Blog do José Cruz

Arquivo : Copa

A Copa não acabou. O prejuízo continua
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José Cruz

O Distrito Federal tem apenas 0,7 leitos para cada 800 mil habitantes, revela um estudo do Conselho Federal de Medicina. Média nacional é de 1,42 leitos.

Faltam medicamentos nas UTIs dos hospitais de Brasília. Faltam principalmente verbas e gestão.

De forma prática e direta: o R$ 1,6 bilhão destinados para a construção do estádio de futebol em Brasília poderia ter sido aplicado na recuperação do caos hospitalar, na compra de camas, cadeiras de rodas, macas, medicamentos…

O Governo do Distrito Federal gastará R$ 300 milhões para reformar o Autódromo de Brasília e aqui realizar etapa da Fórmula Indy, em 2015.

O governador que assumiu esse compromisso, Agnelo Queiroz, não estará no cargo para pagar a conta milionária: foi derrotado no vestibular das urnas e encerrará mandato em dezembro.

Agnelo foi um dos que fez a “Copa das Copas”….


“Com brasileiro, não há quem possa!”
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José Cruz

 “O futebol é um espaço para a promoção da unidade nacional e, consequentemente, da superação das divergências regionais… Pelo futebol, se torna patente a civilidade do brasileiro, postura altamente valorizada e pré-requisito para a inserção do país no rol das grandes nações desenvolvidas” (José Lins do Rego)*

 

O Palácio do Planalto apresentou balanço positivo da Copa, colocando a presidente Dilma em evidência. Além da oportunidade do momento político, ela previu que teríamos “a Copa das Copas”, apesar do “pessimismo” da imprensa, no qual me incluo.

Reconhecendo o “espetáculo da bola”, mas lembro que o “pessimismo” foi, antes, de duas instituições intimamente envolvidas na preparação do país: a Fifa, cujo secretário-geral chegou a sugerir um “chute no traseiro”, para recuperar o angustiante atraso nas obras dos estádios, e do TCU (Tribunal de Contas da União), que em suas auditorias alertava para a falta de “planejamento” em vários setores, o que deveria provocar graves problemas durante o evento, também pela omissão de o Ministério do Esporte prestar informações solicitadas. Nesse panorama como fazer previsão otimista?

Agora, quando o mundo se volta para o Brasil e daqui leva imagem altamente positiva, é oportuna a leitura do romancista José Lins do Rego, que também foi dirigente do Flamengo e trabalhou na organização da Copa de 1950. A forma como ele explicou o futebol ajuda a entender este momento de euforia política-nacional, apesar da derrota nas quatro linhas.

Lins do Rego via o futebol como “um espaço para a promoção da unidade nacional e, consequentemente, da superação das divergências regionais”.

Ele também acreditava que “pelo futebol, se tornava patente a civilidade do brasileiro, postura altamente valorizada e pré-requisito para a inserção do país no rol das grandes nações desenvolvidas”. (*) Foi o que vimos, agora, mesmo 54 anos depois de Lins do Rego ter feito essas manifestações.

O que surpreende nessa avaliação positiva do governo – confirmada por pesquisa da Datafolha, e manifestações estrangeiras que nos colocam no andar de cima de país organizado – é que tivemos na Copa o que nos falta na rotina diária, como voos sem atraso, segurança, turistas transitando pelo Brasil sem qualquer problema etc, trânsito organizado etc.

Claro que as férias escolares ajudaram, e muito. O Congresso Nacional não funcionou, dezenas de reuniões e voos foram canceladas, feriadões todas as semanas durante um mês, etc. Mas, agora, se sabe que o Brasil “exemplar” é possível. Resta imaginar essa maravilha “depois da Copa”.

* Com o brasileiro não há quem possa! – Futebol e identidade nacional em José Lins do Rego, Mário Filho e Nelson Rodrigues – ANTUNES, Fatima Martin Rodrigues Ferreira – Editora Unesp – 2004


Governo é o principal financiador do futebol
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José Cruz

Agora, com o fracasso do futebol o governo quer mostrar autoridade e fala sobre ameaças que não vai cumprir, como essa bobagem de “intervenção”.

 

O Congresso Nacional retorna às atividades amanhã. Como as excelências estão em campanha eleitoral para não perder a vaga, as sessões serão de “esforço concentrado”, isto é, votar o indispensável e não deixar o governo imobilizado. Tudo devidamente “negociado”…

É nesse contexto que poderá entrar em votação o projeto de lei de “responsabilidade do esporte”, o tal que prevê, entre outros benefícios, facilitar o pagamento do calote fiscal dos clubes de futebol, federações, confederações etc.

Paralelamente, o governo promete discutir sobre os limites de atuação da CBF. Bobagem! O projeto de lei da “responsabilidade esporte” previa maior rigor na fiscalização ao futebol. De repente, todos os artigos sobre o assunto foram retirados do projeto, resultado do fortíssimo lobby da CBF. A ordem partiu do Palácio do Planalto com apoio do Ministério do Esporte.

Agora, com o fracasso do futebol o governo quer mostrar autoridade e fala sobre ameaças que não vai cumprir, como essa bobagem de “intervenção”.

Mais:

O governo é o principal investidor no futebol: pela loteria federal, pela Lei de Incentivo ao Esporte, pelo patrocínio da Caixa, financiamentos do BNDES etc. Faz isso há 11 anos!  Financia, a partir de 2004, a formação de jovens atletas que são vendidos ao exterior e o dinheiro fortalece o patrimônio dos clubes. Agora, a presidente Dilma está “surpresa” com a saída de nossos talentos e quer rigor nessa prática que o ministro Aldo Rebelo conhece muito bem, desde 2001, quando presidiu a CPI da CBF Nike.

Estrutura

Temos um Ministério do Esporte, um Conselho Nacional do Esporte, uma Secretaria de Futebol. Temos orçamentos fartos, legislação exagerada e com forte intromissão do Estado nas questões do esporte. Temos atletas, mas não temos política alguma, porque somos frágeis na gestão e soberanos na corrupção.

O que vemos agora, por exemplo, é o Ministério do Esporte liberando dinheiro e mais dinheiro para preparar atletas aos Jogos Rio 2016, inclusive para instituições falidas e comprovadamente suspeitas no trato com o dinheiro público.

Quando o próprio governo libera a grana, fica evidente a falta de atribuições dos nossos órgãos esportivos, a ponto de o Ministério ser o repassador direto, numa duplicidade de ação e concorrência com as confederações e o próprio Comitê Olímpico Brasileiro. É uma jogada de política oportunista para fortalecer, em plena campanha eleitoral, o PCdoB, do ministro Aldo Rebelo.

É nesse panorama que vamos discutir sobre os rumos do futebol? Com esses mesmos personagens que criaram toda essa farsa em que a fartura financeira concorre com a falta de projetos, metas e planejamento?


A festa saiu pela culatra
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José Cruz

A Copa no Brasil era projeto político-esportivo de Lula para ganhar prestígio internacional e apoiar Ricardo Teixeira à presidência da Fifa

Quando entregar a Taça Fifa ao campeão do mundo, no domingo a presidente Dilma encerrará o ciclo de um projeto do PT para o futebol que começou em abril de 2003. Esse projeto previa um “final feliz”, com a conquista do título, numa Copa que já se projetava para o nosso país.

Quatro meses depois de ter assumido a presidência da República, em 2003, o então presidente Lula da Silva determinou que o ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, reabrisse o diálogo com Ricardo Teixeira, que presidia a CBF.

Com a podridão revelada pelas CPIs do Futebol e da CBF Nike, em 2001, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso havia fechado as portas do governo à CBF. Mais tarde, no Rio, Agnelo e o ainda prestigiado João Havelange acertaram o aperto de mãos entre Lula e Ricardo Teixeira.

Ex-torcedor de arquibancada e peladeiro convicto, Lula via no esporte, no futebol e na Seleção Brasileira potenciais recursos para fortalecer as ações de governo. E começou criando o Ministério do Esporte, mas que teve condução política e se revelou corrupto, como em outras pastas. Depois, editou o Estatuto do Torcedor, documento hoje ineficiente.

Em 2005, Lula criou a tão esperada Bolsa Atleta e, em seguida, a Lei de Incentivo ao Esporte, que disponibiliza em torno de R$ 300 milhões anuais no setor. As estatais – Banco do Brasil, Caixa, Petrobras, Inferaero, Correios, Eletrobras – aumentaram seus patrocínios para o vôlei, natação, atletismo, etc. Mais recentemente, até uma “Secretaria do Futebol” passou a integrar a estrutura do Ministério do Esporte.

Nesse contexto, a aproximação entre Lula e Ricardo Teixeira evoluiu para uma estratégia maior. Usando a Seleção Brasileira para promover “jogos da paz”, como ocorreu no Haiti, em 2004, e a imagem do nosso futebol no exterior, Lula ganharia prestígio internacional. E Ricardo Teixeira, por sua vez, teria o apoio político indispensável e de peso para se candidatar à presidência da Fifa.

Apoio

A ação palaciana foi desencadeada e teve valiosa sustentação: o projeto “Pintando a Liberdade” distribuía material esportivo a países pobres, nas visitas presidenciais. Bolas, redes, bolsas, agasalhos, etc eram produzidos por presidiários, projeto que evoluiu para o “Pintando a Cidadania”, pois presos não votam. Logo…

Paralelamente, o governo conquistou eventos esportivos: Pan-Americano de 2007, Copa das Confederações, Jogos Mundiais Militares, Jogos Estudantis Mundiais, Copa do Mundo, Olimpíada, Paraolimpíada e Universíade. Foi nesse período que escândalos internacionais também se sucederam, a ponto de varrer João Havelange e Ricardo Teixeira do mapa dos gestores do esporte. E a própria Fifa, de “modelos invejáveis” é citada com frequência no noticiário policial internacional, como ocorre no Brasil.

Já o Brasil esportivo não se preparou à altura para todas as festas. Faltaram políticas reais, e ainda hoje o Ministério do Esporte e o Comitê Olímpico Brasileiro batem cabeça na aplicação de verbas milionárias, numa disputa que demonstra falta de comando central. Para culminar, até a tão prestigiada e valorizada Seleção Brasileira fracassou na sua tentativa de conquistar o título no segundo Mundial realizado no Brasil, escancarando que a CBF de José Maria Marin é a extensão da farsa que foi Ricardo Teixeira.

É nesse circuito histórico, esportivo e partidário que caberá a presidente Dilma entregar a taça ao campeão do mundo, mas sem que o seu partido possa festejar o ciclo vitorioso do esporte, como havia sido projetado por Lula da Silva.


A Copa já está ganha
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José Cruz

Jaime Sautchuk

Jornalista

Ganhe quem ganhar, a Copa do Mundo de Futebol já deu vitória ao povo brasileiro. Ao final da sua primeira fase, o maior evento esportivo do mundo demonstrou nossa capacidade realizadora, fortaleceu o sentimento de brasilidade e, acima de tudo, forçará mudanças significativas na administração do esporte no Brasil.

Começa pelo fato de que dos 23 atletas convocados para a seleção canarinho, apenas quatro (Fred, do Fluminense, Jô e Victor, do Atlético Mineiro, e Jefferson, do Botafogo) jogam no Brasil. Isso é fruto de uma visão instalada em nosso futebol que qualifica o jogador como um produto de negócios, uma fonte de renda dos times e da cartolagem, não como desportista.

Essa visão precisa mudar. E a mudança tem que começar por um controle maior sobre a atividade dos times e principalmente das entidades esportivas. Ou seja, as federações estaduais afiliadas à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), já que tanto a matriz quanto as filiais são verdadeiros antros de bandidos.

O Ministério do Esporte foi criado, em 2002, justamente para normatizar e fiscalizar tanto o futebol como os esportes olímpicos. Para pôr ordem na casa, enfim. Ou seja, o governo tem instrumentos para fazer com que a legislação existente, que é boa, seja aplicada.

Ademais, são estatais as principais empresas patrocinadoras dos esportes no Brasil (Banco do Brasil, Caixa, Petrobrás etc.), que podem pressionar pelo lado econômico.

Mesmo que se aceite o argumento dos cartolas de que as deles são entidades privadas, o governo tem instrumentos para impor regras ao jogo. Afinal, se todos os setores da atividade econômica seguem normas, por que o dos esportes não pode?

Também o Congresso Nacional pode ajudar. Por exemplo: falta uma lei que diga claramente como serão eleitos os dirigentes das entidades esportivas e até mesmo dos clubes. Hoje, os clubes elegem suas direções de formas obscuras, dando direito a voto a uma minoria de torcedores, que são aqueles que supostamente contribuem com grana.

Esses dirigentes é que escolhem os comandantes das federações estaduais e do DF. E só os presidentes dessas 27 entidades é que escolhem a camarilha da CBF, no caso do futebol. Isso é um absurdo, mas é o esquema que perpetua a mesma máfia de João Havelange, Ricardo Teixeira, Zé Maria Marin e seus apaniguados.

A Copa vem demonstrando que o torcedor quer ver jogos. Estádios lotados até nos jogos mais insignificantes, de Norte a Sul do país, não me deixam mentir. É certo que os preços dos ingressos não são lá muito acessíveis, mas isso não se reproduz nos campeonatos nacionais.

Fica, portanto, a estranheza de jogos do brasileirão, com times de grandes torcidas, como Flamengo e Corinthians, contarem com meia dúzia de gatos pingados nas arquibancadas. E esta seria uma importante fonte de receita para os clubes.

A resposta é óbvia, pois nossos craques jogam no exterior. Em verdade, hoje os times brasileiros são meras escolinhas de futebol, cuja função é produzir craques para jogarem lá fora. Ou produzir meninos de rua lá fora, pois os agentes levam muitas crianças que não dão certo no esporte e ficam perdidas mundo afora.

Pela legislação em vigor, menores de idade só podem sair do país com autorização dos pais. Mas esse documento é obtido com facilidade, já que muitos pais entregam os filhos por qualquer trocado para gastar nos mercados ou botecos. O correto seria a justiça conferir caso por caso.

Mas, mesmo os que dão certo, tem a agravante de que lá, em muitos países da Europa, eles desaprendem o futebol solto, bonito, em troca de uma eficiência esquemática que retira deles o nosso brilho. E a Copa já deixou claro que há um retorno ao futebol-arte.

A comprovação disso é que Espanha e Inglaterra foram mandadas embora logo no segundo jogo da Copa. Mas o nosso time fica igualmente travado, querendo imitar esse futebol europeu, burocrático, sem se soltar, como é a nossa marca. Esse é, por certo, o grande ensinamento desta Copa.

Só falta saber se alguém nas esferas de poder já pegou o espírito da coisa.


Em plena Copa, Rio 2016 coloca as barbas de molho
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José Cruz

Em pleno Mundial de Futebol e dúvidas sobre o futuro dos estádios “elefantas brancos”, o movimento olímpico brasileiro se antecipa a um debate que está sempre na ordem do dia: legado. Há poucos dias, o Globo publicou mensagem, tipo comercial, com foco no “legado das Olimpíadas de Londres 2012”.

Em meia página, a matéria abordou sobre um seminário, com a participação de especialistas ingleses que trabalharam nos Jogos de Londres. Um título chamou atenção:

“No Rio de Janeiro, tudo vai dar certo”.

Em seguida, outro alerta:

“Sucesso depende de uma abordagem integrada” – entre governo federal e a prefeitura carioca.

Fantasma

O Brasil optou por receber grandes eventos esportivos e, em seguida, apareceu o fantasma: “e depois?” A indagação faz sentido. Afinal, o desastroso exemplo do Pan- 2007 ainda é recente.

O principal estádio daquele evento, o Engenhão, está fechado para reforma, porque a cobertura estava desabando;

O Velódromo de R$ 16 milhões foi destruído e vão erguer outro, de R$ 150 milhões. Lá, a cobertura também ameaçou ruir, segundo relatório do Ministério do Esporte;

O Brasil está sem laboratório credenciado para exame antidoping. Os exames são realizados no exterior;

E já se sabe que a Baía de Guanabara não será mesmo despoluída, segundo o prefeito do Rio. Os velejadores terão que desviar de boias e do lixo na área de competição.

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Dúvidas

Para não ficar no esquecimento, aqui vai a “memória” de sempre:

Qual o aproveitamento que prefeitura e governo do Rio de Janeiro deram às instalações do Pan? Houve um programa para usar os espaços pela comunidade, por atletas e clubes formadores? Qual a ação efetiva do Ministério do Esporte nessa questão, pois foi o governo federal o principal financiador das despesas do Pan?

A reportagem em O Globo é uma espécie de “alerta” do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016. Algo como que chamando os governos federal, estadual e municipal a também se preocuparem com o pós-evento, a fim de que o Comitê Olímpico e o Comitê Organizador dos Jogos não sejam responsabilizados pelo desperdício de espaços, como já ocorreu com Pan 2007.

O pior é que, a oitocentos e poucos dias da Olimpíada no Rio de Janeiro, não temos nem uma discussão sobre esses assuntos. Nada! Até porque, encerrados os Jogos, os políticos e cartolas serão outros. E os que vierem que respondam sobre os desperdícios públicos de sempre.


Copa 2014: … e já rolou a festa!
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José Cruz

De repente, cresceu a movimentação em Brasília, num fim de semana ensolarado. Movimento que foge à rotina dos últimos dias. Não são protestos nem dança de índios, nem confronto de populares com a polícia. Mas movimento de operários limpando ruas, cortando a grama, plantando flores, aguando os jardins públicos, pintando meio fio, demarcando a pista sobre o asfalto novo, instalações de novos postes de iluminação em regiões até então escuras, policiais transitando por todos os espaços da cidade. Bendita “Fifa”!

Até o estádio Mané Garrincha, ganhou, apesar de um ano construído, um “puxadinho” de rede de água, como registrei, para reforçar o abastecimento da novíssima arena de R$ 1,6 bilhão. Porque os tanques de captação de água da chuva ainda não estão funcionando. Nem as placas de captação de energia solar foram instaladas. Nem a urbanização em torno do estádio está concluída! Mas isso é o de menos. O palco da abertura da Copa, em São Paulo, também não está pronto. Mas a bola vai rolar, com certeza.

Em cinco edições do Mundial de futebol fomos às ruas festejar a conquista do título maior. Agora, quando a festa é em casa, a torcida volta às ruas, mas sem a euforia de antes.Pior: dividida, como num Fla-Flu ou num Gre-Nal.

Os protestos e indignação populares, quem diria, pegaram o governo no contra pé, frustrando a proposta política que coroaria um governo de avanços sociais e econômicos, principalmente – e os tivemos, isso é inegável. Mas, também, para mostrar ao mundo que somos capazes de organizar um megaevento esportivo além do chinfrim Pan-Americano. Nisso falhamos.

E por falar em Pan, aí está a irônica comparação que mostra a grandiosidade do futebol, para uns, claro: só o lucro de R$ 8 bilhões, projetado pela Fifa é o dobro do que gastamos em todo o Pan, “míseros”, 3,6 bilhões – aí incluídos o superfaturamento, o pagamento por obras não realizadas, desembolso por material não entregue, etc. Palavra do TCU!

Enfim, a 11 dias da abertura do Mundial já podemos afirmar que vai ter Copa sem novos chutes no traseiro.

Vai ter fun fest, vai ter protesto, índio, torcedor com camisa amarela e ingresso na mão, buzina, vai ter contribuinte indignado, porque a festa vai rolar para uns e já rolou para outros, como repercutiu  a Senhora Joana Havelange, diretora do Comitê Organizador: “O que tinha que ser roubado já foi”. Faz sentido. Ronaldo, de tantas alegrias, joga nesse time: “Não se faz Copa do Mundo com hospitais” … – lembram?

Padrão Fifa é isso aí.


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