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O pagamento estratégico da Bolsa Atleta: dinheiro só no dia 30
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José Cruz

cofrinho

Em um comunicado estratégico com várias informações, que termina com um simpático “Feliz Natal”, o Ministério do Esporte anunciou que “liberou nesta quarta-feira (23/12) a folha de pagamento de duas parcelas da Bolsa Atleta”, para as categorias Estudantil, Base, Nacional, Internacional, Olímpica e Paralímpica

Já o dinheiro…

O pagamento será creditado na conta-corrente no dia 30 de dezembro“, conclui o comunicado, lembrando que entre setembro e dezembro foram pagas sete parcelas de 2015. Ainda faltam cinco, que serão pagas em 2016… “Às vezes não demora tanto, sai logo”, disse um esperançoso contemplado.

Bolsa pagto Os bolsistas da categoria “Pódio”, a mais valorizada, que pode chegar a R$ 15 mil mensais, receberão apenas uma parcela. Porém, boa parte desses atletas, que estão entre os vinte melhores do mundo em suas respectivas modalidades, têm outras fontes de renda do próprio governo, como patrocínio individual de estatais, um posto nas Forças Armadas, Bolsa Estadual etc.

Motivos do atraso

O atraso de sete parcelas no pagamento da Bolsa Atleta deve-se ao rígido controle nos gastos imposto pelo governo federal, que chegou ao final do ano com déficit nas suas contas. Houve restrições de todo tipo para evitar o aumento no rombo orçamentário, cortes em despesas supérfluas, inclusive.

O atraso se agravou com a troca do ministro da Fazenda, na segunda-feira, que praticamente paralisa as atividades da área econômica do governo.


Bolsa Atleta: o protesto isolado de quem não teme represálias
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José Cruz

Manifestação da atleta paralímpica Adriana Azevedo, a Drica, no facebook, em apoio aos 6.600 atletas que esperam pela atualização do Ministério do Esporte de sete parcelas atrasadas da Bolsa Atleta

drica

Em nome dos meus colegas atletas que dependem o Bolsa Atleta, e pra provar por A+B, que eu sou Brasileira mas não sou corrupta e covarde!
Não tenho medo de represálias e exponho sempre meu ponto de vista…
Hoje, publico novamente a foto que publiquei há dois anos, que foi destaque nos principais jornais e sites do País, tendo até repercussão internacional. E eu avisei: É só o começo!
Feliz Natal.

Drica Azevedo

Atleta de natação paralímpica, mãe e esposa

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Mesmo sem ter sido contemplada este ano com a  Bolsa Atleta, Adriana contrasta com o silêncio de milhares de beneficiados. Repete o gesto de dois anos atrás e pratica cidadania sem temer represálias. Exige que o Governo cumpra com o compromisso de lei, a Lei da Bolsa Atleta. Não é ato benemérito nem privilégios. É direito conquistado por 6.600 atletas.

A crise econômica-política é gravíssima, mas estamos a menos de um ano da abertura dos Jogos Rio 2016, e milhares de atletas ficaram privados desse recurso para seus treinos e tentar a última chance de vaga na equipe olímpica

A propaganda oficial que anuncia ser a Bolsa Atleta “o maior programa do gênero no mundo” silencia no atraso de sete parcelas, para quem tem compromissos com técnicos, preparadores físicos, nutricionistas, psicólogos, viagens etc.

Não há uma só manifestação na página do Ministério do Esporte explicando sobre o calote oficial, e o público precisa ter conhecimento desta realidade, pois o orçamento do governo, que paga, também, a Bolsa, é formado pela participação-cidadã que honra seus impostos.


Ministério do Esporte quer fiscalizar futebol, mas relaxa na Bolsa Atleta
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José Cruz

Impeachment na rua, economia em recessão, crises pela falta de valores éticos, desordem política e contas públicas fazendo água. Neste panorama, o Ministério do Esporte toma decisões na contramão da realidade institucional, como anunciam hoje os blogueiros Daniel Brito e Rodrigo Mattos  dilma e george

Brito publicou em seu blog que Leandrinho Barbosa, do Golden State Warriors, time da NBA, foi contemplado com Bolsa-Atleta do Ministério do Esporte, enquanto dezenas de competidores aptos a disputarem os Jogos Rio 2016 estão à mingua.

Depois dos tenistas, que acumulam mais de 500 mil dólares, cada um, em premiação, só este ano, os jogadores do milionário basquete norte-americano são subsidiados pelos cofres públicos, que fechará o ano com rombo de R$ 120 bilhões!!!

Fiscalização

Rodrigo Mattos, por sua vez, publicou em seu blog que até o final do ano o mesmo Ministério do Esporte criará estrutura para fiscalizar se cartolas do futebol pagam em dia a dívida fiscal.

A medida ocorre como se os credores – INSS, Receita Federal etc – já não tivessem sistema eficiente para controlar os caloteiros, podendo até repassar ao Ministério as informações que precisa. Mas é preciso criar estrutura e, claro, cargos…

Enquanto isso…

As prestações de contas de quem pega dinheiro do Ministério do Esporte e da Lei de Incentivo se acumulam por mais de cinco anos, porque faltam funcionários, analistas. Lembrando o alerta do Tribunal de Contas da União, essa situação é incentivo para o desvio de verbas para a corrupção real.

Estes fatos demonstram a falta de rumos do esporte, apesar do dinheiro farto da última década. Apesar do comando de um ministro “especialista em gente”, George Hilton, transformado em ídolo da elite do esporte e dos cartolas. Que é a mesma de ontem e que faz o Brasil esportivo patinar na mesmice.

Mas, mais nove meses e seremos olímpicos, sem que se tenha, no mínimo, um projeto de educação física na escola. Pior, faltam até escolas!

O retrocesso é real.

Aleluia!


A crise na economia e o cofre aberto para a elite do esporte
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José Cruz

Quem está enriquecendo no circo dos megaeventos, que vende “legados” de mentirinha financiados pelo cofre público falido? Quando o lado oculto do pódio bilionário do esporte será desvendado pelo Ministério Público e Polícia Federal?

O rombo nas contas públicas, que agrava a crise na economia, com significativo aumento da inflação e desemprego, não pode ser dissociado do financiamento do esporte através de recursos federais.

Num panorama de dificuldades extremas, o cofre aberto, a pretexto dos Jogos Olímpicos Rio 2016, é extravagante para uns em prejuízo real para outros, como na concessão da Bolsa Atleta ou na aprovação de projetos da Lei de Incentivo ao Esporte, por exemplo.

Atletas milionários, premiados em valorizados eventos internacionais, são contemplados com Bolsas de até quatro fontes públicas! Não foi esse o espírito da lei ao criar o programa, quando o dinheiro era escasso e, de fato, não chegava ao atleta.

escola esporte

É verdade que tais concessões estão de acordo com a lei. Mas o esbanjamento – porque não há fiscalização –  e a concentração de riqueza nas mãos de privilegiados é uma afronta ao flagelo das camadas inferiores do esporte, ainda sem metas e sem rumos.

Jogo de extremos

Um programa de R$ 70 milhões, como o Atleta na Escola (foto), foi suspenso por … “falta de verba”! Mas o mesmo governo que faz esse corte inexpressivo no orçamento da União concedeu isenções fiscais que chegarão a R$ 3 bilhões (atenção, três bilhões de reais!) para empresas que atuarem em qualquer segmento dos Jogos Rio 2016. Isenções que vão crescer, pois o benefício se estenderá até 31 de dezembro de 2017!

Já a Lei de Incentivo, que injeta R$ 400 milhões anuais no esporte, financia até competições de automobilismo, como se isso fosse obrigação do Estado. Só este ano, R$ 5,5 milhões foram aprovados para eventos de várias categorias.

Onde estão as prioridades? Que planejamento é esse que beneficia o evento rico em detrimento de projetos sócio-educacionais? Quem fiscaliza essa zona? Recentemente, o Tribunal de Contas da União já declarou que teme pelo desvio do dinheiro liberado pelo Ministério do Esporte.

O tempo passou desde a criação de leis sobre a destinação de recursos para projetos do esporte. Mas, nunca foi feita uma avaliação rigorosa para corrigir os rumos dos programas, distorções naturais e fixação de novas metas. Nunca! E volta-se a elementar pergunta: compete ao Estado financiar o alto rendimento, o esporte espetáculo, business, em que os legados são apenas rabiscos e protocolos de intenções?


Atletas recebem Bolsas de até quatro fontes de verbas públicas
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José Cruz

A proliferação de programas contempla milhares de atletas com Bolsas de até quatro fontes de verbas públicas: do município, do estado, do Ministério do Esporte e da empresa estatal patrocinadora da modalidade esportiva

Depois do Distrito Federal, em 1999, e do Ministério do Esporte, em 2004, a concessão de bolsas ganhou impulso. Hoje, são nove estados praticando o programa, cada um com seus critérios e valores:  Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Sergipe e Santa Catarina.

Além disso, alguns municípios reforçam estes investimentos públicos no esporte, como Manaus (AM), Erechim (RS), Blumenau (SC) e Campos (RJ). O levantamento é da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal.

Manaus tem o programa mais em conta, pois a Bolsa mensal é de R$ 4 mil para todas as categorias, escolar, estadual, nacional, internacional e olímpica/paralímpica.  Já em Santa Catarina, a bolsa olímpica/paralímpica é de R$6.304,00/mês.

Fartura

Em muitos casos, a Bolsa é “apenas” uma parcela de outros ganhos públicos, como ocorre com os atletas acolhidos pelas Forças Armadas, que também recebem patrocínios de estatais (Caixa, Petrobras, Banco do Brasil, Infraero, BNDES e Correios).

Outros bolsistas do governo federal recebem valiosas premiações em dólares – comparadas com a realidade brasileira e com os baixos valores (R$ 370,oo)  destinados aos que estão em início de carreira. E o caso dos tenistas Marcelo Melo, terceiro do mundo em duplas, Thomaz Bellucci (34º em simples) e Teliana Pereira (46ª em simples), todos já contemplados com a  “Bolsa Correios”, cujo valor não é revelado.

Marcelo Melo já faturou US$ 585 mil (R$ 2,3 milhões) este ano. Bellucci, US$ 670 mil (R$ 2,6 milhões), e Teliana já foi premiada com US$ 314 mil (R$ 1,2 milhão). Os valores estão nas respectivas páginas das associações internacionais de tênis. É preciso registrar que, até se destacar no ranking internacional, a partir de 2014, Teliana não tinha apoio financeiro oficial, nem da Confederação Brasileira de Tênis.

 


As injustiças da Bolsa Atleta
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José Cruz

No contexto geral do esporte precisa-se questionar, insistentemente: compete ao Estado financiar o alto rendimento, que se tornou negócio milionário? Ou o Estado deve cumprir o artigo 217 da Constituição, que determina aplicar verbas públicas “prioritariamente” no desporto escolar?

Com o sexto lugar na marcha do Campeonato Mundial de Atletismo, em agosto, os brasileiros Caio Bonfim e Érica Sena (foto) credenciaram-se a receber a Bolsa Pódio, do Governo Federal, programa que tem orçamento de R$ 133 milhões, este ano.   caio bonfimPorém, a dupla poderá se candidatar ao benefício só no ano que vem. E receberá a primeira parcela pelo feito de agora, depois dos Jogos Olímpicos Rio 2016.

Este estranho calendário, que usa resultados do ano anterior para benefícios atuais, é praticada há 10 anos pelo Ministério do Esporte, que resiste fazer correções no programa da Bolsa Atleta, a fim de evitar certos prejuízos aos beneficiados.

Debate

Participei de um debate sobre este tema na Comissão de Educação, Cultura e Desporto do Senado Federal, na quinta-feira, com os senadores Romário (PSB/RJ) e Donizeti Nogueira (PT/TO), com o coordenador da Bolsa Atleta do ministério do Esporte, Mosiah Rodrigues, João Sena, treinador de marcha, e o atleta paralímpico, Luciano Reinaldo Rezende, do tiro com arco.

Apesar dos apelos dos senadores, na tentativa de corrigir o injusto critério, será difícil mudanças na legislação, regulada por lei, decreto, portaria e resoluções, para efeito imediato. Estes processos na administração pública são burocráticos e dependem, principalmente, da disponibilidade financeira, e ainda precisam passar pela aprovação do Conselho Nacional do Esporte, que se reúne apenas uma vez a cada semestre.

Enquanto isso…

… dos 27 competidores que recebem a Bolsa Pódio (até R$ 15 mil/mês), só dois chegam às finais no Campeonato Mundial de Atletismo deste ano …

… Mauren Maggi, ouro olímpico no salto em distância, 2008, anunciou que estava encerrando carreira, tornou-se comentarista de uma emissora de TV e continua recebendo Bolsa Atleta…

… o tenista Marcelo Mello, terceiro do ranking mundial, em duplas, já faturou, este ano, R$ 2,3 milhões em prêmios. Mesmo com esse desempenho profissional, recebe Bolsa Atleta de R$ 11 mil mensais e patrocínio (não revelado) dos Correios, patrocinador da Confederação Brasileira de Tênis.

Deve-se reconhecer que essas concessões são “legais”, ninguém está burlando a legislação. Mas demonstram que há distorçoes na lei, que precisam ser corrigidas urgentemente.

Origem e realidade

Quando foi criada, há dez anos, a Bolsa Atleta tinha o objetivo de beneficiar diretamente o atleta, que não via a cor do dinheiro de outras fontes financeiras do governo federal.

Com o passar do tempo, os patrocínios das estatais, principalmente, tornaram-se fartos, outras fontes surgiram. Atualmente, a Bolsa Atleta é mais uma parcela para os que já ganham muito, pois as provas internacionais oferecem, na maioria, expressivos prêmios em dinheiro. Enquanto os atletas que estão no início, na base, ou em evolução na carreira, têm rendimentos inexpressivos (R$ 370,00 mensais), comparados aos expoentes que faturam milhões, como no tênis, natação, canoagem, judô etc.

Na memória 

… faz 133 dias  que José Maria Marin, ex-presidente da CBF, está preso na Suíça.

… faz 105 dias do lançamento da primeira de cinco pesquisas do Diagnóstico do Esporte. E as outras?

… faz um ano e dois meses do final da Copa 2014, que teve R$ 1 bi de isenção fiscal. E o balanço financeiro do Comitê Organizador?

 


Senado abre debate sobre os rumos da Bolsa Atleta
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José Cruz

O debate no Senado Federal sobre a Bolsa Atleta é oportuno, mas de nada adiantará se o programa não for analisado, também, no contexto de todos os benefícios do governo e ações paralelas, como da Confederação Brasileira de Clubes, seus objetivos reais e resultados efetivos.

Só assim se chegará a resultados surpreendentes de desperdícios de verbas públicas, que se esgotam a pretexto de “programas de apoio ao esporte”

Audiência pública

 O programa Bolsa Atleta será debatido na próxima quinta-feira, em audiência pública, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal. Com orçamento de R$ 186 milhões para este ano, a Bolsa, criada em 2004, beneficia 6.600 competidores olímpicos e paralímpicos. bolsa atleta caixa

Sem uma fiscalização rigorosa, número de servidores limitado e critérios de concessões superados, como já constatou o Tribunal de Contas da União, a Bolsa Atleta é um programa que nunca passou por uma rigorosa avaliação ou correção de rumos, ações ignoradas até pelo Conselho Nacional do Esporte.

Para ganhar o benefício do ano, o atleta candidata-se com os seus melhores resultados do ano anterior. Isso possibilita atleta em fim de carreira se beneficiar da ajuda mensal, depois de ter parado de competir.

Quando foi criada, em 2004, a bolsa visava contemplar atletas que não tinham acesso a outras fontes de recursos, como a Lei Piva, por exemplo. Hoje, a Bolsa Atleta está num contexto volumoso de concessões públicas, que o próprio governo perdeu o controle. Isso sem falar em desperdícios observados nas concessões da Bolsa Pódio…

Por exemplo, atletas contemplados com a Bolsa Pódio, que pode chegar a R$ 15 mil mensais, é, também, bolsista da empresa estatal que patrocina sua modalidade, tênis e natação, por exemplo, parceiras dos Correios. Ou atletismo, da Caixa. Paralelemente, um bolsista com acesso a outros recursos públicos ainda está engajado nas Forças Armadas, com soldo mensal garantido, além de outros benefícios.

O esporte profissional tornou-se tão rico, no geral, que atletas com acesso a vários recursos públicos ainda podem faturar mais de 500 mil dólares anuais, como acontece com jogadores brasileiros no circuito internacional de tênis.

E o ponto de partida dessa desordem desenfreada, da qual a Bolsa Atleta é apenas um intem, é a falta de uma Política de Esporte. Com a palavra o Conselho Nacional de Esporte, já que o ministro, garantindo na reforma ministerial, é um especialista em gestão de pessoas. Daí a importância desse debate no Senado, para, quem sabe, se ter ponto de partida para mudanças.

Será?


Atleta profissional precisa de “apoio” do Estado?
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José Cruz

No programa “Bem Amigos”, ontem, Galvão Bueno elogiou o tenista João Souza, o “Feijão”, no jogo mais longo da história da Copa Davis, no domingo, quando o brasileiro foi derrotado pelo argentino Leonardo Mayer. Inesquecível desempenho de Feijão, que aliou garra, técnica, resistência física, equilíbrio emocional e salvou dez matchs points em 6h42min!

Emocionado  – e não era para menos –,  Galvão apelou para que “alguém ajude esse garoto”, sugerindo bom patrocinador. Casagrande reforçou a necessidade de apoio financeiro ao talento brasileiro do tênis.

Profissionais

Assim como o vôlei, o basquete, o futebol, o judô, o golfe etc, o tênis é um esporte profissional, apoiado por patrocínios de marcas famosas expostas em valorizados torneios internacionais. Feijão e todos os profissionais do tênis brasileiros estão nesse circuito. Só este ano, o brasileiro já recebeu 111 mil dólares de premiações, aproximadamente 333 mil Reais! – dados da Associação de Tenistas Profissionais (ATP).  E, aos 26 anos, já embolsou  911 mil dólares, quase três milhões de Reais! Isso é ótimo, até porque atleta tem limitado tempo de atuação profissional! thomaz-bellucci_copa-davis_2_vipcomm

Thomaz Bellucci (85º no ranking mundial), na foto, foi premiado com 75 mil dólares só nos primeiros três meses de 2015, e o tênis já lhe rendeu 3,3 milhões de dólares ao longo da carreira. Da mesma forma, os jogadores de duplas, Marcelo Melo e Bruno Soares, ambos com a conta corrente bem recompensada por suas atuações em circuitos do tênis.

E o mesmo ocorre no atletismo e na natação, por exemplo, com os grandes eventos mundiais pagando premiações em dinheiro. Profissionais desse nível precisam de Bolsa Atleta? Em que essa isso contribuirá para  melhorar seus desempenhos, enquanto jovens talentos da iniciação carecem de apoio mais expressivo e efetivo?

Lado oficial

O secretário executivo do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser Gonçalves, acha que mesmo os profissionais precisam da Bolsa, “para não desvirtuar a lei com diferenciações, premiando uns e não premiando outros campões”. Mas, quando essa lei foi idealizada, a ideia era a de oferecer ao atleta o que ainda lhe faltava, porque o dinheiro público se concentrava no Comitê Olímpico e nas Confederações.

Com o tempo, isso mudou. Os Correios investem no esporte, pagam muitas despesas desses tenistas, e também lhes oferece bom “apoio” para que exibam a marca a estatal, o mesmo ocorrendo com os atletas da natação, saltos ornamentais, maratona aquática etc. Todos recebem.

Criada em 2004, a realidade da Bolsa Atleta é outra, uma década depois. São sete mil contemplados, uma quantidade impossível de o Ministério do Esporte controlar sobre a legalidade de todas as concessões. Há espertos recebendo o benefício, como já se mostrou, inclusive em auditoria do Tribunal de Contas da União. Outros não competem mais e continuam embolsando a grana!

Lei de Incentivo

Essa avaliação é indispensável também na Lei de Incentivo, cuja vigência termina em dezembro, podendo ou não ser renovada.  O Estado, apertado financeiramente, com as universidades paradas por falta de verbas, de um governo ainda sem o elementar orçamento aprovado pelo Congresso Nacional, precisa ser mais rigoroso nas liberações dos recursos públicos para o esporte, principalmente olhando para o lado de baixo, onde a iniciação continua à míngua e, por isso, perdendo talentos por falta do tal “apoio”, que é farto, até em dólares, na parte de cima.

Mas essas revisões não podem ser isoladas de um contexto maior. Afinal, quem é o responsável pelo esporte profissional no Brasil? o Estado ou a iniciativa privada? Essa prática de hoje continuará após 2016? de forma isolada ou numa legislação segura para que os “legados” não sejam esquecidos, como é praxe?

Finalmente: quem está construindo e desenvolvendo esse debate, a partir da formulação de uma política de esporte de longo prazo com a inclusão da escola e da universidade, ou não, nesse circuito?


Atletas milionários recebem bolsa e patrocínio do governo
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José Cruz

Criada em 2004 para contemplar competidores sem patrocínio ou acesso às verbas de governo, a Lei da Bolsa Atleta tornou-se exemplo de desperdício explícito em centenas de casos

Em 58º lugar no ranking de simples da Associação dos Tenistas Profissionais (ATP), Thomaz Bellucci já faturou este ano US$ 329 mil em premiações, algo em torno de R$ 822 mil. bellucci

Ao longo da carreira, o jogador, patrocinado pelos Correios, acumula US$ 3,2 milhões, cerca de R$ 8 milhões. Mesmo com essa “fortuna”, para os padrões do esporte nacional, Bellucci recebe Bolsa Atleta de R$ 3.100,00 mensais.

O mesmo ocorre com Bruno Soares e Marcelo Melo, jogadores de duplas do circuito mundial, e também patrocinados pelos Correios, via Confederação Brasileira de Tênis (CBT), cujo valor não e revelado. Bruno, terceiro do ranking de duplas, recebeu premiação de US$ 443 mil dólares em 2014. Na carreira, acumula US$ 2,4 milhões. E ganha bolsa de R$ 15 mil mensais.

Marcelo Soares, sétimo do ranking de duplas, tem Bolsa Atleta de R$ 11 mil mensais, mas só este ano já acumulou US$ 403 mil em prêmios da ATP. Ao longo da carreira, os torneios profissionais de tênis renderam US$ 2 milhões ao mineiro.

A Origem

“Quando elaboramos o projeto, inspirados no modelo da existente na Secretaria de Esporte do Distrito Federal, a Bolsa Atleta destinava-se aos que não eram contemplados com outros recursos federais, como a Lei Piva, e para os competidores sem patrocínio”, disse Gil Catello Branco, ex- secretário executivo do Ministério do Esporte. Com sua equipe, Gil elaborou a proposta de projeto de lei da Bolsa Atleta, aprovada e sancionada, que este ano ganhou uma nova categoria, a “Bolsa Pódio”, para quem está entre os 20 primeiros do ranking mundial.

Sem comando

Como já publiquei, o Ministério do Esporte está sem equipe para fiscalizar a prestação de contas dos 6.700 bolsistas anuais. Apenas cinco pessoas cuidam do setor de inscrição e fiscalização, o que favorece a fraude, como a realização de eventos inexpressivos que ganham a chancela de “internacional”, o que aumenta significativamente o valor da bolsa mensal.

Além disso, devido aos contingenciamentos orçamentários do governo federal, os atrasos são comuns no pagamento das mensalidades. Em 2010 o atraso foi de 471 dias, conforme o Tribunal de Contas da União (TCU), com evidente prejuízo para os atletas que fazem programação anual.

Mais:

Há dois anos, o Ministério concedeu bolsa para atletas suspensos por uso de doping, e só depois das denúncias deste blog retirou o benefício.

O Conselho Nacional do Esporte é o órgão do Ministério que deveria avaliar o desempenho da Bolsa Atleta, mas não se ocupa com isso, dez anos depois de o programa ter sido criado e atingir o expressivo número de 6.700 beneficiados. Mas o Conselho homologa a lista anual dos beneficiados.

Silêncio

A assessoria de imprensa do Ministério do Esporte não responde mais aos questionamentos deste blogueiro. Por este motivo não há informação oficial a respeito deste assunto.


Furos e fraudes no Bolsa Atleta
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José Cruz

“Considerando apenas o valor de Bolsa nacional (R$ 925), somente no ano passado o governo federal pagou irregularmente R$ 3,096 milhões a atletas das modalidades beisebol (masculino) e softbol (feminino)”

O repórter Demétrio Rana, da revista IstoÉ 2016, escreveu este mês sobre “A farra do Bolsa Atleta”. isto e  É mais um documento que revela furos e fraudes para ganhar dinheiro fácil do Ministério do Esporte, que não sabe para quem está destinando dinheiro porque não tem fiscalização.

Fiscalização terceirizada

“Cabe à população e à imprensa checar a lista de contemplados da bolsa e denunciar irregularidades”, disse Ricardo Leyser, secretário de Alto Rendimento do governo federal, ao ser questionado por Demétrio.

Dez anos depois de ter sido criada para contemplar atletas sem patrocínio, a Bolsa Atleta se tornou fonte de enriquecimento de muitos, como já constatou o Tribunal de Contas da União (TCU) em auditoria, há dois anos, quando revelou a demora entre o pedido da concessão do benefício e a liberação da primeira parcela. Em 2009, foram 417 dias de espera…

Já divulguei que bolsistas suspensos por doping receberam Bolsa. Eventos de “fundo de quintal” tiveram a chancela de “internacionais” para aumentar o valor da bolsa para contemplados de fachada. E isso ocorre com a omissão do Conselho Nacional do Esporte, que tem a obrigação de fiscalizar as ações do Ministério.

Orçamento e TCU

Para atender os 6.667 contemplados com Bolsa, este ano, o Ministério tem orçamento de R$ 181,3 milhões. Pagou R$ 150 milhões, até a semana passada. Quase a metade desse valor (R$ 69 milhões) referia-se a “restos a pagar”, isto é, bolsas atrasadas do ano passado.

Assim como o Segundo Tempo foi foco de farta corrupção no Ministério do Esporte, envolvendo dois ministros, Agnelo Queiroz e Orlando Silva, com a demissão desse último, inclusive, o programa Bolsa Atleta se insere nesse contexto, além dos convênios da Lei de Incentivo, que também não são fiscalizados pela pasta de Aldo Rebelo.

Esses programas serão analisados pela auditoria gigante que está sendo preparada pelo TCU. Com certeza, não teremos novidades, mas a confirmação oficial da fraude que se perpetua com o dinheiro público para o esporte.

A reportagem da IstoÉ 2016 – revista que não circula em Brasília – está neste link: http://www.istoe2016.com.br/. Clique na capa da revista, ao alto da página, à direita, e ali terá todos os textos, o da “Farra do Bolsa Atleta”, inclusive.