Blog do José Cruz

Arquivo : novembro 2015

Ricardo Leyser é exonerado da Secretaria Executiva do Ministério do Esporte
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José Cruz

A 262 dias da abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro a presidente Dilma Rousseff cedeu às exigências do PRB e trocou o comando do governo nos projetos e na liberação dos recursos financeiros aos megaeventos esportivos, reforçando o apoio do partido do ministro George Hilton ao governo, no Congresso Nacional.

Em ato publicado no Diário Oficial desta terça-feira, Dilma exonerou Ricardo Leyser Gonçalves da secretaria executiva do Ministério do Esporte – o segundo cargo na hierarquia da casa –, nomeando Marcos Jorge Lima, especialista em assuntos pesqueiros. Até pouco tempo, Lima era o superintendente federal da pesca, em Roraima. Leyser, que esteve com o ministro no último fim de semana, em São Paulo, trabalhou normalmente ontem, sem se aperceber que estava com horas contadas, pois era considerado homem de confiança da presidente Dilma.leyser

A ousada mudança em troca de apoio político ocorre em momento de crise, que ameaça o cargo da própria presidente Dilma. Na troca, a presidente ganha oito votos em plenário, pois o PCdoB tem 12 deputados, enquanto o PRB tem 20. No Senado, cada partido tem apenas um senador.

Já no campo técnico, sai o personagem que executou a política do governo nos Jogos Pan-Americanos 2007 e demais megaeventos esportivos, entrando um leigo na missão de liberar verbas públicas federais, um especialista em pescaria, mas com DNA político do ministro George Hilton.

Fontes do Congresso aguardam  novas exonerações, para acomodar nos cargos do Ministério do Esporte os filiados do PRB, braço político da Igreja Universal do bispo Edir Macedo.

Origens

Leyser estava no Ministério desde sua fundação, em 2003, e começou a crescer quando substituiu a Orlando Silva na Secretaria de Esporte Educacional. Atualmente, centralizava as ações do governo federal para os Jogos Rio 2016, tendo, inclusive, todo o desenho do Executivo para os eventos do ano que vem. Segundo fontes políticas “era o homem forte do governo”, da presidente Dilma, inclusive.

Saída antecipada

A exoneração de Leyser confirma a notícia publicada neste blog em 10 de outubro, informando que o PRB, do ministro George Hilton, “quer porteira fechada” no Ministério do Esporte. Confira:

Dez meses depois de dividir diretorias e cargos funcionais com o PCdoB, o Partido Republicano Brasileiro, do ministro George Hilton, quer “porteira fechada” no Ministério do Esporte.

Em política, “porteira fechada” é o preenchimento de todos os cargos com nomes do partido do titular da pasta, como ocorre com o PMDB na Saúde, Agricultura, nas Minas e Energia etc.

No Esporte, isso significaria o afastamento de servidores ligados a outros partidos, como o atual secretário-geral, Ricardo Leyser (foto), remanescentes do PCdoB, do tempo dos ministros Aldo Rebelo, Orlando Silva e Agnelo Queiroz, o primeiro e trágico. O cargo de secretário-geral tem status, pois é o substituto imediato do ministro. Como explicar aos fiéis e correligionários que, na ausência do ministro, da Igreja Universal, responde um comunista do histórico PCdoB? Pois o esporte está metido, também, nessa disputa”

 


Apesar da força da marca “Flamengo” é difícil captar na Lei de Incentivo
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José Cruz

O Clube de Regatas do Flamengo, que amanhã completará 120 anos, guarda boas lembranças dos anos de ouro do remo, esporte que deu origem à tradicional agremiação carioca. O futebol veio 17 anos depois, em 1912, com história que consagrou o clube Rubro-Negro como a “mais querido do Brasil”

No entanto, a situação financeira para desenvolver os demais esportes está difícil, e até o dinheiro aprovado na Lei de Incentivo ao Esporte não está entrando no caixa do clube: faltam doadores, dificultando o desenvolvimento de projetos para a descoberta de novos talentos, como Fabiana Beltrame (foto) que surgiu e se consagrou no Flamengo, onde conquistou o título mundial de 2011, no single skiff leve.  remo

Depois que regularizou a situação da dívida fiscal do clube, em 2012, o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, aprovou projetos para captação de recursos pela Lei de Incentivo ao Esporte, nas modalidades tênis, remos, natação, futsal, polo aquático, canoagem, judô, nado sincronizado e ginástica.

          PROJETO   APROVADO                                CAPTADO               
Desportos Aquáticos I      6.787.623,00    1.783.914,00
Desportos Aquáticos II      3.434.459,00                 1.280,00
Remo e Canoagem I      4.933.343,00             319.790,00
Remo e Canoagem II      4.246.594,00             155.391,00
Judô e Ginástica      8.024.416,00        2.297.919,00
Basket,Vôlei, Futsal e Tênis      7.521.940,00       1.442.078,00
Centro Desenvolvim. Atletas      1.708.400,00           673.679,00
T O T A L36.656.775,00       6.674.051,00

*Valores em reais

Conforme o Ministério do Esporte”,  o Flamengo tem R$ 36,6 milhões em projetos aprovados, entre 2013 e 2015, para as modalidades fora do futebol. Desse total conseguiu captar apenas R$ 6,6 milhões, um sexto do aprovado. Deve-se considerar que projetos liberados no ano passado e este ano ainda têm bom tempo para buscar doadores. Mas os registros de doações demonstram dificuldades para alcançar o valor disponível.

Para o remo e a canoagem, por exemplo, um projeto autoriza captar R$ 4,9 milhões. Mas, até agora, foram obtidos apenas R$ 208mil, nem 5% do aprovado. Outro, de outubro de 2013, para basquete (modalidade de forte apelo no clube), vôlei, futsal e tênis, estão disponíveis R$ 7,5 milhões. Mas só foram obtidos R$ 1,4 milhão, a maioria de torcedores, sem registro de doação de uma grande empresa nacional.

Torcida e paixão

Boa parte do dinheiro doado – 6% do imposto devido para pessoas físicas e 1% para instituições privadas – vem de torcedores. Há registros de R$ 100,00, de R$ 200, assim como outras de até R$ 3.000,00 e até R$ 10.000,00.

A dificuldade na execução da Lei de Incentivo, em geral, está na captação de recursos. Escassez de doares que se enquadrem na legislação e falta de conhecimento sobre a legalidade dos benefícios são os principais motivos, apesar de a lei ter sido aprovada em 2006.

Como é

Anualmente, a Receita Federal disponibiliza R$ 400 milhões para projetos da Lei de Incentivo. É dinheiro de imposto devido – pessoas físicas e jurídicas – que deixam de ser usado em projetos do governo para incentivar o esporte.

Mas, se até para o Flamengo, que divide com o Corinthians as marcas esportivas mais valorizadas do país, está difícil captar recursos legais, para seus projetos olímpicos, imagine-se para clubes desconhecidos, Brasil afora. São situações dessas que mostram a necessidade de uma urgente revisão na legislação, nove anos depois de ser sancionada, assim como ampla divulgação sobre a legalidade das doações.

Para saber mais:

Lei de Incentivo ao Esporte – http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11438compilado.htm


Pesquisadores lançam livro sobre Políticas de Esporte nos Anos Lula e Dilma
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José Cruz

Por Pedro Fernando Athayde

 Nesta segunda-feira, 16 de novembro, na UnB, será lançado o livro

“Políticas de esporte nos anos Lula e Dilma”

 A obra, organizada por pesquisadores da Universidade de Brasília – Wagner Barbosa Matias, Pedro Fernando Athayde e Fernando Mascarenhas –, reúne artigos científicos produzidos nos últimos anos sobre megaeventos esportivos, futebol, financiamento e programas sociais de esporte.

Lula e Dilma  Compreender um período histórico (os últimos 12 anos) ou um fenômeno social (o esporte) não é tarefa simples. Quando se decide trilhar esse caminho a partir de uma perspectiva de análise crítica e dialética, torna-se uma empreitada tão mais complexa e desafiadora. Especialmente porque, nesse caso, deixa de ser uma opção apenas de preferência metodológica ou filosófica e passa a refletir um compromisso ético-político.

Se somarmos esses enormes desafios, de caráter universal às particularidades da formação socioeconômica brasileira, bem como às vicissitudes contemporâneas de um dos períodos mais férteis da nossa curta trajetória democrática, nosso expediente ganha um correspondente simbólico de contornos enigmáticos, sumariados pelo enigma da esfinge:  Decifra-me ou devoro-te!

Decifrar o enigma representado pelo governo Lula – e legado a presidente Dilma Rousseff – no campo esportivo requer uma postura madura e coerente, capaz de considerar as contradições, presentes na esfera econômica, política e social, possibilitando perceber, dentro de um movimento de continuidade e descontinuidade, os avanços e limites deste período.

Horário e local

Consciente dos desafios e limites impostos pelo cenário descrito acima, o Grupo de Pesquisa e Formação Sociocrítica em Educação Física, Esporte e Lazer, da Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília (AVANTE/UnB) organizou o livro que será lançado 16 de novembro, às 18h30 no auditório da Faculdade de Educação Física da UnB.

O lançamento ocorrerá com o debate sobre Esporte, Lazer e Cidadania, com a presença do professor Juan Álvaro Rodríguez Diaz, da Universidade de Sevilla- Espanha.


Blog do Paulinho está de volta
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José Cruz

O jornalismo investigativo volta a ser reforçado com o retorno do Blog do Paulinho, espaço independente penalizado pela Justiça. Paulinho ficou encarcerado por 130 dias, acusado de difamação. O resultado desse afastamento é contado pelo próprio jornalista. Confira aqui 


Brasil renova na Unesco Carta de Educação Física, que não aplica aqui
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José Cruz

Com representantes de 195 países-membros da ONU, o ministro do Esporte, George Hilton, participou em Paris da reunião da Unesco, que na quarta-feira aprovou a revisão da “Carta Internacional de Educação Física, Atividade Física e Esporte”

Hilton Unesco

De volta ao Brasil, o ministro não tem uma só escola pública para visitar, porque o programa Esporte na Escola, desenvolvido em 2013 e 2014, acabou, faltou dinheiro

Satisfação

Como disse o professor Almir Teles, em recente artigo neste espaço, “… O tal programa foi criado mais pela necessidade de prestar satisfação à sociedade, em virtude da proximidade da Olimpíada Rio 2016, do que dar consistência à formação esportiva e cultural aos milhões de escolares brasileiros”.

Memória

24 de agosto de 2001 – Ministro do Esporte Carlos Melles

O programa “Esporte na Escola” prioriza a criança e o esporte como educação, tirando as crianças das drogas e da marginalidade”

11/11/2015 – Ministro do Esporte George Hilton

“... A resolução em Paris, recomendando às nações que elejam a educação física dos povos como prioridade, converge para o plano de esportes que vem sendo desenvolvido pelo governo brasileiro”.

Como o ministro disse isso em Paris, ninguém entendeu. Aqui, é mentira.

Mais

Plano de esporte que vem sendo desenvolvido pelo governo brasileiro…”

O tempo do verbo,  “vem sendo desenvolvido”, ficará registrado, como a mentira de Carlos Melles. Há 14 anos… “vem sendo desenvolvido” …

Coincidências

E o que Melles e Hilton têm em comum, além de serem deputados por Minas Gerais?

Ambos não entendem nada do assunto.

Melles era formado em agronomia! Era especialista e continua produtor de café! mas foi ministro do Esporte!!!

Hilton é radialista, apresentador de televisão, teólogo, animador e especialista em…. Em que mesmo?

Ah, sim! É ministro do Esporte.


CPI, CBF e o valor “astronômico” da Copa 2014
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José Cruz

Os R$ 9,5 bilhões projetados pela CPI do Futebol (e não por este blogueiro) sugerindo possíveis ganhos da CBF na Copa 2014 é, de fato, exorbitante. É algo perto de outro tanto de estádios recentemente construídos para o Mundial da Fifa, e é difícil imaginar resultado assim para apenas uma entidade no contexto do Mundial de Futebol. Para que se tenha ideia, R$ 9,5 bilhões correspondem ao lucro acumulado de apenas sete meses de um dos principais bancos particulares do país.

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Por ser “astronômico” os R$ 9,5 bilhões tornaram-se estratégicos na CPI do Futebol, uma forma de alertar o judiciário quanto à necessidade de novas quebras de sigilos, como ocorreu com Marin, buscando esclarecer, sem extravagâncias, sobre o real resultado financeiro da Copa 2014.

Cálculo

Calculada pela área técnica da CPI, a projeção não é aleatória. Ocorreu com base no recolhimento de imposto de renda do ex-presidente da CBF, José Maria Marin –  sócio minoritário (0,01%) no COL (Comitê Organizador Local). O imposto sobre R$ 985.201,95 foi por “participação em lucros ou resultados”, conforme declarado.

Diante desse ganho, entre outros declarados pelo ex-cartola, atualmente preso pela Justiça norte-americana, acusado de sonegação fiscal, quanto teria ido – e a que título –  para a CBF, majoritária no COL (99,99%)? Para esclarecer, o Blog enviou ontem à noite perguntas à assessoria da CBF.

Dribles no campo político

Nesse raciocínio, os técnicos da CPI chegaram ao estupendo valor que provocou longa discussão, mas que evidencia uma estratégia nessa disputa no campo político, liderada por um ex-jogador campeão do mundo e tradicionais cartolas do nosso futebol.

Ontem, por exemplo, a CBF avançou no primeiro tempo, quando seu assessor parlamentar, Vandemberg Machado, conseguiu esvaziar o plenário da CPI. Sem quórum, evitou a votação de pedidos de quebra de sigilos. Foi mais uma evidente demonstração de longa influência da CBF sobre senadores da República.

Reação

Indignado com o drible, Romário voltou ao jogo, reforçado pelo apoio do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Em poucas horas, a dupla conseguiu 34 assinaturas de senadores (sete a mais que o necessário) para prorrogar os trabalhos da CPI por mais seis meses. Havia o risco de alguns senadores retirarem a assinatura, o que é normal, e impor nova derrota à CPI. Espertamente, Romário aproveitou a sessão noturna e de plenário cheio para que o pedido fosse lido e aprovado em tempo recorde.

A CPI que encerraria seus trabalhos em dezembro, depois de um semestre de sabotagens, inclusive com o relator, Romero Jucá, contribuindo para a falta de quórum,  vai até julho de 2016.

Ao dispor

O espaço deste Blog está à disposição da CBF para esclarecer sobre os temas aqui tratados.

A ilustração deste artigo foi publicada originalmente na editoria de Economia do uol.com.br

CPI do Futebol tem indícios de que CBF lucrou R$ 9,8 bilhões com Copa 2014
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José Cruz

Depois de revelar que José Maria Marin recebeu R$ 985 mil com a Copa 2014, conforme Rodrigo Mattos, em seu blog, a CPI do Futebol terá nova missão: descobrir se parte destinada à CBF chegou a R$ 9,8 bilhões, que lhe caberia, no rateio de resultados financeiros do evento e como sócia majoritária no COL (Comitê Organizador Local).  A projeção desse valor é da assessoria técnica da CPI, com base nos ganhos de Marin. É nesse rumo que senadores da CPI vão trabalhar na reunião da próxima quarta-feira.

Conforme o contrato de constituição do COL (Comitê Organizador Local), a CBF ficaria com 99,99% do resultado financeiro da Copa no Brasil. O 0,01%  restante iria para o segundo sócio, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, à época, substituído por Marin, atualmente respondendo a processo judicial nos Estados Unidos, acusado de corrupção.

Na declaração de imposto de renda retido na fonte de José Maria Marin, obtida pela CPI, consta o recebimento de R$ 985.201,95, a título de “participação nos lucros ou resultados”, levando os assessores do Comissão a vincular o ganho aos 0,01%  que o dirigente teria direito como sócio minoritário do COL.

Argumentos

Se for considerado que a CBF deveria receber uma quantia proporcional à sua participação no COL (99,99%), considerando que José Maria Marin recebeu R$ 985.201,95, a CBF deveria, então, ter recebido a astronômica quantia de R$ 9.851.034.298,05, que não aparecem em nenhum dos demonstrativos da CBF deste período” – argumentaram os assessores da CPI em novo pedido de quebras de sigilos, que será votado na próxima semana pelo plenário da Comissão.

Se continuar nesse ritmo de investigações, com quebras de sigilos de cartolas, a CPI do Futebol, presidida pelo senador Romário, avançará no objetivo principal de identificar quem ganha com contratos milionários de jogos da Seleção Brasileira.

A CBF esclarece:

“A Confederação Brasileira de Futebol não lucrou qualquer valor para organizar a Copa do Mundo de 2014. A informação de que o evento teria dado à CBF um lucro de R$ 9,8 bilhões de lucro é absurda, mal-intencionada e baseada em premissas falsas e deduções que fogem ao razoável.

Surpreende o fato de o Portal UOL e este jornalista darem tamanho espaço à desinformação, oferecendo destaque a dados irreais, que um mínimo de conhecimento e boa vontade permitiriam constatar serem absolutamente equivocados.”

Resposta do blogueiro

“Não surpreende a CBF contestar o post, pois, normalmente, desconhece o valor da informação. Está mais preocupada em escondê-la de jornalistas.

Surpreende, sim, é dar interpretação errada ao que está escrito. Não se diz, em qualquer momento, que a CBF ‘lucrou’, mas que a CPI (observem, não é o blogueiro, mas CPI) tem INDÍCIOS de lucro. Dar outra leitura a isso aí sim configura-se o ‘absurdo’. E, como se explicou, a estrondosa ‘suspeita’ visa provocar na Justiça uma reação positiva à quebra de sigilos de dirigentes. Se a CPI estiver “equivocada” saberemos tratar a informação no momento oportuno.”

 


Doping: “apenas” um dos processos para fraudar o esporte e se faturar mais
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José Cruz

Só a Rússia está sob suspeita? Mas doping, Senhores, é “apenas” mais um recurso dos espertos no mar de lama que se tornaram os Jogos “modernos”

Em 2003 foi o escândalo do laboratório norte-americano Balco, fornecedor  de substâncias proibidas a atletas de ponta. Agora é a vez de a equipe russa de atletismo estar no topo das denúncias de doping de atletas em competições oficiais.

As protagonistas desses eventos separados por 12 anos são duas potências historicamente antagônicas, Estados Unidos e Rússia, que reacendem a “guerra fria” nos esportes. Para saber mais, leiam “Os senhores dos anéis”, de Vyv Simson e Andrew Jennings, o mesmo que detonou o escândalo de corrução na Fifa. “Poder, dinheiro e drogas nas Olimpíadas Modernas. jennings

No Brasil

No Brasil, tivemos casos ruidosos, no atletismo, todos punidos, e na equipe de natação, liderada por Cesar Cielo, livre da acusação “porque a droga (furosemida) teria sido contaminada no laboratório de manipulação”, como argumentou a defesa do atleta. E tudo ficou limpo…

Agora, as revelações sobre o doping no atletismo russo recolocam na lama o esporte de alto rendimento. E os resultados dos Jogos Rio 2016 já começam a cheirar mal. Vale reler o que disse o dono do Laboratório Balco, Victor Conte, por ocasião dos Jogos de Londres-2012:

“Basicamente, é só propaganda dizer que estes (Jogos de Londres) são os Jogos em que mais se gastou com testes e que “estamos fazendo 6 mil exames”. … “Você tem que colocar o anzol na água quando os peixes estão mordendo (treinos fora de eventos), e isso foi há nove meses atrás. É fácil usar doping e se beneficiar durante a Olimpíada? Sim”, afirmou Victor Conte. Pelo escândalo, Conte foi condenado a quatro meses de prisão e mais quatro em prisão domiciliar, em 2005.

Agora, o relatório da Agência Mundial Antidoping, com conversas grampeadas para chegar ao escândalo russo, demonstra que até os laboratórios de análises são suspeitos, acusados de aceitar dinheiro para fraudar resultados. Não há mais confiança na cadeia do combate ao doping, a partir da coleta do material (urina ou sangue) até sua manipulação para chegar aos resultados.

Só a Rússia?

Só a Rússia está sob suspeita, atribuindo-se ao escândalo “doping de Estado”, isto é, uma decisão de governo para provar a supremacia no esporte? Os demais países estão “limpos”? E as outras modalidades? O levantamento de peso, ciclismo, tiro, remo …?

Grande negócio

Os aros olímpicos faturam vantagens, mundo afora. Há muito, vale tudo para chegar ao resultado, ao pódio, ao recorde que expõem as marcas de patrocinadores famosos. É dessa exposição, muitas fraudadas pelo doping, que se fatura mais e mais.

Da mesma forma, frauda-se resultado regional para ganhar Bolsa Atleta mais valorizada.

Frauda-se nota fiscal para embolsar grana pública.

Frauda-se licitação para enganar o Estado.

Frauda-se a obra olímpica, destruída, mais tarde, para construir outra, custo em dobro.

Frauda-se projetos na Lei de Incentivo para engordar a conta bancária do esperto.

O doping, Senhores, é “apenas” mais um processo no mar de lama que se tornaram os Jogos “modernos”…


A crise na economia e o cofre aberto para a elite do esporte
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José Cruz

Quem está enriquecendo no circo dos megaeventos, que vende “legados” de mentirinha financiados pelo cofre público falido? Quando o lado oculto do pódio bilionário do esporte será desvendado pelo Ministério Público e Polícia Federal?

O rombo nas contas públicas, que agrava a crise na economia, com significativo aumento da inflação e desemprego, não pode ser dissociado do financiamento do esporte através de recursos federais.

Num panorama de dificuldades extremas, o cofre aberto, a pretexto dos Jogos Olímpicos Rio 2016, é extravagante para uns em prejuízo real para outros, como na concessão da Bolsa Atleta ou na aprovação de projetos da Lei de Incentivo ao Esporte, por exemplo.

Atletas milionários, premiados em valorizados eventos internacionais, são contemplados com Bolsas de até quatro fontes públicas! Não foi esse o espírito da lei ao criar o programa, quando o dinheiro era escasso e, de fato, não chegava ao atleta.

escola esporte

É verdade que tais concessões estão de acordo com a lei. Mas o esbanjamento – porque não há fiscalização –  e a concentração de riqueza nas mãos de privilegiados é uma afronta ao flagelo das camadas inferiores do esporte, ainda sem metas e sem rumos.

Jogo de extremos

Um programa de R$ 70 milhões, como o Atleta na Escola (foto), foi suspenso por … “falta de verba”! Mas o mesmo governo que faz esse corte inexpressivo no orçamento da União concedeu isenções fiscais que chegarão a R$ 3 bilhões (atenção, três bilhões de reais!) para empresas que atuarem em qualquer segmento dos Jogos Rio 2016. Isenções que vão crescer, pois o benefício se estenderá até 31 de dezembro de 2017!

Já a Lei de Incentivo, que injeta R$ 400 milhões anuais no esporte, financia até competições de automobilismo, como se isso fosse obrigação do Estado. Só este ano, R$ 5,5 milhões foram aprovados para eventos de várias categorias.

Onde estão as prioridades? Que planejamento é esse que beneficia o evento rico em detrimento de projetos sócio-educacionais? Quem fiscaliza essa zona? Recentemente, o Tribunal de Contas da União já declarou que teme pelo desvio do dinheiro liberado pelo Ministério do Esporte.

O tempo passou desde a criação de leis sobre a destinação de recursos para projetos do esporte. Mas, nunca foi feita uma avaliação rigorosa para corrigir os rumos dos programas, distorções naturais e fixação de novas metas. Nunca! E volta-se a elementar pergunta: compete ao Estado financiar o alto rendimento, o esporte espetáculo, business, em que os legados são apenas rabiscos e protocolos de intenções?


Atleta na escola, que não ensina esporte
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José Cruz

Por Aldemir Teles

Escola Superior de Educação Física – Universidade de Pernambuco

Em artigo anteriormente publicado neste espaço, me referi ao fracasso do “Programa Atleta na Escola”, do governo federal, numa parceria entre os Ministérios do Esporte e da Educação. O tal programa foi criado mais pela necessidade de prestar satisfação à sociedade, em virtude da proximidade da Olimpíada Rio 2016, do que dar consistência à formação esportiva e cultural aos milhões de escolares brasileiros

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A ação, criada e elaborada nos gabinetes de Brasília, não é suficiente nem me parece a mais adequada para superar a necessidade do acesso à pratica esportiva e, especialmente, da apropriação do conhecimento dos conteúdos do esporte pelos escolares, de forma regular e sistematizada.

Penso que a forma como o “Atleta na Escola” foi idealizado, de forma irrefletida e descontextualizada, não considerou a realidade das escolas, tanto no que se refere às instalações e equipamentos quanto ao currículo escolar da educação física, que não privilegia os conteúdos do esporte, nem mesmo o esporte como componente extracurricular.

Qualificação dos professores

Outra lacuna importante é a deficiente qualificação dos professores, na maioria dos casos, e falta de atualização sistemática desses para atuar no esporte. Quantos professores estão qualificados para preparar um escolar para participar de uma prova de 3000m? Esta é uma das provas da modalidade de atletismo previstas no programa. Correr essa distância em determinada ocasião é muito diferente de participar de competições, que exige uma preparação adequada e sistemática. Além disso, a prova pode significar um risco potencial para a saúde do escolar e é recomendável uma avaliação clínica pré-participação.

Entender essa questão fica mais fácil se compararmos com o “aluno atleta” da Olimpíada de Matemática. Ele estuda essa disciplina durante todo o currículo escolar. Pode até ter reforço com objetivo na participação, mas a aprendizagem ocorre no dia-a-dia. Isso não ocorre com o esporte, que não é suficientemente ensinado, aprendido ou vivenciado nas aulas de educação física, quando acontecem, nem nas atividades extraclasse.

Apesar disso, o programa estabelece a realização das etapas escolar, municipal, estadual, até a fase nacional, como se a realidade das milhares de escolas no país que aderiram à ação estivessem em condições de responder, razoavelmente, às metas estabelecidas. Essa não é a realidade.

Investimentos

Os dados que pesquisei sobre o investimento e participação das escolas e alunos no programa, em 2014, deixaram algumas dúvidas. Por exemplo, quantos dos 4,1 milhões de participantes (18% de escolares da rede pública) chegaram à fase estadual e à fase nacional nos Jogos Escolares da Juventude? Para o investimento de R$ 70 milhões (R$ 1mil por escola; R$ 3,00 por aluno inscrito) é preciso avaliar o resultado do investimento. Assim como outros programas oficiais, a população não tem conhecimento da relação custo/efetividade dos mesmos. Não divulgaram se as metas foram alcançadas ou não. O aumento no número de inscrições de escolas e de atletas não significam, por si só, a qualidade do programa.

Existem acordos com as Confederações para se responsabilizarem pela capacitação dos professores das escolas que aderirem ao programa. É o caso da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo). Parece-me que essa não é tarefa das confederações. Ouvi, de pessoas do Ministério do Esporte, que “programas de qualificação deveriam ser de responsabilidades de treinadores e não de professores”. Então a ideia vai se confirmando sem nenhuma avaliação crítica da questão. Há uma questão, inclusive, de viabilidade. As confederações não possuem quadros para isso.

A extinção ou não realização do “Atleta na Escola” em 2015, seja pelo motivo que for, pode representar um bom momento para refletir sobre os temas apontados aqui e buscar alternativas mais producentes para assegurar o acesso à prática e à aprendizagem do esporte por milhões de escolares no país.

Contato: aldemirteles@uol.com.br

Nota do blog: a fim de incentivar o debate, este espaço está disponível para publicar outras considerações sobre o tema.