Ontem, o senador Romário(PSB/RJ) bateu o seu próprio recorde. Quem sabe, o recorde da história do Congresso Nacional. Em apenas duas horas ele conseguiu 52 assinaturas – praticamente o dobro das 27 necessárias –  para pedir a instalação da CPI da CBF. A marca anterior era de 24 horas, ainda quando deputado federal, para colher as mais de cem assinaturas exigidas para um CPI na Câmara, que acabou arquivada.

No Senado, Romário voltou a usar o seu prestígio ex-craque e de campeão mundial de futebol, amparado pelo argumento de investigar as denúncias de corrupção na CBF, para colher pessoalmente as assinatura. Agora, é esperar pela leitura do pedido da CPI em plenário, sua aprovação, designação dos membros, escolha do presidente e relator e instalação dos trabalhos. Porém, se for aprovada a CPI Mista, será necessário nova rodada de assinaturas de adesão no Senado.

Deepois, se algum esperto retirar a assinatura poderá se identificar quem está na Bancada da CBF, que é poderosa, mas está fragilizada pelo golpe do FBI, desvendando os trambiques do futebol internacional.

Se a CPI for aprovada, o senador Romário quer ser o relator. É o parlamentar que elabora a pauta de convocações e tem prioridade nas perguntas aos depoentes. Mas é importante que o presidente seja um político que tenha condições de pressionar e  impor o cumprimento das decisões da Comissão, porque a pressão da cartolagem será em nível desesperador.

Diante de tudo isso, nem se falou mais em MP da Dívida Fiscal dos Clubes. Será que os cartolas ainda querem “negociar”?

Post atualizado ás 12h06


Escândalo na Fifa: ações entre amigos
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José Cruz

“O trabalho mostra como o futebol vem sendo usado para a promoção de grandes negócios. São milhões de dólares que rolam em contratos obscuros e desaparecem. Quanto maior o contrato, mais endividados ficam a CBF, as federações e os clubes, enquanto fortunas privadas formam-se rapidamente, administradas em paraísos fiscais de ondem brotam mansões, iates, e se alimenta o poder de cooptação e de corrupção”. (do relatório da CPI da CBF Nike/2001)

Entre amigos

 A  prisão de cartolas internacionais do futebol não é um ato isolado no mundo do futebol. Está intimamente vinculado a fatos ainda recentes, envolvendo outros brasileiros, João Havelange e Ricardo Teixeira. Ambos abandonaram seus cargos e saíram pela porta dos fundos, para escaparem da ação que hoje expõe a imundice dos negócios ocultos do esporte.

CBF

O atual presidente da CBF, Marco Polo del Nero (à esquerda), era vice-presidente e assessor direto do então presidente, José Maria Marin (à direita). Portanto, se a investigação prosperar, poderemos acordar, dia desses, com a notícia: “Del Nero também está preso!”

CPI

Desde 2001 sabíamos, a partir de documentos oficiais – bancários e fiscais –, obtidos pela CPI da CBF Nike, que o futebol escondia grandes negociatas, evasão de divisas, sonegação fiscal, tráfico de menores, corrupção internacional envolvendo fortunas suspeitas. No Brasil, a “embaixada” desses trambiques tinha endereço conhecido: sede da CBF, no Rio de Janeiro, então dirigida por Ricardo Teixeira, com uma sucursal em Brasília, numa mansão alugada em área nobre.

O relatório da CPI, assinado pelo presidente, então deputado federal Aldo Rebelo, e o relator, deputado Silvio Torres, resumi os crimes identificados, há 14 anos… Contra a ordem tributária, contra o sistema financeiro nacional, falsificação de documentos públicos; falsificação de passaportes, falsidade ideológica e envio de crianças e adolescentes ao exterior de forma irregular (disfarçados de jogadores).

Para saber mais:

http://josecruz.blogosfera.uol.com.br/2015/05/a-desmoralizacao-mundial-da-cartolagem-no-jogo-sujo-do-futebol/


A desmoralização mundial da cartolagem no “jogo sujo” do futebol
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José Cruz

A operação liderada pela FBI, a pedido de autoridades da Suíça, que prendeu 14 executivos da Fifa por corrupção, entre eles o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, é capítulo até aqui mais emocionante nos negócios corruptos do futebol. Os réus são acusados de extorsão, fraude, lavagem de dinheiro, entre outros delitos, em um “esquema de 24 anos para enriquecer através da corrupção no futebol”.

A novidade é a prisão dos cartolas. De resto, já se sabia sobre essa prática, através de três documentos de referências. Jogo sujo

Pioneiro nas denúncias, o jornalista irlandês Andrew Jennings denuncia, desde a década passada, sobre a corrupção no esporte. Em 2011, ele publicou o primeiro livro específico sobre os negócios do futebol internacional, “Jogo Sujo”. E, por ocasião da Copa no Brasil, o segundo da série, “Um Jogo cada vez mais sujo – o padrão Fifa de fazer negócios e manter tudo em silêncio”.

Logo na primeira página, Jennings escreveu:

Agora que este livro etá concluído, vamos aguardar para ver se o FBI vai indiciar os principais membros da família Fifa-Blatter. As investigações do esquadrão do FBI contra o crime organizado, com sede em nova York, começaram em 2010.”

Gafi

Fora do jornalismo investigativo, um documento oficial do “GAFI”, Grupo de Ação Financeira Internacional (FATF, na sigla em inglês) divulgou em 2009 um relatório mostrando sobre o crime organizado no futebol, que usa clubes pequenos e inexpressivos, por exemplo, para a lavagem de dinheiro.

Essas operações ocorrem também na América do Sul, com o dinheiro do tráfico de drogas, ou na Itália, através de organizações criminosas. O relatório avançou para confirmar operações de crimes conexos, como o tráfico de seres humanos, corrupção, tráfico de drogas (doping) e crimes contra a ordem tributária.

Olímpicos

Além do futebol, o crime avança pelo mundo olímpico. No livro “Os Senhores dos Anéis”, lançado em 1992, Andrew Jennings revela sobre “o poder, dinheiro e drogas nas Olimpíadas modernas”.

“Há anos comecei a me interessar por essa história de idealismo no esporte combinado a um monte de dinheiro”, disse Jennings em uma de suas visitas ao Brasil.

“No fim dos anos 1980, com mais investimentos nos esportes – que provocam muita emoção – e a participação da TV mostrando os eventos, o negócio cresceu muito com aportes de grandes patrocinadores. Começou a briga pela alta performance e pressão sobre o atleta para ser o primeiro, o melhor, o recordista. Com isso, veio o doping, disse Jennings.


Governo financia 48 pista de atletismo. E daí?
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José Cruz

Notícia boa

O Ministério do Esporte está investindo R$ 887 milhões na construção/recuperação de 48 pistas, no programa Rede Nacional de Treinamento de Atletismo. Com as contrapartidas, os investimentos chegarão a R$ 932 milhões.  A pista da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, abaixo, que integra o programa, já foi inaugurada.PistaAtletismoRN

Notícia ruim

A responsabilidade de manutenção das pistas é das universidades, prefeituras e governos dos estados. Atualmente, dezenas de universidades estão fechadas. Faltam verbas até para a limpeza das salas de aula.

O recente  corte de R$ 70 bilhões no orçamento da União repercutiu na “Pátria Educadora”. O Ministério da Educação perdeu 9,3 bilhões. Sobrará dinheiro para a manutenção de pistas? O próprio Ministério do Esporte terá que ajustar seu orçamento, pois perdeu R$ 900 milhões. Construir é política do governo em todos os tempos. Há décadas! O problema é a conservação dos espaços.

Repasses

Os repasses do Ministério do Esporte para a Rede de Treinamento de Atletismo tem o seguinte perfil, segundo o próprio órgão de governo:

           DESTINAÇÕES           R$
Centros de Iniciação – PAC 2     608.300.000
Universidades     171.474.162
Prefeituras       63.513.904
Governos Estaduais       39.458.750
Instalações Multidisciplinares         4.525.940
T O T A L       887.272.756

Dúvidas

Qual o programa foi desenvolvido na pista de atletismo do Estádio Nilton Santos, o Engenhão do Pan 2007?

As pistas da Rede nacional têm técnicos para todas as provas do atletismo?

Porque o governo, preocupado com a Rede de Atletismo, permitiu transformar a pista do Estádio Célio de Barros, no Rio, em estacionamento com arquibancada?

Qual foi a ação do Ministério do Esporte para evitar essa estupidez e agressão aos três mil frequentadores semanais daquele espaço?

Leia amanhã: o fechamento de pistas.


Um alô para a torcida no cemitério…
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José Cruz

No jogo Votuporanguense 3×0 Taubaté, neste domingo, pela final da Série A3 do Campeonato Paulista, o repórter de campo não esqueceu os torcedores do além

“Um alô para a turma do cemitério”…  

A hilária narração, aqui, é dos repórteres da Rádio Web Votu-Online, e foi captada pelo jornalista e pesquisador Walter Guimarães.

Walter é colaborador assíduo deste blog, apaixonado por futebol. Viaja tanto nas ondas do rádio que é capaz de encontrar raridades como esta que publico, digna de entrar para o riquíssimo folclore do nosso jornalismo esportivo.

Para saber mais, sobre o jogo:

http://esportes.r7.com/lance/futebol/decisao-entre-cav-e-taubate-marca-ultimo-ato-do-estadio-plinio-marin-23052015


Senado paga R$ 15 mil por palestra do ex-nadador Xuxa
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José Cruz

Na mesma  semana em que a área econômica do governo anunciou o corte de 70 bilhões no Orçamento da União – R$ 900 milhões no Ministério do Esporte –, com apertos nos programas sociais, da educação e da saúde,  o Senado Federal manteve as despesas supérfluas e pagou R$ 15 por uma palestra motivadora do ex-nadador olímpico, Fernando Scherer, o Xuxa.

A reportagem, de Marina Dutra, está no site dos Contas Abertas 


Xuxxa

Foto: Jeferson Rudy/Agência Senado

 


Vasco 1 x 1 Inter. Baita jogo, tchê!
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José Cruz

eurico miranda

Vasco sob o espírito “renovador” de Eurico Miranda, que esta semana declarou: 

“No Vasco ninguém pode ter opinião diferente da minha”  (foto: Marcelo Theobald/Extra)

Por Sérgio Siqueira – Jornalista

Droga, eu não tinha mais nada pra fazer. Assisti pela TV Vasco x Internacional. Isso é que é Brasileirão, não é aquela porcaria de Campeonato Espanhol.

O time do Vasco a gente já sabe o que é, mas o Inter me surpreendeu: é digno de qualquer gremista. Vendo o Internacional jogar parece que se vê o Grêmio naqueles dias. Os dias de sempre, é claro. Acho até que os dois, tricolores e colorados, são treinados pelo Felipão.

Qualquer jogo de bola se decide no meio decampo. Esse Vasco x Inter foi defesa contra defesa. Ah sim, por falar em meia cancha, que saudade do Bráulio, o Menino de Ouro dos Eucaliptos. Pra não jogar nesse time é porque deve estar lesionado. Enfim, o futebol tem disso, como me cutucou outro dia Moisés Pereira, o comentarista-profeta.

Quanto ao ataque do Vasco… Ora, a pior coisa que uma defesa deve fazer contra ele é não deixar que o Vasco chute a gol. A melhor coisa é deixar que chute. Não há o menor perigo de gol.

O goleiro do Inter é engraçado. Fica o tempo todo parado, sem fazer nada, e quando chutam a gol e ele defende fica todo brabo com todo mundo. Bolas, ele está ali pra quê?!?

Já o goleiro do Vasco, não é do Vasco é do Grêmio. Pelo menos, ele jogou com o uniforme tricolor: calção preto e camiseta azul e branca. Meio que assustou os atacantes colorados. O que mais irrita na torcida vascaína é que ela vaia o Vasco o tempo todo. É como se ela não soubesse que o time é uma droga. É, com certeza, uma torcida portuguesa.

Epa! Gol do Inter. Nilmar. Aí, a torcida do Vasco não vaiou.

Aos 22 minutos já do segundo tempo foi expulso um zagueiro do Inter. O time da colônia lusitana do Rio nem notou. Quando viu… Epa! Gol do Vasco. De bola mascada. Empate 1 x 1. E lá se foi o jogo.

Resumo dessa ópera bufa

Se tem um atacante no Brasil para jogar ao lado de Neymar na seleção do Dunga, esse cara é o Nilmar. Pode até nem dar certo, mas dá uma boa rima. Sabe quem é mesmo que gosta de ver o Internacional jogar? A torcida do Grêmio. E eu, cada vez que vejo o Vasco, mais quero ver o Barcelona.

Pior, muito pior que assistir a um jogo Vasco x Inter é ver um árbitro brasileiro em campo. Eles nem precisam estar na gaveta; basta que apitem o que sabem para estragar qualquer clássico que se preze…

E pior, muito pior que Vasco, Inter e arbitragem, tudo junto e misturado, são os comentaristas esportivos desse outrora País do Futebol. Inclusive, este redator que vos escreve nos estertores de mais um sábado.

Que legado nos deixou essa Copa das Copas.

Sérgio Siqueira assina o blog “Sanatório da Notícia”

 


Legado olímpico de 2016: a visão de um especialista
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José Cruz

“O Brasil atingirá um legado para o alto rendimento: terá novos locais de treinamentos, novos programas de treinamentos. Mas tem, também, de criar programas para os mais novos, não ficar apenas no topo” (Jay Coakley)

Por Adriana Brum 
Jornalista

“Não digo que as obras não estarão prontas até os Jogos, mas vocês irão pagar o dobro por elas”, afirmou o autor do livro Sport in Society: issues and controversies”, (“Esporte na Sociedade: questões e controvérsias”), Jay Coakley, ao comentar o atraso e indefinições de contratos nas obras do Rio 2016. livro

O professor emérito da Universidade do Colorado, em Colorado Springs (EUA), esteve no Brasil há uma semana para ministrar uma disciplina sobre Esporte, Lazer e Sociedade, no programa de pós-graduação em Educação Física da UFPR, em Curitiba. No encerramento do curso, fez questão de falar sobre os preparativos brasileiros para a Olimpíada, em agosto do ano que vem.

Coakley não especula quando fala como quem vê de fora o desenrolar da organização verde e amarela para os Jogos: o norte-americano é um dos principais estudiosos da sociologia do esporte mundial na atualidade; seu livro é referência na área e escreve com especialistas do mundo todo. Inclusive brasileiros.

Em sua passagem pelo Brasil, Coakley visitou as obras para as instalações olímpicas no Rio e não escondeu a preocupação com a falta de projetos para efetivar o “legado”, palavra que mais acompanha o termo Rio 2016 desde que o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou o Rio de Janeiro como sede dos próximos Jogos.

Sentimento temporário

“Os olhos do mundo estarão no Brasil e isso faz o Brasil se sentir bem. É um bom sentimento, mas é temporário. Um sentimento que existe durante os Jogos, dura uma semana, quando as pessoas começam a entender que terão de pagar por até as duas próximas gerações por tudo. Como está desenhado o projeto para o uso dos locais de prova após os Jogos? Que tipo de projetos terá em cada lugar, como será o acesso das pessoas, como isso será sustentado? Se você não sabe essas coisas agora, elas não vão acontecer”, apontou.

Em termos esportivos, Coakley afirmou, o Brasil terá sim, uma melhora no que no alto rendimento, muito por conta da meta de ampliar o número de pódios como país anfitrião. Mas é pouco: os investimentos e projetos deveriam se estender à base.

“O Brasil atingirá um legado para o alto rendimento: terá novos locais de treinamento, novos programas de treinamento. Mas tem também de criar programas para os mais novos, não ficar apenas no topo. Para quem se inspirar, haverá programas prontos para receber esse novos praticantes? Se você que tirar vantagem da inspiração vinda dos Jogos, tem de ter a infra-estrutura pronta”.

Mesmo para a infra-estrutura, que transformaram a cidade do Rio de Janeiro em um grande canteiro de obras a um valor ainda não completamente definido, os benefícios não são para todos, destacou:

“Haverá mudanças na cidade, melhoras no metrô, no aeroporto. Toda essa infra-estrutura é útil para uma classe social. Mas vai beneficiar as pessoas locais? Os vendedores locais próximos as áreas dos jogos terão de fechar seus negócios durante os Jogos”, exemplifica. Coakley lembra que, historicamente, o discurso de bem-estar da população com a vinda de um megaevento esportivo é usado para ganhar a aprovação e justificar o uso de verba pública.

E lembrou o histórico de outras cidades-sede, como Sarajevo (Jogos de Inverno de 1984) e Atenas (Jogos de Verão de 2004), cujos locais de prova foram abandonados após os eventos e países que levaram décadas para pagar as contas feitas para sediar os megaeventos.

“Desde 1988 (Jogos de Seul), as cidades-sede foram para a morte após os megaeventos; orçamentos gastos acima do planejado; as pessoas envolvidas foram sugadas em emoção e energia. Os legados relacionados ao bem comum são esquecidos ou postergados”, alertou Coakley.