Crise no vôlei sugere ressuscitar a CPI do esporte olímpico
José Cruz
A demissão de Marcos Pina da Superintendência Geral da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) demonstra que as denúncias sobre irregularidades vêm da gestão do presidente Ary Graça, são gravíssimas e envolvem dinheiro público. A consistência dos documentos levantados pelo repórter Lúcio de Castro fez tremer a casa do mais vitorioso esporte brasileiro e do principal banco do país, o do Brasil! A reportagem de Lúcio de Castro está aqui.
A desordem denunciada na atual gestão é continuação da de Ary Graça que, por sua vez, herdou a estrutura montada por Carlos Arthur Nuzman. Uma máquina de funcionamento tão sigiloso que em 40 anos o poder esteve nas mãos de apenas três pessoas: Nuzman, Ary Graça e Pitombo Larangeira. Pitombo acompanha Nuzman e Ary há décadas.
Laranja?
As irregularidades começam com essa situação mal resolvida da presidência da CBV, em que Larangeira assina como “presidente em exercício”. Isso significa que, mesmo na presidência da Federação Internacional de Voleibol, Ary continua no comando da CBV? Não é estranho essa duplicidade? Aí se configura a tal “ditadura dos cartolas”, que comento seguidamente.
O repórter da ESPN, Lúcio de Castro identificou e comprovou que Marcos Pina, superintendente geral da CBV, tem uma empresa para captar patrocínios e fez isso com excelente remuneração na mais valiosa e histórica parceria, com o Banco do Brasil, onde faturou R$ 10 milhões.
Acompanho há muitos anos as negociações entre cartolas e estatais. E são eles, cartolas, que negociam diretamente com as gerências de marketing das empresas (Banco do Brasil, Caixa, Infraero, Correios etc) e, se preciso com as presidências, aí já com assessorias de políticos.
Portanto é estranho e suspeito que a CBV se socorra de uma empresa para assinar o contrato com o Banco do Brasil, pagando R$ 10 milhões pelo serviço. Nególcio estranho e suspeitíssimo, insisto.
Alerta
Este fato é um alerta para que o TCU e Controladoria Geral da União investiguem as demais confederações beneficiadas por verbas públicas. O governo do PT e o ministério do Esporte nas mãos do PC do B, ambiente de farta e comprovada corrupção aqui denunciada, são propícios a esses negócios ilegais para desviar dinheiro público. O caso do Mensalão, de triste final, é exemplo mais recente e volumoso de como os saques ocorrem sob um manto de “legalidade”.
A Confederação de Basquete e a de tênis estão no olho desse furacão e não podem ser ignoradas na fiscalização rigorosa dos órgãos de governo, assim como todas as outras 22 que recebem patrocínios oficiais.
Furacão e CPI
Este episódio envolvendo Marcos Pina é apenas um ventinho diante do furacão que vem por aí envolvendo as finanças do esporte olímpico, há dez anos sustentado pelo poder público.
As investigações da imprensa estão apenas iniciando. E já se tem esse resultado demolidor. Isso sugere que, além da atuação efetiva do TCU e da CGU, seja ressuscitada a proposta de uma CPI do Esporte Olímpico, engavetada no Senado Federal, há dois anos.
Essa proposta apavora Carlos Arthur Nuzman, mas ele está envolvido na atividade esportiva há décadas. A própria CBV tem hoje o perfil empresarial e promocional que ele deixou lá quando presidiu a entidade, a partir de 1975, há 39 anos…
Demissão em poucas linhas: http://www.cbv.com.br/v1/noticias.asp?IdNot=19508