Blog do José Cruz

Arquivo : fevereiro 2013

Atletas e clubes continuam aguardando o dinheiro… que está no banco…
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José Cruz

O companheiro Rodrigo Mattos volta ao assunto de desperdício de dinheiro público para o esporte olímpico, em reportagem publicada no UOL Esporte. Enquanto R$ 70 milhões estão depositados, por falta de regras efetivas para uso, o desperdício é explícito.

A três anos e meio dos Jogos Olímpicos no Rio e campeonatos mundiais no calendário deste ano, quantos atletas são dependentes desses recursos guardados?

E isso ocorre desde março de 2011, quando foi sancionada a Lei 12.395, atualizando a Lei Pelé, fixando, entre  outras normas, os repasses de verbas para a Confederação Brasileira de Clubes (CBC), responsável pela aplicação dos R$ 70 milhões.

Mas a tal regulamentação da nova Lei Pelé, que trata, também, sobre o uso dessa verba está parada no Palácio do Planalto esperando a assinatura presidencial. Há dois anos…

Enquanto isso…

O Ministério do Esporte garante que não precisa regulamentação para usar o dinheiro. Que a Lei é clara nesse sentido. A direção da CBC não aceita o argumento e quer conhecer as regras que estão detalhadas na regulamentação.

O Ministério diz que o dinheiro deve ser gasto da mesma forma que COB e Comitê Paraolímpico fazem com a verba da Lei Piva, que também procede das loterias. A Confederação de Clubes também não aceita.

Faz sentido, pois é verba pública, e isso incomoda muito o gestor se a grana não for aplicada  de acordo com normas específicas.

O TCU está de olho nessas práticas e há exemplos fartos de que a palavra das autoridades do Ministério do Esporte não é o suficiente. Até porque, quem dá essas garantias verbais não é perpétuo no cargo. Amanhã não estará mais ali para testemunhar que deu a ordem e o prejuizo será do gestor.

Assim como no jogo do bicho, vale o que está escrito e, no caso da verba para a CBC,  isso ainda não foi sancionado pela presidente Dilma. Tanto na aposta feita na esquina como na lei em questão a coisa é muito séria… é o Brasil burocrático e complicador.

O que surpreende é que o “bate-boca” pela imprensa dura dois anos, e o saldo bancário cresce mensalmente, pois o dinheiro vem das apostas diárias nas loterias.

O ministro Aldo Rebelo, que conhece muito bem sobre desperdício, pois herdou um ministério farto em corrupção ocorrida na gestão de Orlando Silva, poderia convocar o Conselho Nacional de Esporte, que é órgão de normatização, e fixar regras sobre o assunto, dando reposta definitiva a clubes e atletas.


Luto no esporte. De novo!
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José Cruz

Entre vitórias e derrotas o torcedor é agente, mais uma vez, da violência no esporte.

No domingo, um torcedor do Náutico foi baleado. Está na UTI.

Ontem, um garoto de 14 anos morreu no jogo do Corínthians, na Bolívia.

Que alegria pode-se ter nesta quinta-feira diante dessas agressões, tendo o esporte como moldura principal?


Dinheiro das loterias para o esporte cresceu 12,6% em 2012
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José Cruz

Os apostadores das loterias federais contribuíram em 2012 com R$ 707 milhões para o esporte, segundo balanço da Caixa Econômica Federal.

O valor representa um acréscimo de 12,69% sobre os repasses de 2011 (R$ 627,5 milhões).

O principal beneficiado foi o Ministério do Esporte, que recebeu R$ 438 milhões. Desse total, um terço o Ministério destina às secretarias de esportes estaduais e 0,5% para a Confederação Brasileira de Clubes, conforme determina a Lei Pelé (9.615/1998).

 

BENEFICIADO  

2011

2012

VARIAÇÃO

 

R$

R$

Ministério do Esporte

410.348.000,00

438.579.000,00

6,88%

Clubes de futebol

43.987.000,00

66.183.000,00

50,46%

Comitê Olímpico Brasileiro

146.800.000,00

171.671.000,00

16,94%

Comitê Paraolímpico Brasileiro

26.374.000,00

30.690.000,00

16,36%

T O T A L

627.509.000,00

707.123.000,00

12,69%

fonte: Loterias Caixa/Imprensa

 

Fontes oficiais

Os repasses das loterias para os Comitês Olímpico e Paraolímpico completam 12 anos em 2013, correspondente a três ciclos olímpicos.

Além dessa fonte, o esporte de rendimento recebe verbas do Orçamento do Ministério do Esporte, Lei de Incentivo ao Esporte, patrocínios de oito estatais e Bolsa Atleta para cinco mil competidores.

Outros repasses

No total, parte dos recursos das loterias federais se destinam a 11 segmentos, que a Caixa denomina de “repasses sociais”. Confira:

 

SETOR

2011

2012

VARIAÇÃO

 

R$

R$

Educação

826.112.000,00

936.134.000,00

13,32%

Cultura

270.529.000,00

293.419.000,00

8,46%

Segurança

288.028.000,00

315.141.000,00

9,41%

Seguridade Social

1.606.737.000,00

1.758.077.000,00

9,42%

Outros *

5.252.000,00

8.136.000,00

54,91%

Receita Federal (Imp. Renda)

871.269.000,00

874.309.000,00

0,35%

T O T A L

3.867.927.000,00

4.185.216.000,00

8,83%

* Saúde e Testes especiais
(APAE e Cruz Vermelha

 


Nado sincronizado: a coragem das atletas
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José Cruz

Atletas da natação olímpica e maratona aquática treinam em Brasília até sábado. As demais modalidades da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), nado sincronizado, saltos ornamentais e polo aquático, estão fora da clínica porque têm poucas chances de finais nos Jogos Olímpicos Rio 2016, conforme decidiram o Ministério do Esporte e a confederação.

Entrevista

A propósito, é oportuno ler a entrevista da dupla brasileira de nado sincronizado, Nayara Figueira e Lara Teixeira, ao site “Esporte Essencial”. Fica claro como o planejamento de longo prazo de nosso esporte ainda é frágil. Especificamente para 2016 é um planejamento emergencial.

A dupla foi 13ª colocada nos Jogos Olímpicos de Londres e está fora do programa Brasil Medalha 2016, elaborado pelo Ministério do Esporte com a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).

O programa consiste em injetar R$ 1 bilhão na preparação de atletas que tenham chances de disputar finais nos Jogos OIímpicos Rio 2016.

Selecionei  dois momentos da entrevista ao Esporte Essencial, mas sugiro a leitura integral da reportagem, aqui.

Esporte Essencial: Na opinião de vocês, o que falta para o Brasil evoluir mais no nado sincronizado?

Nayara Figueira: Primeiramente, eu acho que está faltando muito planejamento a longo prazo. A CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) depende do patrocínio dos Correios, então é complicado de saber em quais competições a gente vai conseguir competir no ano. Porque, para nós, atletas, quanto mais competições a gente participar, melhor. E também acredito que tinha que ter muito mais clínicas. As atletas brasileiras tinham que ir para fora, treinar com outras técnicas em outros países, e também trazer gente de fora para dar mais treinos aqui no Brasil. Isso aconteceu ano passado, a Leslie Sproule veio treinar a gente e nós crescemos muito com ela. Então, eu vi que esse é o caminho, mas infelizmente isso não é feito com frequência.

Lara Teixeira: Eu acredito que nós precisamos achar um pouco a linha de trabalho. Eu costumo pensar um pouco diferente do que a CBDA tenta fazer. Porque eles trazem num ano uma técnica canadense, depois uma russa, então nós atletas ficamos um pouco perdidas em relação a que linha a gente tem que trabalhar. Eu acho que o Brasil tem que, aos poucos, construir uma linha de trabalho mais forte, especificamente para o país, não tentar atirar para todos os lados. E também falta um pouco de planejamento. Como administradora, eu sempre penso que o planejamento e a gestão do esporte por trás das atletas é essencial para o resultado. Eu sempre cito o vôlei, que também não tinha estrutura nenhuma no Brasil e, aos poucos, com planejamento sério, foi alcançando resultados e é uma Confederação super bem estruturada, com títulos, ídolos e tudo o mais. Então, eu acho que nós precisamos trabalhar nesse sentido, porque existem muitas meninas novas que tem muito talento e às vezes são desperdiçadas por essa falta de planejamento.

Com licença das entrevistadas, lembro o judô, que há bom tempo faz planejamento de longo prazo e com frequente participação da equipe principal e juvenil em eventos internacionais, justamente onde estão os principais adversários de Mundiais e olimpíadas, com vistas à renovação das equipes principais.

Finalmente:

É raro vermos manifestação de atletas com tanta clareza e objetividade. A maioria se omite com medo de represálias dos cartolas, reais. Parabéns a Nayara e Lara pela contribuição que deram a esse debate, ainda limitado às autoridades e, por isso, possível de falhas.


A complicada transição de Cesar Cielo
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José Cruz

Centro das atenções no primeiro dia da Clínica de Natação em Brasília, Cesar Cielo explicou nesta segunda-feira como administra as relações com seus três técnicos nessa nova fase, depois que o Flamengo acabou com a equipe de natação. Difícil de entender, porque envolve patrocínios. Mas vamos lá.

Há duas semanas, Cielo disse que voltaria a treinar com seu ex-técnico, o norte-americano Scott Goodrich.  “Mais um ali na beira da piscina”, disse ele na coletiva de ontem, ao lado do técnico brasileiro, Albertino (Alberto Silva), comandante da equipe masculina de natação.

Diante da imprensa, as explicações do nadador eram medidas para explicar o novo momento. Porque, além de Scott e Albertino, Cielo consulta seu ex-técnico, o australiano Brett Hawke, que o levou à conquista da medalha de ouro em 2008: “Me faz bem ouvir ele” (Brett).

“Mas o Albertino dá a última palavra”, grantiu Cielo evitando ofender o profissional da CBDA.

“Se o chefe falou está certo”, concordou Albertino, apesar de ter declarado na semana passada que não comandava mais os treinos de Cielo.

Entenderam? Pois é, tá difícil”

Em resumo:

Com uniforme da Embratel, Cielo  estava num evento patrocinado pelos Correios e isso era constrangedor para as duas partes. Principalmente para a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). Afinal, era o maior astro da natação brasileira destoando explicita e publicamente das relações comerciais de sua confederação.

É bom lembrar que, após ganhar a medalha de ouro olímpica em 2008, Cielo  criticou a “falta de apoio da CBDA”. Poucas horas depois, ele aparecia sorridente abraçado ao presidente Coaracy Nunes, já vestindo o uniforme amarelo dos Correios, boné à cabeça. O acerto financeiro deve ter sido expressivo. E merecedor, claro.

É claro que Cielo teve prejuízos financeiros com a saída do Flamengo e precisa compensar isso. É próprio do esporte de rendimento e de campeões olímpicos.

Mas ao anunciar que voltaria a treinar nos Estados Unidos e se apresentar com uniforme da Embratel ele expôs o rompimento – momentâneo, quem sabe – com os Correios. E procura compensar esse desgaste para a CBDA afirmando que Albertino ainda tem a última palavra, mesmo treinando com um norte-americano e recebendo conselhos de um técnico australiano

Se financeiramente  Cielo busca o melhor acordo, tecnicamente parece que ele ainda está no prejuizo, pois é muito técnico opinando num treinamento só.


O frágil momento do tênis e as vaias ao ministro Aldo Rebelo
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José Cruz

 

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, passou por momentos constrangedores no Ginásio do Ibirapuera, domingo, ao ser vaiado na cerimônia de premiação do Brasil Open de Tênis.

Não entro mo mérito da oportunidade dessas vaias, até porque o ministro não estava ao lado do presidente da Confederação de Tênis, Jorge Rosa, esse sim, dirigente que atrai vaias e apupos pela desastrosa gestão que realiza.

Ficou célebre a citação de Nelson Rodrigues: “No Maracanã se vaia até minuto de silêncio”.

Mas não era o Maracanã. Era a capital paulista, terra onde Aldo Rebelo se elegeu deputado federal. Aldo, ex-presidente da Câmara, ministro responsável pela condução de ações para a Copa das Confederações, Copa do Mundo e Jogos Olímpicos Rio 2016.

Justas ou não, as vaias devem ser bom motivo para o ministro realizar uma avaliação sobre o momento de nosso esporte de rendimento a partir do próprio tênis. Se o evento em São Paulo não foi realizado pela Confederação de Tênis, dela teve a chancela.

Mais: teve patrocínio dos Correios. O ente público estava ali, fortemente representado institucional, financeira e politicamente, com a presença do ministro.

E é essa modalidade que provoca vaias que contribui com ricas denúncias de irregularidades na gestão de verbas, aprovadas pelo próprio Ministério dirigido por Aldo Rebelo.

Envolvido com pesadíssima agenda que a Copa do Mundo lhe impõe, o ministro não tem, quem sabe, tempo para cuidar dos demais compromissos de sua pasta. Assim, fica surpreso quando é vaiado publicamente.

Por isso, a manifestação soa como um alerta de que algo não está bem. Há indícios de que o setor vai muito mal. Isso denuncio frequentemente.

Mas essa realidade é mascarada pela euforia dos megaeventos e da fartura de dinheiro público, liberado sem controle ou fiscalização, como testemunham auditorias do Tribunal de Contas.

É hora de parar e avaliar, ministro, com seus assessores, os fieis assessores, porque há espertos à sua volta. Alguns já se foram, outros permaneceram disfarçados de especialistas…

Finalmente:

Sugiro a leitura de dois excelentes artigos sobre o evento de São Paulo, onde se confirma como ainda estamos longe de sermos um país olímpico e reforçam a necessidade de o ministro Aldo reavaliar seu trabalho.

Os artigos, de dois especialistas, Erick Beting, na área de marketing esportivo, e Fernando Meligeni, exemplar ex-atleta, crítico atento, sintetizam  o momento do tênis, em particular, e do esporte der alto rendimento, no geral.


Basquete: 20 anos sem o talento de Kanela (final)
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José Cruz

Por Raul Milliet Filho

Na primeira parte desta pequena História sobre o grande Kanela contávamos que ele tinha plena consciência de sua falta de habilidade como atleta, dedicando-se desde o início de sua carreira ao oficio de treinador.

Togo fica no Botafogo de 1921 até 1947, quando após mais uma de uma série de desavenças com Carlito Rocha, abandona o clube e vai para o Flamengo.

Esta mudança será decisiva para a sua vida e para o basquete brasileiro.

Enquanto no Botafogo, como era comum naqueles tempos de amadorismo (só o futebol se profissionalizara em 1933), Kanela se dividia entre o futebol, water polo e basquete; no Flamengo, a partir de 1950, passa a dedicar-se quase que exclusivamente ao basquete.

Revolucionou o treinamento do basquete brasileiro, valorizando os contra-ataques e introduzindo os arremessos da “zona-morta”. Decretou o fim da “zona-morta”, fazendo seus atletas executarem esses arremessos à exaustão.

A preparação física, o condicionamento atlético e as inovações no campo tático eram observados atentamente por Kanela, que foi precursor do treinamento seriado no basquete nacional.

Foi um ídolo mesmo numa época em que a seleção brasileira era composta por craques como Algodão, Wlamir Marques e Amaury Pasos.

No Flamengo era comum o ginásio – que hoje leva seu nome – ficar lotado para ver o time de Kanela treinar.

Respirava basquete o tempo todo. Era daquele tipo de técnico com estilo professoral, que a  toda hora parava o treino para explicar o jeito certo de executar determinada jogada. Como no caso do “jump”, principalmente após as mudanças das regras  limitando a posse de bola até o “chute”.

Estreou como técnico da seleção brasileira de basquete em 1951. Dirigiu a seleção em quinze competições: sete vezes campeão; três vezes vice; quatro vezes terceiro lugar e uma vez sétimo lugar.

Em 1954, concentra a seleção brasileira de basquete durante três meses na fase de preparação para o campeonato mundial no Rio de Janeiro, na inauguração do Maracanãzinho. O Brasil conquista o vice-campeonato.

Ele considerava este momento como uma virada nos rumos desse esporte.

 “Em 1954 é que a coisa começou a mudar. Nós trouxemos oito cariocas, oito paulistas, dois gaúchos para um treinamento sério. Neste treinamento apareceram Wlamir e Amaury.” (Entrevista concedida ao Projeto Memória do Esporte)

Amaury tinha apenas 19 anos e formou, ao lado de Wlamir ,uma dupla de ouro para o basquete.

O basquete masculino brasileiro conquistou três medalhas de bronze em olimpíadas: em Londres (1948); Roma (1960) e Tóquio (1964). Embora só tenha sido técnico em Roma, o talento de Kanela esteve presente tanto em Tóquio (a base da seleção de basquete tinha sido montada por ele no bicampeonato mundial de 1963) quanto em Londres.

Se nos treinamentos era um estrategista, dentro de quadra ele se transformava. Com um temperamento explosivo, envolvia-se constantemente em brigas e confusões, principalmente com árbitros, dirigentes e torcedores adversários.

Foi um personagem retratado pela pena privilegiada dos maiores cronistas esportivos brasileiros.

Nelson Rodrigues, em “O Tapa Cívico”, exaltou a bofetada de Kanela no árbitro uruguaio, durante o jogo histórico contra a União Soviética em pleno Maracanãzinho, no Mundial de 1963.

 João Saldanha, amigo e ex-atleta de Kanela no futebol juvenil do Botafogo escreveu:

Maior ainda foi o mérito de Kanela não somente no futebol mas em todos os esportes em que foi treinador laureado.  Me refiro à importância do treinamento.  Sem dúvida foi o homem que introduziu no Brasil o treinamento sério e aplicado. 

Em meados da década de 1960, Kanela teve sérios embates com o Conselho Nacional de Desportos (CND) terminando por ser excluído do  comando da seleção masculina de basquete nas Olimpíadas de Tóquio em 1964.

Logo ele, o grande Kanela, comandante desta mesma seleção no bicampeonato mundial em 1959 e 1963.

Por fim sugiro um debate, aos companheiros do CEV. Por não ser diplomado em Educação Física, Kanela passa a sofrer inúmeras restrições a partir exatamente da conquista do bicampeonato.

Não foi o único a padecer destas críticas. O corporativismo foi impiedoso.

Será de fato necessário o diploma de Educação Física para um técnico de campo e/ou de quadra? Não será suficiente o apoio de uma comissão técnica diplomada e especializada?

Sobre o autor

Raul Milliet Filho é doutor em História Social pela Universidade de São Paulo com ênfase em História Contemporânea do Brasil. Desenvolveu pesquisas sobre Esporte, Cultura Popular e Cidadania. Coordenou projetos nas áreas de Seguridade Social, Educação, Esporte e Cultura. Participou da elaboração de material didático para projetos sociais na área pública. Lecionou no ensino médio e universitário. Publicou livro sobre esporte e artigos sobre História do Brasil. Atualmente prepara um livro sobre História do Futebol no Brasil e uma pesquisa sobre Política e Memória no esporte brasileiro.

Saiba mais:

O texto completo da primeira parte está também no site do Centro Esportivo Virtual (CEV).

Entrevista de Raul Milliet Filho à Rádio CBN –  CBN Esportes

Confederação Brasileira de Basquete: http://www.cbb.com.br/Noticias/Show/10665


Bolsa Atleta: um “apoio qualquer”?
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José Cruz

O secretário de Esporte de Alto Rendimento, Ricardo Leyser Gonçalves, reagiu à reportagem de Rodrigo Mattos, do UOL Esporte, denunciando que atletas pegos em doping e outros  com idade avançadíssima são beneficiados pelo Bolsa Atleta.

“No fundo, no fundo, esses jornalistas `udenoesportista` não gostam mesmo de esporte. Acham ruim qualquer apoio do governo ao esporte”, disparou Leyser no twitter.

Não é “qualquer apoio”, Leyser.

Não trate com desleixo os R$ 70 milhões que serão aplicados em bolsa, este ano. Você é o gestor de um bem que não lhe pertence, um bem público. Zelo, portanto.

O Bolsa Atleta é um programa importantíssimo que deveria estar integrado num projeto  amplo do governo, no contexto com os demais programas que liberam muita grana. Mas ainda não temos isso, mesmo 10 depois da criação do Ministério do Esporte.

E não temos porque falta pessoal qualificado em quantidade suficiente para fiscalizar o destino do dinheiro, por exemplo. Estagiários e bolsistas que ocupam essas vagas não têm compromisso com o serviço público. São passageiros em suas funções. E isso facilita a corrupção, como ficou provado no Segundo Tempo e se está próximo de demonstrar na Lei de Incentivo ao Esporte.

Recentemente, não fosse a denúncia de falcatruas na Confederação de Tênis ninguém saberia que o presidente Jorge Rosa apresentou notas fiscais frias de R$ 440 mil numa prestação de contas da Lei de Incentivo. De tal forma enganosas  que o Ministério reconheceu a fraude e determinou a devolução da grana.

Da mesma forma, se um atleta esperto disser que é campeão sul-americano ou mundial de badminton, por exemplo, e apresentar um documento fabricado com carimbo falso, quem vai comprovar a veracidade do título?

E lá saem R$ 3.100,00 mensais para o bolsita “campeão”.

Jornalista de esporte gosta de esporte, Ricardo Leyser. E gosta, também, de jogo limpo com dinheiro público.


Copa em Brasília: as mordomias estão chegando. Quem se habilita?
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José Cruz

 

O Governo do Distrito Federal comprou mil ingressos VIP e um camarote fechado para o jogo de inauguração do estádio Mané Garrincha, Brasil x Japão, abertura  da Copa das Confederações.

Quem vai pagar a conta é o Banco de Brasília, mixaria de R$ 1,5 milhão, segundo o Diário Oficial do DF. A reportagem com detalhes está aqui.

O estádio Mané Garrincha será entregue à Fifa em 14 de abril. A partir daí só se entra lá credenciado ou pagando. Será que o Governo do Distrito Federal está pagando para entrar no estádio que construiu?

Ou será que esses ingressos serão para o governador Agnelo Queiroz fazer média e homenagens com autoridades da República?

O certo é que, a partir de agora, começarão as disputas pelos valorizados espaços.

Quem serão privilegiados que irão para o camarote, espaço nobre da corte?

Deputados distritais? Federais? Senadores? Promotores públicos? Conselheiros do Tribunal de Contas? Integrantes do Ministério Público? ministros do TCU?

É possível que a lista dos convidados seja assim mesmo. Afinal é por esses órgãos – de fiscalização, inclusive –  que a prestação de contas da construção do estádio passará, encerrada a festança.

Portanto, uma exibição preliminar faz sentido, para que todos vejam o gigantismo da obra e que o investimento público de R$ 1,5 bilhão valeu a pena, apesar de serem apenas sete jogos e, depois…


Copa 2014: transparência opaca no Distrito Federal
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José Cruz

Em longo comunicado, o Governo do Distrito Federal rebateu a reportagem de Vinícius Segalla, do UOL Esporte, mostrando que o novo estádio Mané Garrincha terá custo final de R$ 1,5 bilhão.

Paralelamente à reportagem, publiquei na semana passada informações de gastos obtidas no Diário Oficial do Distrito Federal, onde são registradas as operações de gastos públicos.

Os dados foram coletados por especialistas em contas públicas do gabinete da deputada distrital Eliana Pedrosa, que pedirá audiência pública para esclarecer, de vez, tanta obscuridade.

Há rigor nessa pesquisa, de tal forma que a planilha detalhando os gastos contém número de contratos, as empresas beneficiadas e os valores.

O gramado do Mané Garrincha, por exemplo, custou R$ 5.909.382,78, pagos à empresa Greenleaf  Projetos e Serviços Ltda, contrato n. 660/2012.

Entrevista

No sábado passado, o gerente da Copa em Brasília, Cláudio Monteiro, declarou à Rádio CBN que o custo final da obra seria de R$ 1 bilhão.

Cláudio Monteiro é o mesmo que já havia garantido que a obra ficaria em R$ 680 milhões. E que o estádio seria entregue à Fifa em 31 de dezembro do ano passado

Finalmente:

Sugiro visitar a página de “transparência” do Governo do Distrito Federal. O link “Copa 2014 Brasília” direciona para o Portal da Transparência da Controladoria Geral da União!

Os números ali constantes são fornecidos pelo Ministério do Esporte, desatualizados.

Portanto, falta clareza na contas do novo estádio Mané Garrincha. E o governador Agnelo Queiroz não abre esse livro que, por isso mesmo, se torna cada vez mais suspeito.