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Atletas milionários recebem bolsa e patrocínio do governo
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José Cruz

Criada em 2004 para contemplar competidores sem patrocínio ou acesso às verbas de governo, a Lei da Bolsa Atleta tornou-se exemplo de desperdício explícito em centenas de casos

Em 58º lugar no ranking de simples da Associação dos Tenistas Profissionais (ATP), Thomaz Bellucci já faturou este ano US$ 329 mil em premiações, algo em torno de R$ 822 mil. bellucci

Ao longo da carreira, o jogador, patrocinado pelos Correios, acumula US$ 3,2 milhões, cerca de R$ 8 milhões. Mesmo com essa “fortuna”, para os padrões do esporte nacional, Bellucci recebe Bolsa Atleta de R$ 3.100,00 mensais.

O mesmo ocorre com Bruno Soares e Marcelo Melo, jogadores de duplas do circuito mundial, e também patrocinados pelos Correios, via Confederação Brasileira de Tênis (CBT), cujo valor não e revelado. Bruno, terceiro do ranking de duplas, recebeu premiação de US$ 443 mil dólares em 2014. Na carreira, acumula US$ 2,4 milhões. E ganha bolsa de R$ 15 mil mensais.

Marcelo Soares, sétimo do ranking de duplas, tem Bolsa Atleta de R$ 11 mil mensais, mas só este ano já acumulou US$ 403 mil em prêmios da ATP. Ao longo da carreira, os torneios profissionais de tênis renderam US$ 2 milhões ao mineiro.

A Origem

“Quando elaboramos o projeto, inspirados no modelo da existente na Secretaria de Esporte do Distrito Federal, a Bolsa Atleta destinava-se aos que não eram contemplados com outros recursos federais, como a Lei Piva, e para os competidores sem patrocínio”, disse Gil Catello Branco, ex- secretário executivo do Ministério do Esporte. Com sua equipe, Gil elaborou a proposta de projeto de lei da Bolsa Atleta, aprovada e sancionada, que este ano ganhou uma nova categoria, a “Bolsa Pódio”, para quem está entre os 20 primeiros do ranking mundial.

Sem comando

Como já publiquei, o Ministério do Esporte está sem equipe para fiscalizar a prestação de contas dos 6.700 bolsistas anuais. Apenas cinco pessoas cuidam do setor de inscrição e fiscalização, o que favorece a fraude, como a realização de eventos inexpressivos que ganham a chancela de “internacional”, o que aumenta significativamente o valor da bolsa mensal.

Além disso, devido aos contingenciamentos orçamentários do governo federal, os atrasos são comuns no pagamento das mensalidades. Em 2010 o atraso foi de 471 dias, conforme o Tribunal de Contas da União (TCU), com evidente prejuízo para os atletas que fazem programação anual.

Mais:

Há dois anos, o Ministério concedeu bolsa para atletas suspensos por uso de doping, e só depois das denúncias deste blog retirou o benefício.

O Conselho Nacional do Esporte é o órgão do Ministério que deveria avaliar o desempenho da Bolsa Atleta, mas não se ocupa com isso, dez anos depois de o programa ter sido criado e atingir o expressivo número de 6.700 beneficiados. Mas o Conselho homologa a lista anual dos beneficiados.

Silêncio

A assessoria de imprensa do Ministério do Esporte não responde mais aos questionamentos deste blogueiro. Por este motivo não há informação oficial a respeito deste assunto.


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