Blog do José Cruz

Arquivo : abril 2015

A “Teoria do Tostines”, Lulu Santos e o esporte brasileiro
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José Cruz

Ricardo Cabral

Professor de Educação Física da UERJ e gerente de Polo Aquático da CBDA

Não me recordo se foi no final dos anos 80 ou início dos anos 90,  a campanha publicitária do biscoito Tostines suscitou  reflexões no campo da sociologia, da psicologia,  da comunicação, ente outras.

Para quem não lembra, era aquela  questão: “O biscoito Tostines vendia mais porque estava sempre fresquinho ou estava sempre fresquinho porque vendia mais”?

Levando a “teoria”  para a nossa realidade esportiva, às vésperas dos Jogos Olímpicos de Rio 2016, podemos perguntar: o Brasil (no caso específico, a cidade do Rio de Janeiro) sediará os Jogos por ser uma nação esportiva ou passará a ser uma nação esportiva após os Jogos Olímpicos?

psicologia-do-esporte Afinal, o que significa ser uma “nação esportiva”?

De uma forma simples, podemos dizer que seria um país que democratizasse verdadeiramente o esporte em suas diferentes áreas de manifestação (formação, lazer e alto rendimento),  dando oportunidades de práticas através de políticas públicas eficazes.

Costumo, de forma resumida, mas bem explicativa, definir que “política pública” é o Estado Ação. Em outras palavras, o que fez ou o que faz o Estado para garantir a prática esportiva para uma população ativa, principalmente, de crianças e jovens?

Apesar das críticas que fazemos aos poucos avanços e conquistas nesta área, não podemos deixar de reconhecer alguns progressos.

Hoje, temos um Ministério específico, coisa que em  décadas passadas não existia, quando o esporte era atrelado a outras áreas. Pasmem! Até ao Turismo já foi vinculado!  Mesmo assim, ainda acho muito pouco, para quem vai sediar o maior evento esportivo do planeta.

Verbas  por  vezes mal aplicadas, distribuição focando praticamente no alto rendimento, ausência de políticas efetivas de esporte de formação, ausência de conexão entre a base, detecção de talentos e o alto rendimento, Cursos de Educação Física que passaram a relegar o esporte a segundo plano, ausência de gestores que conhecem efetivamente o esporte e suas necessidades, estão entre algumas de nossas necessidades esportivas mal atendidas.

No alto rendimento, no qual trabalho, também, de forma direta, as Leis de Incentivo, os Convênios, os patrocínios das Estatais, a Lei Agnelo Piva/COB, contribuíram de forma efetiva para uma melhora no quadro. Mas, também, ainda muito pouco. Vivemos num castelo de areia, que a qualquer momento pode ruir.

Voltando à “Teoria do Tostines” para tentar explicar a relação de sermos uma Nação Esportiva para sediar os Jogos ou sediar os Jogos para nos tornarmos uma Nação Esportiva: infelizmente, minha percepção é a de que nem um nem outro.

Não fizemos por merecer sediarmos os Jogos por não sermos uma Nação Esportiva. E não seremos (espero estar errado) uma Nação Esportiva após sediarmos os Jogos do Rio 2016.  Continuaremos com ações isoladas, umas eficazes, outras não.

Projetando para o pós-Jogos, me veio à cabeça a música do Lulu Santos: “Não vou dizer que foi ruim, também não foi tão bom assim…”

 

NR: a ilustração deste artigo é do site Lendo Mais: http://www.lendomais.com.br/


CEV: a eficiente informação do esporte e da educação física pela Internet
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José Cruz

Porque hoje é sábado… troco o tradicional artigo de análises e debates por uma homenagem a um Mestre da Comunicação Esportiva, Laércio Elias Pereira. Seu trabalho, praticamente anônimo e voluntário, contribui para a discussão e difusão sobre a ciência do esporte em geral, comandando uma rede de 40 mil debatedores

laercioLaércio, um dos poucos pensadores sobre o esporte no Brasil, soube casar a chegada da Internet com a coleção e difusão de informações sobre os esportes em geral.

Foi assim que, em 1996, surgiu o CEV  – Centro Esportivo Virtual –,  portal que hoje congrega 40 mil pessoas, mundo afora,  debatendo e trocando dados sobre todos os segmentos da atividade física humana.

As 45 mil obras cadastradas no CEV, 23 mil artigos e periódicos, seis mil teses e seis  mil trabalhos de congressos, entre outros documentos nacionais e estrangeiros, mostram a dimensão desse valioso reduto de debate para estudiosos, jornalista e professores e profissionais da atividade física em geral.

“O objetivo do CEV é ser a porta de entrada para a informação e documentação esportiva, nacional e internacional”, resumiu Laércio.

Vantagens

Quando o assunto é “esporte”, o ponto de partida para buscar o dado correto e atualizado ou o especialista em determinado tema é o CEV.  Com a vantagem de, pesquisando, se relacionar com profissionais de todas as áreas  – dopagem, economia do esporte, estudos olímpicos, ginástica, políticas públicas, futebol, atletismo, aprendizagem motora, legislação esportiva, biomecânica, ciclismo, paralímpicos, fisiologia do exercício, natação… São 155 Comunidades de debates sobre temas específicos.

“Cada comunidade tem de um a quatro coordenadores, que chamamos de `Tocador´. Vários coordenadores pilotam mais de uma comunidade”, explica Laércio. Em Manaus, por exemplo, o advogado Alberto Puga pilota a CEVLeis, sobre legislação esportiva, uma das mais concorridas e dinâmica.

 Começo

O Centro Esportivo Virtual começou como um projeto de doutoramento em Ciência da Informação, na Escola de Comunicação e artes da USP, sob o título “O fluxo de informação em Educação Física e Esporte no Brasil”.  Continuou como um doutorado na Faculdade de Educação Física da Unicamp, em 1998, com título Centro Esportivo Virtual: Um Recurso de Informação em Educação Fisica e Esportes na Internet”.  Foi a primeira tese da Unicamp transmitida pela Internet.

“Trouxe da USP a fronteira do conhecimento da ciência da informação e do Núcleo das Novas Tecnologias de Comunicação Aplicadas à Educação “Escola do Futuro”. Na Unicamp, o CEV teve a sua primeira sede física, no Núcleo de Informática Biomédica – NIB -, e foi um dos primeiros projetos do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo – LABJOR.

Na prática, segundo Laércio, “o centro do CEV são as pessoas – vetores de tecnologia, como se diz em Ciência da Informação. Fazemos a ligação das páginas pessoais – quem é quem – com as publicações da biblioteca, as notas de participação nas comunidades e com outros autores que tenham participado na autoria de livros, artigos e bancas de mestrado e doutorado.”

O vínculo de Laércio com o esporte vem de longe. Formado em Educação Física, foi técnico e preparador físico de handebol. E trabalhou como voluntário nos Jogos Olímpicos de Munique, 1972. Teve passagem pelo Ministério da Educação, quando o desporto escolar tinha diretriz específica e eficiente, sob o comando de Bruno da Silveira, ainda hoje uma das referências no esporte escolar nacional.

Depoimento

O CEV foi criado como uma das ações do “Esporte na Rede” do então Ministério Extraordinário dos Esportes. Teve participação decisiva dos servidores Maristela Gonçalves e Ricardo Penna Machado.  Em 2002 recebeu apoio da Rede CENESP-UDESC, graças ao apoio dos  servidores públicos do esporte, Celso Giacomini, Gianna Perin e Ivair de Lucca.

Depois de  12 anos, o CEV voltou a receber apoio do Ministério do Esporte (bolsas de doutorado) integrando o Projeto Inteligência Esportiva do Ministério do Esporte e UFPR . Nesse aspecto, agradeço a Ricardo Leyser e Fernando Mezzadri. Mas, com a nova administração do Ministério do Esporte, não tenho notícia sobre a continuidade da parceria.”

Saiba mais: www.cev.org.br


Taekwondo e o jogo do vale tudo para se dar bem no esporte olímpico
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José Cruz

A tentativa de Anderson Silva (foto) de entrar pela porta dos fundos na seleção de taekwondo, rumo aos Jogos Rio 2016, é mais um episódio nos tempos modernos do esporte, movido por muitos milhões de verbas públicas. Os princípios históricos do olimpismo e a ética do atleta, em geral, são jogados no lixo. Vale a exposição na mídia e, em decorrência, dinheiro no bolso.

Anderson

Nos Jogos de Londres, 2012, o lutador Diogo Silva, derrotado na categoria 68kg do taekwondo, já alertava: “Sem medalha a gente volta para o buraco”. E o buraco é isso, sem Bolsa Atleta, sem mídia, sem patrocínio. E essa realidade nos leva à era do “vale tudo” para chegar ao pódio.

Por exemplo:

Em 2011, as Forças Armadas incorporaram 330 atletas profissionais – atualmente são 660 – no Exército, na Marinha e na Aeronáutica, para termos um time forte nos Jogos Mundiais Militares do Rio de Janeiro.  Resultado. O Brasil saiu de um 33º lugar nos Jogos da Índia, em 2007 (apenas três medalhas) para a primeira colocação, com 114 medalhas.

O espetacular salto na conquista de pódios, em apenas quatro anos, é uma fraude vergonhosa. A maioria dos atletas campeões não foi resultado de treinos, de rotinas da caserna ou dos princípios e normas militares. Eram civis, enxertos de luxo e de ocasião, que contribuíram para mostrar uma pátria militar-esportiva de mentira.

Há bom tempo, temos um processo para a equipe nacional ter o reforço de 22 atletas estrangeiros, em processo de naturalização, alguns sem vínculo sanguíneos com brasileiros. E quem incentiva isso é o (COB) Comitê Olímpico do Brasil, diante da necessidade de uma delegação capaz de ganhar medalhas que nos coloquem no top 10 dos países olimpicamente desenvolvidos. Se for assim, ficará a ilusão de que somos um país esportivamente forte. Nem questiono o fato de 44 técnicos estrangeiros estarem atuando nas confederações esportivas. Só isso já revela o fracasso do nosso sistema esportivo. É outra discussão.

Agora vem Anderson Silva, com o apoio do presidente da Confederação Brasileira de Taekwondo, que tem apoio da Petrobras, tentar passar uma rasteira nos atletas que há anos se preparam para o evento maior, no Rio de Janeiro. Lembra o esperto que fura a fila do banco, do cinema, por aí.

Finalmente:

Como escreveu na rede social a jornalista Fabiana Bentes, que dirige o excelente Esporte Essencial:

O que faz a Petrobras no backdrop?

O que faz um atleta suspenso no UFC por doping ser apto a participar do movimento olímpico?

O que faz um presidente de confederação fazer coletiva ao lado de um atleta que não é da seleção?

Bueno, a Petrobras, patrocina a Confederação de Taekwondo e, no caso, entrou de carona numa jogada fraudulenta de marketing E tem, “Furnas Educação” no backdrop, como patrocinadora, outra estatal.

Eu disse educação? Esqueçam.


Lei Piva: CBDE quer ser gestora de sua verba, sem a interferência do COB
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José Cruz

O presidente da Confederação Brasileira do Desporto Escolar (CBDE), Antônio Hora Filho, quer revisar a Lei Piva, a fim de que os recursos das loterias federais sejam repassados diretamente à instituição que dirige, sem transitar pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro). A CBDE dispõe de 10% dos recursos da Lei Piva, operados pelo COB. Isso representou R$ 15 milhões, em 2012;  R$ 16 milhões em 2013, e R$ 22 milhões, em 2014.

“Entendemos que o dinheiro do esporte educacional não deveria estar indo para o COB, por que os conceitos são distintos. Se o COB tem uma meta para as olimpíadas de 2016, fica claro que o comitê está em busca de rendimentos; no desporto escolar devemos privilegiar a educação, e não o rendimento”, disse o dirigente, em audiência pública na Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados.JEBS

Já o presidente da CBDU (Confederação Brasileira de Desporto Universitário), Luciano Cabral, está satisfeito com a parceria com o COB, que reserva 5% do que recebe das loteias.  “Se o dinheiro vier direto, ficará mais confortável operá-lo, mas não fará muita diferença. Prefiro deixar como está”, disse Cabral.

Realidade

A Lei Piva destina 2% do que arrecada para a COB e CPB (Comitê Paraolímpico Brasileiro). Do que recebem, COB e CPB devem aplicar 5% no desporto universitário e 10% no escolar.

Quando a lei foi sancionada, em 2001, a CBDE e a CBDU estavam inadimplentes, ficando o COB como guardião dos recursos a elas destinados. Depois, se esperou três anos pela regulamentação da lei, acumulando bom saldo bancário. Isso coincidiu com um ano em que o Ministério da Educação não realizou os Jogos Escolares por falta de recursos. Para evitar novo furo, no ano seguinte, o governo autorizou usar parte da verba em depósito no COB para promover os Jogos. E assim é até hoje.

Não há dúvidas de que os objetivos do desporto escolar na CBDE diferem dos defendidos pelo COB. Por isso é oportuno reabrir a discussão. Mas sem esquecer que o desporto escolar não é, apenas, recurso de “educação”, complementando o programa pedagógico. Nesse aspecto, deve-se levar em conta que a maioria dos alunos que pratica esta ou aquela modalidade já está federada, rumo ao profissionalismo.

Além disso, se a escola é celeiro de talentos – ainda a explorar adequadamente -, não há como eliminar o caráter competitivo dos Jogos. Mas esse debate, atrasadíssimo, só terá resultado se for, também, com representantes do Ministério da Educação. E que o governo se decida, logo, o que quer com o desporto na escola e na universidade: apenas um instrumento de representatividade ou uma prática que contribua para a formação do caráter e desenvolvimento intelectual dos jovens.


Lars Grael é vice continental na classe Star
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José Cruz

A uma semana de assumir a presidência da Comissão Nacional de Atletas, no Ministério do Esporte, o velejador Lars Grael voltou ao pódio das competições internacionais, desta vez para receber a medalha de prata, no campeonato do Hemisfério Ocidental da Classe Star, em Miami, prova em que ele defendia o título do ano passado. Ao lado do proeiro Samuel Gonçalves, Lars venceu a última das sete regatas, com a participação de 39 barcos de sete nações. O próximo compromisso dos brasileiros será o Campeonato Europeu, em Gaeta, Itália, de 2 a 7 de junho.

lars

A dupla campeã em Miami foi Brian Ledbetter (prata olímpica na classe Finn) e Joshua Revkin, dos Estados Unidos. Essa foi a quarta competição que  Lars e Samuel disputaram nos Estados Unidos, desde janeiro, e em todas foram ao pódio. Outro brasileiro, Bruno Prada, proeiro do norte-americano John Maccausland terminou a competição em quinto lugar.

Estrelas

Na prova estavam alguns dos mais expressivos velejadores mundiais, como o medalha olímpica e campeão mundial da Star, Paul Cayard. Ele já venceu a tradicional “Louis Vuitton Cup” e foi finalista da America´s Cup, como timoneiro do Il Moro de Venezia. Paul também venceu a primeira edição da Volvo Ocean Race, Regata Volta ao Mundo.

“Estamos felizes com o final da campanha norte-americana. Fomos terceiros colocados no Levin memorial, vice campeões do Midwiters, campeões da Bacardi Cup e agora vice-campeões do Hemisfério, que contou com alguns barcos brasileiros que também se destacaram, como o Marcelo Fuchs e o Dino Pascolato. Este foi o segundo título expressivo de abril. No início do mês, Lars e Samuel  conquistaram o Campeonato Brasileiro, disputado na Guarapiranga, em São Paulo.

Resultado final:

  1. Brian Ledbetter e Joshua Revkin, EUA, 15 pontos perdidos
  2. Lars Grael e Samuel Gonçalves, BRA, 27 pp
  3. Paul Cayard e Brian Terhaar, EUA, 42 pp
  4. Augie Diaz e Arnis Baltins, EUA, 43 pp
  5. John Maccausland e Bruno Prada, EUA/BRA, 44 pp

Para onde vai o futebol feminino?
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José Cruz

A polêmica Medida Provisória 671, que trata da dívida fiscal dos clubes, tem um artigo criando uma tal de “APFUT”.  Essa coisa esdrúxula, em nível de governo, é a “Autoridade Pública de Governança do Futebol”  que terá, entre outras competências, “estabelecer padrões de investimento em formação de atletas e no futebol feminino, conforme porte e estrutura da entidade desportiva profissional”.

Atraso

Em recente entrevista à rádio CBN, o técnico da Seleção Brasileira de Futebol feminino, Oswaldo Alvarez, o Vadão, demonstrou como estamos muito atrás da realidade de outros países.

Na França, segundo Vadão, existem mil núcleos de futebol feminino,  categorias sub 6 e sub 8 anos, cada um abrigando cem meninas. Daqui a 10 anos serão, em termos, 100 mil atletas profissionais em competições nacionais. Estados Unidos, Alemanha, Canadá, Japão, Suécia, enfim, seguem a receita da “massificação”.   Marta

Os franceses estão oferecendo às garotas a oportunidade de praticarem a modalidade que gostam, sem a obrigatoriedade de formar atletas. Mas não há dúvidas de que num universo desse tamanho fica fácil identificar as talentosas para o futebol.

“Como vamos competir com essas escolas se aqui não temos o desenvolvimento”? Não temos nem campeonato Sub-20! Ficamos com foco na Seleção! E, quando vamos competir, levamos atletas sem experiência, porque começaram a jogar já na fase adulta”, justificou o técnico. E isso acontece mesmo tendo exemplo como Marta (foto), 30 anos, cinco vezes eleita pela Fifa a melhor jogadora do mundo …

A dificuldade

Por isso, a Seleção Brasileira vai para o Mundial de Futebol do Canadá, a partir de 5 de junho com muitas estreantes em eventos internacionais. E sabem como a CBF resolve o problema da falta de experiência das jogadoras? “Com psicologia”, segundo Formiga, 37 anos, que vai para o seu sexto Mundial.

“Sabemos que algumas atletas viajarão para o seu primeiro Mundial, mas a Seleção conta com um trabalho de psicologia desde o ano passado. Além disso, as jogadoras mais velhas ajudam com a experiência, para podermos controlar as mais jovens dentro de campo” – disse Formiga à reportagem do site Rio 2016, do Ministério do Esporte.

Sem incentivar campeonatos estaduais nem promover nacionais, que poderiam ter jogos preliminares do masculino, a CBF trava o futebol feminino. Trata essa modalidade olímpica como se a arte do jogo da bola fosse exclusiva dos homens, enquanto os cartolas negam às mulheres o direito de mostrarem com os pés o que já conquistaram com as mãos, no basquete, no vôlei, no handebol ..

Enfim, diante dessa falta de iniciativas para uma modalidade que já se mostrou atrativa, mundo afora, e a omissão do órgão oficial do futebol, o governo se aventura numa real intervenção no futebol feminino. Sinceramente, futebol é competência do Estado ou os políticos no Ministério do Esporte querem ocupar espaço para conquistar simpatizantes e eleitores?


Teliana recuperou apoio da CBT só quando evoluiu no ranking mundial
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José Cruz

Teliana Pereira, que neste domingo ganhou o WTA de Bogotá, com vitória sobre a cazaque Yaroslava Shvedova, por dois sets a zero, é a tenista que, em 2012, ficou sem apoio financeiro da CBT (Confederação Brasileira de Tênis), sob a alegação de que ela não tinha “compromisso” com o esporte. Naquele ano, ela não quis treinar na Academia de Larri Passos, em Camboriú (SC), para continuar na Academia Paranaense de Tênis, em Curitiba, onde conquistou seu melhor ranking internacional.   Teliana_RG_2r_efe_blog

Mesmo sem apoio da CBT, Teliana continuou em quadra, fazia rifas para poder viajar e competir –  como explica Fernando Meligeni,  em seu blog –  avançou no ranking internacional e mostrou potencial incomum para um país sem massificação na modalidade.

Só em dezembro de 2012, quando ela evoluía no ranking, a CBT voltou a apoiar a tenista, com verba dos Correios, patrocinador. Atualmente, Teliana é 130º,  mas, com o resultado de Bogotá, deve voltar ao ranking das 100 melhores.

Teliana não surgiu em escolinha. Pernambucana, ela foi morar com a família no Paraná, quando tinha oito anos. Acompanhava o pai e o irmão Renato Pereira, que trabalhavam na Academia Paranaense, onde foi boleira e deu as primeiras raquetadas. A garota evoluiu,  até resgatar, neste domingo, o pódio internacional feminino para o Brasil, 27 anos depois de Niege Dias, justamente no ano em que Teliana nascia.


Basquete universitário tem 25 milhões de torcedores. Nos Estados Unidos
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José Cruz

A força do basquete universitário norte-americano é analisada neste artigo pelo especialista em marketing, Ricardo Ognibene. Ele compara a prática naquele país com  o desperdício brasileiro, que não é por falta de potencial humano 

 NCAA e a força do desporto universitário norte-americano

As partidas finais do basquete da NCAA, a liga universitária norte americana, foram um soco no estômago em quem insiste em trabalhar com esportes no Brasil. basket1

A NCAA (National Collegiate Athletic Association), que é a gestora do desporto universitário nos EUA, tem atualmente 460.000 atletas/estudantes inscritos, disputando 23 esportes diferentes em aproximadamente 1.100 universidades. Esse cenário fez a NCAA contabilizar a presença de mais de 25 milhões de torcedores somente na temporada de basquete masculino em 2014. Para se ter uma ideia, as partidas das universidades de Syracuse e Kentucky tem ocupação média de 26 mil torcedores por jogo desde 1977.

O artigo completo de Ricardo Ognibene está aqui

 


Verbas públicas reforçam esportes olímpicos no Flamengo em R$ 30 milhões
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José Cruz

Com seis projetos aprovados na Lei de Incentivo ao Esporte e verbas das loterias federais, através da Confederação Brasileira de Clubes, o Flamengo reforçou os investimentos nas modalidades olímpicas em R$ 30 milhões, nos últimos dois anos.Os aportes vieram depois da crise financeira no clube, que levou ao fechamento de várias escolinhas, em 2012.

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São R$ 25 milhões para 10 esportes, através de incentivos fiscais, e R$ 5,3 milhões das loterias, repassados pela Confederação Brasileira de Clubes, numa operação que dura desde 2013.

Da Lei de Incentivo, R$ 3 milhões já foram captados e destinados à natação, judô, nado sincronizado, remo, basquete, tênis, ginástica, futsal, canoagem e polo aquático. Os restantes R$ 22 milhões poderão ser captados até dezembro.

 

VERBAS DA LEI DE INCENTIVO AO ESPORTE

 

DESTINAÇÃOAPROVADO – R$      CAPTADO – R$
Natação,Polo Aquático, Nado Sincronizado6.787.623,001.359.917,16
Remo e Canoagem4.933.343,00310.240,60
Basket, Vôlei, Futsal e Tênis7.521.940,001.474.079,15
Ginástica, Judô e Tênis4.246.594,00118.182,00
Identificação/Desenvolv.Atletas1.708.400,00277.589,97
TOTAL25.197.900,003.540.008,88

 

Doadores

Essas operações puderam ser efetuadas porque a direção do clube carioca renegociou sua dívida fiscal junto ao governo,obtendo certidões negativas de débito.

Banco Bonsucesso e Refinaria Ipiranga estão entre as principais empresas investidoras no clube rubro-negro. Mas a maior parte dos recursos são contribuições individuais, de torcedores, com valores que variam de R$ 100,00 a R$ 18.000,00. Essa operação está prevista na legislação, através de repasses de parte do “imposto de renda a pagar”.

Limite

O Flamengo é exemplo de como é difícil a “captação de recursos financeiros”.  A maioria desses seis projetos aprovados é de 2013. Mas, quase dois anos depois, e com a força da marca “Flamengo”, captaram apenas 13% da verba disponível (R$ 25 milhões).

Loterias

Em outra iniciativa do governo, o Flamengo se beneficiou de R$ 5,3 milhões, no final do ano passado: R$ 1,6 milhão será aplicado na compra de barcos para os projetos do remo e da canoagem. Ginástica, judô e vôlei terão R$ 1,7 milhão para a aquisição de equipamentos. Os restantes R$ 2 milhões vão para a construção de um parque aquático.

Esses recursos são das loterias federais, que repassam 4,5% do que arrecadam ao Ministério do Esporte, como determina a Lei Pelé (nº 9.615/98). Do total, 0,5% vai para a Confederação de Clubes, que aplica em projetos específicos para a formação de novos atletas. O Flamengo foi o único clube de futebol a ter projetos aprovados para as modalidades olímpicas.


Governo assumirá “possíveis déficits” dos Jogos Rio 2016
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José Cruz

Para evitar futuros prejuízos ao COB (Comitê Olímpico do Brasil), o Ato Olímpico (Lei 12.035/2009), sobre as relações do governo para os Jogos Rio 2016, garante que haverá liberação de verbas para cobrir possíveis prejuízos operacionais do Comitê Organizador.

Reforçando: para os Jogos Rio 2016, os “eventuais déficits” serão repassados ao governo. Assim diz o artigo 15 da Lei 12.035/2009:

Fica autorizada a destinação de recursos para cobrir eventuais déficits operacionais do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016, a partir da data de sua criação, desde que atenda às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e esteja prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais.”

Enquanto isso…

A 477 dias dos Jogos Rio 2016 ainda estamos falando do balanço financeiro do Pan 2007, encerrado há oito anos… O COB (Comitê Olímpico do Brasil) assumiu as dívidas finais do CO-Rio 2007 (Comitê Organizador dos Jogos Pan-Americanos). E, ao final de 2014, ainda acumulava uma dívida de R$ 23,9 milhões. Esse passivo poderá dobrar, pois há processo pendente no Tribunal de Contas da União. Assunto para outro comentário. Caue

Esses dados estão nas “Demonstrações Financeiras” de 2014,  em debate hoje, na assembleia geral do COB (Comitê Olímpico do Brasil), no Rio de Janeiro. Antecipamos este assunto ontem, na reportagem que escrevi com o companheiro Daniel Brito, do UOL Esporte, em Brasília, aqui.

E daí?

O que não está no balanço nem no relatório de auditoria do CO-Rio 2007 é a origem dos recursos para o pagamento dessas dívidas e devoluções ao governo, inclusive. Essa transparência é importante para que não fiquem dúvidas sobre a lisura das operações olímpicas. O COB é uma entidade privada que tem bons patrocinadores. Mas também se mantém com verba pública das loterias (Lei Piva). Indagada sobre o assunto, a direção do COB informou que só se manifestará depois da assembleia.

Supresa?

Conhecer sobre essa realidade, quase oito anos depois da realização do Pan, não é novidade. Já em 2008, no relatório final do TCU sobre os Jogos Pan e Paran-americanos,  o então ministro-relator, Marcos Vilaça, escreveu:

O Ministério do Esporte, a quem cumpria o papel de principal ator governamental na gestão dos Jogos, foi o maior responsável pelo planejamento precário que permeou o evento. O Estado, o Município e o CO-Rio também são responsáveis”.