Blog do José Cruz

Arquivo : dezembro 2014

O time dos “primos pobres” do esporte
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José Cruz

Com apenas o Sport Recife na Série A do Campeonato Brasileiro de 2015, o Nordeste apresenta-se como um dos “primos pobres” do esporte nacional, ao lado da região Norte.

Fora do futebol, essa aparente fragilidade é observada na captação de recursos financeiros da Lei de Incentivo ao Esporte.  Entre 2007, ano da criação dessa Lei, e o ano passado, as cinco regiões do país captaram R$ 1,09 bilhão junto a empresas. Desse total, o Nordeste apareceu com apenas R$ 31 milhões (3%), à frente das regiões Norte e Centro Oeste, cada uma com 2% de captações, engrossando o time dos “primos pobres”.

Atletas

Porém, o Nordeste contribui de forma expressiva para a formação da delegação olímpica, e também participa do quadro de medalhas. SarahDos 259 brasileiros nos Jogos de Londres, 33 eram do Nordeste, entre eles a piauiense Sarah Menezes (foto), ouro no judô; a baiana Adriana Araújo, bronze no boxe;  e Yane Marques, de Pernambuco, bronze no pentatlo moderno. No total, sete nordestino conquistaram medalhas na Olimpíada de 2012.

Primo Rico

O Sudeste (São Paulo, Rio, Espírito Santo e Minas) dispara na liderança das captações da Lei de Incentivo, com R$ 908 milhões (83% do total). A região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), em segundo lugar, captou 115 milhões.

Assim, em seis anos, apenas duas regiões, Sul e Sudeste, as mais ricas e mais estruturadas no esporte, concentram espetaculares 93% do total captado pela Lei de Incentivo. Faz sentido, pois, em 2012, 65% do PIB concentrava-se em apenas cinco estados dessas regiões: São Paulo, Rio, Minas, Rio Grande do Sul e Paraná.

Mas esse desempenho demonstra desigualdade enorme, algo como se o esporte de alto rendimento não existisse nas regiões de menor PIB ou de baixa renda per capita. Como se lá não tivéssemos também potenciais de atletas.

Isso demonstra a necessidade de o governo dar maior divulgação ao uso da Lei de Incentivo ao Esporte, para se ter equilíbrio nos R$ 400 milhões anuais disponíveis, evitar a concentração dos recursos nos estados mais ricos e, por isso, já favorecidos por outras fontes oficiais.


Verba pública turbina natação, que conquista inédito título mundial
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José Cruz

Nos últimos três anos, a Confederação de Desportos Aquáticos recebeu R$ 75 milhões de verbas públicas para preparar as equipes em cinco modalidades

 

Vinte e três anos depois do primeiro patrocínio com os Correios, a natação brasileira retorna de um Mundial com inédito primeiro lugar, considerando o número de medalhas de ouro, sete, além de uma de prata e duas de bronze. A conquista foi em piscina curta (de 25 metros), no evento encerrado ontem, em Doha.

Porém, se for considerado o critério de números de medalhas conquistadas – adotado pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil), a equipe dos Estados Unidos assume a liderança no Mundial de Doha, com 17 troféus, seguida da Holanda, com 12, Hungria 11 e Brasil, em quarto, com dez medalhas, ao lado de Austrália e Japão.

Verbas

Para preparar as equipes em todas as modalidades – natação, saltos ornamentais, maratona aquática, polo aquático e nado sincronizado – a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) conta com quatro principais fontes de recursos oficiais: Correios, patrocinador desde 1999, Lei de Incentivo ao Esporte, Lei Piva e convênios com o Ministério do Esporte. cielo

Nos últimos três anos – entre 2012 e 2014 – a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) acumulou R$ 75,4 milhões de receitas dessas fontes. O principal apoio é dos Correios, com R$ 46 milhões, conforme demonstrativo abaixo, que investe nas cinco modalidades aquáticas. A parceria começou em 1991, segundo a própria CBDA.

Extra

Além do patrocínio direto à CBDA, os Correios oferecem apoio individual a 36 atletas de pontas em todas as modalidades dos desportos aquático, menos o nado sincronizado. Neste ano, os Correios estão investindo R$ 4,5 milhões em bolsas aos principais atletas.

“César Cielo (foto), por exemplo, teve contrato de R$ 80 mil entre abril de 2007 e março de 2008”, informou a assessoria dos Correios. Outros atletas contemplados no mesmo período,  segundo a mesma fonte, foram Armando Negreiros, R$ 20 mil; Kaio Márcio, 96 mil; César Castro, dos saltos, R$ 30 mil.

 

FONTE DE RECURSOS     DE 2012/2014 R$
Min.Esporte – Convênios4.544.540,00
Correios – Patrocínios46.160.000,00
Lei de Incentivo Esporte12.719.756,00
Lei Piva11.988.000,00
TOTAL75.412.296,00

Atletismo no DF: o outro lado das denúncias de corrupção
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José Cruz

Com vários documentos e outro tanto de argumentos, o presidente da Federação de Atletismo do Distrito Federal, Paulo Roberto Maciel da Silva defendeu-se das acusações de envolvimento nas denúncias de corrupção na entidade.

Segundo a Polícia Civil da capital da República, dirigentes da Federação, com apoio e funcionários do governo local, desviaram R$ 197 mil de verbas públicas destinadas a corridas de rua. Seis pessoas foram indiciadas, entre elas o presidente da federação, Paulo Roberto Maciel da Silva. A notícia completa está aqui.

Orgulhoso da longa carreira que construiu e, hoje, de vestir a farda de coronel da Polícia Militar, Paulo Roberto diz que está tranquilo quanto às acusações e já esclareceu o que devia ao delegado que cuida do inquérito preliminar.

Presidente da Federação de Atletismo desde 2012, Paulo Roberto disse que sua diretoria foi indicada pelos parceiros que o apoiaram na eleição. Quis fazer mudanças no mesmo ano, mas não conseguiu.

Segundo o presidente, o foco do desentendimento, que levou o conselho fiscal a denunciar irregularidades na Federação está no fato de ele ter sustado o pagamento de R$ 5 mil, referentes à Corrida de Reis de 2013, por considerar ilegais. E acusou os seus diretores de apresentarem documentos falsos para recebimentos indevidos.

Os detalhes desse longo imbróglio estão no processo policial que será encaminhado ao Ministério Público do Distrito Federal, porque envolve o uso de recursos públicos. Para facilitar, o dirigente contratou serviço de autoria nas contas da federação, abrangendo diretorias dos últimos oito anos. O trabalho foi realizado pela empresa Periconsult, de Brasília, onde está claro que a Federação não tem histórico exemplar de gestão financeira.

Enquanto isso…

A assembleia da Federação de Atletismo deste sábado não foi realizada. Depois de instalada, os 10 presidentes de clubes presentes julgaram que o presidente não tinha legitimidade para conduzir a reunião, considerando o inquérito policial que o envolve. Os representantes dos clubes se reunirão na próxima semana para convocar nova assembleia com pauta a ser divulgada.


Corrupção até nas corridas de rua…
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José Cruz

A CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) suspendeu o repasse de recursos à Federação de Atletismo do Distrito Federal.

Segundo a Polícia Civil da capital da República, dirigentes da Federação, com apoio e funcionários do governo local, desviaram R$ 197 mil de verbas públicas destinadas a corridas de rua. Seis pessoas foram indiciadas, entre elas o presidente da federação, Paulo Roberto Maciel da Silva.

corrida

Desvios

As investigações são da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado que, ironicamente, detonou a operação “Pierre Coubertin” – o pai das Olimpíadas modernas. O atletismo é a mais nobre modalidade dos esportes e a que deu origem aos Jogos Olímpicos.

“Foram 20 competições financiadas por verba federal e da Secretaria da Fazenda. Os valores eram desviados e, na prestação de contas, apresentavam notas fiscais frias de empresas fantasmas”, disse o delegado Fábio de Souza, que comanda mais um triste espetáculo de corrupção. Em decorrência, o governo do Distrito Federal exonerou Mauricélio Matos da gerência de Esportes do Guará, cidade satélite de Brasília, acusado de integrar o grupo acusado de fraudar as prestações de contas.

Pedi para conversar com o presidente da Federação, Paulo Roberto, mas ele não retornou a ligação. Estou ao dispor para publicar suas explicações.

Detalhe

O novo escândalo foi identificado quando o conselho fiscal da Federação de Atletismo analisava os gastos de 2012. Havia saques elevados e notas fiscais suspeitas, que passaram a ser investigadas. Como se tratava de verba pública, os conselheiros encaminharam cópia dos documentos à polícia especializada.

Fica evidente a importância de o conselho fiscal de todas as instituições esportivas ser independente, sem vínculo com a chapa eleita, para que possa agir na fiscalização das contas. O resultado está aí.


Governo,deputados e Bom Senso acertam votação do PL sobre dívida dos clubes
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José Cruz

O Governo federal e deputados de diferentes partidos estão mobilizados para votar antes do recesso parlamentar o projeto de lei que fixa regras para o parcelamento da dívida fiscal dos clubes junto à Receita Federal e INSS, conhecido como “Lei de Responsabilidade Fiscal”, originalmente “Proforte”.

A reunião preliminar para acertar a votação foi nesta quinta-feira, na Liderança do Governo, na Câmara dos Deputados, com representantes da Casa Civil da Presidência da República, do secretário de Futebol do Ministério do Esporte, Toninho Nascimento, do diretor de Estratégia do Bom Senso F.C, e do deputado Vicente Cândido (PT/SP), autor intelectual da proposta. vicente-candido Não compareceram representantes dos clubes de futebol nem da CBF.

Na próxima terça-feira será, às 10h, será acertada a votação do relatório do deputado Otávio Leite (PSDB/RJ), que já está na Mesa da Câmara, aguardando o acordo entre as partes.

Durante a votação, os deputados poderão apresentar emendas ao relatório do deputado Otávio Leite.

O deputado Vicente Cândido (foto), que também é vice-presidente da Federação Paulista de Futebol, tem uma proposta substitutiva ao relatório oficial, cujo teor não foi divulgado. Depois da Câmara, o projeto de lei vai à votação no Senado. O Bom Senso discorda de alguns pontos da proposta de Cândido. “Queremos a responsabilidade dos clubes e da própria CBF mais clara, mais bem definida e isso vamos debater na próxima reunião”, disse Ricardo Borges Martins, diretor de Estratégia e Comunicação do Bom Senso F.C. As questões dos prazos para a vigências da responsabilidade fiscal e antecipação de receitas em ano de mudança de diretoria também são temas que provocam divergências entre os atletas e o parlamentar.

Enquanto isso…

O deputado Jovair Arantes (GO), líder do PTB, que não compareceu à reunião de hoje, apresentou emenda à Medida Provisória nº 656/2004, que trata da redução das alíquotas de contribuição do PIS, PASEP e Confins.

Jovair foi o presidente da Comissão Especial que discutiu sobre a dívida fiscal dos clubes. Sua emenda prevê o parcelamento da dívida dos clubes e das demais entidades esportivas, olímpicas e paraolímpicas, inclusive, em até 180 meses, enquanto a projeto de lei do relator fixa o prazo de 300 meses ou 25 anos. O pagamento dos débitos à vista terá perdão de “100% das multas de mora e de ofício, de 40% das isoladas, de 45% dos juros de mora e 100% sobre o valor do encargo legal.”

A proposta do deputado está na “Emenda 024”, página 63, que pode ser acessada aqui.

Atualizado às 20h20


A força do futebol catarinense está na rivalidade regional
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José Cruz

Dez clubes disputam o Campeonato Estadual de Santa Catarina e, desses, quatro estarão na Série A do Campeonato Brasileiro de 2015:  Avaí, Chapecoense, Figueirense e Joinville

Por Mário Medaglia – Jornalista

Para entender quatro clubes de Santa Catarina na primeira divisão em 2015, é preciso conhecer um pouco as particularidades deste pequeno estado e da sua capital, no futebol.

As mudanças positivas começaram a partir do final da década de 80, quando Florianópolis conseguiu cortar o cordão umbilical que a ligava ao Rio de Janeiro. A preferência era pelos clubes cariocas. Bastava olhar para as arquibancadas e observar as bancas de jornal. Flamengo, Vasco e Botafogo, um pouco de Fluminense, vestiam suas camisas nos torcedores da Capital. O Globo e o Jornal do Brasil eram lidos como se fossem jornais locais. O Estado, único jornal de Santa Catarina, era apenas um instrumento político e ganhou força só a partir de 1972, quando passou a ser impresso em off set e espalhou sucursais e correspondentes pelo interior. Até então, Vasco e Flamengo na cidade interrompiam o trânsito e lotavam de torcedores o saguão do aeroporto Hercílio Luz.

Mudanças

Deixamos de ser um futebol colonizado com a evolução da mídia e o surgimento do Joinville, do Criciúma e da Chapecoense. Avaí e Figueirense saíram a reboque para fortalecer a representação de Florianópolis e evitar a supremacia do interior.

Hoje, a cada começo da temporada, ninguém pode afirmar com segurança quem será o campeão estadual. Houve uma quebra desta rotina, de 1978 1985, com o octacampeonato do recém-nascido Joinville. A rivalidade e o equilíbrio muito grande entre cinco clubes traçam um cenário diferente para Santa Catarina, que tem um campeonato estadual com dez agremiações.

Florianópolis é uma cidade administrativa, Joinville, Criciúma e Chapecó estão entre as maiores forças econômicas da região sul do país, o que não tem significado muita vantagem para qualquer um deles. O Avaí atrasou quatro meses de salários e conseguiu o acesso. A força da rivalidade garante a alternância de campeões, bom motivo para não se admitir no futebol catarinense jogos com uma só torcida ou o fim dos campeonatos estaduais. Sem o Figueirense comemorando a permanência na série A, os torcedores avaianos não teriam fôlego para empurrar o time na vitória sobre o Vasco na última rodada.

O presidente da Federação Catarinense, Delfim Peixoto, há 30 anos no cargo, em nome da segurança cogitou eliminar a torcida visitante. Quando se deu conta da bobagem demoveu as autoridades da ideia que ia de encontro justamente à maior energia que move o futebol catarinense.

Agora o objetivo é subir o Criciúma, rebaixado este ano, para que o espanto seja maior e Santa Catarina tenha cinco clubes na primeira divisão em 2016.

Mário Medaglia é jornalista em Florianópolis


O decepcionante retrocesso de Aldo Rebelo
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José Cruz

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, foi à posse de Eurico Miranda, na presidência do Vasco da Gama, nesta terça-feira, no Rio de Janeiro.

“Quero mais uma vez, agora publicamente, confessar que foi uma das grandes alegrias que tive este ano ver a sua eleição para a presidência dessa gloriosa e grande instituição do futebol brasileiro”, disse Rebelo em um dos trechos de seu discurso.

Desmoralização

Aldo Rebelo presidiu a CPI da CBF Nike, na Câmara dos Deputados, em 2001, cujo relatório final não foi votado. Aldo II Na última sessão da CPI, o então truculento deputado Eurico Miranda rasgou o relatório elaborado pelo deputado Sylvio Torres.

Numa sessão tumultuada, com muitos gritos e desaforos, Eurico Miranda apresentou um relatório substitutivo, favorável aos cartolas, que não valia nada.

Mesmo assim, Aldo e Sylvio Torres saíram engrandecidos e prestigiados por terem realizado um trabalho investigativo de alto valor e credibilidade,  comprovando como os negócios obscuros do futebol contribuíam para a formação de fortunas privadas, administradas em paraísos fiscais…

Agora, Aldo se abraça ao dirigente que desmoralizou o seu trabalho de parlamentar na CPI do Futebol. Se abraça ao dirigente que simboliza o retrocesso na gestão do suspeito futebol .

Que tristeza, ministro, que tristeza!

 

(atualizado às 8h30)


Em 13 anos, COB recebeu R$ 1,2 bi das loterias federais
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José Cruz

O COB (Comitê Olímpico do Brasil) ficará com mais recursos da Lei Piva, em 2015, informa o repórter Daniel Brito, em reportagem no UOL Esporte. Coisa de 90 milhões, arredondados. Em 13 anos, as loterias renderam R$ 1,2 bilhão ao esporte olímpico, escolar e universitário. E ainda dizem que “falta apoio ao esporte”. Não falta. Sobra muito e se desperdiça outro tanto, além do que fica na corrupção, nem sempre identificado nas prestações de contas e auditorias do governo.

Anualmente, as confederações têm R$ 400 milhões anuais da Lei de Incentivo, R$ 186 milhões para Bolsa Atleta, R$ 600 milhões das estatais (Banco do Brasil, Caixa, Petrobras, Infraero, Correios etc), além da verba orçamentária repassada pelo Ministério do Esporte.

dindimDiante dessa variedade, o COB considera o que as confederações arrecadam das outras fontes para fazer o rateio da Lei Piva. Mas a prioridade é o critério da “meritocracia”, isto é, quem tem mais medalha enche mais a bolsa. Por quê não investir nos esportes com baixo rendimento, para ali descobrir novos talentos e, quem sabe, candidatos ao pódio internacional?

E o Ministério do Esporte leva em conta o que as beneficiadas recebem para aprovar novos projetos da Lei de Incentivo e convênios? Não há duplicidade de aplicações? Pode-se afirmar isso? Duvido, pois falta estrutura para acompanhar com rigor o destino do dinheiro do esporte.

Finalmente

É da Lei Piva que sai o dinheiro para pagar os salários dos gestores? Em caso positivo, por que não revelar os valores, já que está sendo usada verba pública para tal?

Estranhamente, o item “salários” aparece de forma muito discreta e disfarçada nos balanços das confederações, dificultando a transparência que deveria ser escancarada.

Essa questão deveria merecer atenção especial dos auditores do TCU. Precisamos saber se os valores pagos estão de acordo com os de mercado ou se há exageros. Até porque, fora do alto rendimento a miséria financeira é real. Sem exageros, o esporte brasileiro, sustentado por dinheiro público, é de extremos, dos ricos e dos pobres.

Não há mais motivo para choradeira dos cartolas. “Nunca antes na história deste país…” sobrou tanta grana como no governo do PT. Na mesma proporção da falta de fiscalização e transparência, em geral.

Repasses da Lei Piva ao COB

ANOVALOR R$
200117.400.000,00
200250.700.000,00
200355.800.000,00
200470.000.000,00
200570.500.000,00
200667.400.000,00
200784.900.000,00
200891.900.000,00
2009112.400.000,00
2010113.400.000,00
2011142.700.000,00
2012156.900.000,00
2013162.000.000,00
TOTAL1.196.000.000,00

Fonte: www.cob.org.br

 


O legado olímpico vai para a iniciativa privada
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José Cruz

… sem esquecer a “tragédia” do Velódromo do Pan 2007, obra de R$ 15 milhões, destruída, sem que ninguém tenha sido responsabilizado por esse crime. Que empreiteira, partido ou político se beneficiou dessa manobra de corrupção?

  Selecionei três parágrafos da reportagem em O Globo, ontem, assinada pelos companheiros Cláudio Nogueira, Sanny Bertoldo e Victor Costa, sobre a precária estrutura esportiva do Rio de Janeiro. Diz assim:

“… a rotina dos artistas do esporte é a falta de locais para treinar e competir”.

“… O atletismo não tem o Célio de Barros. Os fãs de basquete não puderam, ao longo da semana, entrar no Tijuca. O Maria Lenk, é pouco usado na natação, e o Júlio de Lamare está interditado há seis meses. O Centro Nacional de Tiro Esportivo está fechado, por falta de verbas do Ministério do Esporte. Autódromo e kartódromo já não existem mais. No remo, as competições até acontecem na Lagoa, mas sem público, pois a arquibancada foi extinta”.

“… Fechado a cadeado desde 9 de janeiro de 2013, o Célio de Barros – que foi estacionamento da Fifa na Copa – é onde treinavam diariamente atletas de todos os clubes. O passado por trás do presente e a falta de futuro emocionam Robson Caetano, dono de dois bronzes olímpicos (1988 e 1996).”

robson_caetano– A história do esporte passa por aqui, e um povo sem história está perdido no tempo. Por aqui passaram grandes nomes, e Joaquim Cruz bateu o recorde mundial juvenil dos 800m, com 1min44s300.” (Robson Caetano, na foto).

Golfe

No mesmo jornal, outra reportagem diz que a Prefeitura do Rio de Janeiro prepara concessão para a iniciativa privada do campo de golfe olímpico, na Barra da Tijuca. Na candidatura do Rio, o discurso oficial indicava que o campo de golfe seria legado para a população e incentivo à massificação do esporte.

Esta realidade crítica demonstra como continuamos sem rumo para o esporte de alto rendimento, com milhões de reais anualmente injetados pelo governo federal.

Apesar de sermos um país olímpico, não se pode sequer ocupar os espaços disponíveis, além da crônica falta de projetos de longo prazo para a prática esportiva por jovens atletas, estudantes e população. Continuamos trabalhando no imediatismo, na preparação de equipes para eventos internacionais.

Com certeza, o alto rendimento tornou-se negócio valorizado, não pode ser desprezado como tal e as parcerias privadas, às claras, são sempre bem-vindas. Mas o que se observa é o Estado envolvido com o bem material, ali gastando fortunas – superfaturadas, como é praxe -, em detrimento do acolhimento e atenção maiores ao principal patrimônio do esporte, os atletas.

Enquanto isso...

… sem esquecer a “tragédia” do Velódromo do Pan 2007, obra de R$ 15 milhões, destruída, sem que ninguém tenha sido responsabilizado por esse crime. Que empreiteira, partido ou político se beneficiou dessa manobra de destruição de patrimônio público?

Finalmente

E os pilotos do Rio de Janeiro continuam sem autódromo, que está se transformando em parque olímpico.