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Arquivo : CT do Rio

Esgrima gasta R$ 240 mil anuais com CT que não é utilizado por atletas
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José Cruz

O Centro de Treinamento da CBE (Confederação Brasileira de Esgrima), no Rio, destina, em média, 81% de sua manutenção mensal para o pagamento de pessoal e encargos sociais. São dois assistentes administrativos, uma fisioterapeuta e um preparador físico. O dinheiro vem da Lei Piva, sob a gestão do Comitê Olímpico do Brasil (COB).

No entanto, atletas da elite da esgrima consultados sobre a importância do referido CT afirmaram que não utilizam aquele espaço. Extraoficialmente, a reportagem do UOL Esporte apurou que o CT também não é usado para treinar jovens talentos da esgrima.

Documentos oficiais aos quais a reportagem teve acesso demonstram que,  em fevereiro de 2014, a CBE recebeu R$ 21 mil do COB para o “Centro de Treinamento”. Do total, R$ 17 mil foram aplicados em salários, INSS, FGTS, PIS, vale transporte, vale alimentação e assistência médica. A Lei Piva, criada em 2001, com repasses das loterias às confederações esportivas, foi idealizada para ser aplicada, prioritariamente, no apoio ao treinamento e viagens de atletas.

Memória  elorahugogabrielrossistfgetty

Esta revelação ocorre dois meses depois que a esgrimista Élora Ugo denunciou falta de recursos da CBE para treinamento de atletas de ponta, culminando com a sua desistência de participar da equipe nacional. Na ocasião, a Confederação devolvia R$ 825 mil ao Ministério do Esporte por não ter conseguido aplicá-los no programa de treinamento de atletas, apesar de ter contratado a empresa SB Promoções como executora, que recebeu R$ 94 mil pelo trabalho que teve apenas 25% executado.

 Entrevista

Sobre este e outros assuntos, assim se manifestou a diretoria da confederação:

A Confederação de Esgrima informa cumpriu todas as obrigações relativas aos convênios com o Ministério do Esporte e na nota oficial divulgada a toda a imprensa no mês de março, nada mais tendo a declarar sobre o assunto. A CBE tem suas contas aprovadas pelo Ministério do Esporte e pelo Comitê Olímpico Brasileiro. Quanto às pistas e aparelhos, este material tem sido utilizado em benefício coletivo. Cada federação recebeu um conjunto. Algumas pistas e aparelhos permanecem com a CBE e são utilizados em competições nacionais e internacionais, em proveito não só do alto rendimento como nas categorias de base (infantis, cadete e juvenis).”

Nota do blog: as contas junto ao Ministério do Esporte não estão aprovadas, mas em análise.

Blog – A CBE informou que vende os uniformes aos atletas pelo preço de custo. Porém, identificamos pagamentos de R$95,00 por unidade e venda por R$ 140,00. Gostaria de saber sobre a divergência das informações.

CBE – O preço cobrado é acrescido das despesas de Sedex, fretes, etc. Todos os esgrimistas da equipe principal e juvenil e alguns cadetes receberam o uniforme gratuitamente. 

Blog – Identificamos despesas mensais superiores a R$ 20 mil, em salários e encargos sociais para funcionários do CT do Rio de Janeiro. Porém, segundo vários atletas, o espaço não é utilizado pelos competidores. A quem se destina o CT e o que justifica esses salários?

CBE – O Centro de Treinamento no Rio está ativo, no momento sendo utilizado pelo Curso de Mestre D’ armas/2015. Foi utilizado por atletas brasileiros e estrangeiros que chegaram antecipadamente ao Rio para o Grand Prix de maio. 

Nota do blog: O Curso de Mestre d’armas é ministrado pela Escola de Educação Física do Exército para oficiais da Forças Armadas. Ocasionalmente algum civil participa do curso, porém sem vínculo com a CBE, exceção ao funcionário Rodrigo Fontes, que tem o cargo de Preparador Físico no CT. Quanto à utilização do referido Centro por atletas na semana que antecedeu o GP do Rio, não justifica custos anuais superiores a R$ 240.000,00.

Blog – A CBE aluga uma sede em Brasília. Existe necessidade de ter tal sede, diante da exiguidade dos recursos para investimentos nos atletas?  O fato de o Senhor, Presidente, morar em Brasília, mas ter a sede da CBE no Rio não onera o orçamento da entidade, inclusive com gastos de viagens, hospedagens e alimentação?

CBE – não respondeu

Blog – No convênio com o Ministério do Esporte, que não foi executado, havia R$ 286.200,00 para remuneração de técnicos. Por que os mesmos não foram contratados? Como se deu tal planejamento para incluir esse item no projeto? Por que somente nesse último pedido de prorrogação a CBE admitiu que os seus técnicos (somente três) já eram remunerados pela Petrobrás e pediu a realocação dos recursos para outras atividades?

CBE – não respondeu


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