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Arquivo : conservação

Jogos Olímpicos e a “Pátria Educadora”
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José Cruz

O Ministério do Esporte investe R$ 70 milhões na construção de 15 pistas de atletismo, Brasil afora. Material de primeira qualidade. Construir é próprio do político e íntimo do gestor público. É uma das formas de relação com as empreiteiras, financiadoras de campanhas políticas.  Pista de Atletismo

Mas…

Temos professores capacitados ou técnicos para atender à clientela que vai chegar a essas pistas? As faculdades de Educação Física estão formando esses profissionais?

Em segundo lugar: quem se responsabilizará pela manutenção dessas áreas? A própria universidade? As prefeituras? Os governos estaduais? O Ministério do Esporte não será, já avisou. Fez a sua parte, “construir”.

Ilusão

Essa previsão de abandono pode ser projetada a partir de um importante programa educacional, o FIES – Fundo de Investimento Estudantil. Hoje, o ministro da Educação avisou: “acabou o dinheiro” e não haverá novos contratos. E estamos na “ Pátria Educadora”…

Ora, se isso ocorre com o que há de mais expressivo na construção de uma nação – o ensino – o que dizer dos rumos do esporte pós-Jogos 2016? Principalmente num setor em que não se tem projeto de longo prazo, prioridades, planejamento? Podermos até ter resultado significativo nos Jogos Olímpicos, mas é fruto de trabalho emergencial. E depois? O Pan 2007 é exemplo. Abandono de espaços e até transformação da pista Célio de Barros em estacionamento de luxo para a Fifa… Sem falar na demolição do Velódromo…  na suspeita terceirização do Estádio de Remo da Lagoa…

Atraso

Assim como na gestão do PCdoB, na atual, do PRB, o Ministério é um espetacular cabide de empregos. Parentes, amigos e fieis seguidores da Igreja Universal têm prioridade para os melhores cargos gratificados, em detrimento de técnicos e planejadores do esporte.

Estamos tão atrasados no terceiromundismo do esporte, que nem um Congresso Científico Pré-Olímpico conseguimos dar conta. A Universidade Federal do Estado de São Paulo, por seu departamento de Biologia, assumiu o compromisso de realizar esse tradicional evento, que reúne quatro mil cientistas do esporte do mundo todo. Mas, até agora, não consegue nem formar uma comissão organizadora.

Pior! A reitora da Unifesp, Soraya Smaili, não se manifesta sobre o tema. Por que? Porque não tem dinheiro. Está na dependência do Ministério do Esporte.

 Angústia

Sem exageros, há uma “angústia” na comunidade científica internacional, revelou um professor da Alemanha. Os pesquisadores já deveriam ter sido avisados sobre datas, inscrições de trabalhos, temas selecionados etc, para encaminharem suas pesquisas e batalhar por passagens, hospedagens etc. Mas, até agora, ninguém sabe absolutamente nada! Não há absolutamente uma só informação sobre esse evento que tradicionalmente precede os Jogos Olímpicos.

Em fevereiro já havia alertado sobre esse descaso, esse abandono da Unifesp e do governo federal, por extensão.

Enquanto isso…

…  fora da competição, nossa imagem esportiva queima lá fora, principalmente na área científica internacional.


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