Blog do José Cruz

Arquivo : Atletismo

Atletismo do Rio no desprezo, mas governo aplica R$ 70 milhões em pistas
Comentários Comente

José Cruz

A recente reportagem produzida pela emissora oficial dos Jogos Rio 2016 renova sobre mazelas do esporte-base das competições, o atletismo. O desprezo relatado sugere que das autoridades políticas e esportivas venha um “lixem-se os atletas”.

atletismo_4

Ministério do Esporte, Comitê Olímpico do Brasil, Prefeitura e Governo do Estado do Rio de Janeiro estão no rol desta irresponsabilidade de tamanho olímpico

A já histórica falta de pistas de atletismo para treinamentos, no Rio, demonstra como a “Cidade Maravilhosa” prepara-se para a festa dos Jogos, enquanto oficialmente despreza o “legado” humano e a formação de novas gerações de competidores.

Enquanto isso…

… o Ministério do Esporte inaugura 15 luxuosas pistas, Brasil afora, com investimentos de R$ 71 milhões. E quem fará a manutenção desses gigantes, já a partir do ano que vem, diante da crise na economia que bate em cortes no Orçamento da União, universidades e entidades públicas de todo país?

Confira a reportagem de Luciana Ávila.

Foto: http://www.vascainosunidos.com.br/2015/06/prefeitura-interdita-pista-do-engenhao-e-deixa-100-atletas-sem-local-de-treino/

NA MEMÓRIA

… faz 131 dias  que José Maria Marin, ex-presidente da CBF, está preso na Suíça.

… faz 103 dias do lançamento da primeira de cinco pesquisas do Diagnóstico do Esporte. E as outras?

… faz um ano e dois meses do final da Copa 2014, que teve R$ 1 bi de isenção fiscal. E o balanço financeiro do Comitê Organizador?


Com R$ 130 milhões, atletismo patina. Atraso passa pelo Governo
Comentários Comente

José Cruz

O grande salto do atletismo – 2003

Em 2003, o então presidente da CBAt, Roberto Gesta de Melo, promoveu  um seminário com especialistas, que decretaram “O grande salto do atletismo brasileiro”. Ao acertarem o foco para o Pan-Americano de 2007, não decidiram quem faria a massificação para a descoberta de talentos.  Até hoje, Esporte e Educação batem cabeça com programinhas, que terminam logo no mês seguinte por falta de verba. Se falta verba para o livro escolar…

A grande mentira – 2004  

Talento  “O que ocorrerá nas escolas do Brasil, já fazendo os testes (de aptidão física), em crianças entre 7 e 15 anos de idade, servirá para a descoberta de talentos e a partir daí serão encaminhados para treinamento. Haverá recursos para a formação, então todos os talentos serão acompanhados e financiados”  (Agnelo Queiroz, ex-ministro do Esporte, em dezembro de 2004)

O estágio atual

A CBAt recebeu investimentos públicos de R$ 130 milhões, nos últimos quatro anos, e quase a totalidade da verba foi aplicada no alto rendimento. Mesmo assim, terminou o Mundial de Pequim em 25º lugar. E o Ministério do Esporte está concluindo este ano a instalação de centros de treinamentos, inaugurando uns e fechando outros, como o de Uberlândia (MG).

Já a carência de renovações pode ser explicada assim: nos últimos oito Campeonatos Mundiais de Atletismo, o Brasil ganhou quatro medalhas, duas só com Fabiana Murer. Jadel Gregório, no salto em distância, e o revezamento 4×100 fecharam os pódios nacionais. Em 16 anos – oito mundiais e “todos” esses atletas no pódio. A ênfase é porque o foco é o pódio, segundo o governo federal e o COB, como se só isso formasse o perfil de um país esportivamente forte.

O DINHEIRO DO ATLETISMO

       F  O  N  T  E  S             R$
Caixa/Patrocínios (2012/2015)

93.704.850,00

Lei Piva (2012/2015)

13.000.000,00

Convênio Min. Esporte 2011

10.473.600,00

Bolsa Atleta (844 atletas) 

10.153.105,00

Bolsa Pódio (27 atletas) 

3.300.000,00

     T  O  T  A  L

130.631.555,00

Ironicamente…

Quando não havia dinheiro farto, o Brasil ganhou três medalhas (duas prata e um bronze) em um só Mundial, de Sevilha, 1999, Lei Piva, Bolsa Atleta, Lei de Incentivo, patrocínio da Caixa, Bolsa Pódio etc vieram na década seguinte …

Portanto, o resultado no Mundial de Pequim não foi um “fracasso inesperado”, mas a repetição do que ocorre desde 2001, e construído, também, na falta de estruturas e definições de competências das instituições do esporte.

O primeiro grande responsável por essa situação é o governo federal, via Ministério do Esporte, que liberou verbas sem que se tivesse estrutura para desenvolver a modalidade: as federações estão falidas e a carência de clubes e técnicos é real! Socorreram o emergencial, o grande evento seguinte, e não prepararam o longo e médio prazos.

A partir de 2003, Agnelo Queiroz, Orlando Silva, Aldo Rebelo e o atual, Hilton, foram omissos em planejamento sustentável. Fizeram e fazem o mesmo com outras modalidades, que já demonstraram incapacidade para gerir verba pública, como as de Basquete, Tênis, Taekwondo etc.

Talentos

Onde estão os talentos? A quem compete identificá-los? Carlos Nuzman já afirmou que isso não é com o COB. Mas, estranhamente, por que o COB cuida dos Jogos Escolares?

Descobrir talentos compete à CBAt? Ao Ministério? Às federações sem estrutura? ao clube da equina? Roberto Gesta de Melo ficou 27 anos no comando do atletismo e não conseguiu definir isso com ninguém. Os resultados daquela gestão repercutem na diretoria de agora, há dois anos no comando.

Enquanto isso…

agnelo    Quando assumiu o ministério do Esporte, em 2003, o ministro Agnelo Queiroz decretou o “dia da descoberta de talentos”.

E lá foi ele para a rua, com meia dúzia de assessores, fita métrica na mão, medir a barriga e altura de tudo que é garoto que passava na frente dele, num domingo de sol em Brasília.

Cena mais ridícula impossível, e os resultados do atletismo, hoje, passam, também, por essas ideias maravilhosas.

 


Atraso do atletismo é assustador. Fabiana Murer pode salvar a pátria?
Comentários Comente

José Cruz

O Campeonato Mundial de Atletismo realizou mais cinco finais nesta manhã brasileira, final de terça-feira em Pequim, local do evento. Nenhum brasileiro estava presente. Além da final de Fabiana Murer, no salto com vara, amanhã, às 8h (de Brasília) e do sexto-lugar de Caio Bonfim, na marcha, o atletismo brasileiro faz água no maior evento da modalidade. 

Fabiana

Duas questões: 

Em 2001, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), promoveu um seminário e anunciou, ao final “O grande salto do atletismo brasileiro” – um projeto até os Jogos Pan 2007.  O projeto abrangia todos os segmentos do atletismo, inclusive treinadores, arbitragem, combate ao doping etc. Menos um: massificação.

Talvez porque isso não seja da competência da CBAt. Mas compete a quem? Essa é a questão que o próprio TCU já identificou, a falta de definições nas competências de nossas instituições esportivas, apesar da fartura de dinheiro público na jogada, desde 2001…

Atraso

De países como Quênia, Etiópia e Jamaica somos fregueses há muito tempo. Agora, já perdemos para Eritréia, Uganda, Botsuana, Barein…

Nosso atraso no atletismo mundial é gigantesco, apesar do gigantismo do território nacional.

Exemplos: o índice estabelecido pela CBAt para classificar atletas ao Mundial de Pequim, fixou 10s16 pra os 100m masculino. Essa marca, Senhores, é a 93º no ranking mundial! Nem assim tivemos representantes…

Nos 200m feminino, o índice da CBAt foi de 23s20. Essa marca é a 110º do mundo!

Na maratona masculina: índice de 2h18min. Esse tempo é o 563º no ranking… Na maratona feminina, 2h44min, é o 455º lugar…

E pensar que em 1994 Carmem de Oliveira já corria a distância abaixo das 2h30, quando fez 2h27min na Maratona de Boston.

Em 21 anos, duas décadas ou cinco ciclos olímpicos, não é um enorme retrocesso?


Rio 2016: reforma da pista do Engenhão prejudica mais de 100 atletas
Comentários Comente

José Cruz

Depois de transformarem o estádio Célio de Barros em estacionamento de luxo para a Copa do Mundo, outra área nobre do atletismo do Rio de Janeiro entra em reforma, e desaloja, sem aviso prévio, competidores da nova geração

atletismo atletas engenhao

celiobarros

Na foto acima, da pista auxiliar, obtida no Facebook, está a imagem de tristeza da técnica e dos atletas, ao se depararem com a invasão de tratores, interrompendo valioso ciclo de treinamento.

O desmanche, iniciado em junho, faz parte da reforma das pistas para as provas dos Jogos Rio 2016. A imprevidência da prefeitura carioca deixou mais de uma centena de atletas sem local para treinar. Repete-se o que aconteceu em 2014, quando fecharam o Célio de Barros (acima).

Estou muito chateada. Dei um treino no início da manhã nessa mesma pista a estava tudo normal. À tarde, quando voltei para treinar com outra equipe, a pista estava bastante destruída, com máquinas trabalhando. Já sabíamos que o local entraria em obras, mas a prefeitura ficou de nos avisar sobre o início da reforma. Fomos pegos de surpresa, sem tempo de procurar outro local” – desabafo da coordenadora técnica de atletismo do Vasco, Solange Chagas do Valle. O depoimento completo está aqui.

A reforma das pistas (auxiliar e principal) do estádio Nilton Santos está orçada em R$ 52 milhões.


Com bom dinheiro e pistas, para onde vai o atletismo?
Comentários Comente

José Cruz

Correu na rede que técnicos estariam se mobilizando para que Roberto Gesta de Melo voltasse à presidência da CBAt, Confederação Brasileira de Atletismo. Brincadeira, claro, que logo trataram de desmentir.

O motivo desse retorno ao passado seria o fraco desempenho da modalidade em eventos internacionais.

José Antônio Martins Fernandes, o Toninho, assumiu a presidência da CBAt há dois anos. O time que está aí foi herdado de Gesta. Que ficou 27 anos no poder! Sete ciclos olímpicos! Os dois na foto.

Extremostoninhho

Houve época que faltava dinheiro para o atletismo. Hoje, faltam atletas e técnicos. Nos últimos quatro anos, a CBAt recebeu R$ 83 milhões, só da Caixa, patrocinadora oficial.

E também não faltam pistas, pois o Ministério do Esporte está colocando R$ 70 milhões em instalações, Brasil afora.

Está provado, dinheiro não é tudo. Jamaica e arredores que o digam…

E as 1.500 faculdades nacionais de educação física não estão formando técnicos, muito menos de atletismo. As carências de atletas e técnicos são reais!

Enfim, de quem é a responsabilidade para iniciar, identificar e formar atletas, no Brasil?

Do Ministério do Esporte não é. O ministro de lá entende de gente, não de atleta. No MEC, as portas estão fechadas até para o diálogo sobre esporte na escola.

Compete às confederações, formar atletas? E as federações e clubes? Há diálogo entre essas entidades para tentar suprir nossa principal carência?

Em resumo: o Ministério do Esporte liberou o financeiro e o material e esqueceu o “detalhe” humano… O resultado bate à porta a um ano dos Jogos Rio 2016.

Mas há uma esperança, porque 12 anos depois desse modelo financeiro, já se discute sobre o “Sistema Nacional do Esporte”.

Agora vai.


Cadê o legado?
Comentários Comente

José Cruz

 “O que significa Top-10 no quadro de medalhas para um Brasil que ainda evita se reunir para debater sobre educação, saúde e esporte na escola? O que acontecerá com o esporte do Brasil após os jogos do Rio 2016? Quais serão as expectativas de medalhas nas próximas edições dos jogos olímpicos uma vez que alçarmos o Top-10?” (Joaquim Cruz)

Excelente artigo publicado no Correio Braziliense, hoje, na matéria assinada por Jéssica Raphaela. Em “Para ser sincera…”, a repórter aborda sobre o atletismo e a dúvida de Fabiana Murer sobre um possível pódio nos Jogos Rio 2016. Confira:

Por Jéssica Raphaela

Os Jogos no Rio de Janeiro não empolgam mais os atletas como ocorreu quando o anúncio foi feito, em 2009. A promessa de que o evento deixaria um legado para o esporte no Brasil passa longe do atletismo. “Foram construídas algumas pistas pelo país, mas falta muita coisa. Há poucos locais de treinamento e ainda faltam estrutura e material!”, reclama Fabiana Murer. fabiana murer

Em pleno ciclo olímpico, a cidade sede viu seu único estádio de atletismo ser demolido para dar lugar a um estacionamento.

“Hoje, um atleta do Rio tem dificuldades de encontrar um lugar para treinar. Com o Célio de Barros destruído, teremos o Engenhão. Mas ele está com o piso danificado. Além disso, pertence ao Botafogo, e o custo para realizar uma prova lá vai muito além da nossa capacidade. Se está assim na cidade da sede das Olimpíadas, imagina no resto do país”, critica o superintendente da CBAT, Martinho Santos.

O legado humano também ficou excluído do projeto olímpico. O aumento no investimento ignorou a base, já que os R$ 6,5 milhões anuais do Plano Brasil medalhas ficam restritos a 21 competidores da modalidade.

“O país saiu muito atrasado para a preparação  dos atletas. Os recursos vieram em cima da hora, em 2013, o que nos obrigou a trabalhar somente com os que mais têm chances nos Jogos”, lamenta Martinho Santos.

O recordista olímpico Joaquim Cruz foi bastante crítico em relação às pretensões do país.

“O que significa Top-10 no quadro de medalhas para um Brasil que ainda evita se reunir para debater sobre educação, saúde e esporte na escola? O que acontecerá com o esporte do Brasil após os jogos do Rio 2016? Quais serão as expectativas de medalhas nas próximas edições dos jogos olímpicos uma vez que alçarmos o Top-10?”, disparou.

“O dinheiro tem sido muito importante para dar o suporte a atletas com potencial de chegar ao pódio no Rio, mas o que vai garantir uma ordem e progresso a longo prazo é uma reforma geral, permanente no sistema nacional de esporte. Se isso acontecer antes dos Jogos do Rio, será a maior conquista para todo o brasileiro e para o Brasil”.


Atletismo no DF: o outro lado das denúncias de corrupção
Comentários Comente

José Cruz

Com vários documentos e outro tanto de argumentos, o presidente da Federação de Atletismo do Distrito Federal, Paulo Roberto Maciel da Silva defendeu-se das acusações de envolvimento nas denúncias de corrupção na entidade.

Segundo a Polícia Civil da capital da República, dirigentes da Federação, com apoio e funcionários do governo local, desviaram R$ 197 mil de verbas públicas destinadas a corridas de rua. Seis pessoas foram indiciadas, entre elas o presidente da federação, Paulo Roberto Maciel da Silva. A notícia completa está aqui.

Orgulhoso da longa carreira que construiu e, hoje, de vestir a farda de coronel da Polícia Militar, Paulo Roberto diz que está tranquilo quanto às acusações e já esclareceu o que devia ao delegado que cuida do inquérito preliminar.

Presidente da Federação de Atletismo desde 2012, Paulo Roberto disse que sua diretoria foi indicada pelos parceiros que o apoiaram na eleição. Quis fazer mudanças no mesmo ano, mas não conseguiu.

Segundo o presidente, o foco do desentendimento, que levou o conselho fiscal a denunciar irregularidades na Federação está no fato de ele ter sustado o pagamento de R$ 5 mil, referentes à Corrida de Reis de 2013, por considerar ilegais. E acusou os seus diretores de apresentarem documentos falsos para recebimentos indevidos.

Os detalhes desse longo imbróglio estão no processo policial que será encaminhado ao Ministério Público do Distrito Federal, porque envolve o uso de recursos públicos. Para facilitar, o dirigente contratou serviço de autoria nas contas da federação, abrangendo diretorias dos últimos oito anos. O trabalho foi realizado pela empresa Periconsult, de Brasília, onde está claro que a Federação não tem histórico exemplar de gestão financeira.

Enquanto isso…

A assembleia da Federação de Atletismo deste sábado não foi realizada. Depois de instalada, os 10 presidentes de clubes presentes julgaram que o presidente não tinha legitimidade para conduzir a reunião, considerando o inquérito policial que o envolve. Os representantes dos clubes se reunirão na próxima semana para convocar nova assembleia com pauta a ser divulgada.


A realidade do atletismo e a necessidade de revisar o sistema esportivo
Comentários Comente

José Cruz

Entre as ricas liberações de dinheiro público para o esporte de rendimento há outro tanto de lamúrias de dirigentes, técnicos e atletas, que reclamam de escassez de verbas. Isso demonstra a falta de gestor público à altura para corrigir o rumo do esporte e a devida aplicação das verbas federais, 11 anos depois de implantado o atual modelo do Estado doador.

O atletismo, esporte nobre dos Jogos Olímpicos, é exemplo dessa realidade. O editorial da revista da Confederação Brasileira de Atletismo  – “É hora de equilíbrio” -,  assinado por seu presidente, José Antônio Martins Fernandes, é revelador e preocupante.

(foto de Marcos Guerra)

toninhyo

“É preciso reconhecer que enfrentamos tempos difíceis” … “Percebe-se que empresas, potenciais patrocinadoras, estão investindo muito mais em eventos do que em entidades, como clubes, federações e confederações. Esta é a realidade que enfrentamos” … “Vamos pensar em como podemos eliminar despesas sem atingir órgãos essenciais à vitalidade de nossos sonhos”.

 José Antônio Fernandes (foto) assumiu a CBAt há pouco mais de um ano, herdando gestão de mais de duas décadas seguidas de Roberto Gesta de Melo que, por vezes, precisou se socorrer da poupança de sua família para pagar as contas da confederação.

A partir de 2001, com o advento da Lei Piva, a realidade financeira mudou, mas as dificuldades continuaram.

A realidade da Confederação de Atletismo não é exclusiva. Outras entidades passam pelo mesmo conflito de administrar verbas num mercado em constante aumento de preços, como passagens e hospedagens, entre outras dificuldades. Por isso, as manifestações de dirigentes reforçam a necessidade de o Ministério do Esporte rever o sistema, urgentemente, passando, também, pela avaliação do papel das federações e determinando a importância dos clubes, já que esses também recebem verbas específicas para a formação de atletas.

Uma revisão que comece pela indispensável pergunta: “Compete ao Estado financiar o esporte de alto rendimento”. Conforme a resposta o rumo e objetivos serão traçados. A propósito, atualmente há objetivos, afora a ilusória meta de colocar o Brasil no top 10 dos países olímpicos?

Mas, até esse estágio de análise e definições (se é que chegaremos lá …), é preciso aguardar o resultado da eleição presidencial. E, dependendo do próximo ministro saberemos sobre a disposição para mudanças ou “deixa como está”, pois é o que interessa.


Atletismo: revezamento de explicações
Comentários Comente

José Cruz

Enquanto o Ministério do Esporte investe na construção e/ou reformas  de 16 pistas de atletismo, a da Vila Olímpica de Manaus (foto) está abandonada. Mas nessa capital foi construída a Arena Amazônia, estádio de futebol padrão Fifa, ao custo de R$ 670 milhões …

pista 1

Ironicamente, em Manaus mora Roberto Gesta de Melo, que presidiu a Confederação Brasileira de Atletismo por 25 anos. Ele se afastou do cargo no ano passado, mas continua na presidência da Confederação Sul-americana de Atletismo, cujo vice-presidente é seu filho, Hélio Marinho Gesta de Melo.

Segundo a assessoria do Ministério do Esporte,  em 2004 foram repassados R$ 1,06 milhão para uma reforma da pista da Fundação Vila Olímpica. E concluiu: “Atualmente, o equipamento passa por ajustes, sob a responsabilidade do Governo do Estado do Amazonas”.

Em contato com a assessoria de imprensa da Vila Olímpica, a explicação foi esta: “Houve um erro no uso do material da pista, que está sem condições ideais para receber atletas. A empresa responsável irá trocar (o piso) ainda este ano”.

Desinteresse

Das pistas que o governo financia, a da UnB (Universidade de Brasília) poderá ficar na promessa, devido ao desinteresse da própria entidade.

No ano passado, a UnB devolveu ao Ministério do Esporte os R$ 15 milhões disponíveis para a reforma do Centro Olímpico, onde está a pista em questão, área de treinamento para os alunos do curso de Educação Física. O piso já foi comprado e está no local, coberto por lona, aguardando instalação.

Motivo da devolução da grana: o setor de planejamento da UnB não apresentou o plano de aplicação para o uso da verba. E, até agora, a três meses do final do ano, ainda não se manifestou. A propósito, as obras de recuperação das piscinas do Centro Olímpico da UnB levaram oito anos… Já a pista de atletismo está desativada há quatro anos. Logo…

Explicação

No mês de agosto, o Ministério do Esporte se reuniu com representantes da UnB, que se comprometeram a dar seguimento ao projeto de reforma das pistas e de todo o centro esportivo da Universidade. O Ministério do Esporte aguarda o envio do projeto de engenharia para análise”, disse a assessoria do ministro Aldo Rebelo.  Não foi informado o valor total que o Ministério está aplicando nas pistas selecionadas.

Cidade Maravilhosa

E como o assunto é “pista de atletismo”, a do estádio Célio de Barros, no Rio de Janeiro, foi totalmente asfaltada e transformada em estacionamento da frota da Fifa (foto), na Copa de julho. Mais de 300 atletas ficaram sem local de treinamento.

celiodebarros

Mas somos um país olimpicamente maravilhoso!


Atletismo nas alturas! Na China, claro
Comentários Comente

José Cruz

Agência Reuters

pista-01

Em Tiantai, na província de Zheijiang, na China, foi inaugurada uma pista de 200 metros, para iniciação dos alunos da escola fundamental.

A notícia completa está aqui

Enquanto isso…

… o Rio de Janeiro ficou privado de sua principal pista de atletismo, no estádio Célio de Barros, abaixo. Toda a área foi asfaltada e serviu de estacionamento para a “frota Fifa”, na “Copa das Copas”. E ninguém foi preso por essa agressão a uma área pública do esporte, com prejuízo para mais de 300 atletas

celiobarros

Na memória:

O Velódromo de R$ 15 milhões, que abrigou as provas do Pan 2007, foi destruído. Já os atletas…

O principal estádio, depois do Maracanã, o Engenhão, está fechado para reformas, há dois anos, pois a cobertura estava desabando, apesar de ter apenas sete anos …

O laboratório antidoping, da UFRJ, perdeu o credenciamento internacional, e estamos há menos de dois anos dos Jogos Rio 2016.

O estádio de Remo da Lagoa Rodrigo de Freitas foi entregue à iniciativa privada. Já os atletas…

O Brasil não tem uma política de esportes. Prioridades, metas e dinheiro só para os atletas que têm chance de pódio na próxima Olimpíada.

Dos R$ 400 milhões anuais que o governo coloca à disposição do esporte, através da Lei de Incentivo, são apresentados projetos que totalizam R$ 250 milhões, no máximo. E a captação de recursos é em torno de R$ 100 milhões. Ou seja, temos um desperdício anual de R$ 300 milhões que não são usados por falta de bons projetos, principalmente.