Blog do José Cruz

Arquivo : maio 2014

Basquete, pelas tabelas, é premiado pelo Ministério do Esporte
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José Cruz

A Confederação Brasileira de Basquete está perto de receber doação de R$ 58 milhões do Ministério do Esporte para vários projetos. Quem conta essa história de arrepiar é o companheiro Fábio Balassiano, aqui

No total da conta “Convênios”, o Ministério do Esporte deverá liberar perto de R$ 150 milhões para diversas confederações. O dinheiro destina-se à preparação de equipes olímpicas e paraolímpicas aos Jogos Rio 2016. Em outra mensagem comentarei sobre isso. É o projeto “Brasil rumo ao pódio olímpico”. Agora, vai?

Risco

Há poucos dias, Fábio Balassiano demostrou, com análise de um especialista em contabilidade, como a Confederação Brasileira de Basquete está pelas tabelas, literalmente.

A gestão do presidente, Carlos Nunes, o Carlinhos, é arriscadíssima, principalmente, porque a CBB sobrevive de verbas públicas: da Lei Piva, da Eletrobras, patrocinadora, e do Ministério do Esporte, por convênios para projetos específicos.

A análise dos balanços contábeis de 2012 e o de 2013 revelaram que a CBB é uma instituição com péssima gestão, falida, fosse ela entidade privada. Mas a grana pública sai pelo ladrão e socorre o gestor privado que já se mostrou incompetente.

E, agora, como é que as excelências do Ministério do Esporte – ministro Aldo Rebelo à frente –   aprovam projetos de R$ 58 milhões para quem tem esse tipo de perfil administrativo?

Alertas

Auditores do Tribunal de Contas da União se arrepiaram com a forma temerária da gestão do nosso esporte olímpico, o basquete em particular. O secretário de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser Gonçalves, sabe sobre isso, mas dá uma banana para o TCU.

Leyser sabe que não será chamado às falas para explicar essas liberações temerárias. Ele e outros gestores públicos e privados escaparam de vários processos do Pan 2007, com auditorias que constataram pagamentos de serviços em dobro, pagamentos por serviços não prestados, por material não entregue, superfaturamentos, enfim.

E como ele escapou de numa operação de R$ 3,6 bilhões, o custo da festa no Rio 2007, porque Ricardo Leyser Gonçalves vai se preocupar agora com a mixaria de R$ 58 milhões para o basquete?

Tá explicado!


Roubo e vergonha: a Copa dos herdeiros de RT e Havelange
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José Cruz

joana

 

Não poderiam vir de melhor fonte as manifestações que provam a grande farsa – ou furada –  em que se meteu o governo com a realização da Copa do Mundo.

Ronaldo, o tal “fenômeno”, e Joana Havelange, filha de Ricardo Teixeira, disseram, claramente, sobre a realidade que há anos aqui se comenta: Copa da falcatrua e do superfaturamento. Copa da falta de comando governamental, como mostraram, sem essas palavras, claro, relatórios do Tribunal de Contas da União. Copa da ilusão.

Vergonha

Ronaldo se “envergonha da burocracia e atrasos” nas obras. Por cinco anos, ele viajou pelo Brasil “fiscalizando” obras, mas só agora, a duas semanas de a bola rolar, constata a realidade. Estranho, né?

Além de oportunismo político-eleitoreiro, a crítica contrasta com a euforia que ele demonstrava, quando contestava os opositores desse suspeito megaevento bilionário do qual, ele, como empresário do esporte, é um dos beneficiados.

Roubo

Agora foi a vez de Joana Havelange, que endossou manifestação de jornalista pernambucano: “O que tinha que ser gasto, roubado já foi”.

Joana, diretora do Comitê Organizador da Copa, é neta de João, o ex-poderoso “Senhor Fifa”. Foi de lá que ele se demitiu para não enfrentar processo que o acusava de corrupção. E filha de Ricardo Teixeira, RT, que deixou a presidência da CBF sob suspeitas de grande corrupção.

Ironicamente, pai e avô estão no ostracismo do esporte, justamente quando a Copa é no Brasil.

Porém, a filha e neta herdou o perfil esportivo da família, e sobrou para  ela, Joana, revelar que o futebol é, de fato, uma grande falcatrua, uma manobra de espertos, na qual o governo também está profundamente envolvido.


A duas semanas da Copa, Mané Garrincha pede água
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José Cruz

O Governo do Distrito Federal não admite, mas funcionários que trabalham na instalação de uma rede de água em direção do estádio Mané Garrincha informaram que o novo encanamento destina-se a reforçar o abastecimento do principal palco da Copa do Mundo, em Brasília.

A obra, a duas semanas da abertura do Mundial da Fifa, destina-se a instalar uma rede com extensão aproximada de 800 metros. O encanamento ligará o R1 (Rerservatório1) da Caesb (Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal) ao estádio de futebol.

 

Como o UOL Esporte já divulgou, em reportagem de Aiuri Rebello, o estádio de Brasília, que custou R$ 1,6 bilhão aos cofres públicos, segundo o Tribunal de Contas do Distrito Federal, foi construído, segundo informação oficial, seguindo os conceitos de sustentabilidade, com sistema de captação da água da chuva. O projeto previa quatro reservatórios, com capacidade para armazenar cerca de 1.400 metros cúbicos de água, para uso nos sanitários e serviços de conservação do mais novo monumento esportivo da capital.

Informação oficial

Consultada sobre as escavações e instalação de rede, a Coordenadoria de Comunicação para a Copa (ComCopa), do Governo do Distrito Federal (GDF), informou que, “segundo a Caesb, trata-se de uma obra para isolar uma rede que passa por dentro do Autódromo Nelson Piquet (na região do estádio). Em relação à captação de água da chuva, a primeira fase do sistema de captação e armazenamento da água da chuva  está em funcionamento”.

A obra

Dez funcionários trabalhavam em duas frentes, na manhã desta terça-feira. Uma escaveira abre uma vala que recebe a tubulação de 160 milímetros. Em outra frente, três funcionários soldam os tubos (cada um com aproximadamente 15 metros). Como mostram as fotos, a escavação da vala é em direção ao estádio Mané Garrincha, distante 500 metros do Autódromo, onde a Caesb diz estar “isolando uma rede”.

Para saber mais:

http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2014/03/13/mais-caro-do-mundial-mane-garrincha-recebe-copa-sem-entorno-e-selo-verde.htm


Brasil olímpico fica em 11º no Mundial de Revezamento
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José Cruz

Sem pódio, o Brasil terminou em 11º lugar o primeiro Campeonato Mundial de Revezamento no Atletismo, encerrado no domingo, em Nassau, nas Bahamas.

Com 500 atletas de 43 países, os Estados unidos venceram, com 60 pontos (cinco medalhas de ouro), seguidos da Jamaica, com 42 e Quênia, 35 pontos.

O Brasil ficou em 11º lugar, atrás do Quênia, Jamaica, Trinidad e Tobago, Bahamas, São Cristóvão e Nevis, Etiópia e Nigéria.
Os melhores resultados do Brasil na competição foram:

4º lugar no 4×100 masculino

7º lugar no 4×100 feminino

7º lugar no 4×400 masculino

8º lugar no 4×400 feminino.

Mesmo sem pódio, as equipes brasileiras do 4x100m e do 4×400 m, masculina e feminina, garantiram vaga no Campeonato Mundial da China, em 2015, a principal competição da temporada para o Atletismo.

Detalhes…

É a primeira vez em competições de grande porte (Mundial ou Olimpíadas) que o

Brasil é superado pela Venezuela em provas de revezamento (foram duas derrotas para os venezuelanos em Nassau).

E no “placing table”, que classifica os países atribuindo pontos da primeira à oitava colocação em cada prova, o Brasil terminou na 11ª colocação, novamente atrás da Jamaica, do Quênia, de Trinidad e Tobago, das Bahamas e da Nigéria.

E agora?

Em um país “olímpico”, com 55 milhões de estudantes em idade escolar sendo 40,6 milhões em escola pública (dados de 2010), quantos Joaquim, Adhemar, João do Pulo, Maurren, Fabianas, Dudas, entreoutros talentos, são perdidos nos corredores e pátios das nossas escolas, devido à falta da elementar educação física e de projetos para identificar talentos no esporte?

Por que ainda não foi implantado um circuito nacional de competições de atletismo no ensino médio? O que faz a Confederação Brasileira de Desporto Escolar neste sentido? E a CBAt?

Por que ainda não temos uma liga universitária de atletismo? O que diz a Confederação Brasileira de Desporto Universitário? E a CBAt?

Por aqui, o atletismo é uma modalidade secreta, pois só é transmitido através da televisão fechada / televisão por assinatura, quando é. Como vai se popularizá-lo e angariar novos praticantes entre a garotada, se a maioria  da população não têm acesso à TV por assinatura?

O que diz o Ministério do Esporte sobre essa realidade, em particular o “competente” secretário nacional de Alto Rendimento, Ricardo Leyser Gonçalves?

 Para saber mais:

 http://rodolfolucena.blogfolha.uol.com.br/

 http://en.wikipedia.org/wiki/2014_IAAF_World_Relays#Medal_table


Valcke vê Mané Garrincha como “exemplo” de legado. É isso?
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José Cruz

Além  da obra, a ocupação do estádio está superfaturada

O estádio Mané Garrincha, em Brasília, é “exemplo positivo de legado” da Copa do Mundo, na avaliação do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, o chutador de traseiros.

Em 2007, o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, também dizia que o Engenhão seria o principal legado dos Jogos Pan-Americanos. A Copa vai começar e o estádio, de apenas sete anos, está fechado, porque a cobertura estava desabando…

Encerrada a Copa, Valcke vai embora, mas a fatura pública continuará pendente. E se forem mantidos os níveis de ocupação do primeiro ano de uso do Mané Garrincha, serão preciso mil anos para saldar a dívida… cálculo dos repórteres Aiuri Rebello e Guilherme Costa.

Público

Valcke tomou por base a ocupação do estádio em um ano, quanto recebeu 777 mil pessoas, entre jogos de futebol e shows musicais, segundo os números oficiais. Com capacidade para 72 mil pessoas, o Mané Garrincha recebeu em apenas uma temporada mais que o estádio antigo, em 36 anos, segundo o governo do Distrito Federal.

Mas, onde estão os números de ocupação do antigo Mané? Quem tem esses dados? Duvido que apresentem! Duvido que haja registros de toda a história do estádio em quatro décadas. Então, é “chutômetro”, para ser bem claro. Os números são para a propaganda oficial e tentam ofuscar o real gasto de R$ 1,6 bilhão na obra.

A ocupação em um ano do novo Mané Garrincha é suspeita. No primeiro jogo da final do Campeonato Candango, Brasília x Luziânia, não havia mais que cinco mil pessoas no gigantesco estádio. Eu estava lá e constatei. No entanto, o borderô da Federação Brasiliense de Futebol registrou 56 mil pessoas… Dez vezes mais! E assim deve ter sido com os outros eventos. Isso é próprio dos governos. Tentam iludir com números quando querem justificar gastos públicos astronômicos. O “legado” é por aí.


Copa 2014: mobilidade urbana consumiu apenas 40% valor disponível
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José Cruz

A 20 dias do jogo de abertura da Copa, a matriz de responsabilidade do governo federal revela que, dos R$ 8,1 bilhões previstos para “mobilidade urbana”, foram contratados R$ 7 bilhões. E, desses, executados apenas R$ 3,1 bilhões. Isto é, 40% do total disponível.

Lembrando que a proposta original previa R$ 12 bilhões, mas o governo cortou 18 obras e o orçamento foi reduzido em R$ 4 bilhões, lembrou Gil Castello Branco, do Contas Abertas. Como se observa, a mobilidade está capenga.

Esse assunto já havia sido divulgado, também neste espaço, mas estou atualizando, segundo o portal da transparência da Controladoria Geral da União, porque, não é demais insistir, “mobilidade urbana seria o principal legado”, conforme promessa do então presidente Lula.

Reportagem

A propósito, sugiro a leitura da reportagem na Folha de S.Paulo – “Custo da Copa equivale a um mês de gastos com educação”, comparando os gastos públicos no megaevento do futebol com investimentos do governo em áreas prioritárias, como educação.

Foram destinados R$ 25 bilhões para as diferentes frentes de obras da Copa, em níveis federal, estadual e municipal. Isso corresponde a cerca de 10% dos R$ 280 bilhões destinados este ano à educação, em todo o país, dado também levantado pelos repórteres que assinam a matéria: Gustavo Patu, Dimmi Amora e Filipe Coutinho.

 


Nova loteria financiará a descobertas de talentos no futebol
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José Cruz

Está a caminho, na Cãmara dos Deputados, a criação da Loteria Instantânea Exclusiva, Lotex, proposta das excelências, no projeto de lei que trata da dívida fiscal dos clubes.

O projeto de lei sobre o assunto  recebeu um substitutivo, aprovado na comissão especial, que prevê destinar 10% da arrecadação da nova loteria para o “Fundo de Iniciação Esportiva” (Inicie).

Inspirado pelo deputado Vicente Cândido (PT/SP) e assinado pelo deputado Otávio Leite (PSDB/RJ), o projeto que cria o tal Fundo é uma forma disfarçada de desviar dinheiro público para o bolso de políticos ou partidos, para campanhas eleitorais. A assessoria da presidente Dilma Rousseff precisa estar atente às “pegadinhas” desse projeto. São vários, como já mostrei no artigo de ontem.

É fácil entender:

O projeto de lei, a ser votado no plenário da Cãmara na próxima semana, também cria o “Inicie” – Fundo de Iniciação Esportiva –, para as escolas públicas, que será turbinado, também, com 10% do que a nova loteria arrecadar. Isso é ressuscitar o fracassado “Segundo Tempo”, de profunda corrupção no Ministério do Esporte, provocando, inclusive, a demissão do ex-ministro Orlando Silva.

Sabemos que as escolas não têm condições nem de administrar a verba da merenda escolar! Como vão controlar dinheiro de loterias em projetos esportivos?

Jogada de espertos

Produzido às pressas, o projeto prevê colocar dinheiro público nas escolas, onde deputados têm forte influência junto às direções, principalmente em pequenos municípios. E como a fiscalização é precária, é fácil prever a farra financeira, com desvios de verbas, prestações de contas com notas frias, etc. O Segundo Tempo era isso, constatou o TCU.

Mais:

O “Inicie” criará nas escolas ambientes exclusivos para a prática do futebol, esporte que domina a preferência da garotada. E isso será atrativo para agentes caça-talentos, que vão ganhar muito dinheiro a partir de um projeto disfarçado de “iniciação”. Mais claro é impossível.

A descoberta e a formação de atletas, a partir do potencial humano nas escolas, precisam de outra discussão, e exige, antes, disposição do governo federal que não está nem aí para o assunto.


Fifa é dona do “pagode” até dezembro
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José Cruz

O Globo, 21 de maio 2014

Por Flávia Oliveira

O pagode da Dona Fifa

“Palavra que dá nome ao gênero de samba pertence à entidade do futebol até o fim do ano. Natal 2014 também está registrado”

O artigo completo está aqui


Dilma e o jogo sujo dos cartolas e políticos
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José Cruz

Enquanto a presidente Dilma Rousseff anuncia que “é hora de ajudar o futebol”, numa estranha intromissão do Estado em um negócio de evidente corrupção, a Câmara dos Deputados votará, na semana que vem, o projeto de lei sobre a renegociação da dívida fiscal. Fala-se num débito de R$ 4 bilhões, dos clubes e entidades esportivas aos INSS, Fundo de Garantia, Receita Federal e Banco Central. Mas ninguém apresentou até agora o valor real do calote.

O projeto de lei é um golpe, esse é o termo, de espertos deputados-cartolas nas finanças públicas do governo, em geral, e do esporte, em particular. Quem está ganhando quanto nesse negócio?

Atento a essa manobra dos sonegadores, estranhamente com o apoio do Ministério do Esporte, assessores dos ministérios da Fazenda e do Planejamento já detonaram boa parte do projeto substitutivo (nº 5.201/2013), relatado pelo deputado Otávio Leite (PSDB/RJ).

Privilégios

Em resumo, o projeto oferece 300 meses para os devedores pagaram a dívida, enquanto o contribuinte comum não pode parcelar mais que 60 meses…. Inicialmente, o idealizador do projeto, deputado Vicente Cãndido (PT-SP), queria anistiar 90% da dívida e os 10% restantes seriam pagos em 240 meses. Seria o calote sobre o calote.

A proposta foi rejeitada e, agora, há outra bondade das excelências: trocar a taxa de juros. Em vez de aplicar a atual, Selic, será usada a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), com índices bem menores, o que significará queda na arrecadação do governo.

Pior:

O ressarcimento do calote poderá cair ainda mais, pois o projeto de lei prevê a possibilidade de pagamento de apenas 50% do valor devido das 36 primeiras parcelas da renegociação. Os outros 50% serão pagos ao final do parcelamento, ou seja, depois dos 300 meses…

Jogo sujo

O projeto de lei em questão se encaixa perfeitamente no contexto do novo livro do jornalista Andrew Jennings – “Um jogo cada vez mais sujo”, recentemente lançado no Brasil, onde o autor analisa “o padrão FIFA de fazer negócios e manter tudo em silêncio”. Pois é nisso que a presidente Dilma Rousseff está se metendo. Assessorada por quem? Será o ministro Aldo Rebelo, defensor e incentivador do projeto?

No artigo de amanhã, comentarei outros “detalhes” do projeto de lei, como a criação de uma loteria, com repasse de parte do dinheiro para o esporte na escola, onde querem criar uma fábrica disfarçada de jogadores de futebol, beneficiando empresários, e tendo políticos e cartolas aliados na gestão do dinheiro público.

Que tal?


Mané Garrincha: quem pagará a conta?
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José Cruz

O governo do Distrito Federal deverá enviar à Câmara Legislativa – onde controla a maioria dos deputados – projeto de lei criando uma empresa estatal para administrar as principais áreas esportivas da cidade. A informação foi passada por um político da base aliada, confirmada por burocrata do Palácio do Buriti, sede do governo. O assunto está sento tratado pelo gerente da Copa em Brasília, Cláudio Monteiro.  A assessoria de imprensa do governo nada respondeu sobre as perguntas encaminhadas a respeito.

Além do Mané Garrincha, construído ao custo de R$ 1,9 bilhão, segundo o Tribunal de Contas do DF, os estádios Nilson Nelson, para vôlei e basquete e capacidade para 25 mil pessoas, o ginásio “Cláudio Coutinho”, para 10 mil torcedores, uma piscina olímpica e um autódromo integram o parque esportivo na capital da República, inaugurado nos anos 1970, mas com precária conservação e algumas áreas em fase de deterioração.

A possibilidade de criar um novo órgão estatal para administrar estádios ocorre um ano depois de o próprio GDF ter administrado o Mané Garrincha, cujos dados oficiais de ocupação são suspeitos. A assessoria do governo também não forneceu os borderôs dos eventos ali realizados nem as guias de recolhimentos de alugueis, solicitadas há três meses, para que se realize, de forma transparente, um balanço real da nova arena esportiva. Afinal, quem ganhou quanto nesses aluguéis? Quem contratou e quanto custaram os serviços de segurança nesse um ano, já que não foram realizadas licitações para tanto? Como foram feitas as concessões para os serviços de bares? quem são os beneficiados e quanto estão pagando pelo aluguel? Afinal, quem vai pagar a conta da Copa em Brasília?

Interesse

No final do ano passado, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, afirmou que uma equipe de advogados trabalhava no texto de licitação para terceirizar o estádio Mané Garrincha, pois três empresas estrangeiras estavam interessadas na gestão do local. Essa seria a forma de o governo se ressarcir dos R$ 1,9 bilhão gastos na construção do estádio. O dinheiro saiu da venda de terrenos públicos e R$ 300 milhões do orçamento do Distrito Federal, em 2013 e 2014. Mas, até agora, o edital de licitação não foi publicado.

Fórmula Indy

Copa do Mundo à parte, o governo do Distrito Federal anuncia reformas no autódromo Nelson Piquet para receber uma prova de Fórmula Indy, em 2015. Uma equipe de funcionários viajou a Indianápolis (EUA) para conhecer o circuito oval e promover as adaptações no autódromo de Brasília. Até agora não foi divulgado o contrato com a empresa promotora da Indy para se conhecer que outros compromissos assumidos para receber o gigantesco empreendimento.

Enquanto isso …

No domingo, foi encerrado o Campeonato Brasiliense de futebol e, ironicamente, o campeão é um time do interior de Goiás, o Luziânia, o que confirma a fragilidade do esporte na capital da República. A decisão foi contra o Brasília.

Um ano depois de sua reabertura, o estádio Mané Garrincha, a propaganda oficial informa que foram realizados 41 eventos, sendo 30 jogos de futebol, totalizando público de 807 mil pessoas. Há controvérsias na fidelidade desses números. No primeiro jogo entre Brasília e Luziânia, cerca de cinco mil pessoas foram ao Mané Garrincha. No entanto, uma semana depois do jogo, o borderô liberado pela Federação Brasiliense de Futebol anunciava público de inacreditáveis 53 mil pessoas.

A proposta de manter a administração do novo estádio no GDF ocorre no momento em que o Mané Garrincha deixa de ser “a casa do Flamengo”, como anuncia a propaganda oficial. Flamengo x Figueirense, em 29 de maio, por exemplo, será no Morumbi e não em Brasília onde é numerosa a torcida rubro-negra. Porém, o elevado custo dos ingressos tem afugentado o público do estádio da capital da República.

 Candidato e herança

O governador Agnelo Queiroz é candidato do PT à reeleição, mas as pesquisas mostram alto índice de rejeição ao nome dele, o que poderá frustrar sua campanha para um novo período à frente do governo, ficando para o futuro mandatário uma pesada herança de débito esportivo.

Reportagem

A reportagem que ontem assinei com o companheiro Aiuri Rebello, do UOL Esporte, sobre o desleixo no estádio Mané Garrincha e atraso na conclusão da urbanização da área externa, é o reflexo das demais instalações esportivas em Brasília, onde se observa relaxamento na conservação de quadras e ginásios, conforme as fotos publicadas. Tudo no mesmo complexo onde está o estádio Mané Garrincha, de R$ 1,9 bilhão.