Blog do José Cruz

Arquivo : dezembro 2012

O ano termina. Já os negócios da bola …
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José Cruz

Retornarei ao blog em 14 de janeiro. Mas o plantão continua.

Obrigado a todos que me acompanham nesta temporada.

Desejo um 2013 com saúde, principalmente, e ânimo para continuar o bom debate.

Memória

Deixo para reflexão parte de um texto que publiquei em outubro, pois nestes tempos de megaeventos a realidade dos negócios do futebol  não pode ser esquecida.

Os negócios da bola ultrapassam as quatro linhas e exploram muito bem as emoções provocadas pelos nossos times de coração.

Extraído do Relatório de 2009 do Grupo de Ação Financeira (GAFI) sobre lavagem de dinheiro no futebol

“A indústria do esporte é um dos muitos setores atraentes para os criminosos, com o objetivo de legitimar ativos, e merece maior reflexão dada a ampla gama de transações monetárias e aumento do número de pessoas envolvidas.

 Em junho de 2008, o GAFI decidiu investigar lavagem de dinheiro através do futebol a fim de entender melhor o processo de legitimar capitais, as formas em que o crime pode estar ligado com as atividades econômicas e como o dinheiro sujo pode ser  infiltrado em atividades legítimas.

 Estimar o valor de uma transação para um jogador é um trabalho inócuo, pelo fato de que largas somas estão envolvidas, geralmente acompanhadas de uma transação para o exterior, o que torna difícil aferir a destinação final dos recursos.

Estas operações estão relacionadas com a propriedade de clubes de futebol ou jogadores, o mercado de transferência, apostas, direitos de imagem e acordos de patrocínio ou publicidade.

 Outros casos mostram que também se usou o futebol para atividades criminosas, como o tráfico de pessoas, de drogas (doping) e infrações fiscais”.

Saiba mais

O Grupo de Ação Financeira – GAFI –   é uma organização intergovernamental criada em 1989, por iniciativa do G7, com sede em Paris.

O objetivo do GAFI é desenvolver e promover políticas nacionais e internacionais de prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.  O Grupo congrega atualmente 34 países, entre eles o Brasil.

 http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk2706200916.htm


Bolsa-Atleta 2011: prejuízo para os não-olímpicos
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José Cruz

A Bolsa-Atleta para as modalidades não-olímpicas termina o ano como começou: com problemas.

A oito dias de terminar 2012,  apenas uma parcela da Bolsa de 2011 foi paga, mas nem todas as modalidades foram atendidas.
O Ministério do Esporte tinha R$ 30 milhões no orçamento deste ano.
Mas há mais bolsistas que dinheiro. Os olímpicos e paraolímpicos foram  atendidos prioritariamente.
A suplementação  orçamentária solicitada para acertar as contas ainda não foi liberada pelo Ministério do Planejamento.
Pior para os atletas, pois o dinheiro será para ressarcir o que já gastaram.
Como está sendo executado, o programa foge aos seus objetivos.
Houve mudanças na estrutura do Bolsa-Atleta.
Marco Aurelio Klein saiu da diretoria para assumir a Autoridade Brasileira de Controle e Dopagem.
No seu lugar entrou Ricardo Avellar, e Adriana Taboza é a nova coordenadora do Bolsa-Atleta.
Tá custando a engrenar…

Ministério do Esporte terá orçamento recorde de R$ 3,3 bilhões
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José Cruz

O Ministério do Esporte terá orçamento recorde em 2013: R$ 3,3 bilhões. São R$ 800 milhões a mais sobre o valor deste ano, que está chegando ao fim. A informação é da equipe do Contas Abertas.

 Mas isso não quer dizer muita coisa.

Em 2012, por exemplo, a pasta do ministro Aldo Rebelo não conseguiu gastar nem 30% da grana disponível. E ainda atrasou pagamentos da Bolsa Atleta.

Em segundo lugar, dos R$ 3,3 bilhões que o Ministério terá em 2013, praticamente a metade é de emendas dos deputados e senadores.

Esse dinheiro se destina à construção de quadras, pequenos ginásios, etc em suas regiões eleitorais.  É uma campanha política a longo prazo com dinheiro público.

 São espaço que rendem voto da comunidade, mas sem serventia efetiva para o desenvolvimento ou fortalecimento do esporte.

Essas  áreas acabam abandonadas e depredadas, também pela falta de um professor para orientar os usuários e lhes transmitir educação pelo esporte. 

A reportagem do Contas Abertas, com detalhes, está aqui


Copa 2014: Mané Garrincha custará o dobro do orçamento original
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José Cruz

O novo estádio Mané Garrincha, em Brasília, que custaria R$ 650 milhões, segundo o  governador Agnelo Queiroz, já passou de R$ 1 bilhão.

Os valores ali investidos e a investir são da Controladoria Geral da União (CGU) e estão no site do  Governo do Distrito Federal.

Quando contratou a coberura, o GDF atualizou o custo da obra pra R$ 812,2 milhões.

Até agora, o GDF contratou R$ 1.021.648.050,00 para construir o Mané Garrincha. Isto é, R$ 371 milhões a mais do valor anunciado inicialmente.

Mais 444,3 milhões estão no orçamento do GDF de 2013 para aplicar no novo estádio.

O dinheiro para essa obra, segundo o próprio governo, vem da venda de terrenos públicos na capital da República, negociados pela Terracap, que também não apresenta balanços a respeito.

Transparência zero

A falta de transparência no demonstrativo das receitas e despesas do GDF impede analise mais detalhada sobre os valores pagos.

Um comunicado do GDF informou que “os dados sobre os gastos como estádio estão sendo atualizados”.

Disse também que as informações oficiais estão no portal da transparência do GDF, que, na verdade, é a página da CGU.

Orçamento

Com os R$ 687,2milhões pagos, somados ao previsto no orçamento de 2013 (R$ 444,3 milhões) teremos um gasto total de R$ 1,1 bilhão.

Assim, o GDF se aproxima rapidamente do R$ 1,2 bilhão que previ de gastos no estádio de 72 mil lugares.

No orçamento original do governo não estavam cotados gastos com gramado, iluminação, tecnologia da informação, cadeiras etc.

O projeto integral da obra e o respectivo detalhamento de despesas estranhamente nunca foram apresentados, apesar dos insistentes pedidos.

Pior:

Fora do estádio, os projetos de mobilidade urbana, segurança pública e desenvolvimento turístico apresentam execução “zero” na planilha do governo de Agnelo Queiroz.

Os dados oficiais da CGU são os seguintes:

Estádio

     Total previsto: R$ 812.200.000,00

     Total contratado:  R$ 1.021.648.050,00

     Total executado:   R$  687.228.339,18

Mobilidade Urbana

     Total previsto: R$ 103.000.000,00

     Total contratado: R$ 0,00

     Total executado: R$ 0,00

Segurança Pública

      Total previsto: R$ 0,00

Desenvolvimento Turístico

     Total previsto            R$ 3.874.497,658

     Total executado       R$ 0,00

Telecomunicações

     Total previsto            R$171.050.000,00

     Total contratado       R$ 1.656.832,00

     Total executado       R$ 0,00

Finalmente

Ao contrário do discurso oficial, a transparência nas obras do Estádio Mané Garrincha é nula.

Pela terceira vez solicitei informações oficiais.”Estão sendo atualizados”. …


Orçamento do Comitê Organizador Rio 2016 cresce 68%
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José Cruz

Por Thiago Arantes

da ESPN

O orçamento do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos do Rio já estourou, e o governo pagará parte da conta. Quando a cidade foi escolhida para receber a Olimpíada, em 2009, a estimativa de gastos do comitê era de 5,6 bilhões. Três anos depois, o valor já aumentou para, no mínimo, R$ 9,4 bilhões, um acréscimo de 68% – a inflação acumulada no período foi de 25% segundo o IGPM.

A notícia é divulgada na mesma semana em que o Comitê Olímpico Internacional é beneficiado por isenção fiscal, medida do governo federal, via Congresso Nacional.

A notícia de Thiago Arantes está aqui


0s megaeventos esportivos no Brasil sob a observação de um jornalista estrangeiro
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José Cruz

O dinamarquês Jens Andersen é diretor internacional da Play de Game, entidade que trabalha para fortalecer a ética no esporte e promover a democracia, a transparência e a liberdade de expressão nesse segmento de forte apelo em todo o mundo.

Na sua recente visita ao Brasil, Jens conversou com a repórter Fabiana Bentes, do ótimo site “Esporte Essencial”.

O resultado desse encontro está na entrevista em que ele aborda alguns de nossos principais assuntos do esporte.

“… Está bem evidente que há um sentimento de grande ceticismo quanto aos motivos por parte dos que estão envolvidos nos negócios entorno desses eventos (Copa do Mundo e Olimpíada).  Há um medo de que muito dinheiro público seja destinado a outros propósitos, que não seja criar um bom evento. Quando as pessoas lutam por uma democracia cada vez mais forte, é porque querem mudar alguma coisa e o que querem mudar são as estruturas que são, em certas instâncias, corruptas na sociedade brasileira.”

Confira a entrevista.

 


Lei de Incentivo ao Esporte turbina carreiras no automobilismo
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José Cruz

Nos últimos dois anos o Ministério do Esporte aprovou a captação de R$ 13 milhões para projetos de automobilismo e kart, através da Lei de Incentivo ao Esporte.

Beneficiados

O piloto paulista Nicolas Costa aprovou R$ 1.770.000,00 para disputar a Fórmula 3 Inglesa. Mas captou até agora R$ 358 mil, através do Automóvel Clube Vale do Paraíba, que executa o projeto.

Já a Equipe Brasil de Rally Dakar aprovou R$ 5,5 milhões. Porém, apenas 10% do projeto entraram no seu cofre, R$ 586 mil.

Para o Rali dos Sertões, o Esporte clube Piracicabano de Automobilismo, aprovou R$ 3,3 milhões.

No início deste ano divulguei que o piloto norte-americano, Pietro Fittipaldi, havia se beneficiado de  R$ 1 milhão para seu projeto na Fórmula Nascar.

Legal, mas…

Essas captações são legais, estão previstas na Lei de Incentivo ao Esporte.

Mas volto a colocar em discussão:

O automobilismo de competição está nas prioridades para se beneficiar de incentivos fiscais diante das evidentes carências do nosso esporte de base?

O Ministério do Esporte, gerente da Lei de Incentivo, tem o mapa das necessidades de instalações e de equipamentos do esporte brasileiro, por região, no mínimo, para indicar projetos com aproveitamento condizente à nossa frágil realidade?

Não tem, com certeza, não tem.

Enquanto isso…

O governo federal abre mão de R$ 300 milhões anuais, dinheiro que seria arrecadado pelo Imposto de Renda, para turbinar carreiras de pilotos profissionais.

A mesma coisa está ocorrendo no futebol profissional!

E o ministro Aldo Rebelo fecha os olhos para esta realidade que vem desde 2006… Há um esbanjamento de dinheiro que não tem retorno! Quais os grandes resultados apresentados por projetos beneficiados pela Lei de Incentivo ao Esporte?

Faltam critérios porque a Lei de Incentivo é mal divulgada antes de tudo! Apenas uma elite tem acesso a ela, em detrimento das áreas mais carentes do nosso esporte.

Isso desvirtua o espírito dessa lei. Sem falar na falta de fiscalização…

Mais:

Há duplicidade na aplicação dos recursos na mesma instituição e com dinheiro saindo de diversas fontes do governo federal.

É a tal “desordem institucional” no Ministério do Esporte.

E o Conselho Nacional de Esporte, que se reuniu uma única vez em um ano, não discute esses assuntos. Omite-se. É um conselho chapa branca, apenas para homologar decisões do ministro.

Gravíssimo

É nesse Conselho que tem direito a voz e voto as ex-jogadoras Ana Moser, atual presidente da ONG Atletas pela Cidadania;

Hortência Marcari, diretora da Confederação de Basquete e

Marcos Vinícius Freire, ex-atleta de vôlei e atual diretor do Comitê Olímpico.

Eles sabem sobre os problemas de falta de estrutura do esporte de base e conhecem, no outro extremo, onde estão as fontes de recursos. Dessas verbas, inclusive, beneficiam-se em seus projetos institucionais específicos.

São ex-atletas que poderiam liderar um movimento pela mudança radical da estrutura do esporte diante da fartura de grana que sai sem controle dos cofres públicos, enquanto a carência e até a miséria crescem na base, na iniciação.

Lamentavelmente, encerramos o ano de 2012 como nos tempos do governo FHC: sem rumo. Mas, ironicamente, com muito dinheiro, disponível para poucos.


Pé quente, Caixa estreia no futebol com título internacional
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José Cruz

No domingo, quando a Caixa viu sua marca brilhar em campos do Oriente com a conquista do Corinthians, a  Folha de S.Paulo publicou reportagem sobre os investimentos no futebol.

Na apresentação, o autor da matéria, Eduardo Vasconcelos, afirmou, com base nos depoimentos que colheu, que o “patrocínio a futebol tem retorno incerto”

Disse mais:

Em recorde do país, Caixa paga R$ 30 milhões para ter logotipo no peito e nas costas de atletas do Corinthians.

 

Confira a reportagem.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/84037-patrocinio-a-futebol-tem-retorno-incerto.shtml

 

Leia mais sobre futebol e marketing:

http://negociosdoesporte.blogosfera.uol.com.br/2012/12/16/o-saldo-do-bando-de-loucos-200-milhoes/


Legado da Copa: por falta de dinheiro alunos ficam sem merenda, sem aulas e entram em férias mais cedo
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José Cruz

Vinte mil prejudicados em Natal, uma das 12 sedes da do Mundial de 2014

Em outubro algumas escolas já não recebiam alunos porque faltava merenda!!!

A Prefeitura não repassou R$ 84 milhões à Secretaria de Educação. Por conta disso, muitas escolas anteciparam as férias.

A notícia, destaque na imprensa do Nordeste, foi repercutida no Jornal Nacional de sexta-feira, mostrando salas de aulas vazias.

É nessa capital que se constrói um estádio para 45 mil pessoas, ao custo de R$ 417 milhões, com financiamento do BNDES.

Explicações do secretário municipal de Educação, Walter Fonseca:

“Me sinto de mãos atadas, me sinto impotente. É muito ruim a sensação de você ter sob sua responsabilidade que resolva uma situação, ter que fazer funcionar uma estrutura e não poder fazê-lo.”

É o legado do progresso, prometido pelos organizadores da Copa, Fifa, CBF, Governos Federal, estaduais e municipais, empresários…

Mais absurdos sobre “legados da Copa”

http://josecruz.blogosfera.uol.com.br/2012/12/a-copa-na-casa-da-mae-joana/

 


PARABÉNS
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José Cruz

Aos torcedores em geral

 e aos meus amigos corintianos, em particular,

grande abraço pela merecida conquista do título de

CAMPEÃO MUNDIAL FIFA