Blog do José Cruz

O time dos “primos pobres” do esporte

José Cruz

Com apenas o Sport Recife na Série A do Campeonato Brasileiro de 2015, o Nordeste apresenta-se como um dos “primos pobres” do esporte nacional, ao lado da região Norte.

Fora do futebol, essa aparente fragilidade é observada na captação de recursos financeiros da Lei de Incentivo ao Esporte.  Entre 2007, ano da criação dessa Lei, e o ano passado, as cinco regiões do país captaram R$ 1,09 bilhão junto a empresas. Desse total, o Nordeste apareceu com apenas R$ 31 milhões (3%), à frente das regiões Norte e Centro Oeste, cada uma com 2% de captações, engrossando o time dos ''primos pobres''.

Atletas

Porém, o Nordeste contribui de forma expressiva para a formação da delegação olímpica, e também participa do quadro de medalhas. SarahDos 259 brasileiros nos Jogos de Londres, 33 eram do Nordeste, entre eles a piauiense Sarah Menezes (foto), ouro no judô; a baiana Adriana Araújo, bronze no boxe;  e Yane Marques, de Pernambuco, bronze no pentatlo moderno. No total, sete nordestino conquistaram medalhas na Olimpíada de 2012.

Primo Rico

O Sudeste (São Paulo, Rio, Espírito Santo e Minas) dispara na liderança das captações da Lei de Incentivo, com R$ 908 milhões (83% do total). A região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), em segundo lugar, captou 115 milhões.

Assim, em seis anos, apenas duas regiões, Sul e Sudeste, as mais ricas e mais estruturadas no esporte, concentram espetaculares 93% do total captado pela Lei de Incentivo. Faz sentido, pois, em 2012, 65% do PIB concentrava-se em apenas cinco estados dessas regiões: São Paulo, Rio, Minas, Rio Grande do Sul e Paraná.

Mas esse desempenho demonstra desigualdade enorme, algo como se o esporte de alto rendimento não existisse nas regiões de menor PIB ou de baixa renda per capita. Como se lá não tivéssemos também potenciais de atletas.

Isso demonstra a necessidade de o governo dar maior divulgação ao uso da Lei de Incentivo ao Esporte, para se ter equilíbrio nos R$ 400 milhões anuais disponíveis, evitar a concentração dos recursos nos estados mais ricos e, por isso, já favorecidos por outras fontes oficiais.