Blog do José Cruz

O legado olímpico vai para a iniciativa privada

José Cruz

… sem esquecer a ''tragédia'' do Velódromo do Pan 2007, obra de R$ 15 milhões, destruída, sem que ninguém tenha sido responsabilizado por esse crime. Que empreiteira, partido ou político se beneficiou dessa manobra de corrupção?

  Selecionei três parágrafos da reportagem em O Globo, ontem, assinada pelos companheiros Cláudio Nogueira, Sanny Bertoldo e Victor Costa, sobre a precária estrutura esportiva do Rio de Janeiro. Diz assim:

“… a rotina dos artistas do esporte é a falta de locais para treinar e competir”.

“… O atletismo não tem o Célio de Barros. Os fãs de basquete não puderam, ao longo da semana, entrar no Tijuca. O Maria Lenk, é pouco usado na natação, e o Júlio de Lamare está interditado há seis meses. O Centro Nacional de Tiro Esportivo está fechado, por falta de verbas do Ministério do Esporte. Autódromo e kartódromo já não existem mais. No remo, as competições até acontecem na Lagoa, mas sem público, pois a arquibancada foi extinta”.

“… Fechado a cadeado desde 9 de janeiro de 2013, o Célio de Barros – que foi estacionamento da Fifa na Copa – é onde treinavam diariamente atletas de todos os clubes. O passado por trás do presente e a falta de futuro emocionam Robson Caetano, dono de dois bronzes olímpicos (1988 e 1996).''

robson_caetano– A história do esporte passa por aqui, e um povo sem história está perdido no tempo. Por aqui passaram grandes nomes, e Joaquim Cruz bateu o recorde mundial juvenil dos 800m, com 1min44s300.'' (Robson Caetano, na foto).

Golfe

No mesmo jornal, outra reportagem diz que a Prefeitura do Rio de Janeiro prepara concessão para a iniciativa privada do campo de golfe olímpico, na Barra da Tijuca. Na candidatura do Rio, o discurso oficial indicava que o campo de golfe seria legado para a população e incentivo à massificação do esporte.

Esta realidade crítica demonstra como continuamos sem rumo para o esporte de alto rendimento, com milhões de reais anualmente injetados pelo governo federal.

Apesar de sermos um país olímpico, não se pode sequer ocupar os espaços disponíveis, além da crônica falta de projetos de longo prazo para a prática esportiva por jovens atletas, estudantes e população. Continuamos trabalhando no imediatismo, na preparação de equipes para eventos internacionais.

Com certeza, o alto rendimento tornou-se negócio valorizado, não pode ser desprezado como tal e as parcerias privadas, às claras, são sempre bem-vindas. Mas o que se observa é o Estado envolvido com o bem material, ali gastando fortunas – superfaturadas, como é praxe -, em detrimento do acolhimento e atenção maiores ao principal patrimônio do esporte, os atletas.

Enquanto isso...

… sem esquecer a ''tragédia'' do Velódromo do Pan 2007, obra de R$ 15 milhões, destruída, sem que ninguém tenha sido responsabilizado por esse crime. Que empreiteira, partido ou político se beneficiou dessa manobra de destruição de patrimônio público?

Finalmente

E os pilotos do Rio de Janeiro continuam sem autódromo, que está se transformando em parque olímpico.