Blog do José Cruz

Arquivo : dezembro 2015

Bolsa Atleta: o protesto isolado de quem não teme represálias
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José Cruz

Manifestação da atleta paralímpica Adriana Azevedo, a Drica, no facebook, em apoio aos 6.600 atletas que esperam pela atualização do Ministério do Esporte de sete parcelas atrasadas da Bolsa Atleta

drica

Em nome dos meus colegas atletas que dependem o Bolsa Atleta, e pra provar por A+B, que eu sou Brasileira mas não sou corrupta e covarde!
Não tenho medo de represálias e exponho sempre meu ponto de vista…
Hoje, publico novamente a foto que publiquei há dois anos, que foi destaque nos principais jornais e sites do País, tendo até repercussão internacional. E eu avisei: É só o começo!
Feliz Natal.

Drica Azevedo

Atleta de natação paralímpica, mãe e esposa

Comentário do Blog 

Mesmo sem ter sido contemplada este ano com a  Bolsa Atleta, Adriana contrasta com o silêncio de milhares de beneficiados. Repete o gesto de dois anos atrás e pratica cidadania sem temer represálias. Exige que o Governo cumpra com o compromisso de lei, a Lei da Bolsa Atleta. Não é ato benemérito nem privilégios. É direito conquistado por 6.600 atletas.

A crise econômica-política é gravíssima, mas estamos a menos de um ano da abertura dos Jogos Rio 2016, e milhares de atletas ficaram privados desse recurso para seus treinos e tentar a última chance de vaga na equipe olímpica

A propaganda oficial que anuncia ser a Bolsa Atleta “o maior programa do gênero no mundo” silencia no atraso de sete parcelas, para quem tem compromissos com técnicos, preparadores físicos, nutricionistas, psicólogos, viagens etc.

Não há uma só manifestação na página do Ministério do Esporte explicando sobre o calote oficial, e o público precisa ter conhecimento desta realidade, pois o orçamento do governo, que paga, também, a Bolsa, é formado pela participação-cidadã que honra seus impostos.


Sem dinheiro,governo atrasa pagamento de 6.600 beneficiados do Bolsa Atleta
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José Cruz

Para as agências internacionais de avaliação da economia o Brasil está no “grupo de caloteiros”. O agravamento da recessão, crise política e corrupção contribuem para isso, e o resultado, na prática, bate no bolso da população, em geral, e do atleta, em particular

Dezenas de mensagens enviadas ao Blog indicam que das 12 parcelas do programa Bolsa Atleta, deste ano, apenas cinco foram pagas. A seis meses dos Jogos Olímpicos Rio 2016 ainda faltam sete parcelas, totalizando R$ 50 milhões.

bbolsaPara saldar o compromisso, o Ministério do Esporte aguarda liberações de recursos do Ministério da Fazenda. São 6.600 bolsistas na fila de espera. Os valores estão “empenhados”, o que significa dizer que serão pagos, mas não se sabe quando, porque é preciso ter disponibilidade dos recursos, e isso depende de quem tem a chave do cofre na mão, a Fazenda.

Sem grana

Uma fonte do governo ligada ao Planejamento afirmou que “a Esplanada está sem dinheiro”, referência à Esplanada dos Ministérios, avenida central do poder, em Brasília, onde estão os principais órgãos públicos do governo. A crise, em geral, estende-se pelos estados. No Rio de Janeiro, o governo pagará em cinco vezes a segunda parcela do 13º salário, informa o jornal O Globo, de hoje.

Explicações

O pagamento das parcelas restantes da Bolsa Atleta depende da disponibilidade orçamentária do mês. Até o momento não foi liberado o recurso para efetuarmos o pagamento. Solicitamos que aguarde e acompanhe por sua área restrita”.

Este é o comunicado do Ministério do Esporte, enviado aos bolsistas e assinado pela “Equipe Bolsa Atleta”.

Em outro comunicado, o Ministério informa:

“É bem provável que as 12 parcelas não saiam este ano”

Orçamento

Ontem, equipes de vários ministérios passaram o dia no Congresso Nacional acertando detalhes finais para o orçamento para 2016.

Na área do esporte, as negociações com relatores setoriais na Comissão Mista de Orçamento evitaram um corte de R$ 17 milhões no Bolsa Atleta. A tesourada atingiria, também, R$ 160 milhões para projetos dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Na Comissão está tudo certo, mas certeza de que o orçamento estará garantido, só quando a proposta orçamentária for aprovada em plenário.


“Porumtriz”: ex-ginasta da Seleção relembra acidente grave em forma de arte
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José Cruz

bia

“Em cena, estou trazendo esta memória do acidente, de forma poética e espetacular…”

Na foto de João Saenger, Beatrice encena o número “Beatriz”, referência à música de Chico Buarque:
“Me ensina a não andar com os pés no chão; Para sempre é sempre por um triz”

 

Porumtriz – o risco da vida sob a ótica de uma acrobata –  espetáculo que a ex-ginasta da Seleção Brasileira, Beatrice Martins, estreia hoje, em Brasília, é um misto de dança e de dramaturgia, de sonhos vividos e sonhos interrompidos. É, também, memória do grave acidente que ela sofreu, no ônibus em que estava a equipe de ginástica artística do Flamengo, em 1997, na Via Dutra. Seis passageiros morreram, e a técnica das ginastas, Georgette Vidor,  ficou paraplégica

Depois de várias cirurgias para recompor a anatomia do pé direito, Beatrice, então com 16 anos, abandonou o esporte de competição para se especializar em tecido acrobático, evoluindo para o trapézio em espetáculos com produções artísticas.

“PORUMTRIZ,

com direção e dramaturgia de Raquel Karro, coloca o circo em diálogo com outras linguagens, evocando um elemento que é frequentemente posto em evidência pelo artista circense: o risco da morte. Esse risco pode ser metafórico, mas muitas vezes é real”

A origem 

A expressão por um triz veio há exatos três anos, quando fui selecionada para um laboratório artístico na França”, contou Beatrice. Minha proposta era desenvolver um trabalho iniciado com a Raquel Karro (atriz, coreógrafa e produtora de apresentações em aparelhos aéreos) em 2009, quando criamos um número de acrobacias e dança, em um trapézio a um metro do solo.  Eu Tinha esta pesquisa do aparelho, que normalmente está a vários metros de altura, tão próximo do chão, desenvolvendo esta relação com o solo. Tem um momento do número, que a minha cabeça passa a poucos centímetros do chão, a um triz”.

Depois da França, quando escrevia o projeto de montagem para concorrer ao Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal, Beatrice pensou que, além do tema dos diversos riscos no circo (calculados ou não), poderia contar algumas experiências de risco na própria vida, como o acidente que sofreu em 1997.

Em cena, estou trazendo esta memória do acidente, de forma poética e espetacular, tudo orquestrado pela Raquel (Karro), que tem uma bela sensibilidade para trazer à cena o indivíduo em cada intérprete, acrobata ou trapezista…”

O que ficou, 18 anos depois, daquele momento do acidente?  

Ficaram cicatrizes na pele, em alguns ossos, tendões e uma memória contada, agora, através do espetáculo.

Quanto tempo de recuperação?

A recuperação durou um pouco mais de um ano. Tentei voltar aos treinos, mas tinha um pé enfraquecido e o corpo completamente despreparado. Fiz faculdade de publicidade, alguns outros esportes e descobri aulas de circo no próprio ginásio do Setor Leste (em Brasília). De lá para cá, não parei de mexer o corpo. Trabalhei em apresentações circenses com diversos artistas e grupos da cidade, viajei nos Estados Unidos com um circo itinerante de lá, e fiz diversas aulas com diferentes professores e linguagens. 

Porumtriz
16, 17 e 18 de dezembro, às 21h
Teatro Plínio Marcos, Complexo Cultural Funarte (Brasília)
Na quinta-feira, bate-papo com os criadores, logo após a apresentação

Realização:

Fundo de Apoio à Cultura – FAC/DF
Coletivo Instrumento de Ver

 


COB repassa apenas 37% da Lei Piva para a preparação de atletas
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José Cruz

Entre 2009 e 2012 o COB recebeu R$ 677 milhões da Lei Piva, via loterias federais. Desse total, apenas R$ 250 milhões chegaram às confederações, que são as executoras dos projetos de preparação das equipes de competições. Pode-se afirmar, porque os dados são oficiais, que apenas 37% da verba da Lei Piva chegaram efetivamente ao atleta

Voltar às fontes públicas que turbinaram a preparação da equipe Olímpica aos Jogos de Londres, em 2012, é importante para melhor entender as futuras análises sobre os gastos com  atletas para a Olimpíada do Rio de Janeiro. Lula e Dilma

Para este artigo, os dados foram obtidos na publicação recentemente lançada, “Políticas de Esporte nos anos Lula e Dilma”, espécie de dossiê do setor, de 2003 a 2012, analítico e crítico. Os organizadores da publicação ( Wagner Barbosa Matias, Pedro Fernando Athayde e Fernando Mascarenhas) pesquisaram informações oficiais para melhor embasar suas análises sobre o oportuníssimo tema.

Lei Piva

A Lei Piva foi a primeira fonte oficial “contínua”, isto é, com repasses sem interrupções das loterias federais aos comitês Olímpico (COB) e Paralípico (CPB).

Chama atenção este dado, exaustivamente debatido a cada ciclo olímpico: entre 2009 e 2012 o COB recebeu R$ 677 milhões das loterias. Desse total, apenas R$ 250 milhões chegaram às confederações, que são as executoras dos projetos de preparação das equipes de competições. E assim tem sido desde 2001, quando esta lei entrou em vigor.

Fundo Olímpico

Parte dessa significativa diferença, R$ 427 milhões, forma o “Fundo Olímpico”, e outra parte vai para a administração da sede do Comitê Olímpico do Brasil, pagamento de salários, inclusive, uma operação autorizada pelo Tribunal de Contas da União.

Este mesmo “fenômeno” de diferença entre o recebido da Lei Piva e aplicado nas delegações ocorreu no ciclo olímpico anterior ((2005/2008) para os Jogos de Pequim, quando o COB recebeu R$ 615,4 milhões e apenas R$ 297,2 milhões chegaram às confederações.

É estranha tanta concentração de dinheiro no COB, pois, como escreveram os autores do livro analisado, “… a Lei (Piva) foi criada para fortalecimento do esporte a partir dos atletas”.

Critérios

O COB utiliza o critério da “meritocracia” para distribuir os recursos da Lei Piva. Ou seja, a confederação que tem mais medalhas recebe mais verbas. Criada em 2001, o Ministério do Esporte nunca opinou sobre este critério de uso de dinheiro público.

Por exemplo, parte dos R$ 427 milhões que ficaram no Fundo Olímpico em quatro anos poderia ser aplicada em projetos nas modalidades menos desenvolvidas, habilitando-as a um melhor desempenho na Olimpíada seguinte. Isso não acontece.

Mais verbas

Ao contrário, enquanto o COB concentra recursos no Fundo Olímpico, o Ministério do Esporte compensa o que falta nas confederações com verbas do orçamento, através de “convênios”, aumentando a participação do Estado no esporte de alto rendimento –  hoje um grande negócio –, em detrimento de políticas públicas e da proposta do próprio governo de “esporte como direito social”.

Executado por instituições privadas, o esporte de alto rendimento é sustentado por verbas públicas, mas o governo, via Ministério do Esporte, não participa da elaboração de estratégias de longo prazo para o melhor aproveitamento dos recursos que libera. Ao contrário, transformou o Ministério em reduto político-partidário, privando-se de uma estrutura técnica para a difícil missão que tinha e tem. E fechou os olhos à fiscalização, permitindo a corrupção em várias frentes, como se tem demonstrado.

Assunto para um novo artigo.


Coerente, Guga revela país atrasado em políticas para o esporte
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José Cruz

“Temos que continuar vendo algumas estrelas brilhando por conta de um trabalho próprio, deles mesmo. O brasileiro tem talento e luta pelas coisas que quer alcançar”

gguggaDeslumbrado com a inauguração da quadra central do complexo do tênis para os Jogos Rio 2016, que custou R$ 201 milhões, o tricampeão de Roland Garros, Gustavo Kuerten, dividiu a euforia com a realidade de recebermos mais um megaevento esportivo sem deixar à população o legado maior. Sua manifestação de agora é a mesma que manifestou há 15 anos, na Olimpíada de Sidney 2000.

“Nosso país ainda não está preparado para algumas ocasiões fantásticas. Ele espreme grandiosas oportunidades para extrair poucos benefícios. Claro que para o tênis vai ser maravilhoso e que essa estrutura pode transformar alguns esportes, mas de certo aspecto é pouco se pensarmos como uma nação inteira”

ANTES

Nos Jogos de Sidney, 2000, perguntei a Gustavo Kuerten:

Sem políticas de massificação para o esporte, o que falta para o Brasil se tornar um país olimpicamente vitorioso?

“É difícil falar desse assunto num país que ainda tem problemas de educação e pobreza. Acho que antes de resolver as questões do esporte tem que se resolver esses dois, principalmente”.

Disse mais, registrado em reportagem no Correio Brasiliense, em 27 de setembro de 2000:

“As dificuldades existem. Por isso temos que curtir o que temos no esporte. E temos grandes valores. Porque, se for para trabalhar em cima de um assunto maior, acho que, primeiro, viriam esses pontos que a gente tem mais necessidade, onde se tem deficiências mais graves: educação e pobreza”

AGORA

No sábado, em coletiva, no estádio olímpico de tênis, no Rio de Janeiro, Guga declarou:

… “A estrutura (da arena de tênis) é igual ao que encontramos nos maiores torneios do mundo. É uma alma de Grand Slam”.

Mas… 

“Temos de buscar aspectos transformadores nas Olimpíadas. Se servir para acreditar mais no povo e para buscar soluções, melhor. Reclamar também acaba não ajudando nada”.

… “Para as pessoas, o simbolismo de receber as Olimpíadas é importante. Mas na atual situação do Brasil, isso não é suficiente. O Brasil precisa de respostas maiores. O Brasil precisa de atendimento básico, e nisso nós sofremos em todos os aspectos. Não apenas nas Olimpíadas. As expectativas nunca vão ser correspondidas no nosso país, infelizmente. Em todos os quesitos”, disse Kuerten.

“Não vale a pena investir R$ 1 errado aqui sabendo que as pessoas estão sofrendo com situações básicas do dia a dia. Isso não pode acontecer”.

Memória

Em 2011, Gustavo Kuerten foi o padrinho do Projeto Olímpico de Tênis Rio 2016, sob a supervisão do técnico Larri Passos, mas descontinuado um ano depois, após consumir R$ 2 milhões do governo federal, com denúncias de irregularidades na aplicação dos recursos, por parte da Confederação Brasileira de Tênis.


Ciclismo brasileiro registra 39º caso de doping em seis anos
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José Cruz

O ciclismo brasileiro de competição acaba de chegar ao 39º caso de doping nos últimos seis anos, média de 6,5 ocorrências por temporada, uma a cada dois meses. Silvana Teresa Diniz Pinto, do ciclismo duplo paraolímpico categoria B2, foi flagrada pelo uso de “Hidroclorotiazida”, substância proibida no regulamento da Agência Mundial Antidopagem. Tentamos contato com a atleta, mas sem sucesso.  O exame foi promovido pela ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem).doping

A notificação à atleta, em 7 de dezembro último,  foi encaminhada pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva da Confederação de Ciclismo, aplicando suspensão automática de um mês e prazo de cinco dias para apresentação de justificativa, que se encerra hoje.

A informação sobre mais este caso, pública, e os demais flagrantes estão registrados na Comissão Antidoping da Confederação Brasileira de Ciclismo.

Enquanto isso…

Um grupo de desportistas, liderados por Roberto Smera, de Santos (SP), lançou um movimento nacional para colher assinaturas em um manifesto para tentar “resgatar a credibilidade do ciclismo de elite brasileiro”.

Tendo em vista a situação preocupante e o total descaso das Federações Estaduais, equipes, técnicos e ciclistas com o esporte, a presente petição tem por objetivo solicitar à Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) e à Comissão Anti-Doping da Confederação Brasileira de Ciclismo (CAD-CBC) a imediata intervenção para que seja realizada uma detalhada investigação das causas e cadeia de eventos que resultaram na disseminação generalizada e crescimento exponencial do uso de substâncias dopantes de aumento de desempenho pelos atletas nos últimos anos”, diz o manifesto, que pode ser assinado aqui.


Crise repercute na baixa captação da Lei de Incentivo ao Esporte
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José Cruz

O agravamento da crise na economia – alta da inflação, dos juros e do desemprego –  é um dos fatores para a retração das empresas na contribuição à LIE (Lei de Incentivo ao Esporte), indicam especialistas no assunto.  eco

Com déficit nos negócios empresariais cai o recolhimento ao imposto de renda, fonte que sustenta a Lei de Incentivo. Anualmente, o governo coloca R$ 400 milhões à disposição de projetos esportivos, através de contribuições de imposto de renda devido  por pessoas físicas e jurídicas.

“Se for devidamente analisado, somente as grandes empresas – bancos, principalmente –  têm condições de aportar um bom valor para os projetos da LIE, pois repassam somente 1% do lucro líquido”, explicou Luís Eduardo Pinheiro, ex-atleta da seleção brasileira de polo aquático e consultor para gestão esportiva.  “Já as médias e pequenas empresas temem se expor ao fisco quando patrocinam projetos incentivados. As perspectivas para o ano que vem são piores”, prevê Luís Eduardo.

Palavra oficial

O Ministério do Esporte discorda que a LIE tenha fracassado em 2015, como demonstrado em dois artigos aqui publicados. Ao contrário de encerrar em dezembro o balanço da LIE, o Ministério fechará os números em março próximo. Por que? “Porque a captação das empresas é feita na maior parte em dezembro”, afirmou um comunicado do Ministério. O mesmo comunicado tenta demonstrar o sucesso da LIE argumentando que este ano há um maior número de projetos analisados sobre o ano passado.

Réplica

Apesar de um maior número de projetos significar mais interesse na LIE, o que importa, de fato, é o valor efetivamente captado, pois é dinheiro que movimenta o esporte. Há exemplos de sobra de projetos de R$ 7 milhões, por exemplo, que captaram menos de R$ 1 milhão, registrando-se aí o fracasso que se criticou.

Problemas

Oito anos depois de ter sido criada, a LIE ainda provoca divergências na interpretação de várias normas, entre elas o Decreto nº 6.180/2007 e a Portaria nº 120/2009.

A interpretação desses documentos fica a critério de cada analista, e quando você pede uma definição de algum artigo que seja dúbio, o Ministério não atende por escrito”, criticou Luiz Eduardo Lima. “O proponente fica a mercê do analista de prestação de contas e do TCU. Assim, se houver interpretação de outro modo de determinado artigo o proponente estará sujeito a pesadas multas”.

Exemplo
Lima usa o artigo 45 da portaria 120 para exemplificar uma das dificuldades. O documento especifica que todas as ações devem ter três cotações e a licitação de serviços devem ser de acordo com a Lei.

“No entanto, para contratar empresa para elaboração de projetos e captação de recursos os analistas da LIE “dizem que não é necessário”! A partir daí, o proponente do projeto já está à mercê do analista da prestação de contas ou até de como o TCU irá interpretar essa questão. Faz-se necessário urgentemente a revisão das posturas da Lei de Incentivo ao Esporte.”

Participação

Assim como nas demais manifestações incentivadas pela Lei de Incentivo (Rendimento e Educacional), a de “Participação” teve queda na aprovação de projetos e captações em 2015.

Até agora, foram aprovados projetos totalizando R$ 55,8 milhões, mas apenas R$ 14,6 milhões foram captados. A proporção no ano passado foi de R$ 97,7 milhões aprovados e R$ 55,8 milhões captados. Os recursos são aplicados em corridas de rua, competições em clubes sociais etc.

Uma das entidades que mais têm se beneficiado da LIE no quesito “Participação” são as AABBs (Associação Atlética Banco do Brasil). Este ano há projetos em 14 estados. São eventos internos e competições, de academias, inclusive, para os próprios associados. A maioria dos contribuintes é pessoa física, que pode repassar para o projeto até 6% do imposto de renda devido.

Para saber mais sobre a Lei de Incentivo ao Esporte: 

http://josecruz.blogosfera.uol.com.br/2015/12/apesar-do-apelo-olimpico-captacoes-da-lei-de-incentivo-caem-36/

http://josecruz.blogosfera.uol.com.br/2015/12/lei-de-incentivo-ao-esporte-fracassa-no-esporte-educacional/

Crédito da ilustração: revistapegn.globo.com

Lei de Incentivo fracassa no esporte educacional
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José Cruz

Na “Pátria Educadora”, o esporte educacional teve duas derrotas significativas em 2015:

1) sem dinheiro, o governo acabou com o projeto “Atleta na Escola”, orçamento de R$ 70 milhões, interrompendo dois anos de desempenho e frustrando três milhões de jovens;

2) na  LIE (Lei de Incentivo ao Esporte) as captações para projetos educacionais caíram de R$ 50 milhões em 2014 para  R$ 14 milhões nesta temporada, desempenho de apenas 28% sobre o resultado do ano anterior

atleta na escola                                                      Foto:  Divulgação/MEC

 

Apenas nove estados aprovaram projetos para iniciativas “educacionais”, conforme o quadro a seguir

ESTADOAPROVADO

R$

 CAPTADO

R$

Bahia 669.267110.528
Ceará345.2531.000
Goiás481.687281.687
M.Gerais14.401.0882.010.232
Paraná3.980.0481.483.718
Rio Janeiro11.067.1971.943.950
Rio G Sul2.640.652175.627
Tocantins372.42350.000
São Paulo28.387.5557.270.531
T O T A L 62.345.17013.327.273

Chama atenção o desempenho do projeto “Vida e Esporte”, no Ceará, aprovado em 2013 e com prazo até dezembro deste ano para captar: dos R$ 345,2 mil aprovados foram captados irrisórios R$ 1.000,00. Isso mesmo, mil reais!

E estados com potencial e apelo não avançaram, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, revelando a necessidade urgente de revisão na legislação. Anualmente, o governo disponibiliza R$ 400 milhões para incentivar o esporte, inclusive o de rendimento como divulgado ontem

Justificativas

“Este foi um ano muito difícil para os projetos incentivados em geral (esporte e cultura), pois as empresas estão apresentando balanço deficitário e, portanto, com pouco recolhimento de Imposto de Renda”, explicou o consultor e gestor esportivo, Luís Eduardo Lima, ex-atleta da seleção brasileira de polo aquático e consultor para gestão esportiva.

Segundo Lima, “os únicos que estão obtendo vultuosos lucros são os bancos, que estão preferindo aportar os recursos em projetos de Confederações, como a de Desportos Aquáticos, por exemplo. Devido aos Jogos Olímpicos, dão mais visibilidade do que os clubes”.

Mais sobre a LIE, aqui


Apesar do apelo olímpico, captações da Lei de Incentivo caem 36%
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José Cruz

A 23 dias do encerramento do ano, dificilmente o desempenho da LIE (Lei de Incentivo ao Esporte) mudará de forma significativa, para se aproximar do resultado de 2014: dos R$ 400 milhões disponíveis anualmente, R$ 256 milhões foram captados no ano passado, mas, este ano, apenas R$ 91 milhões estão registrados até agora, queda em torno de 36% sobre o ano anterior.

LIIEEEstranhamente, esta redução na nas captações de recursos ocorre às vésperas dos Jogos Olímpicos, quando deveria crescer o interesse pelo acesso à verba pública. O fraco desempenho demonstra que é falsa a reclamação frequente de que “falta dinheiro para o esporte”. Não falta, pois a Lei de Incentivo encerra 2015 com uma disponibilidade de R$ 309 milhões, que não foram captados.

Comparações

O quadro abaixo registra os três tipos de manifestações que recebem projetos da LIE: Rendimento, Educacional e Participação. Em quatro colunas estão os valores aprovados e o total captado, onde se observa o grande distanciamento entre os resultados de 2014 e 2015.

MANIFESTAÇÃO2014201420152015
ESPORTIVAAprovadoCaptadoAprovadoCaptado
R$ milhõesR$ milhõesR$ milhõesR$ milhões
Rendimento439,8162,9255,164,6
Educacional130,150,167,314,1
Participação97,744,755,814,6
T o t a l 667,6257,7378,293,3
                                                                                                Fonte: Ministério do Esporte

]Formação olímpica                                           

Conforme o demonstrativo, a manifestação esportiva que mais capta é a de “Rendimento”. Minas Tênis, de Belo Horizonte, Paulistano e Pinheiros de São Paulo e Flamengo do Rio de Janeiro estão entre os clubes que se beneficiam da LIE, para a formação de atletas olímpicos.

Há projetos também para competições, como o Aberto de Golfe do Brasil, que aprovou R$ 1,5 milhão, mas captou apenas R$ 70 mil. Quando o golfe, que tem apelo junto a poderosas empresas que atuam com público de elite, enfrenta esta realidade pode-se imaginar a dificuldade de outras modalidades.

Como é

Em vigor desde 2007, a Lei de Incentivo ao Esporte permite que a pessoa física destine até 6% do imposto devido à Receita Federal para projetos esportivos. As empresas, por sua vez, podem destinar 1% do imposto de renda devido anualmente.

A falta de conhecimento desse recurso, com legislação específica, é um dos motivos para o fraco desempenho da LIE. Mas há outros motivos, entre eles a prestação de contas rigorosa, o que afasta muito dirigente dos benefícios, como já declarou o presidente da Confederação Brasileira de Tênis, Jorge Lacerda da Rosa. Flagrado em 2012 em prestação de contas irregular e obrigado a devolver o dinheiro (R$ 601 mil) e pagar multa (R$ 49 mil), o cartola desistiu de usar as verbas da Lei de Incentivo.

 

Mais sobre a Lei de Incentivo ao Esporte, aqui

Amanhã: O desempenho da Lei de Incentivo no desporto educacional


Livro censurado da CPI da CBF Nike entra na internet
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José Cruz

Proibido pela Justiça Federal do Rio de Janeiro de ser vendido em livrarias, através de ação de Ricardo Teixeira, o livro com o relatório da CPI da CBF Nike começa a ser disponibilizado em capítulos, na internet. Boa parte da propina paga ou recebida na corrupção do futebol internacional passou por bancos estrangeiros, entre eles o Delta, com matriz em Nova Iorque. O vínculo da CBF e de Ricardo Teixeira com este banco foi identificada pela CPI, em 2001 


Primeiro capítulo livro cbf nike

Um grupo de peritos produziu um estudo detalhado sobre empréstimos tomados pela CBF no exterior, junto ao Delta Bank, a juros extorsivos e em condições altamente desfavoráveis. Comprovou que os juros eram incompatíveis com os que à época estavam sendo praticados no mercado financeiro, e que tais negócios resultaram em elevados prejuízos para a entidade (CBF), com indícios de evasões de divisas”.

A decisão

“A realidade do que apuramos em 2001 está comprovada, com tanta gravidade que levou cartolas à prisão, como José Maria Marin”, disse Silvio Torres (PSDB/SP), relator daquela CPI. Aldo Rebelo, hoje ministro da Defesa, foi o presidente.

A censura à publicação foi iniciativa do então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que entrou na Justiça alegando que o relatório final da CPI não havia sido aprovado. Numa tumultuada sessão, a Bancada da Bola quis votar um relatório alternativo, ameno. Diante do impasse, Aldo Rebelo encerrou os trabalhos. Agora, vem à tona o eficiente trabalho da CPI, confirmando, 14 anos depois as falcatruas em nome da Seleção Brasileira.

“Por isso, não há mais motivos para esconder o relatório, pois a censura acabou e o que se descobriu há 14 anos é revelado, agora, pelas investigações da Justiça e da Polícia dos Estados Unidos. Além disso, o relatório da CPI está disponível ao público nos arquivos da Câmara, que disponibiliza tudo o que ocorre nas Comissões de Inquérito”, afirmou Silvio Torres.

A íntegra do primeiro capítulo está aqui.