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Arquivo : futebol

Quando craque surgia nos “campinhos”
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José Cruz

campinho

Marcar “encontro no campinho” era sinal de “vai ter futebol”. Todos descalços.  A regra não era escrita, mas na palavra. Ali, acredite, surgiram craques. Com o tempo, vieram as “peladas”, os campinhos ganharam grama, artificial, inclusive, e chegamos às modernas “escolinhas” de futebol. Mas, em algumas cidades os “campinhos”  resistem. Não sei hoje, mas a regra “combinada”, lá no Sul era assim:

1 – Os dois melhores jogadores não podem estar no mesmo time. Eles, tiram par ou impar e escolhem os companheiros.
2 – Ser escolhido por último é uma grande humilhação; sinal que ninguém o desejava.
3 – Um time joga sem camisa.
4 – O pior de cada time vira goleiro, a não ser que tenha alguém que goste de “catar”.
5 – Se ninguém aceita ser goleiro, adota-se um rodízio: cada um cata até sofrer um gol.
6 – No caso de pênalti, sai o goleiro ruim e entra um bom, para tentar pegar a cobrança.
7 – Os piores de cada lado jogam na zaga.
8- O dono da bola joga no mesmo time do melhor jogador.
9 – Não tem juiz.
10 – As faltas são marcadas no grito: se você foi atingido, grite como se tivesse quebrado uma perna e conseguirás a falta.
11 – Se você está no lance e a bola sai pela lateral, grite “nossa” e pegue a bola o mais rápido possível para fazer a cobrança (esta regra também se aplica no caso de “escanteio”).
12 – Lesões como destroncar o dedão do pé, ralar o joelho, sangrar o nariz e outras são normais.
13 – Quem chuta a bola pra longe tem que busca-la.
14 – Lances polêmicos são resolvidos no grito ou, dependendo, no tapa.
15 – A partida acaba quando todos estão cansados, quando anoitece ou quando a mãe do dono da bola manda ele ir pra casa.
16 – Mesmo que o jogo esteja 15 x 0, a partida só acaba depois de um acordo: “quem fizer o primeiro, ganha”.

Lembrou tua infância , então, fostes uma criança normal …

Autor desconhecido

Colaboração do amigo Aldyrio Vieira

 


Seleção Brasileira tem gestão criminosa
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José Cruz

A reportagem de Jamil Chade sobre o “leilão” da Seleção Brasileira, em negócios da CBF, realizados em paraísos fiscais, longe do controle da Receita Federal, poderá mudar os rumos da discussão sobre a dívida dos clubes, no Congresso Nacional.RTeixeira

O contrato que entregou à Internacional Sports Events a operação dos jogos da Seleção foi firmado nas Ilhas Cayman, a partir de 2006 (renovável até 2016), quando tinha Ricardo Teixeira ainda no comando da CBF. Os documentos apresentados na reportagem mostram que foram pagos 1,05 milhão de dólares a cada amistoso da Seleção.

Patrimônio 

Essa revelação ressuscita a tese sobre a representatividade da Seleção Brasileira, que se apresenta em nome da Nação, desfila com a Bandeira Nacional e prática o principal patrimônio esportivo do país. No entanto, a renda dessas exibições não contribui para o fortalecimento do futebol, internamente. “Clubes e federações estão quebrados”, dizem os cartolas.

Mas a reportagem desmonta o debate que se realiza no no Congresso Nacional, em torno da Medida Provisória nº 671. O vantajoso parcelamento da dívida fiscal sustenta-se no argumento da fragilidade financeira dos clubes e das federações. Amarelinha

Mas, como entender que, enquanto clubes choram pela clemência do governo, a CBF use o nosso principal produto, a Seleção Brasileira, para negócios com empresas de fachada em paraísos fiscais?

Enfim, essa matéria de Jamil Chade é mais uma valiosa peça para confirmar que o futebol nacional, produto de emoções, esconde negócios altamente suspeitos, favorecendo o enriquecimento ilícito, a evasão de divisas e a sonegação fiscal. Futebol com gestão criminosa.


Continuamos perdendo de goleada…
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José Cruz

O secretário de Futebol do Ministério do Esporte, Rogério Hamam (foto), está na Alemanha para intercâmbio sobre gestão. E descobriu que, lá, “o futebol é levado a sério”, como revelou o repórter Marcos Paulo Lima, no Correio Braziliense, hoje.  rogerio

Mais:

“O objetivo principal da viagem é conhecer de perto o trabalho das academias de formação de jovens atletas e a bem-sucedida estrutura do futebol feminino na Alemanha” – disse Hamam ao repórter.

A viagem para descobrir essas “preciosidades”… é no momento em que o Ministério do Esporte “está em frangalhos”, como disse um funcionário, referindo-se à falta de verbas, até para as atividades de rotina. Mas para o futebol…  Mas se confirma a determinação do governo de continuar intrometido num assunto exclusivo da iniciativa privada.

E ao final da viagem? Hamam dirá aos cartolas do Flamengo, do Cruzeiro, do Inter, ao senhor Eurico Miranda, por exemplo, que sigam a escola alemã de administração do futebol?

Tudo aqui

Se Hamam fosse à Fundação Getúlio Vargas conversar com os especialistas sobre futebol e conhecer os estudos sobre a nossa realidade, teria um aprendizado maior. Depois, era ir à Escola de Educação Física do Exército, onde treinaram as seleções de 1958, 1962, 1970.

Ou uma visita ao Minas Tênis Clube, ao Pinheiros, em São Paulo, ou Sogipa em Porto Alegre, para ver que temos centenas de clubes Brasil afora para acolher atletas em todas as modalidades. Temos 1.500 escolas de educação física e outro tanto de Administração & Marketing. Mas o governo não se rende ao intercâmbio acadêmico, e permanece na burocracia que domina a Esplanada dos Ministérios.

Não nos falta nada para sermos potência esportiva com gestão de luxo. O que falta é o governo sair de onde não deveria ter entrado e definir o que compete ao Estado brasileiro em termos de esporte, para promover a integração entre União, Estados e Municípios, aproveitando melhor as verbas públicas que saem pelo ladrão.

Será que, na linha do futebol, o ministro George Hilton mandará um “especialista” para Cuba ou Jamaica, conhecer a eficiente relação entre educação e esporte naquelas “potências”?


Nova loteria financiará prática de futebol entre estudantes menores
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José Cruz

O objetivo dessa iniciativa, surgida depois dos “7×1”, é identificar potenciais talentos para renovar os quadros  do futebol

O projeto de lei que refinanciará a dívida fiscal dos clubes, a ser votado esta semana na Câmara dos Deputados, também propõe a criação da “Lotex”, loteria federal que destinará 10% de sua arrecadação para “iniciação esportiva”.

Essa “iniciação” será em escolas públicas ou privadas, para alunos a partir dos oito anos de idade, diz o projeto de lei idealizado pelo deputado federal Vicente Cândido (PT/SP), na foto, representante da Bancada dos Cartolas.  deputado-Vicente-Candido_Blog_SinafrespO projeto prevê alterações na Lei Pelé (9.615/98), criando o “esporte de formação”, para justificar a destinação da verba de loterias para as escolas.

Agora vai…

O governo ainda não conseguiu implantar a prática da educação física, por falta de professores, de espaços e equipamentos adequados. Mas implantará o futebol subsidiado, para a alegria dos empresários e dos clubes de futebol profissionais.

Sem esquecer que deputados e senadores têm influência política nas escolas de seus municípios, onde será administrada a verba do “futebol escolar”…

É clara a promiscuidade dessa relação, pois as escolas já se mostraram incapazes de administrar a verba da merenda escolar. Imagina a do futebol…

 


Caixa investe R$ 110 milhões anuais no patrocínio a 12 clubes de futebol
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José Cruz

A Caixa Econômica Federal investe atualmente R$ 110 milhões anuais em patrocínios a 12 clubes de futebol. As aplicações variam de R$ 30 milhões/ano, no Corinthians, o mais valorizado, a R$ 500 mil/ano, no ASA e no CRB, ambos de Alagoas.

O número de clubes patrocinados e os valores destinados variam ano a ano. Esses patrocínios são independentes das verbas das loterias federais aplicadas no esporte, quase R$ 1 bilhão, em 2014, conforme publiquei na semana passada, aquicaixafutebol

A verba para o patrocínio de 12 clubes é parte do que a Caixa dispõe par aplicar em publicidade, optando pelos futebol para veicular sua marca, devido à visibilidade da modalidade na TV,principalmente.

Porém, se somarmos as verbas das loterias repassadas ao  alto rendimento com o patrocínio aos clubes do futebol teremos investimentos totais  de R$ 1 bilhão anual, fora a parceria com o Comitê Paraolímpico, motivo de futuro artigo.

Os valores atualizados de patrocínio são os seguintes, segundo a assessoria da Caixa são os seguintes:

CLUBEVALOR ANUAL R$
Corinthians/SP30.000.000,00
Flamengo/RJ25.000.000,00
Vasco da Gama/RJ (1)15.000.000,00
Atlético Paranaense / PR6.000.000,00
Coritiba FC /PR6.000.000,00
EC Vitória  ES6.000.000,00
Sport Club Recife/PE6.000.000,00
Figueirense FC/SC4.500.000,00
Chapecoense/SC4.000.000,00
Atlético Goianiense/GO (1)2.400.000,00
ABC Futebol Clube/RN2.000.000,00
América FC / RN2.000.000,00
CRB / AL500.000,00
ASA  de Arapiraca / AL500.000,00
T O T A L109.900.000,00
 (1)  Licença de uso de imagem; patrocínio em negociação.

 


A força do futebol catarinense está na rivalidade regional
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José Cruz

Dez clubes disputam o Campeonato Estadual de Santa Catarina e, desses, quatro estarão na Série A do Campeonato Brasileiro de 2015:  Avaí, Chapecoense, Figueirense e Joinville

Por Mário Medaglia – Jornalista

Para entender quatro clubes de Santa Catarina na primeira divisão em 2015, é preciso conhecer um pouco as particularidades deste pequeno estado e da sua capital, no futebol.

As mudanças positivas começaram a partir do final da década de 80, quando Florianópolis conseguiu cortar o cordão umbilical que a ligava ao Rio de Janeiro. A preferência era pelos clubes cariocas. Bastava olhar para as arquibancadas e observar as bancas de jornal. Flamengo, Vasco e Botafogo, um pouco de Fluminense, vestiam suas camisas nos torcedores da Capital. O Globo e o Jornal do Brasil eram lidos como se fossem jornais locais. O Estado, único jornal de Santa Catarina, era apenas um instrumento político e ganhou força só a partir de 1972, quando passou a ser impresso em off set e espalhou sucursais e correspondentes pelo interior. Até então, Vasco e Flamengo na cidade interrompiam o trânsito e lotavam de torcedores o saguão do aeroporto Hercílio Luz.

Mudanças

Deixamos de ser um futebol colonizado com a evolução da mídia e o surgimento do Joinville, do Criciúma e da Chapecoense. Avaí e Figueirense saíram a reboque para fortalecer a representação de Florianópolis e evitar a supremacia do interior.

Hoje, a cada começo da temporada, ninguém pode afirmar com segurança quem será o campeão estadual. Houve uma quebra desta rotina, de 1978 1985, com o octacampeonato do recém-nascido Joinville. A rivalidade e o equilíbrio muito grande entre cinco clubes traçam um cenário diferente para Santa Catarina, que tem um campeonato estadual com dez agremiações.

Florianópolis é uma cidade administrativa, Joinville, Criciúma e Chapecó estão entre as maiores forças econômicas da região sul do país, o que não tem significado muita vantagem para qualquer um deles. O Avaí atrasou quatro meses de salários e conseguiu o acesso. A força da rivalidade garante a alternância de campeões, bom motivo para não se admitir no futebol catarinense jogos com uma só torcida ou o fim dos campeonatos estaduais. Sem o Figueirense comemorando a permanência na série A, os torcedores avaianos não teriam fôlego para empurrar o time na vitória sobre o Vasco na última rodada.

O presidente da Federação Catarinense, Delfim Peixoto, há 30 anos no cargo, em nome da segurança cogitou eliminar a torcida visitante. Quando se deu conta da bobagem demoveu as autoridades da ideia que ia de encontro justamente à maior energia que move o futebol catarinense.

Agora o objetivo é subir o Criciúma, rebaixado este ano, para que o espanto seja maior e Santa Catarina tenha cinco clubes na primeira divisão em 2016.

Mário Medaglia é jornalista em Florianópolis


Os megaeventos esportivos e a eleição presidencial: bocas fechadas
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José Cruz

Para quem tinha dúvidas, até agora as pesquisas mostram o contrário: a tragédia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo não afetou a liderança da presidente Dilma rumo à reeleição. Será por isso que o esporte está ausente dos debates?

montagem-dilma-rousseff-marina-silva-aecio-neves-felipe-cotrim-size-598 veja.abril.com.br

Então, está provado que o futebol não influencia nas urnas.Nem o desempenho da economia. O governo vive inferno astral em suas contas: inflação e dólar em altas, credibilidade internacional em queda, despencando no ranking das economias mais confiáveis. Tudo isso a ano e meio da realização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. E não adianta dizer que 65% dos investimentos são da iniciativa privada, porque os 35% representam muito, no cofre federal, inclusive.

Opção

Quando assumiu o governo, em 2003, o PT optou por usar o esporte como ferramenta promocional do país e incentivador de nossa juventude. Assim, até 2017 estamos no topo dos megaeventos: Jogos Pan-Americanos 2007, Jogos Mundiais Militares, Jogos Mundiais Estudantis, Copa das Confederações, Mundial da Fifa, Jogos Olímpicos 2016, Jogos Paralímpicos 2016 e Universíade 2019.

Herança

O que herdaremos – o tal legado… – de tudo isso? Do Pan 2007 e, principalmente, dos Jogos Mundiais Estudantis, para que o governo – o financiador – tenha, também, gerações menos doentes e com melhor rendimento escolar?  Que projeto integrado de governo promove turisticamente o país, através desses megaeventos de repercussão internacional? Qual a proposta dos nossos principais candidatos á Presidência da República para esse segmento, ainda tratado de forma amadorista e emergencial?

No próximo governo, o esporte de alto rendimento continuará tendo a forte intromissão do Estado, quer na legislação desportiva quer na destinação de bilhões de reais, muitos de suspeitas aplicações?

O esporte como “negócio”, até aqui, está sendo apenas uma grande diversão financiada por muita verba pública. E ninguém discute sobre isso.


Apesar do fracasso, governo turbina os cofres do futebol
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José Cruz

Em 2012, a Caixa Econômica investiu 6,1 milhões no futebol, através de patrocínios. No ano passado, foram    R$ 111,2 milhoes em 14 clubes. E a Lei de Incentivo ao Esporte já aprovou R$ 361 milhões em projetos para o futebol

Rogério Ceni, goleiro do São Paulo, ficou indignado com o pequeno público na vitória sobre o Bahia (2 x 0), ontem, e cobrou do governo federal ação junto à CBF, conforme o UOL Esporte:

Não tem nem metade do público da Copa nos estádios, porque não oferece nada. A CBF é extremamente rica, e nada é feito. A CBF tinha que ajudar os clubes, e não faturar e deixar eles nessa pindaíba”, disse o goleiro, que também citou a presidente Dilma Roussef. “Quem sabe agora, com campanha, a presidente não tenta se mexer um pouco. Em época de eleição, as pessoas acabam se mexendo”, finalizou.

Voltamos à real. O tal “padrão Fifa” só para estrangeiro ver…

Memória

Há dois meses, Dilma Rousseff ficou “estarrecida” com a falta de compromisso dos clubes de futebol, que atrasam os salários, há desemprego no setor e a dívida fiscal e trabalhista é enorme, Brasil afora.

Talvez a presidente Dilma não saiba, também, que vários clubes estão com seus bens em processo de penhora para pagar o que é de direito aos jogadores. E que o endividamento dos 24 principais clubes brasileiros em 2012 estava em R$ 4,7 bilhões, segundo publicação do Bom Senso F.C.

É nesse panorama que cartolas e atletas esperam que venham do governo soluções às mazelas da CBF, entidade que fatura muito em publicidade, mesmo com a imagem da Seleção Brasileira em baixa.

Apoio

Mas é do governo federal que já vem ajuda aos clubes, há bom tempo.

A Caixa Econômica investiu R$ 6,1 milhões em patrocínios, em 2012. Este ano, serão R$ 111,2 milhões para 14 clubes. E, entre 2011 e o primeiro semestre deste ano, três loterias da Caixa (Timemania, Loteca e Lotogol) turbinaram o futebol com R$ 225 milhões, aí incluído os valores para abatimento na dívida fiscal. Além disso, patrocinou o Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino, com R$ 10 milhões.

Lei de Incentivo

Outra importante fonte de financiamento do futebol é a Lei de Incentivo ao Esporte. Segundo o Ministério do Esporte, de 2007, quando foi criada a Lei, até hoje foram aprovados R$369.581.519,85 em projetos de todo o país. Mas foram captados apenas R$87.262.803,22.

Para demonstrar como é expressiva a participação do governo na sustentação da máquina do futebol, pesquisei quanto os clubes de sete estados já receberam da Lei de Incentivo.

ESTADOAPROVADO R$CAPTADO R$
São Paulo   63.285.271,00

31.364.822,00

Minas Gerais

44.191.086,00

25.791.870,00

Santa Catarina

16.569.768,00

8.184.959,00

Rio Grande do Sul

5.337.498,00

2.688.267,00

Rio de Janeiro

3.335.492,00

1.317.112,00

Bahia

2.984.622,00

1.167.050,00

Paraná

       1.410.934,00

1.127.984,00

TOTAL

137.104.681,00

71.642.064,00

 

O dinheiro da Lei de Incentivo ao Esporte se destina desde a construção de novos espaços nos clubes, até a formação de jovens atletas que, ao demonstrarem potencial, podem ser vendidos para clubes do exterior, inclusive. Esse recurso não pode ser usado para o pagamento da folha salarial nem compromissos fiscais, por exemplo.

Maior apoio poderá vir com a aprovação no Congresso Nacional do projeto de lei de “responsabilidade fiscal”. São medidas para os clubes negociarem a dívida fiscal de R$ 4 bilhões com o fisco (Receita Federal, INSS e FGTS), com prazo de 300 meses.

Mais:

Os primeiros três anos, os clubes pagarão somente 50% da dívida. O restante vai para o fim da fila, ou seja, depois da última parcela, daqui a 25 anos…

Se esse projeto de privilégios a quem passou calote no governo for sancionado, os clubes poderão renegociar seus débitos e receber a “Certidão Negativa”. Com isso, estarão aptos a ter patrocínios de órgãos públicos e aprovar projetos na Lei de Incentivo ao Esporte.

Mais, só mesmo transferindo a sede da CBF para o lado da sala presidencial, no Palácio do Planalto. E a presidente Dilma ou quem estiver no poder que arrume tempo, entre os graves problemas do país, para cuidar da próxima rodada do Brasileirão e da folha de pagamento do nosso futebol.


Governo é o principal financiador do futebol
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José Cruz

Agora, com o fracasso do futebol o governo quer mostrar autoridade e fala sobre ameaças que não vai cumprir, como essa bobagem de “intervenção”.

 

O Congresso Nacional retorna às atividades amanhã. Como as excelências estão em campanha eleitoral para não perder a vaga, as sessões serão de “esforço concentrado”, isto é, votar o indispensável e não deixar o governo imobilizado. Tudo devidamente “negociado”…

É nesse contexto que poderá entrar em votação o projeto de lei de “responsabilidade do esporte”, o tal que prevê, entre outros benefícios, facilitar o pagamento do calote fiscal dos clubes de futebol, federações, confederações etc.

Paralelamente, o governo promete discutir sobre os limites de atuação da CBF. Bobagem! O projeto de lei da “responsabilidade esporte” previa maior rigor na fiscalização ao futebol. De repente, todos os artigos sobre o assunto foram retirados do projeto, resultado do fortíssimo lobby da CBF. A ordem partiu do Palácio do Planalto com apoio do Ministério do Esporte.

Agora, com o fracasso do futebol o governo quer mostrar autoridade e fala sobre ameaças que não vai cumprir, como essa bobagem de “intervenção”.

Mais:

O governo é o principal investidor no futebol: pela loteria federal, pela Lei de Incentivo ao Esporte, pelo patrocínio da Caixa, financiamentos do BNDES etc. Faz isso há 11 anos!  Financia, a partir de 2004, a formação de jovens atletas que são vendidos ao exterior e o dinheiro fortalece o patrimônio dos clubes. Agora, a presidente Dilma está “surpresa” com a saída de nossos talentos e quer rigor nessa prática que o ministro Aldo Rebelo conhece muito bem, desde 2001, quando presidiu a CPI da CBF Nike.

Estrutura

Temos um Ministério do Esporte, um Conselho Nacional do Esporte, uma Secretaria de Futebol. Temos orçamentos fartos, legislação exagerada e com forte intromissão do Estado nas questões do esporte. Temos atletas, mas não temos política alguma, porque somos frágeis na gestão e soberanos na corrupção.

O que vemos agora, por exemplo, é o Ministério do Esporte liberando dinheiro e mais dinheiro para preparar atletas aos Jogos Rio 2016, inclusive para instituições falidas e comprovadamente suspeitas no trato com o dinheiro público.

Quando o próprio governo libera a grana, fica evidente a falta de atribuições dos nossos órgãos esportivos, a ponto de o Ministério ser o repassador direto, numa duplicidade de ação e concorrência com as confederações e o próprio Comitê Olímpico Brasileiro. É uma jogada de política oportunista para fortalecer, em plena campanha eleitoral, o PCdoB, do ministro Aldo Rebelo.

É nesse panorama que vamos discutir sobre os rumos do futebol? Com esses mesmos personagens que criaram toda essa farsa em que a fartura financeira concorre com a falta de projetos, metas e planejamento?


Dilma usa o futebol para fortalecer campanha
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José Cruz

Não precisa nem a Seleção Brasileira perder o jogo contra Holanda para que se fortaleça a determinação da presidente Dilma Rousseff de interferir na gestão do futebol.

Quando a presidente do Brasil anuncia que voltará a receber em seu gabinete jogadores e cartolas para discutir sobre os rumos do esporte, ela interfere naquilo que não é da sua competência. Que o governo acione os órgãos de fiscalização e faça valer a legislação, que é farta para punir o ilegal. Isso sim é de sua competência, mas aí o governo é historicamente omisso.

Com essa agenda, Dilma demonstra que não confia no Ministério do Esporte, mesmo com a pasta contando com uma Secretaria Nacional do Futebol e um Conselho Nacional do Esporte.

E o que justifica esse envolvimento presidencial, disfarçado de reação a uma goleada de 7 x 1?

O futebol tem fortíssimo apelo público e estamos em campanha eleitoral. E, ao assumir a liderança da discussão sobre os problemas do futebol, a presidente diz ao eleitor que o esporte é questão de Estado, e a solução para os seus problemas está no Palácio do Planalto. Perigosíssima medida, pois desmoraliza – mais – as já fragilizadas instituições do esporte.

Em segundo lugar, Dilma prepara terreno para amenizar a decisão antipática, que é a sanção de uma lei que beneficiará os clubes devedores ao fisco, algo em torno de R$ 5 bilhões. Ou seja, o governo vai facilitar a vida de caloteiros históricos com medidas de exceção, enquanto ao contribuinte comum são aplicadas as regras de mercado, sem apelação.

Finalmente:

O governo sinaliza para a criação de uma Agência Nacional do Esporte, o que já foi tentado no governo FHC mas que seria um desastre.

As agências reguladoras foram criadas a partir de 1996 para, com atuação técnica e autonomia, fiscalizar a prestação de serviços públicos praticados pela iniciativa privada. Porém, no governo de Lula da Silva, essas instituições tornaram-se redutos políticos e cabides de emprego para os amigos. As agências de Telecomunicações, de Saúde, de Água de Petróleo etc são exemplos de inoperância e fracasso.

Já temos o Ministério do Esporte realizando o que não é de sua competência, liberando milhões de reais para clubes e confederações, ignorando o trabalho das instituições legalmente constituídas, como o Comitê Olímpico Brasileiro. Isso já é um tipo de intervenção do Estado, mas sem resultados efetivos, porque é eleitoreiro, burocrático e, principalmente, corrupto.

Portanto, diante da omissão do Congresso Nacional sobre as questões do Esporte – até porque o debate, ali, é suspeito – , temos a negociação e a decisão centralizadas no governo, que dá uma banana às instituições legal e democraticamente constituídas. Isso é um abuso de poder e ameaça real, que incentiva o fortalecimento da ditadura do esporte, em plena campanha eleitoral.


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