As medalhas olímpicas e a urna política
José Cruz
Tecla batida que motiva este artigo, mas como este é um país “sem memória” é preciso repetir e repetir. Até a chegada do próximo ministro, especialista em …. em … Deixa pra lá!
A 350 dias dos Jogos Rio 2016, dois temas estão na agenda governamental: a conclusão das obras para o certame e a expectativa de a equipe ficar no “top 10” dos países medalhistas. O ministro do Esporte, George Hilton falou recentemente sobre isso no programa “Sabatinas Olímpicas”, da Folha de S.Paulo. Meta viável mas difícil, disse ele.
Paraquedista no setor, a palavra do ministro que “entende de gente” deve ser considerada como representante do governo. Mas ele não tem visão global do tema em todos os seus segmentos. Apenas foco específico. As limitações ficam por aí, mas já ouvi de gente importante do setor que “o ministro se esforça para se atualizar…”
Preocupação
Recentemente, George Hilton declarou para uma agência estrangeira: “Minha única preocupação (nos Jogos) é “ganhar medalhas”. Sob o aspecto político, faz sentido, porque medalhas e pódios podem influenciar no resultado da urna do deputado-ministro na eleição seguinte. E lixe-se o esporte, estrutura, legados, massificação, iniciação, talentos… Entenderam?
Legado
Ainda ontem, o professor Aldemir Teles, da Escola Superior de Educação física, da Universidade de Pernambuco, abordou o tema e escreveu, neste blog:
“Para haver legado é necessária preparação, de anos. E não faltando menos de um ano, como no momento. O legado não se dá por si só. Exige planejamento, trabalho. É preciso desenvolver ações com toda a população (do país e não apenas do Rio de Janeiro) para que se engaje efetivamente no evento. Ações essas que não existiram”.
Temos isso? Não temos!
Por exemplo: depois de fazer algum barulho com o lançamento do “Diagnóstico do Esporte”, George Hilton não falou mais sobre os demais itens que faltam divulgar, como “investimentos financeiros” e “infraestrutura”, principalmente. Os números continuam escondidos. Gente do Ministério disse que o ministro está “ensaiando” a próxima apresentação, porque não domina o assunto e não pode fazer feio. Mas disse, também, que os números sobre financiamento não são favoráveis ao governo. Algo como “saiu muita grana e temos poucos resultados”. Portanto, escondam os números. E as informações não entram no debate, que é urgente, como o da formulação de um “sistema nacional do esporte”.
Rumo?
Mas tudo isso demonstra como o governo, 12 anos depois de ter criado o Ministério do Esporte, ainda não tem um rumo para o segmento “esporte”, em toda sua abrangência. Intromete-se no alto rendimento e nos grandes espetáculos (negócio$) e não trata do elementar, o esporte na base. Não trata do fundamental, a atividade física na escola.
Tecla batida que motiva este artigo, mas como este é um país “sem memória” é preciso repetir e repetir.
Até a chegada do próximo ministro, especialista em …. em … Deixa pra lá…