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Rio 2016: “Elefantinhos brancos” ameaçam os legados olímpicos
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José Cruz

A falta de um Sistema Nacional do Esporte e a fragilidade do Ministério do Esporte no controle das verbas que libera indicam, segundo o Tribunal de Contas da União, “risco de que os resultados do Brasil nos Jogos Olímpicos, inclusive a meta de posicionar-se entre os dez primeiros países classificados, se alcançada, não sejam sustentáveis para o período pós-2016”

Os centros de iniciação esportiva que estão sendo construídos com investimentos federais de R$ 967 milhões –  anunciados como “legado” dos Jogos Rio 2016 –  poderão se tornar “elefantinhos brancos”, na previsão do secretário de Controle Externo da Educação, Cultura e do Desporto do Tribunal de Contas da União, Ismar Barbosa Cruz.

Os financiamentos desses centros são liberados sem que o Ministério do Esporte, constate a real necessidade de suas localizações, além de os indicadores que sustentam os investimentos serem de “baixa qualidade”, “não confiáveis”!

Em debate na Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados, Ismar fez rápida avaliação do relatório de “levantamento de auditoria” em entidades do esporte, ponto de partida para um aprofundamento do TCU sobre a realidade do setor, principalmente junto às confederações esportivas, como a aplicação de verbas públicas e o alcance dos objetivos previstos.

Realidade

A responsabilidade operacional dos centros de iniciação esportiva será das prefeituras ou dos governos estaduais, que já enfrentam dificuldades para operarem a estrutura existente, o que permite projetar área de abandonos como já existem Brasil afora.   Caixa de saltos rio

Na Vila Olímpica de Mato Alto, em Jacarepaguá, na Cidade Olímpica Rio 2016,  a falta de manutenção nas instalações de atletismo é real. Veja aqui. Já a caixa de saltos (foto), exibe a realidade do centro público de treinamento.

Mesmo assim, o governo mantém novos investimentos, mesmo sem um sistema esportivo estruturado, de fato, conforme constatou o levantamento do TCU. Atualmente, o Ministério do Esporte debate sobre a formulação de um Sistema Nacional do Desporto, mas sem a participação do Ministério da Educação.

“O levantamento realizado indicou que há uma baixa capacidade operacional do Ministério do Esporte, fragilidade no controle de verbas liberadas e baixo nível de transparência na gestão dos recursos públicos aplicados”, afirmou o secretário Ismar Barbosa.

Recomendação

O relatório do TCU recomenda que seja implantada “uma política nacional de Estado e não de governo, a fim de se garantir a continuidade das ações sem a sujeição a mudanças pela alternância da alta administração”.

Ou seja, a cada troca de ministro, aparecem ideias que sepultam projetos anteriores, provocam novos discursos e, consequentemente, novas liberações de verbas.

O levantamento do Tribunal de Contas da União, indicou:

“Risco de desvio de recursos públicos destinados ao esporte de rendimento;”

“Risco de perpetuação de dependência dos recursos públicos para a manutenção das principais entidades do Sistema Nacional do Desporto”

“Risco  de que os resultados do Brasil nos Jogos Olímpicos de 2016, inclusive a meta de posicionar-se entre os dez primeiros países classificados, se alcançada, não sejam sustentáveis para o período pós-2016”.


TCU reprova liderança do Ministério do Esporte. Falta até transparência!
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José Cruz

Doze anos depois de ter sido criado, o Ministério do Esporte foi reprovado como gestor público, conforme “relatório de levantamento de auditoria” do TCU – Tribunal de Contas da União, com relatoria do ministro Augusto Nardes

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As constatações dessa corte de fiscalização confirmam todas as denúncias publicadas neste blog nos últimos seis anos

  R E L A T O   D O S   A U D I T O R E S  

“A liderança exercida pelo Ministério do Esporte na política de esporte de rendimento é limitada. O Ministério mostrou-se, em nível de organização, aquém do que seria desejável, dado o seu papel de protagonismo no desporto brasileiro. O órgão conta estrutura deficiente frente a todas as suas atribuições e, dessa forma, não apresenta capacidade operacional de atuar de forma satisfatória como coordenador das ações do sistema esportivo e como responsável pelo controle de grande parte dos recursos públicos aplicados no esporte de rendimento”.

“Foi observado, no caso dos recursos públicos destinados ao esporte de rendimento, o risco de desvio, em razão da fragilidade dos controles sobre a aplicação desses recursos”

“O Ministério do Esporte demonstrou não ter capacidade operacional para o controle dos recursos por ele próprio repassados”

 “Na consulta realizada, verificou-se, de modo geral, um baixo nível de transparência das informações relativas à gestão das entidades do Sistema Nacional do Desporto”

“O contexto atual evidencia que o Estado tornou-se o grande financiador do esporte de rendimento, enquanto o desporto educacional não vem recebendo o mesmo investimento”

“Risco de que os resultados do Brasil nos Jogos Olímpicos de 2016, inclusive a meta de posicionar-se entre os dez primeiros países classificados, se alcançada, não sejam sustentáveis para o período pós-2016”

Sobre a estrutura do Ministério do Esporte, os auditores identificaram 404 servidores ali lotados, sendo apenas 86 efetivos (21,3%), 234 comissionados (57,9%) e 103 de outras categorias (20,8%).

Pior!

Há unidades no Ministério “que não contam com nenhum servidor efetivo, o que pode resultar em fragilidade na gestão”, alertaram os auditores do Tribunal.

Os responsáveis pelo caos

Em doze anos, o Ministério do Esporte teve quatro ministros: Agnelo Queiroz, de fraca atuação, Orlando Silva, demitido por Dilma Rousseff, em meio a denúncias de corrupção, confirmadas, Aldo Rebelo, que cuidou da preparação do país à Copa do Mundo, e o atual, George Hilton, que “entende de gente”.

O dinheiro do esporte

Entre 2010 e 2014 os esportes olímpico e paraolímpico nacionais foram sustentados por R$ 7,7 bilhões, sendo que 94% desses recursos são verbas públicas federais. O COB (Comitê Olímpico do Brasil) e as confederações ficaram com 73% desse total, enquanto aos paraolímpicos e suas confederações foram destinados 18%. Outros 9% ficaram com a CBC (Confederação Brasileira de Clubes). Esses dados são do relatório de auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União), que analisou o funcionamento dos componentes do Sistema Nacional do Desporto.

Dependência oficial

O rigoroso levantamento identificou “o alto grau de dependência dos recursos da Lei Agnelo Piva para gastos de custeio na quase totalidade das entidades: Comitês Olímpico e Paraolímpico, confederações e Confederação Brasileira de Clubes. Das 26 confederações consultadas, 15 são totalmente dependentes do dinheiro oficial.

A CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), modalidade com inexpressivo desempenho em eventos internacionais é, ironicamente, a que registra melhor receita no período 2010/2016 (o trabalho projetou a receita até o ano olímpico). Segundo o TCU, foram R$ 224,5 milhões, para 36.571 atletas federados.

A modalidade com o segundo maior número de atletas, o judô, 45.899 registros, é a terceira no ranking de receitas (217,7 milhões), atrás dos Desportos Aquáticos, que faturou R$ 223,4 milhões para 11.869 atletas federados.

Estranho!

Já a Confederação de Basquete, mergulhada em prolongada crise de falência, fosse ela uma empresa privada, é a quarta entidade em receita, com R$ 206,3 milhões, no período analisado. O basquete é a segunda modalidade em atletas federados, com 50.385, Perde apenas para o vôlei, com 115.229 atletas registrados. Porém, o premiadíssimo esporte das quadras e da praia, aparece numa modesta 15º posição em receita total, com apenas R$ 27,5 milhões, em cinco anos.

Esse dado sobre a Confederação de Vôlei será confirmado, pois trata-se da principal modalidade no país, depois do futebol, com expressivo faturamento na venda de imagens de valorizados torneios. É difícil entender que, na receita, esteja atrás do rugby, ginástica, ciclismo, lutas associadas, remo e desporto na neve.

Fragilidade

A fragilidade do sistema no país olímpico também foi revelada pelos auditores. A Confederação de Desporto Escolar, por exemplo, “encontra-se em estágio primário de organização, o que justifica a baixíssima organização das atividades esportivas no âmbito das escolas brasileiras”.

A análise do relatório do TCU continuará na próxima mensagem

O acórdão completo do TCU está aqui 


Desabafo de ex-atleta campeão Pan-Americano junto ao Ministério do Esporte
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José Cruz

“Prezados Senhores do Ministério do Esporte

Até quando nós, esportistas, vamos ver a “mesmice” que ocorre antes de todos os Jogos Olímpicos?

A falta de gestão do esporte brasileiro começa no Ministério do Esporte, onde não temos sequer uma pessoa apta para o cargo que ocupa, a começar pelo próprio Ministro do Esporte, e indo ao Comitê Olímpico, Confederações e Federações.

Infelizmente os Jogos Pan-americanos que, outrora, classificava os atletas das Américas a obter classificação para os Jogos Olímpicos, hoje, na maioria das modalidades, isto já não acontece e, assim, perdeu-se a qualidade quanto aos atletas competidores.

Na presente versão dos Jogos Pan-americanos o ganho de medalhas é relativo, pois o índice técnico na maioria das modalidades é muito baixo, pois americanos, canadenses, cubanos e mesmo brasileiros, não levam suas melhores equipes.

Portanto, como diz o José Cruz, vamos conter o ufanismo pelas medalhas conseguidas e vamos ver o que acontece nos Jogos Olímpicos, em que o Brasil para melhorar sua performance, “importou” diversos atletas estrangeiros “naturalizados”.

Isto demonstra a “falência” da formação desportiva no Brasil, pois os clubes que eram o celeiro de atletas, estão desmotivados, pois arcam com a maior parte do custo desta formação e quem recebe ajuda financeira são as confederações e o Comitê Olímpico, e nada repassando para as entidades formadoras de atletas.

Já vivi 60 anos desta falta de gestão no esporte nacional, vendo políticos e aproveitadores tomarem postos de gestão nas entidades desportivas nacionais e não deixando pessoas de gabarito, formadas e doutoradas em educação física e gestão esportiva, ocuparem cargos de comando do desporto nacional.

Há muitos exemplos de sucesso de gestão esportiva e dos quais tenho o prazer de participar, como o “O D P – Olympic Developmment Program”, desenvolvido nos Estados Unidos, onde desde os 8 anos de idade os jovens atletas americanos de diversas modalidades, são acompanhados tecnicamente por profissionais habilitados e ranqueados para obter facilidades no desenvolvimento de seus treinamentos.

Como este, existem programas na Alemanha, Espanha e outros países, que obtém resultados expressivos nas competições internacionais.

Enfim, envio este email para o Ministério do Esporte com o objetivo de que alguém que ainda se interesse por esporte nesse órgão leia e verifique o descontentamento de nós atletas brasileiros.

Luis Eduardo Pinheiro Lima

Campeão pan-americano de Polo Aquático em 1963 e vice campeão em 1967

Gestor esportivo do Esporte Clube Pinheiros”

 

 


Governo financia 48 pista de atletismo. E daí?
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José Cruz

Notícia boa

O Ministério do Esporte está investindo R$ 887 milhões na construção/recuperação de 48 pistas, no programa Rede Nacional de Treinamento de Atletismo. Com as contrapartidas, os investimentos chegarão a R$ 932 milhões.  A pista da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, abaixo, que integra o programa, já foi inaugurada.PistaAtletismoRN

Notícia ruim

A responsabilidade de manutenção das pistas é das universidades, prefeituras e governos dos estados. Atualmente, dezenas de universidades estão fechadas. Faltam verbas até para a limpeza das salas de aula.

O recente  corte de R$ 70 bilhões no orçamento da União repercutiu na “Pátria Educadora”. O Ministério da Educação perdeu 9,3 bilhões. Sobrará dinheiro para a manutenção de pistas? O próprio Ministério do Esporte terá que ajustar seu orçamento, pois perdeu R$ 900 milhões. Construir é política do governo em todos os tempos. Há décadas! O problema é a conservação dos espaços.

Repasses

Os repasses do Ministério do Esporte para a Rede de Treinamento de Atletismo tem o seguinte perfil, segundo o próprio órgão de governo:

           DESTINAÇÕES           R$
Centros de Iniciação – PAC 2     608.300.000
Universidades     171.474.162
Prefeituras       63.513.904
Governos Estaduais       39.458.750
Instalações Multidisciplinares         4.525.940
T O T A L       887.272.756

Dúvidas

Qual o programa foi desenvolvido na pista de atletismo do Estádio Nilton Santos, o Engenhão do Pan 2007?

As pistas da Rede nacional têm técnicos para todas as provas do atletismo?

Porque o governo, preocupado com a Rede de Atletismo, permitiu transformar a pista do Estádio Célio de Barros, no Rio, em estacionamento com arquibancada?

Qual foi a ação do Ministério do Esporte para evitar essa estupidez e agressão aos três mil frequentadores semanais daquele espaço?

Leia amanhã: o fechamento de pistas.


Orçamento do Esporte poderá perder R$ 400 milhões
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José Cruz

O governo promete anunciar amanhã o do valor corte no Orçamento da União. A previsão é de R$ 70 bilhões. “Necessários para ajustar as contas públicas”.  Deputados da base governista estimam que o Ministério do Esporte “contribuirá” com R$ 400 milhões, nessa tesourada. dinheiro

Para 2015, o Ministério do Esporte tem R$ 3.4 bilhões no orçamento. Com o corte previsto sobrariam R$ 3 bilhões. Esse valor seria consumido, em tese, por apenas um programa: “Esporte e Grandes Eventos Esportivos”. É aí que estão os repasses para a preparação dos atletas e dos Jogos Rio 2016.

           PRINCIPAIS PROGRAMAS 2015

  PROGRAMASR$
Jogos Rio 2016 1.684.320.594
Centros Iniciação Esporte    198.000.000
Apoio a Projetos Esportivos    177.203.026
Preparação Atletas Rio 2016    118.851.866
Implantação Infraestrutura Esporte    681.686.968
Bolsa Atleta    151.260.438
Total parcial3.011.322.892

 

Execução em 2014

No ano passado, o Ministério teve R$ 3,4 bilhões disponíveis. Mas gastou apenas R$ 1,5 bilhão. Desse total, a metade (R$ 760 milhões) foram para saldar despesas de 2013, os tais “restos a pagar”. Ou seja, em programas efetivos de 2014 o Ministério do Esporte aplicou apenas R$ 802 milhões dos R$ 3, 4 bilhões disponíveis.

Portanto, não serão R$ 400 milhões de cortes no orçamento deste ano que vão assustar. A gestão orçamentária continua sendo problema na maioria dos ministérios. E isso ocorre, também, pelo “contingenciamento”. Além do corte no orçamento vem a ordem para “não gastar”.

Uma previsão mais real do que poderá ocorrer com o dinheiro do esporte só a partir do anúncio oficial do governo. Certo é que será um ano de aperto. Mas se até a educação e saúde estão em perigo…


Corrupção no esporte: quando teremos a operação “Os senhores dos anéis?”
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José Cruz

O Ministério Público no Paraná denunciou à Justiça Federal os primeiros quatro políticos identificados na Operação Lava-Jato, pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa e peculato.

os-senhores-dos-aneis-vyv-simson-e-andrew-jennings-14819-MLB20090647457_052014-F  E no esporte, sustentado por verbas públicas, da Petrobras, inclusive, quando será deflagrada a operação “Os senhores dos anéis”? – sugestão de uma devassa, em homenagem ao jornalista Andrew Jennings, pioneiro nas denúncias de maracutais olímpicas internacionais. Sobram denúncias, com provas, de que há espertos agindo, inclusive alguns disfarçados de “executores de projetos”.

Investigações preliminares no Rio e em São Paulo mostram indícios de que não são ações isoladas, mas envolvendo empresas fantasmas para fraudar licitações. Há indícios de interligações com outras empresas de fachada e troca de influência entre parentes, que abastecem o esquema.

Os dirigentes, responsáveis pelas verbas que recebem do Ministério do Esporte ou do COB (Comitê Olímpico do Brasil), não sabem disso? O COB, sabe-se, tem controle e acesso aos gastos de toda verba da Lei Piva que libera para as confederações. E o Ministério do Esporte analisa as prestações de contas dos beneficiados por convênios.

Suspeitas

As suspeitas de fraudes com verbas públicas aumentaram com as recentes denúncias de atletas contra a CBE (Confederação Brasileira de Esgrima), que pagou R$ 98 mil à empresa SB Promoções, para executar apenas 20% de um projeto, não concluído.

ary  A  SB – de Sérgio Borges, seu diretor –, com sede no Rio, tem contratos com outras entidades, como as confederações de Taekwondo, Tiro com Arco, Tiro Esportivo e os clubes Sogipa e Grêmio Náutico União, de Porto Alegre. Essa empresa também realizou os eventos da Confederação Brasileira de Vôlei – recentemente sacudida por escândalo financeiro – até 2008, ainda na presidência de Ary Graça (foto). Mas, estranhamente, a página da SB não está mais disponível na Internet.

Há outros casos com indicativos de ilegalidades com verbas públicas nas confederações de Tênis, de Basquete, de Vôlei, de Ciclismo e de Taekwondo, todos já divulgados neste espaço. Os valores são expressivos, inclusive com importação de materiais esportivos com trâmites suspeitos de ilegalidade

Operação

Por isso, uma operação do Ministério Público e da Polícia Federal, com cruzamentos de licitações e prestações de contas das confederações, com os dados das empresas executoras dos projetos, fornecedores e importadores poderia traçar o roteiro da verba pública para o esporte, e quanto da grana está ficando pelo caminho da ilegalidade.  Sem esquecer de uma eficiente varredura nas verbas públicas das estatais patrocinadoras, na Lei de Incentivo – foco de grandes enredos… – e até a Bolsa Atleta, assunto para outro artigo.

Essa investigação teria mais sucesso se os dados fossem confrontados com as prestações de contas das confederações, junto ao COB, no Ministério do Esporte e auditorias do Tribunal de Contas da União em confederações beneficiadas, onde há provas de sobra de como as emoções do esporte olímpico escondem a corrupção com o dinheiro público.


Jogos Olímpicos e a “Pátria Educadora”
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José Cruz

O Ministério do Esporte investe R$ 70 milhões na construção de 15 pistas de atletismo, Brasil afora. Material de primeira qualidade. Construir é próprio do político e íntimo do gestor público. É uma das formas de relação com as empreiteiras, financiadoras de campanhas políticas.  Pista de Atletismo

Mas…

Temos professores capacitados ou técnicos para atender à clientela que vai chegar a essas pistas? As faculdades de Educação Física estão formando esses profissionais?

Em segundo lugar: quem se responsabilizará pela manutenção dessas áreas? A própria universidade? As prefeituras? Os governos estaduais? O Ministério do Esporte não será, já avisou. Fez a sua parte, “construir”.

Ilusão

Essa previsão de abandono pode ser projetada a partir de um importante programa educacional, o FIES – Fundo de Investimento Estudantil. Hoje, o ministro da Educação avisou: “acabou o dinheiro” e não haverá novos contratos. E estamos na “ Pátria Educadora”…

Ora, se isso ocorre com o que há de mais expressivo na construção de uma nação – o ensino – o que dizer dos rumos do esporte pós-Jogos 2016? Principalmente num setor em que não se tem projeto de longo prazo, prioridades, planejamento? Podermos até ter resultado significativo nos Jogos Olímpicos, mas é fruto de trabalho emergencial. E depois? O Pan 2007 é exemplo. Abandono de espaços e até transformação da pista Célio de Barros em estacionamento de luxo para a Fifa… Sem falar na demolição do Velódromo…  na suspeita terceirização do Estádio de Remo da Lagoa…

Atraso

Assim como na gestão do PCdoB, na atual, do PRB, o Ministério é um espetacular cabide de empregos. Parentes, amigos e fieis seguidores da Igreja Universal têm prioridade para os melhores cargos gratificados, em detrimento de técnicos e planejadores do esporte.

Estamos tão atrasados no terceiromundismo do esporte, que nem um Congresso Científico Pré-Olímpico conseguimos dar conta. A Universidade Federal do Estado de São Paulo, por seu departamento de Biologia, assumiu o compromisso de realizar esse tradicional evento, que reúne quatro mil cientistas do esporte do mundo todo. Mas, até agora, não consegue nem formar uma comissão organizadora.

Pior! A reitora da Unifesp, Soraya Smaili, não se manifesta sobre o tema. Por que? Porque não tem dinheiro. Está na dependência do Ministério do Esporte.

 Angústia

Sem exageros, há uma “angústia” na comunidade científica internacional, revelou um professor da Alemanha. Os pesquisadores já deveriam ter sido avisados sobre datas, inscrições de trabalhos, temas selecionados etc, para encaminharem suas pesquisas e batalhar por passagens, hospedagens etc. Mas, até agora, ninguém sabe absolutamente nada! Não há absolutamente uma só informação sobre esse evento que tradicionalmente precede os Jogos Olímpicos.

Em fevereiro já havia alertado sobre esse descaso, esse abandono da Unifesp e do governo federal, por extensão.

Enquanto isso…

…  fora da competição, nossa imagem esportiva queima lá fora, principalmente na área científica internacional.


Esgrima: ainda falta transparência nos gastos de verbas públicas
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José Cruz

Cartolas, gestores, políticos e autoridades do esporte já se mobilizam para renovar a Lei de Incentivo ao Esporte, que se esgotará em dezembro. Sobre a execução, vantagens e desvantagens dessa fonte de R$ 400 milhões/ano escreverei no decorrer da semana. Essa lembrança remete ao dinheiro público disponível e à escassez de gestão, em alguns casos com impressionante amadorismo e irresponsabilidade, diante do gigantismo da preparação de atletas de nível olímpico.

A CBE (Confederação Brasileira de Esgrima) é o mais recente exemplo neste sentido. Dados do Siconv, que é o sistema oficial de transparência sobre a execução de convênios, mostram que a CBE recebeu R$  2,3 milhões do Ministério do Esporte, em dois convênios. Mas, em ambos, CBE não conseguiu executar o programado e devolveu R$ 1,1 mihão (valores atualizados devido às aplicações bancárias, de lei).

CONVÊNIO   VALOR       R$   APLICADO      R$ DEVOLVIDO        R$
    20111.292.249,001.136.654,11   163.402,56
    20121.101.702,21   122.497,15   995.648,06

Executora

No convênio, de 2011, para a compra de materiais, a empresa SB Promoções recebeu R$ 78 mil, como executora do contrato. No segundo convênio (para competições e estágio de atletas) foram pagos R$ 98,4 mil à SB. Sem alcançar o objetivo, a devolução ao Ministério foi de 80% do valor recebido. Então, porque pagar a quem não atendeu às exigências do contrato? Ironicamente, foi nessa situação que a esgrimista Élora Ugo teve seu treinamento suspenso para os Jogos Rio 2016.  historia-da-esgrima

Pior:

Na execução do convênio de 2011, não há registros oficiais no Siconv que comprovem a distribuição de material adquirido, no valor de R$ 320.068,50. Isso representas 37% dos R$ 865.229,0o investidos nas compras.

Mas a CBE diz o contrário: “A Confederação afirma que todo material foi distribuído aos atletas da equipe principal de acordo com a necessidade de cada um.” Agora, será preciso esperar pela análise da prestação de contas junto ao Ministério do Esporte, para esclarecer sobre o paradeiro do valioso material .

Foi a partir dessas informações, oficiais, que a esgrimista Élora Ugo denunciou o desprezo para com os atletas. Mesmo com dinheiro para competições e treinos, a Confederação de Esgrima não executou o projeto, apesar de dispor de dois anos, sendo um de prorrogação.  Agora, o objetivo é, também, localizar o paradeiro de materiais no valor de R$ 320 mil…

Pode ser que nesta sexta-feira a diretora da Associação Brasileira de Esgrimistas, Maria Júlia Herklotz, obtenha respostas a essas dúvidas de gestão, na primeira reunião entre atletas e CBE para tratar de “transparência” na gestão do dinheiro público para a esgrima.


Rio 2016: os planos olímpicos de quem foi top mundial em 2014
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José Cruz

fabiana-murer

Vinte e cinco atletas, duplas ou equipes nacionais terminaram o ano entre os três primeiros do ranking ou no pódio de mundiais, contemplando 11 modalidades olímpicas. Entre eles, Fabiana Murrer, líder do salto com vara (foto), Martine Grael e Kahena Kunze , primeiras na classe 49er da vela, Robenilson de Jesus, segundo no boxe, categoria até 56kg, Arthur Zanetti na ginástica etc.

Confira a reportagem, com os principais destaques da equipe olímpica 2016, com projeções para os Jogos Pan-Americanos de Toronto, Canadá, de 10 a 26 de julho próximo.

A reportagem é da equipe do portal Brasil 2016, do Ministério do Esporte.


Doping na natação: disputa acirrada entre Brasil e China
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José Cruz

O Ministério do Esporte usou apenas 14,8% dos R$ 12 milhões disponíveis em 2014 para “implementação e desenvolvimento da política nacional de controle de dopagem”.

Outros R$ 6,5 milhões foram “empenhados”, em 31 de dezembro. Mas faltam garantias de pagamentos desse valor em 2015, pois não foi feita a reserva em “restos a pagar”. Portanto, há dúvidas se essa parcela foi efetivamente gasta.

O principal motivo para não usar toda a grana é o “contingenciamento”:  o governo segura os gastos para aumentar o saldo em caixa, o tal “superávit” … Será que essa omissão do Estado nas questões do doping justifica os elevados casos registrados na natação, por exemplo.

Realidade

Reportagem de Paulo Roberto Conde, na Folha de S. Paulo de ontem, mostrou que apenas 20% das confederações esportivas brasileiras fazem exame antidoping. “80% não fazem”, revelou Sandra Soldan, coordenadora da área na CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos).

Ainda segundo a reportagem, a elite da natação brasileira só fica atrás da China em número de atletas dopados. De 2001 até hoje são 30 casos positivos, enquanto os chineses têm 33 deslizes confirmados.

O ranking de doping na natação, nos últimos 14 anos (2001 a 2014), é o seguinte:

PAÍSTOTAL
China33
Brasil30
Rússia28
Rússia14
EUA12
Austrália4

 

Os “melhores”

Esses números sugerem questionar sobre a lisura dos resultados do esporte de alto rendimento, em todas as modalidades. O mais recente caso envolve o capixaba João Luiz Gomes Júnior, flagrado pelo uso de um diurético, no Mundial de Piscina Curta, em dezembro, no Catar, onde ganhou

Memória

“Os testes são fáceis de burlar”, disse Tyler Hamilton, medalhista olímpico no ciclismo, em depoimento a Daniel Coyle, para o livro “A Corrida Secreta de Lance Armstrong”.

“Estamos muito à frente dos testes. Eles têm os médicos deles e nós temos os nossos, e os nossos são melhores. Mais bem pagos, com certeza”, concluiu.

No Brasil, uma das desculpas usadas pelos atletas flagrados em doping é o da “contaminação” de medicamento. Durante a elaboração de uma determinada droga ela absorve no ambiente do laboratório os restos de outra, preparada anteriormente, casualmente um produto proibido, mais tarde identificado no exame antidoping. Inadvertidamente o atleta acaba se dopando “por tabela”. É a tese, claro.