Blog do José Cruz

Arquivo : agosto 2015

As medalhas olímpicas e a urna política
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José Cruz

Tecla batida que motiva este artigo, mas como este é um país “sem memória” é preciso repetir e repetir. Até a chegada do próximo ministro, especialista em …. em …  Deixa pra lá!

A 350 dias dos Jogos Rio 2016, dois temas estão na agenda governamental: a conclusão das obras para o certame e a expectativa de a equipe ficar no “top 10” dos países medalhistas. O ministro do Esporte, George Hilton falou recentemente sobre isso no programa “Sabatinas Olímpicas”, da Folha de S.Paulo. Meta viável mas difícil, disse ele. medalhas

Paraquedista no setor, a palavra do ministro que “entende de gente” deve ser considerada como representante do governo. Mas ele não tem visão global do tema em todos os seus segmentos. Apenas foco específico. As limitações ficam por aí, mas já ouvi de gente importante do setor que “o ministro se esforça para se atualizar…”

Preocupação

Recentemente, George Hilton declarou para uma agência estrangeira: “Minha única preocupação (nos Jogos) é “ganhar medalhas”.  Sob o aspecto político, faz sentido, porque medalhas e pódios podem influenciar no resultado da urna do deputado-ministro na eleição seguinte. E lixe-se o esporte, estrutura, legados, massificação, iniciação, talentos… Entenderam?

Legado

Ainda ontem, o professor Aldemir Teles, da Escola Superior de Educação física, da Universidade de Pernambuco, abordou o tema e escreveu, neste blog:

“Para haver legado é necessária preparação, de anos. E não faltando menos de um ano, como no momento. O legado não se dá por si só. Exige planejamento, trabalho. É preciso desenvolver ações com toda a população (do país e não apenas do Rio de Janeiro) para que se engaje efetivamente no evento. Ações essas que não existiram”.

Temos isso? Não temos!

Por exemplo: depois de fazer algum barulho com o lançamento do “Diagnóstico do Esporte”, George Hilton não falou mais sobre os demais itens que faltam divulgar, como “investimentos financeiros” e “infraestrutura”, principalmente. Os números continuam escondidos. Gente do Ministério disse que o ministro está “ensaiando” a próxima apresentação, porque não domina o assunto e não pode fazer feio. Mas disse, também, que os números sobre financiamento não são favoráveis ao governo. Algo como “saiu muita grana e temos poucos resultados”. Portanto, escondam os números. E as informações não entram no debate, que é urgente, como o da formulação de um “sistema nacional do esporte”.

Rumo?

Mas tudo isso demonstra como o governo, 12 anos depois de ter criado o Ministério do Esporte, ainda não tem um rumo para o segmento “esporte”, em toda sua abrangência. Intromete-se no alto rendimento e nos grandes espetáculos (negócio$) e não trata do elementar, o esporte na base. Não trata do fundamental, a atividade física na escola.

Tecla batida que motiva este artigo, mas como este é um país “sem memória” é preciso repetir e repetir.

Até a chegada do próximo ministro, especialista em …. em … Deixa pra lá…

 

 


Jogos Rio 2016: os equívocos do Ministro
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José Cruz

Prof. Ms Aldemir Teles   

Escola Superior de Educação Fisica – Universidade de Pernambuco (aldemirteles@uol.com.br)

George Hilton acredita no papel do esporte como fator de prevenção (de doenças), mais que formar atletas de rendimento. Pensa que esse é “o grande legado que (a Olimpíada) deixará para o país”

Sem grandes (e boas) novidades. Mas quem se apresentou na “Sabatinas Olímpicas”, no jornal Folha de S.Paulo, na terça-feira, foi um ministro do Esporte realista em relação às metas do COB (Comitê Olímpico do Brasil), quanto ao número de medalhas a serem conquistadas. Meta “difícil”, segundo George Hilton (foto) george_hilton

Ele supervalorizou a presença de psicólogos na preparação dos atletas para os Jogos Rio 2016, quando outros recursos indispensáveis, desde a formação, não são disponibilizados para atletas e equipes.

O ministro exagerou ao justificar que o fracasso do Brasil na Copa 2014 deve-se à falta de melhor acompanhamento (psicológico) e ao “nível de tensão muito grande”. Assim, ele minimizou, demasiadamente, os outros aspectos que influenciaram no mau resultado da Seleção Brasileira. Além de não considerar o efetivo potencial da Alemanha, campeã da Copa.

George Hilton acredita no papel do esporte como fator de prevenção (de doenças), mais que formar atletas de rendimento. Pensa que esse é “o grande legado que (a Olimpíada) deixará para o país”.

Considero outro equívoco essa visão utilitarista do esporte. Política de prevenção é com o Ministério da Saúde. O gestor ainda não entendeu as dimensões do esporte como um todo, especialmente a cultural.

Recado

Não haverá legado esportivo, nem na dimensão cultural, nem no sentido de tornar a população mais ativa fisicamente. Para haver legado é necessária preparação, de anos, que antecedem o evento. E não faltando menos de um ano, como ocorre no momento.

O legado não se dá por si só. Exige planejamento, trabalho. É preciso desenvolver ações com toda a população (do país e não apenas do Rio de Janeiro) para que se engaje efetivamente no evento. Ações essas que não existiram.

Desde que o Rio de Janeiro foi eleito sede olímpica, em 2009, dizem em discursos oficiais que os Jogos serão de todos os brasileiros. O ministro George Hilton repete a promessa.

Mas, a pergunta é: como o restante do Brasil está vivenciando esse megaevento? Ou vai vivenciar? Quais ações estão em curso atualmente para que a população brasileira, “do Oiapoque ao Chuí” participe dos Jogos?

A seguir, um levantamento que realizei das estruturas esportivas do país, selecionadas para sediar o Treinamento Pré-Jogos, também chamado de período de aclimatação, para as delegações dos países que virão disputar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos.

Infraestrutura desigual

Os dados, do Comitê Rio 2016, mostram as desigualdades regionais em termos de infraestrutura, tanto na quantidade quanto na qualidade dos equipamentos e a carência de determinadas regiões do país.

Se houvesse interesse, de verdade, na participação da federação, passados seis anos da conquista da sede olímpica, a situação da infraestrutura seria diferente. Foram 176 locais selecionados.

Aldemir

 


Missão para a CPI: quem lucrou com a terceirização dos jogos da Seleção?
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José Cruz

Já na primeira reunião, com jornalistas, ficou claro que a CPI do Futebol precisa chegar aos beneficiados pela exploração da imagem da Seleção Brasileira, que terceirizaram jogos milionários. E conseguirá isso se quebrar os sigilos bancários da CBF e de seus dirigentes. Só então saberemos se a CPI é para valer ou apenas preencher calendário legislativo

CPI

Os depoimentos desta terça-feira na CPI do Futebol, no Senado, tiveram resultado estratégico, e podem mudar a pauta burocrática das convocações apresentadas pelo relator, senador Romero Jucá, para centrar foco na questão maior, a corrupção na CBF.

O jornalista Jamil Chade, correspondente na Europa do jornal O Estado de São Paulo, trouxe cópia de contratos, que ele  já revelou em reportagens, demonstrando que a CBF realizou negócios milionários e suspeitos, a partir da terceirização dos jogos da Seleção Brasileira, por exemplo. Um dos contratos foi com empresa cujo endereço é uma caixa-postal; outro, teve transações no paraíso fiscal das Ilhas Cayman.

Juca Kfouri, pioneiro entre os jornalistas nas denúncias de falcatruas no futebol nacional, citou fatos envolvendo cartolas que reforçaram o que tenho escrito: quatro dos mais influentes presidentes da CBF nas últimas décadas – João Havelange, Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo del Nero – não têm perfil de gestor, mas fichas corridas …

O recente escândalo das propinas, que bateu na FIFA e mantém José Maria Marin preso na Suíça, é exemplo que entra para a história triste do futebol.


CPI do Futebol: e agora, vai?
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José Cruz

Que as conhecidas estratégias da CBF não contaminem a CPI do Futebol, porque as falcatruas continuaram e precisamos saber: afinal, porque os quatro últimos presidentes da CBF não têm perfil de gestor, mas ficha corrida?

Estamos 14 anos atrasados, mas, enfim, começa hoje a CPI do Futebol, no Senado, iniciativa do senador Romário, que preside a Comissão de Inquérito, e relatoria de Romero Jucá (foto). Os companheiros Juca Kfouri e Jamil Chade me acompanham na primeira reunião, hoje, a partir das 10h.  CPI

Há 14 anos tivemos as primeiras CPIs do Futebol, no Senado, e da CBF Nike, na Câmara. Os relatórios finais revelaram muito sobre as falcatruas no esporte, desvio de verbas, enriquecimento ilícito, evasões de divisas, sonegação fiscal e por aí vai.

Mas não houve qualquer reação dos órgãos de governo, principalmente porque a CBF tornou-se íntima de parlamentares e gestores de cargos importantes. Por isso patinamos, ficamos no atraso e as mazelas do nosso futebol acabaram sendo reveladas lá fora, graças, antes de tudo, à persistência de um repórter investigativo que orgulha, o irlandês Andrew Jennings. Suas denúncias foram parar na BBC, alertaram autoridades de outros países, e o futebol mundial passa hoje por investigação de seus bastidores sem igual na história.

Que as conhecidas estratégias da CBF não contamine a CPI de agora, porque as falcatruas continuaram e precisa-se saber, afinal, porque os quatro últimos presidentes da CBF não têm perfil de gestor, mas ficha corrida?

O penúltimo, José Maria Marin, acusado de corrupção, está preso na Suíça há dois meses. O atual, Marco Polo del Nero, não pode sair da rota “casa-trabalho-casa”, sob pena de ser preso. Nem na frente do aeroporto ele passa… Também é acusado de corrupção.

Os dois presidentes anteriores da CBF, Ricardo Teixeira e João Havelange, são do ramo. Havelange renunciou ao cargo de “presidente de honra” da Fifa para não ser processado. Teixeira, renunciou à presidência da CBF um ano antes da Copa, pelo mesmo motivo.

A investigação da CPI precisa chegar no mínimo até Ricardo Teixeira, mas com quebras de sigilos bancário e fiscal para sabermos se esses senhores usaram a principal marca do nosso futebol, a Seleção Brasileira, para ganharem muito dinheiro em negócios suspeitos.

Conseguirá?


Corrupção no esporte: quando a Lava-Jato chegará ao pódio da fartura?
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José Cruz

Um dos temores dos cartolas para a falta de dinheiro após os Jogos Rio 2016 está resolvido. A presidente Dilma Rousseff estendeu até 2022 a vigência da Lei de Incentivo ao Esporte. Estão garantidos R$ 400 milhões por ano, no mínimo.

Em tempos de economia em crise, a medida é temerária.

dinheiro-ralo

Atualmente, muitos milhões perdem-se em corrupção, tanto pela falta de direcionamento estratégico dos recursos financeiros, quanto pela ausência de uma fiscalização eficiente do Ministério do Esporte. Sem falar nos projetos inexpressivos de fundo de quintal, que favorecem o enriquecimento ilícito.

Alerta oficial

Auditores do Tribunal de Contas da União registraram, no processo TC 021.654/2014-0, que, diante da falta de uma política para o setor,há “risco de desvio de recursos públicos destinados ao esporte de rendimento”.

Lava-Jato

Na semana passada, a operação Lava-Jato chegou à Esplanada dos Ministérios, investigando desvio de até R$ 52 milhões em contratos do Ministério do Planejamento.

Não é demais lembrar que a pasta do Esporte também libera verbas, através de convênios com entidades esportivas. E, no caso das confederações, autorizando o uso de até 30% dos recursos para a contratação de empresas “especializadas” para operarem o dinheiro público.

E é aí que está o perigo, porque há espertos gestores que usam empresas de fachada, outras fantasmas, para driblar licitações por exemplo. E essa fraude passa batida na prestação de contas do Ministério, porque ali falta gente em quantidade e com competência para identificar esses roubos.

Principalmente, porque a pasta é dirigida por políticos, desde a sua criação, de olho no interesse de seus partidos. As operações têm demonstrado que é através de órgãos públicos que sai a grana para a caixa de campanha e festas de ocasião. É recente o escândalo de corrupção no Segundo Tempo, que derrubou o então ministro Orlando Silva, hoje deputado federal.


Para que serve o estádio Mané Garrincha?
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José Cruz

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Estádio vetado para jogos: reprovado em duas vistorias

Ironicamente, para que serve um estádio de futebol? Depende, porque o Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, serve para alojar movimentos sociais e rurais, inclusive. 

Serve mais: para estacionamento de ônibus, para show de rock, para receber circos, no lado externo, para abrigar secretarias do governo no seu interior. Serve para peladas em campo “padrão Fifa”, enfim.

Mas o estádio, construído ao custo de R$ 1,8 bilhão e que recebeu jogos pela Copa do Mundo, não serve para jogar futebol. Foi vetado pela CBF para o jogo da primeira partida oficial de um clube da cidade em torneio internacional.

circo

O jogo de terça-feira, pela Copa Sul-Americana – Brasília x Goiás –  foi transferido para o Bezerrão, 30km do centro da capital.  Dos quatro laudos exigidos pela Conmebol, dois foram reprovados: o dos Bombeiros e o da Vigilância Sanitária.

Assim como as demais praças de esporte de Brasília –  o Autódromo, demolido, entre elas –,  o estádio de futebol continua com gestão amadora, quando poderia estar gerando ganhos aos cofres do Distrito Federal.

Mais: até hoje, o custo da obra está sob suspeitas. O governador que bancou essa aberração, Agnelo Queiroz, nunca explicou em detalhes o destino dos R$ 1,8 bilhão.

Por isso, permanecem as suspeitas de que boa parte dessa fortuna foi desviada para caixa de campanha eleitoral, inclusive. Corrupção, como se costuma dizer. Também para isso teria servido a construção do Mané Garrincha.


O pódio paralímpico
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José Cruz

Joaquim Cruz não “fracassou” ou “decepcionou” na volta às pistas, ontem, nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto, como circulou na imprensa. juca

Joaquim voltou à pista, mas não foi competidor. Técnico que é, ele foi guia! E guia não corre à frente do potencial do atleta que dirige, é proibido. Apenas orienta para que o competidor não saia da raia.

Nem sua atleta, a norte-americana Ivonne Mosquera Schmidt, “fracassou”. Ela estava entre as finalistas do maior evento esportivo mundial da modalidade!

Quem superou doenças e pratica esportes sem enxergar, como Ivonne, nunca fica atrás. E o pódio nem sempre é o prêmio maior.

O paralímpismo festeja a vida, também.

E é neste contexto que entra Joaquim Cruz, olímpico, engrandecendo seu currículo de atleta e valorizando o esporte, independentemente de novos títulos.


Rio 2016: “Elefantinhos brancos” ameaçam os legados olímpicos
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José Cruz

A falta de um Sistema Nacional do Esporte e a fragilidade do Ministério do Esporte no controle das verbas que libera indicam, segundo o Tribunal de Contas da União, “risco de que os resultados do Brasil nos Jogos Olímpicos, inclusive a meta de posicionar-se entre os dez primeiros países classificados, se alcançada, não sejam sustentáveis para o período pós-2016”

Os centros de iniciação esportiva que estão sendo construídos com investimentos federais de R$ 967 milhões –  anunciados como “legado” dos Jogos Rio 2016 –  poderão se tornar “elefantinhos brancos”, na previsão do secretário de Controle Externo da Educação, Cultura e do Desporto do Tribunal de Contas da União, Ismar Barbosa Cruz.

Os financiamentos desses centros são liberados sem que o Ministério do Esporte, constate a real necessidade de suas localizações, além de os indicadores que sustentam os investimentos serem de “baixa qualidade”, “não confiáveis”!

Em debate na Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados, Ismar fez rápida avaliação do relatório de “levantamento de auditoria” em entidades do esporte, ponto de partida para um aprofundamento do TCU sobre a realidade do setor, principalmente junto às confederações esportivas, como a aplicação de verbas públicas e o alcance dos objetivos previstos.

Realidade

A responsabilidade operacional dos centros de iniciação esportiva será das prefeituras ou dos governos estaduais, que já enfrentam dificuldades para operarem a estrutura existente, o que permite projetar área de abandonos como já existem Brasil afora.   Caixa de saltos rio

Na Vila Olímpica de Mato Alto, em Jacarepaguá, na Cidade Olímpica Rio 2016,  a falta de manutenção nas instalações de atletismo é real. Veja aqui. Já a caixa de saltos (foto), exibe a realidade do centro público de treinamento.

Mesmo assim, o governo mantém novos investimentos, mesmo sem um sistema esportivo estruturado, de fato, conforme constatou o levantamento do TCU. Atualmente, o Ministério do Esporte debate sobre a formulação de um Sistema Nacional do Desporto, mas sem a participação do Ministério da Educação.

“O levantamento realizado indicou que há uma baixa capacidade operacional do Ministério do Esporte, fragilidade no controle de verbas liberadas e baixo nível de transparência na gestão dos recursos públicos aplicados”, afirmou o secretário Ismar Barbosa.

Recomendação

O relatório do TCU recomenda que seja implantada “uma política nacional de Estado e não de governo, a fim de se garantir a continuidade das ações sem a sujeição a mudanças pela alternância da alta administração”.

Ou seja, a cada troca de ministro, aparecem ideias que sepultam projetos anteriores, provocam novos discursos e, consequentemente, novas liberações de verbas.

O levantamento do Tribunal de Contas da União, indicou:

“Risco de desvio de recursos públicos destinados ao esporte de rendimento;”

“Risco de perpetuação de dependência dos recursos públicos para a manutenção das principais entidades do Sistema Nacional do Desporto”

“Risco  de que os resultados do Brasil nos Jogos Olímpicos de 2016, inclusive a meta de posicionar-se entre os dez primeiros países classificados, se alcançada, não sejam sustentáveis para o período pós-2016”.


Campo de pelada: Mané Garrincha vira alojamento e recebe até rachão
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José Cruz

NO CORREIO BRAZILIENSE

Douglas Carvalho 

O estádio mais caro da Copa do Mundo de 2014 — orçado em em R$ 1,8 bilhão — virou uma espécie de centro de convenções. Palco de apenas sete jogos de futebol neste ano, o Mané Garrincha recebe mais um evento inusitado: a 5ª Marcha das Margaridas. O encontro é vinculado ao Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR) e reúne gente do Brasil e do exterior. Incapaz de atrair os principais times do país, a arena recebeu, na terça-feira (11/8), uma “pelada” de futebol feminino e alojará moradoras do campo e barracas de artesanato até esta sexta-feira (14/8).

A agenda do Mané Garrincha esteve vazia no primeiro semestre deste ano. O estádio sediou apenas duas partidas do torneio amistoso Granada Cup, as duas partidas da decisão do Candangão e três das Séries A e B do Campeonato Brasileiro. Na segunda metade do ano, o calendário parecia promissor. O Flamengo mandaria o duelo com o Santos na arena candanga, mas desistiu. O rubro-negro recebeu o Peixe no Maracanã e bateu recorde de público pagante: 61.421.

MARGARIDAS 2

O Avaí rejeitou proposta de R$ 700 mil para jogar contra o Fluminense no Mané Garrincha. Recebeu o tricolor carioca na Ressacada e conquistou uma importante vitória na fuga contra o rebaixamento. Nem mesmo o Gama deseja mandar partidas no maior estádio do DF. O alviverde receberá os adversários da Série D no Bezerrão.

Fora do foco dos principais times do Brasil, o Mané Garrincha se torna alvo de eventos que destoam do objetivo primordial de sediar partidas de futebol. O setor de bares do estádio serve como alojamento para centenas de participantes da Marcha das Margaridas. Amontoados em colchonetes, eles dividem espaço com barracas de artesanato, roupas e comida. No local, também foi montado um palanque onde integrantes do movimento e até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursaram sobre a marcha. Margfaria 1

Enquanto o petista falava, centenas de pessoas ignoraram a presença dele para fazer um tour por parte da estrutura do Mané Garrincha, especialmente as arquibancadas. “Deve ser lindo ver o Flamengo jogar aqui”, imaginou o paraense Osvaldir Moreira no momento em que fitava as cadeiras inferiores da arena. Ele visita o estádio — e a capital do país — pela primeira vez.

O caríssimo gramado do estádio, retocado há pouco tempo, quando recebeu sementes de inverno vindas de navio da Dinamarca, foi palco de uma pelada feminina organizada pela marcha. Loteado em quatro partes, o campo, que custa R$ 95 mil mensais por mês ao Governo do Distrito Federal (GDF), teve apenas uma exigência: que as jogadoras usassem chuteiras a fim de evitar danos piores ao gramado.

“Não foi um torneio. Apenas um jogo simples com mulheres da marcha”, explicou a secretária executiva da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Monica Maria Guimarães. No círculo central do gramado, um palco em forma de margarida foi erguido para receber, nesta quarta-feira (12/8), a presidente da República, Dilma Rousseff.

Fotos: Carlos Vieira e Antônio Cunha (CB/D.A Press)


Rio 2016: reforma da pista do Engenhão prejudica mais de 100 atletas
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José Cruz

Depois de transformarem o estádio Célio de Barros em estacionamento de luxo para a Copa do Mundo, outra área nobre do atletismo do Rio de Janeiro entra em reforma, e desaloja, sem aviso prévio, competidores da nova geração

atletismo atletas engenhao

celiobarros

Na foto acima, da pista auxiliar, obtida no Facebook, está a imagem de tristeza da técnica e dos atletas, ao se depararem com a invasão de tratores, interrompendo valioso ciclo de treinamento.

O desmanche, iniciado em junho, faz parte da reforma das pistas para as provas dos Jogos Rio 2016. A imprevidência da prefeitura carioca deixou mais de uma centena de atletas sem local para treinar. Repete-se o que aconteceu em 2014, quando fecharam o Célio de Barros (acima).

Estou muito chateada. Dei um treino no início da manhã nessa mesma pista a estava tudo normal. À tarde, quando voltei para treinar com outra equipe, a pista estava bastante destruída, com máquinas trabalhando. Já sabíamos que o local entraria em obras, mas a prefeitura ficou de nos avisar sobre o início da reforma. Fomos pegos de surpresa, sem tempo de procurar outro local” – desabafo da coordenadora técnica de atletismo do Vasco, Solange Chagas do Valle. O depoimento completo está aqui.

A reforma das pistas (auxiliar e principal) do estádio Nilton Santos está orçada em R$ 52 milhões.