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“Com brasileiro, não há quem possa!”
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José Cruz

 “O futebol é um espaço para a promoção da unidade nacional e, consequentemente, da superação das divergências regionais… Pelo futebol, se torna patente a civilidade do brasileiro, postura altamente valorizada e pré-requisito para a inserção do país no rol das grandes nações desenvolvidas” (José Lins do Rego)*

 

O Palácio do Planalto apresentou balanço positivo da Copa, colocando a presidente Dilma em evidência. Além da oportunidade do momento político, ela previu que teríamos “a Copa das Copas”, apesar do “pessimismo” da imprensa, no qual me incluo.

Reconhecendo o “espetáculo da bola”, mas lembro que o “pessimismo” foi, antes, de duas instituições intimamente envolvidas na preparação do país: a Fifa, cujo secretário-geral chegou a sugerir um “chute no traseiro”, para recuperar o angustiante atraso nas obras dos estádios, e do TCU (Tribunal de Contas da União), que em suas auditorias alertava para a falta de “planejamento” em vários setores, o que deveria provocar graves problemas durante o evento, também pela omissão de o Ministério do Esporte prestar informações solicitadas. Nesse panorama como fazer previsão otimista?

Agora, quando o mundo se volta para o Brasil e daqui leva imagem altamente positiva, é oportuna a leitura do romancista José Lins do Rego, que também foi dirigente do Flamengo e trabalhou na organização da Copa de 1950. A forma como ele explicou o futebol ajuda a entender este momento de euforia política-nacional, apesar da derrota nas quatro linhas.

Lins do Rego via o futebol como “um espaço para a promoção da unidade nacional e, consequentemente, da superação das divergências regionais”.

Ele também acreditava que “pelo futebol, se tornava patente a civilidade do brasileiro, postura altamente valorizada e pré-requisito para a inserção do país no rol das grandes nações desenvolvidas”. (*) Foi o que vimos, agora, mesmo 54 anos depois de Lins do Rego ter feito essas manifestações.

O que surpreende nessa avaliação positiva do governo – confirmada por pesquisa da Datafolha, e manifestações estrangeiras que nos colocam no andar de cima de país organizado – é que tivemos na Copa o que nos falta na rotina diária, como voos sem atraso, segurança, turistas transitando pelo Brasil sem qualquer problema etc, trânsito organizado etc.

Claro que as férias escolares ajudaram, e muito. O Congresso Nacional não funcionou, dezenas de reuniões e voos foram canceladas, feriadões todas as semanas durante um mês, etc. Mas, agora, se sabe que o Brasil “exemplar” é possível. Resta imaginar essa maravilha “depois da Copa”.

* Com o brasileiro não há quem possa! – Futebol e identidade nacional em José Lins do Rego, Mário Filho e Nelson Rodrigues – ANTUNES, Fatima Martin Rodrigues Ferreira – Editora Unesp – 2004


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