Blog do José Cruz

Arquivo : setembro 2014

Para onde vão nossos atletas?
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José Cruz

Fernando Meligeni, que na sua carreira de tenista profissional chegou a ocupar espetacular 25ª posição no ranking mundial (1999), está preocupado com a pós-carreira dos atletas. meligeni_destaque

Em seu blog, escreveu que falta reconhecimento aos nossos competidores, fora do futebol. E que os atletas são cobrados para apresentarem resultados.

“Chega de falar que vamos ganhar mais medalhas, ficar entre os 10 maiores países do mundo. Vamos dar um pulo no esporte. Tudo isso é discurso político. Vamos dar estrutura para o durante e pós-carreira. Esse, sim, tem que ser o objetivo. Vamos OLHAR para os atletas.”

Meta

Essa meta do “top 10” nos Jogos Rio 2016 foi fixada pelo Ministério do Esporte e Comitê Olímpico do Brasil. “Discurso político”, de fato. Porque nossas autoridades terão que prestar contas, pelo desempenho dos atletas, dos bilhões que investem no ciclo olímpico. Foram R$ 6 bi de verbas públicas entre os Jogos de Pequim e os de Londres.

Para isso, chegam ao extremo de trocar a clássica contagem de medalhas, em que o ouro é mais valorizado. Para os Jogos do Rio, não, pois valerá o total de conquistas para garantir o tal top 10. Se usarmos o critério antigo ficaremos abaixo.

Outro ponto no artigo de Meligeni, o Fininho é sobre “estrutura para o durante e pós-carreira”.

Meligeni, que parou em 2003, não chegou a ser beneficiado pela Bolsa Atleta. Nem pela Lei de Incentivo ao Esporte. São fontes de recursos públicos valiosas, além dos patrocínios das estatais que permitem aos atletas de ponta todas as condições de treino, viagens e competições. Não falo nos que estão iniciando, porque ali a realidade é triste.

Hoje, com verbas do governo e bom planejamento, nossos atletas olímpicos podem fazer economias para uma aposentadoria mais confortável, comparativamente a outros tempos.

Mas, para isso, haja pressão, dos gestores do esporte, principalmente, pois eles poderão sorrir – ou não – de acordo com o desempenho de nossos atletas. A pressão maior vem daí, dos cartolas e do Ministério do Esporte.


Mobilização para manter o Ministério do Esporte
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José Cruz

Circula na rede um manifesto, ainda sem assinaturas, pedindo apoio à manutenção do Ministério do Esporte.

Isso surgiu depois que a candidata presidencial, Marina Silva, fez rápida análise sobre o “enxugamento de pastas”, quando foi indagada sobre o futuro do Ministério do Esporte. Bateu o pavor. Entre os terceirizados e os que detêm cargos de confiança, principalmente, com medo de perder o cargo, como ocorre a cada mudança de governo.

 E agora?

Onze anos depois de criado, o Ministério do Esporte precisa de avaliação urgente, revisão de objetivos e redefinição de rumos para se tornar  referência desse importante setor para a sociedade e economia nacionais.

Em uma década, essa pasta tornou-se cabide de emprego, inoperante e omisso nas verbas que comanda e centro de escândalos, principalmente nos períodos dos ministros Agnelo Queiroz e Orlando Silva. As principais propostas contemplaram o alto rendimento. A propósito, quem são as cabeças pensantes sobre políticas de esporte que ali atuam?

O ministro Aldo Rebelo não valorizou o Conselho Nacional do Esporte, como se esperava. Continuou sendo um organismo burocrático e de concordância do gabinete. Não se tornou referência da discussão sobre os grandes problemas do setor e propositor de mudanças.

Os desmandos com as instalações físicas do Pan 2007 são exemplares neste sentido. E qual a proposta de governo – não falo nem de Ministério! – para o Brasil esportivo após os Jogos 2016? Como a juventude ocupará os espaços que estão sendo construídos? Temos isso?

O blog está disponível para publicar manifestações, inclusive contestando minhas colocações. Mas é indispensável manter a educação e o nível do bom debate.

Em frente.


Caixa banca equipe africana de corrida de rua
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José Cruz

O repórter Daniel Brito estreia hoje no UOL Esporte, em Brasília,  com matéria polêmica:

“Caixa banca equipe de atletas estrangeiros em corridas de rua no Brasil”

A reportagem começa assim:

“Dinheiro público, dos cofres federais, ajuda a manter em competição uma equipe de corrida de rua formada inteiramente por atletas de países da África”.

caixaPatrocinadora do atletismo nacional, a Caixa explora como bem entende seu marketing institucional. E se os africanos lhe garantem visibilidade, porque estão sempre no pódio, como Edwin Kiprop e Samwe Salum, na foto.

Enquanto isso…

os projetos da Confederação de Atletismo não seriam prioritários, principalmente para tentar identificar e formar novos quadros, já que a geração olímpica atual tem limitadíssimos expoentes?

Já nas relações internacionais do esporte, é preciso averiguar qual o tipo de visto foi concedido aos corredores africanos. De turista? Nesse caso, podem trabalhar e auferir ganhos, como ocorre? O Ministério do Esporte concedeu autorização para isso?

Não podemos negar a capacidade técnica e física dos africanos para as provas longas. E eles fazem disso uma forma de subsistência, ganhando prêmios, cachês e salários.

Porém, essa realidade incomoda os corredores brasileiros, que também fazem das corridas de rua uma forma de “trabalho”. Eles já realizaram protestos neste sentido. Principalmente porque disputam os prêmios da melhores corridas sabendo que irão ao pódio a partir do quarto lugar.

É da competição, claro, mas essa rotina é feita de forma legal, de acordo com a legislação brasileira? Afinal, que tipo de relação trabalhista há entre a empresa de Coquinho, o empresário, e os africanos?

Bem vindo à reportagem, companheiro Daniel Brito.


Liberdade de imprensa: Justiça de São Paulo arquiva processo de Jorge Rosa
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José Cruz

Jorge Lacerda (foto), que preside a CBT (Confederação Brasileira de Tênis), não conseguiu silenciar este blog.  jorgerosa

O Juiz de direito Marco Aurélio Gonçalves, da 9ª Vara Criminal de São Paulo, negou a Jorge Rosa o pedido para me processar por calúnia e difamação, juntamente com Arnaldo Gomes, ex-vice-presidente da CBT. A decisão é de março, mas somente ontem recebi cópia da sentença. Por enquanto, eu e Arnaldo estamos livres da perseguição do cartola.

Resumo

Há dois anos denunciei, em entrevista com Arnaldo Gomes, falcatruas numa prestação de contas da CBT ao Ministério do Esporte, no episódio do aluguel de quadras no Clube Harmonia, na capital paulista, ao custo de R$ 440 mil. Mas as quadras foram “cedidas por empréstimo”, como foi provado, com declaração da presidência do tradicional clube.

Logo, a nota fiscal de “aluguel de quadras”, fornecida por uma empresa paulista, era falsa naquela prestação de contas. Tanto, que os próprios gestores públicos determinaram que Jorge Rosa devolvesse o dinheiro, corrigido, o que foi feito, segundo o Ministério do Esporte.

Em resumo, disse o Senhor Juiz Marco Aurélio Gonçalves:

A liberdade de imprensa é um dos sustentáculos do estado social democrático de direito. Tal liberdade deve ser exercida de forma ampla. Não encontrando obstáculos por parte do Estado, no qual se inclui o Poder Judiciário.”

Mais:

“Os fatos aqui postos sobre os pesados olhos da jurisdição penal melhor estariam colocados em demanda cível, a qual certamente não encampará qualquer pretensão indenizatória, outra mordaça voraz à liberdade de imprensa. É que contra a palavra se combate com palavra”.

Decisão

“Ante o exposto, rejeita-se a queixa, nos termos do art. 395, III, do Código de Processo Penal, dada a ausência de justa causa, pela a atipicidade da conduta”.

Como já havia informado à assessoria da CBT, o espaço deste blog está à disposição de Jorge Rosa para se manifestar sobre este e outros episódios de graves irregularidades que denunciei, os quais estão em “segredo de Justiça”, em São Paulo.


O Ministério do Esporte no próximo governo
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José Cruz

A campanha eleitoral trouxe ao debate a importância do Ministério do Esporte no próximo governo. A um ano e meio dos Jogos Rio 2016, especialistas discutem sobre o assunto, como Alexandre Machado da Rosa, mestre em Educação Física pela Unicamp, membro do observatório de políticas públicas de esporte e lazer e pesquisador do futebol. Jornalista, Alexandre também é o autor e organizador do livro “Esporte e Sociedade, ações socioculturais para a cidadania”.

Este artigo foi publicado, originalmente, pelo CEV – Centro Esportivo Virtual

 

Ministério do Esporte, para quê, afinal?

Por Alexandre Machado da Rosa

Em meio ao debate eleitoral, a candidata à presidência, Marina Silva acenou com a possibilidade de, se for eleita, extinguir o Ministério do Esporte. Rapidamente, o atual ministro do esporte, Aldo Rebelo, fez duras críticas a esta possibilidade, chamando a atenção para os Jogos Rio 2016 e as necessidades de cuidar dos preparativos do maior evento esportivo do Planeta.

Mas, afinal, para quê serve o Ministério do Esporte? Aonde se localiza o esporte no Brasil? Na Educação? Na cultura? Na economia? Enfim…

O Ministério do Esporte foi criado em 2003 para elevar o esporte à condição de direito social, assim como estabelece a Constituição. Nesse caminho, foram realizadas duas Conferências do Esporte significativas, ao mesmo tempo em que foram descartadas a seguir com a realização da terceira conferência, que praticamente capitulou diante do sistema esportivo atual.

Vale ressaltar que o Estado brasileiro delegou à iniciativa privada a gestão do esporte desde o início do século 20, se consolidando com o Decreto lei 3199/1941, expedido durante a ditadura do estado novo, na Era Vargas. Ou seja, a gestão do esporte no Brasil se caracteriza pelo seu caráter liberal.

Apesar de, ao longo de um século, existir a figura do Conselho Nacional do Esporte, a gestão efetiva do planejamento e execução de projetos esportivos têm sido feita pelas entidades que compõem o sistema esportivo brasileiro ou seja, o COB – Comitê Olímpico Brasileiro, as Confederações e as federações nos estados. Como gostam de sinalizar os advogados: o campo esportivo brasileiro é de interesse público, mas de direito privado.

Vale ressaltar que o financiamento do esporte no Brasil é feito essencialmente com recursos públicos. Sejam eles oriundos do orçamento do Estado ou de instituições públicas, como Correios, Caixa, Banco do Brasil, Eletrobrás, Petrobras entre outras. Então, diante deste cenário, que papel pode exercer um Ministério exclusivo para o esporte?

Para saber mais:

http://blog.cev.org.br/alexandre-rosa/2014/ministerio-do-esporte-para-que-afinal/


Dupla feminina conquista título inédito para a vela brasileira
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José Cruz

martine-e-kahena_vela_facebook_95 No mesmo dia em que a Seleção masculina perdeu para a Polônia (3 x 1) e ficou com a medalha de prata no Mundial de Vôlei, num raríssimo resultado da equipe de Bernardinho, a vela brasileira colocou o Brasil num inédito pódio internacional, feito de uma dupla feminina.

Com sobrenome famoso, Martine Grael, filha de Torben – dono de cinco medalhas olímpicas – terminou em terceiro lugar a última prova do Mundial de Santander, na Espanha, e sagrou-se campeão da classe 49erFX, ao lado de Kahena Kunze. No ano passado, a dupla apresentou credenciais com um segundo lugar, na França, mostrando que chegavam para mudar a escrita.

Em classes olímpicas, até agora, nenhuma mulher havia conquistado o torneio mais importante da temporada. Já em Olimpíadas, o melhor resultado brasileiro é a medalha de bronze de Fernanda Oliveira e Isabel Swan, na classe 470, em Pequim-2008.

Assim como as velejadoras brasileiras se apresentaram ao mundo, num alerta do que poderão render na Baía de Guanabara, em 2016, também a Polônia mostrou que a geografia do vôlei masculino está mudando. A hegemonia brasileira já tem ousados adversários, capazes de estragar a festa de quem se apresentava sempre como favorito.


Dilma quer a imprensa longe das investigações sobre corrupção
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José Cruz

 

Dilma, há dois meses: Dilma Rousseff: 'Do I look happy, Mr Obama?'

Prefiro o barulho da imprensa ao silêncio da ditadura”.

Dilma, ontem:

Não é função da imprensa fazer investigação e sim divulgar informações”.

 

A presidente estava indignada com as perguntas dos repórteres sobre o escândalo da Petrobras etc e tal.

Certo é que, sem os repórteres investigativos teríamos nos jornais a repetição do Diário Oficial da União. É isso?

“Repórter tem que se comportar como cão de guarda, que rosna contra os abusos do poder, e não como cãozinho de estimação, que sacode o rabo quando vê o dono” — ensinou o jornalista escocês James Reston, morto em 1996, nos Estados Unidos, onde atuava e se tornou referência de sua geração.

No esporte

Comecei nessa área investigativa em 2000, quando nossos atletas não conquistaram medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Sidney. Quis saber os motivos e saí perguntando. Resposta comum: “falta apoio”. E por “apoio” era “dinheiro”.

Em 2001 veio a Lei Piva, que até hoje repassa dinheiro das loterias para o esporte. Em 2003 chega o governo Lula, e aí as torneiras foram abertas, agora sem controle. E com a criação do Ministério do Esporte, ali se instalou rica e lamentável fonte de jornalismo investigativo, a partir de Agnelo Queiroz, o primeiro ministro.

Investigando, cheguei à informação, por exemplo, que Agnelo teve todas as despesas de hotel, carro e telefone celular pagas nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, em 2003. E quem pagou? O órgão que Agnelo deveria fiscalizar, o Comitê Olímpico do Brasil.

Pior! Agnelo recebeu diárias do Ministério do Esporte para pagar suas despesas. Que tal? Deveria ter silenciado, diante do abuso do poder público, como sugere Dilma Rousseff?

Foi investigando que descobri que uma academia de Brasília recebeu R$ 2 milhões do projeto Segundo Tempo, cujo dono, João Dias, era amigo de Orlando Silva, então secretário executivo do Ministério, e cabo eleitoral do ex-deputado Agnelo.

Mas estou falando de “migalhas” no esporte, diante das denúncias de corrupções maiores nos governos de todos os tempos, Collor, Sarney, FHC, Lula e por aí vai.

Enfim, Dilma deveria ter a imprensa como aliada e até agradecê-la por descobrir desmandos e corrupções dos órgãos públicos que ela dirige e dirigiu. Porque, até a imprensa divulgar, Dilma “não sabia de nada”…

 

Para saber mais sobre a declaração de Dilma Rousseff

http://www.portalimprensa.com.br/noticias/ultimas_noticias/68230/nao+e+funcao+da+imprensa+fazer+investigacao+diz+dilma+sobre+denuncias+da+veja


Reforma do autódromo de Brasília para receber F-Indy custará R$ 300 milhões
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José Cruz

 

Enquanto isso, partos são suspensos em hospital da Capital da República:  faltam medicamentos e até de aventais para os médicos

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, que construiu o estádio Mané Garrincha pela bagatela de R$ 1,6 bilhão, colocou Brasília no circuito da Fórmula Indy até 2019. A etapa brasileira do calendário de 2015, em 8 de março, trocará as ruas da capital paulista pelo df-autodromocircuito do Autódromo Nelson Piquet (foto).

A três meses de sair o governo, e pouquíssimas chances de reeleição, Agnelo deixará para o substituto um rombo inicial de R$ 300 milhões no orçamento, valor da reforma do autódromo, que será concluída em três anos, por etapas. Se projetarmos o valor inicial na mesma proporção que evoluíram as obras do estádio, o autódromo terá custo final de R$ 1,5 bilhão…

Enquanto isso…

… a brasiliense Fabrícia esperou seis horas no Hospital de Sobradinho, a 20km do centro da capital da República, até ser informada que a cesariana não seria realizada. Motivo: faltavam medicamentos e até aventais para os médicos!!!

E quando tudo isso fosse conseguido, as gestantes em geral teriam que esperar que o ar condicionado da sala de partos funcionasse…

Isso ocorreu no momento em que a direção da IndyCar assinava o contrato com o Governo do Distrito Federal.

Veja a realidade da rede hospitalar na capital da Copa e, agora, sede da F-Indy:

http://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-df/t/edicoes/v/gravida-tem-cesariana-cancelada-por-falta-de-remedio-e-material-no-hospital-de-sobradinho/3639953/


Governo “pedala” e Bolsa Atleta atrasa de novo
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José Cruz

Como o esporte contribui nas “mágicas”  da área econômica, que adia pagamentos para garantir saldo mais robusto do superávit primário

Esta mensagem foi atualizada às 12h35

 Atrasa, de novo, a Bolsa Atleta. Depois do pagamento de julho, o de agosto ainda não foi realizado. O Ministério do Esporte não concorda:

“O benefício não pode ser considerado em atraso, uma vez que está sendo pago no ano subsequente ao evento que capacitou o atleta”…

Esclarecedor!

Os atletas reclamam. Preservo os nomes para evitar retaliações, reais.

O primeiro pagamento cai na conta certinho, no quinto dia útil do mês. Mas na época segundo pagamento começam os atrasos e desculpas. Eu nem sei se isso me entristece ou me revolta… O que eu vou fazer? A última vez que me lembro dos pagamentos do Bolsa Atleta serem feitos pontualmente foi em 2010.”

Atualmente, 6.703 atletas são contemplados programa nas modalidades olímpicas e paraolímpicas. O orçamento para o programa em 2014 é de R$ 181.344.960,00.

Memória

No ano passado, o Ministério atrasou seis meses o pagamento da bolsa. Desculpa: “falha no contrato com a Caixa Econômica”. Mentira!

A verdade se revelou mais tarde. Todo final de ano o governo reduz as despesas e transfere pagamentos de algumas contas para o ano seguinte, numa operação conhecida por “restos a pagar”. Isso ocorre em todos os ministérios para sobrar dinheiro na Secretaria do Tesouro e, assim, aumentar, ilusoriamente, o superávit primário.

Com o cofre mais robusto, a imagem do país cresce lá fora, ganha credibilidade, mas é uma conta maquiada, porque o calote temporário interno contribui para isso. Num momento mais favorável, o governo desbloqueia a conta e o Tesouro paga os atrasados.

É isso deve estar ocorrendo com a Bolsa Atleta, porque esta ano outras contas entraram na “pedalada”. Como lembrou Gil Castello Branco, da Associação Contas Abertas, o governo já fez o mesmo com a Bolsa Família e o Seguro Desemprego. Em julho, o Tesouro segurou a grana e quem pagou a conta foi a Caixa Econômica, contrariando a Lei de Responsabilidade Fiscal. Até o repasse do imposto sindical para as centrais foi “pedalado”, como revelou o repórter Sérgio Leo, do jornal Valor Econômico, em agosto.

Explicação

Mas, segundo assessores do Ministério do Esporte, a explicação oficial é esta:

O benefício (Bolsa Atleta) não pode ser considerado em atraso, uma vez que está sendo pago no ano subsequente ao evento que capacitou o atleta. Vale lembrar que o Ministério do Esporte quitou em fevereiro de 2014 as oito parcelas restantes da Bolsa-Atleta referente ao pleito de 2013, que normalmente seriam pagas no decorrer de 2014. As outras quatro haviam sido depositadas em setembro (duas), dezembro de 2013 e janeiro de 2014. Entre março e maio de 2013, o ministério havia quitado as bolsas do pleito de 2012. Desta forma, em 11 meses o Governo Federal quitou o pagamento das bolsas de dois anos. Com isso, está eliminada a defasagem de tempo entre resultados do atleta e pagamento do benefício.

Explicações à parte, a verdade é: o mês não foi pago como esperavam os atletas que, por sua vez, se lamentam e “pedalam” suas contas.

Tudo isso deve ser ótimo para ajudar na campanha eleitoral oficial.

Atualização – 12h35

Neste momento fui informado por quatro atletas que “a bolsa acabou de ser depositada”

Mas teve atleta que competiria no fim de semana e não disputou sua prova, porque não tinha dinheiro para pagar a passagem…

Esse prejuízo depósito algum vai recuperar.

Bolsa Atleta não é favor é lei federal. E o governo tem obrigação de honrar, no prazo.


Ministério do Esporte faz campanha pró-Dilma doando equipamentos em S.Paulo
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José Cruz

 

No mesmo dia em que a presidente Dilma Rousseff atraia as atenções para São Paulo, ontem, onde participou de um debate eleitoral na cidade de Aparecida, o secretário de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser Gonçalves, entregava ao Esporte Clube Pinheiros, na capital paulista, R$ 6,8 milhões em equipamentos esportivos, comprados com recursos do governo federal.

pinheiro O Pinheiros é um dos principais clubes formadores de atletas olímpicos do país.

Ficou explícita a ação da máquina do governo em favor da candidatura oficial à eleição de 5 de outubro. Vários assessores ministeriais estão de férias para atuar na campanha de Dilma. E os que detêm cargos de confiança, principalmente os que têm melhores salários, foram “convidados”  a deixar seus gabinetes e entrar nesta reta final da campanha. Quem não obedecer pode ficar sem cargo, no caso de uma reeleição de Dilma.

Leyser tentou ser discreto nessa missão, e a pretexto de entregar equipamentos também discursou para os diretores, atletas e técnicos do tradicional clube paulista, exaltando os feitos do governo. Escancarada propaganda, em plena campanha eleitoral.

Mas…

Em seu discursso, Leyser não falou nada sobre a falta de dinheiro no Ministério do Esporte.

A situação é grave, pois até o pagamento da segunda parcela da Bolsa Atleta está atrasada. O Ministério nega atrasos, mas é bobagem. O que não foi honrado no dia acertado está em atraso. Sobre a Bolsa Atleta e as explicações detalhadas do governo escreverei amanhã.

Além disso, Secretaria de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social não pode desenvolver mais nenhum projeto este ano. Acabou a grana. O governo fechou a torneira para sobrar mais em dezembro e reforçar o tal “superávit primário”. Amanhã darei detalhes disso.

Para conhecer um pouco sobre a campanha da candidata Dilma Rousseff na área do esporte, clique aqui.