Blog do José Cruz

Arquivo : junho 2012

Jogos de Verão, que nem a UNE divulgou, gastou mesmo R$ 400 mil…
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José Cruz

Sobre os Jogos de Verão da UNE, de 14 a 23 de janeiro de 2011, que consumiram R$ 400 mil dos cofres públicos, o Ministério do Esporte respondeu, enfim, que o evento foi realizado.

A garantia tem a palavra do então reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Aloísio Teixeira, que pediu a grana e executou o programa.

Como a verba era “descentralizada”, cabia à própria Universidade fazer e aprovar a prestação de contas.

Depois, a turma do Ministério leu o relatório da UFRJ, gostou e aprovou. Tudo em dia.

A nota ministerial diz que o programa integrou a 7ª Bienal de Ciência, Cultura e Arte do 13º Conselho Nacional de Entidades de Base (Coneb), que foi realizado na UFRJ.

As atividades abarcavam campeonatos, oficinas e apresentação de performances de esportes radicais”.

Tudo na Praia do Flamengo, com oficinas de prática de vôlei e a 1ª Copa UNE de Futebol de Praia, que teve a participação de 10 times “oriundos de toda América Latina…

Lembro que o dinheiro foi gasto em “flores, pastas, bolsas…” por aí, conforme prestação de contas.  Nada de bolas de futebol, de vôlei ou material esportivo para o grande campeonato com atletas de 10 países. Nada!

O meu espanto e insistência no caso é porque a própria UNE não sabe o que fez com os R$ 400 mil.  Não respondeu a uma só indagação encaminhada!

Pior!!!

Nem a promotora, União Nacional dos Estudantes, divulgou os “Jogos de Verão” em sua página na “internet!!!  Nada de notícia.

Imaginei que se orgulharia ter organizado uma competição continental, citado a origem dos clubes visitantes, divulgado os campeões, enfim. Mas não! Silêncio total. Nem o então ministro do Esporte, padrinho da liberação do dinheiro, ex-presidente da entidade e a ela intimamente vinculado deu as caras por lá.

Mas, aí está a resposta do Ministério do Esporte, doador dos R$ 400 mil que, oficialmente, foi muito bem aplicado.

E quem sou eu para duvidar da palavra dessa gente? Pelo contrário! Está tudo muito claro, sim. Transparência é por aí.

E não se fala mais nisso.


Funcionário ficha limpa
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José Cruz

O secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento, Ricardo Leyser Gonçalves, lembrava com certa eufioria, no twitter, ontem, que fiz elogios a funcionário do Ministério do Esporte que têm “ficha limpa” nos órgáos de fiscalização do governo.

Nunca deixei de reconhecer os atos lícitos, embora isso seja coisa rara por aqui. Mesmo não vendo muita notícia no gestor que cumpre a lei, pois isso é obrigação de quem tem responsabilidade sobre o que não lhe pertence.

De qualquer forma, repito, há servidores no Ministério do Esporte, entre eles o próprio Ricardo Leyser, que já tiveram algumas contas aprovadas e a notícia à qual Ricardo Leyser se referia foi publicada há dois anos…

Nos processos mais complexos, como os 36 que investigaram e investigam as contas do Pan 2007, a história é outra, e é preciso explicar.

A parte inicial é a investigação feita pelo auditor, que faz relatório detalhado. Depois vem  a apreciação do ministro relator e, finalmente o voto  superior que vai a plenário. Tudo acopanhado pela parte interessada, que é ouvida, investigada, apresenta esclarecimento, justificativas etc.

Porém, em alguns processos, para não constranger o governo o ministro relator, que tem atuação mais política do que técnica, atropela a legislação e muitos se salvam. Basta ler o último relatório do então ministro Marcos Vilaça, antes de se aposentar, indicando a série de irregularidades praticadas nas contas do Pan 2007. Mas, ao final, em nome da pressa, da falta de tempo, da necessidade de o país receber, bem, um grande evento, ele, ministro, entendia a desordem cometida. A bronca era apenas, digamos, para  mostrar que o órgão de fiscalização sabia muito bem como tudo ocorreu

Isso estará bem detalhado – com textos dos processos, inclusive, no livro que começo a esreever, “O lado oculto do pódio”, sem prazo para concluir, pois o tema é longo.

 

 


Tênis: Ministério e Correios se omitem na investigação de denúncias
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José Cruz

Da assessoria de imprensa dos Correios recebi a seguinte nota à consulta sobre as denúncias de falta de transparência e irregularidades na gestão de Jorge Rosa, à frente da Confederação Brasileira de Tênis:

No momento, não haverá manifestação oficial dos Correios. Até a presente data, a empresa não foi notificada por nenhum órgão de controle ou de investigação, mas está à disposição para colaborar no que for necessário, caso seja demandada”.

Dupla omissão

Por telefone, assessora do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, também informou:

Por enquanto, o Ministério não se manifestará sobre o assunto”

Diante dessas posições oficiais fica evidente a fragilidade do sistema de controle dos gestores públicos, que entregam aos órgãos maiores, TCU e CGU a responsabilidade de zelar pelo bem público que é, prioritariamente, compromisso dos repassadores de verbas.

Ao se omitirem de investigar denúncias feitas por um integrante da diretoria da Confederação Brasileira de Tênis, Arnaldo Gomes, que ocupa a segunda vice-presidência desde 2009, Ministério e Correios tornam-se cúmplice de possíveis irregularidades gravíssimas no uso do dinheiro público.

Pior:

Fica a dúvida sobre o teor dos contratos que essas instituições – Ministério do Esporte e Correios –  firmaram com a CBT e outros órgãos beneficiados com dinheiro público.
Não há cláusulas determinando acompanhamento da aplicação das verbas? A norma é esperar pela fraude escancarada para, então, abrir investigações, criar comissões de inquérito, tomadas de contas especiais?
Se isso não é desleixo para com o patrimônio público é atraso administrativo gravíssimo.

As respostas recebidas sugerem estarmos diante de uma fiel e solidária relação entre amigos, pois nem as denúncias que envolvem investigações da Polícia Federal já intimida os possíveis transgressões.

Não se tratam de denúncias infundadas, mas provadas, comprovadas de  suspeitas de fraudes na Confederação Brasileira de Tênis, cujos auditores de seus balanços financeiros também poderão ser responsabilizados pela fragilidade de suas análises.

O que nos espera?

O Brasil olímpico, de bilionárias contas pela frente, tem gestão do esporte dessa forma: de omissão dos seus financiadores e de agressão ao contribuinte, de onde sai o dinheiro para a festa dos espertos.

O caso da Confederação de Tênis soma-se a outros escândalos como o da Federação Paulista de Hipismo, do Segundo Tempo no Instituto Cidade, de Juiz de Fora, envolvendo, inclusive, um ex-diretor do Ministério do Esporte, da Federação Paulista de Xadrez, dos Jogos de Verão da UNE não realizados e por aí vai…

Cobrança

Só no ano passado, a Controladoria Geral da União cobrava a devolução de R$ 50 milhões de instituições beneficiadas com verbas do Ministério do Esporte. Corrupção comprovada.
E, assim, o esporte como instituição governamental insere-se, lamentavelmente, na extensão de escândalos políticos-partidários-financeiros que se sucedem na Esplanada dos Ministérios .

E o ministro Aldo Rebelo, de boas lembranças no desempenho parlamentar, fecha agora os olhos às barbaridades no uso do orçamento sob sua responsabilidade maior. Para a felicidade da cartolagem, imagino, que esfrega as mãos e dá gargalhadas de satisfação diante da inoperância dos órgãos que, omissos, os sustentam e silenciam.

É a inversão dos valores do esporte, instrumento também de educação para os jovens, mas que se torna, cada vez mais, alavanca política-partidária e alvo dos gananciosos por verbas e poder.

Porém, diante da triste e vergonhosa imagem de Lula curvando-se a Maluf, o que mais pode-se esperar de nossos governantes, do esporte, inclusive?

Enquanto isso…

o ex-ministro Orlando Silva intensifica sua campanha para se tornar vereador, na capital paulista…


Os atletas do lixo
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José Cruz

Entre as reportagens que escrevi e guardo com carinho incluo a dos “Atletas do Lixo”.
Depois de três dias acompanhando a rotina de garis arrecadando imundices em Brasília, escrevi um texto que sintetizava a exaustiva atividade desse pessoal, correndo até 40 km por dia. Fôlego para ganhar o pão de cada dia.
Na observação atenta de um amigo jornalista, Jandir Barreto, que sugeriu a pauta, os garis praticavam, inadvertidamente, três atividades esportivas: corrida, sempre acompanhando o ritmo do caminhão;  levantamento de peso, quando erguiam pesados tonéis com o lixo e, finalmente, o arremesso de peso, jogando os próprios tonéis ou sacos de plástico para dentro das caçambas.
Hoje, com modernos coletores, a atividade dos garis está reduzida à corrida. Mesmo assim, haja fõlego.
Homenagem
O assunto vem a propósito da vitória de Solonei da Silva, na 18ª Maratona de São Paulo, domingo passado, quebrando a hegemonia de três anos do sempre desafiador time queniano.
Solonei, que disputou sua quinta maratona, adquiriu o hábito da corrida e ganhou resistência para os 42,195km quando era gari.
Foi assim, no fôlego e na raça de seu trabalho, que ele se descobriu atleta.
Seu resultado, que já havia mostrado com a medalha de ouro no Pan de Guadalajara, é exemplo inquestionável da falta de políticas públicas para o esporte.
O Brasil é farto de competidores que estão escondidos e, muitos, só surgem ao acaso ou por persistência de seus ideais.
Assim, enquanto festejamos o crescimento de Solonei, lamentamos tantos outros atletas ainda escondidos, quem sabe porque, ironicamente, ainda não tiveram a oportunidade de correr atrás do lixo alheio.
Enquanto isso, boas somas do dinheiro público para o esporte se esvai no desperdício e na corrupção, que aqui temos denunciado com freqüência.

Memória
Vou recuperar a reportagem “Os atletas do lixo”, publicada no Correio Braziliense, para que os leitores tenham noção de como também se formam atletas no Brasil.


Tênis: depois das denúncias, silêncio. Cumplicidade?
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José Cruz

Encaminhei cinco questionamentos  a membros do conselho Fiscal da Confederação Brasileira de Tênis e ao responsável pelas auditorias nos balanços anuais da CBT pedindo mais esclarecimentos sobre as denúncias de irregularidades aqui publicadas, vindas do segundo vice-presidente, Arnaldo Gomes.

Pedi informações sobre as contas correntes laranjas da Confederação, cedidas pelo Instituto Tênis; indaguei se é legal este tipo de operação, usar contas bancárias de terceiros, diante da legislação brasileira.

Perguntei mais:

Se o auditor dos balanços e os membros do conselho fiscal conhecem em detalhes as receitas e despesas referentes às etapas da Copa Davis, aqui realizadas com a chancela da Confederação Brasileira de Tênis;

Indaguei, enfim, se esses senhores, fiscais de bens públicos recebidos pela CBT, participaram das reuniões de prestações de contas trimestrais impostas pelo estatuto da confederação.

Ninguém se manifestou. Silêncio. Suspeito de cumplicidade!

São profissionais que têm responsabilidades paralelas ao presidente da CBT, Jorge Rosa, gestor maior do dinheiro que recebe de várias fontes do governo federal e, por isso, devem esclarecimentos públicos.

Que fique bem claro: o dinheiro que movimentam não lhes pertence, pois sai dos cofres da ECT, do Ministerio do Esporte, do bolso do torcedor-apostador das loterias, da renúncia do imposto de renda. Portanto, todos têm obrigação de dar esclarecimentos. Não é a simples publicação do balanço financeiro, peça técnica e burocrática, que os isenta de responder às duvidas de suas ações.

Pelo silêncio, omissão ou negligência em seus atos, diretores, auditores e fiscais poderão se tornar cúmplice da ilegalidade, se as denúncias aqui publicadas forem confirmadas na ação judicial que se inicia. Da mesma forma como Jorge Rosa invocou, há sete ou oito anos, para afastar Nelson Nastás da CBT.

Porém, no quesito transparência, o que temos é o continuísmo da gestão anterior


Copa 2014: alerta de uma fraude anunciada
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José Cruz

Em editorial, ontem, O Globo alertou para um fato que demonstra a ousadia política dos envolvidos com a preparação das cidades-sedes da Copa 2014.

Trata-se da retirada de obras da Matriz de Responsabilidade, documento lançado na reta final do governo Lula, registrando as competências de municípios, estados e União, principalmente, no que diz respeito à participação financeira dos investimentos previstos.

Há dois anos escrevo sobre isso, não como previsão, mas repercutindo alertas do Tribunal de Contas da União em seus periódicos relatórios sobre as obras da Copa.

Hoje,a 500 e poucos dias da abertura do Mundial de Futebol, constata-se que o Ministério do Esporte ainda não tem o planejamento de várias ações, previstas para serem apresentadas há dois anos!!! O atraso é real e vergonhoso. Proposital?

O TCU, principal órgão fiscalizador dos gastos públicos, previu que havia uma manobra para mandar às favas a Matriz de Responsabilidades. E assim foi.

Com tal comportamento, o Ministério do Esporte, a pretexto de falta de tempo, terá que atropelar etapas legais da contratação de serviços. Isso facilitará a fraude, permitirá os superfaturamentos, o roubo escandaloso do dinheiro público.

E teremos, então, a repetição da festa do desperdício registrado no Pan 2007, mas entraremos, enfim, no ranking dos países dos megaeventos. E manda a conta para o torcedor …

Para saber mais:

http://oglobo.globo.com/opiniao/copa-sem-legados-videoteipe-do-pan-5220473

 


Olimpíada de Londres: o Brasil, a fartura e as previsões
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José Cruz

Os atletas olímpicos brasileiros repetiram nesta sexta-feira, no Palácio do Planalto, o cerimonial que se renova a cada quatro anos, véspera do embarque rumo aos Jogos Olímpicos.

Faz sentido a visita da delegação  à chefe de Estado, pois o governo federal é o maior patrocinador do esporte de rendimento.

Essa, sem dúvida, é a delegação que teve mais recursos, que viabilizou os melhores meios para que os atletas de todas as modalidades tivessem a sua melhor preparação“, afirmou Bernard Rajzman, chefe da delegação.

Mas alertou:

“A qualidade no treinamento ainda [está] aquém dos países do Primeiro Mundo”, conforme registro na Folha de S.Paulo, hoje.

Mas quando se critica sobre isso, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo diz que é “complexo de vira-latas”, apesar de o alerta vir do principal órgão do olimpismo.

Não há dúvidas de que foi no governo do PT que o governo federal assumiu o esporte olímpico nacional.  Até então, ainda no governo FHC, as dificuldades  eram enormes. Poucas estatais patrocinando e orçamento federal limitadíssimo, reforçado por um sorteio das loterias em anos olímpicos.

Com Lula, que já herdou a Lei Agnelo Piva, criada em 2001, vieram outros investimentos :a Lei de Incentivo ao Esporte, a Bolsa Atleta, valiosos convênios das confederações com o Ministério do Esporte e oito estatais que passaram a usar 22 modalidades como uma de suas peças de propaganda institucional.

E vem mais por aí. Com a regulamentação da Lei Pelé, cujo texto está em análise no Palácio do Planalto, cerca de R$ 40 milhões serão repassados à Confederação Brasileira de Clubes. A verba, das loterias, via Ministério do Esporte, terá aplicação específica, inclusive no desporte escolar e universitário.

Boa grana

Em 2011, completou-se o primeiro decênio da Lei Piva, que turbinou o esporte olímpico com R$ 900 milhões.

E Bernard tem razão, pois não faltaram recursos federais nestes últimos três ciclos olímpicos. Porém, mesmo com a passagem de três titulares pelo Ministério do Esporte, continuamos capengas de uma política integrada para detectar atletas, encaminhá-los a centros de treinamento (temos isso?) e promover a formação profissional.

Acredito, porém, que a previsão de Bernard, sobre o desempenho do Brasil seja conservadora. Ao mesmo tempo em que não faz previsão otimista, preserva o anúncio de possível crescimento de medalhas e participações em finais para festejar como evolução do nosso esporte.

Mesmo assim, não há como ignorar que estamos atrasadíssimos em termos de estrutura esportiva. Temos leis, instituições, fartos recursos financeiros, clubes e potencial humano. Falta gestão centralizada e não como ocorre agora – ou há anos – em que cada um pega o seu quinhão no cofre público e aplica sem metas comuns ou planejamentos integrados.

O desperdício das instalações do Pan 2007 é a principal evidência de que a festa continua com desordem institucional e, neste ponto, a irresponsabilidade é do Ministério do Esporte, que já completou nove anos de atuação…


Tênis: para que não fiquem dúvidas
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José Cruz

Há três anos ocupo este privilegiado espaço do UOL Esporte que, aos poucos, vai se tornando ponto de bons debates fora das quatro linhas.

Portanto, ao responder a mensagem do presidente da Confederação Brasileira de Tênis, Jorge Rosa, o faço em respeito ao leitor e não ao cartola, que não se manifestou quando dos questionamentos enviados. Mesmo porque, depois que virou a mesa para mudar o estatuto e dele se beneficiar, esse senhor não merece mais o meu respeito.

Porém, não transformarei este espaço em discussões cansativas e de desmentidos. De tudo o que escrevi tenho provas. Não sou irresponsável.

Em resumo, fixo-me nos casos que considero mais graves para um dirigente que recebe recursos públicos de várias fontes do governo:

O senhor Rosa usou seis contas correntes do Instituto Tênis – duas do Banco do Brasil, três do Banco Itaú e uma do Banco Nossa Caixa –  para movimentar recursos da Confederação de Tênis. Se precisar, divulgarei o número e as agências dessas contas, todas na capital paulista. Tais operações, que considero um drible para esconder dinheiro de compromissos financeiros, são legais à luz da legislação fiscal e bancária? É, no mínimo, um ato ético?

O senhor Rosa não apresentou balanço de tais movimentações bancárias nem ao presidente do Instituto Tênis, alegando que tal caracterizaria “desrespeito ao sigilo garantido por lei”, conforme mensagem  cuja cópia me foi entregue.

Estive em Florianópolis e obtive, de forma legal, junto ao cartório de registros, cópias das atas e estatutos do Instituto Tênis. Uma das cópias do estatuto tem o artigo 11 alterado, beneficiando a atuação do emitente de cheques, no caso o senhor Rosa. Os detalhes dessa operação, em que datas, texto e assinaturas diferem já contei neste espaço e foi repetido hoje, detalhado e didaticamente em reportagem no jornal O Globo.

O processo no Ministério Público de São Paulo contra a diretoria da Confederação Brasileira de Tênis tem o carimbo de “segredo de Justiça”;  atualmente o documento está na Polícia Federal que investiga as denúncias de irregularidades na gestão de Jorge Rosa.

Sobre prestações de contas, que Rosa alega não serem necessárias, o estatuto da CBT diz o seguinte:

Art. 43 – À diretoria, coletivamente, compete:
f) submeter, trimestralmente, à apreciação do Conselho Fiscal, os balancetes da Tesouraria
.

Temos isso? Portanto, o senhor mentiu, presidente, em sua mensagem ao UOL Esporte. Assim, que confiança merece?

Finalmente:

Conversei novamente com o segundo vice-presidente da CBT, Arnaldo Gomes, que pede transparência CBT e discorda da recente manobra que alterou os estatuto, a fim de permitir a terceira eleição de Jorge Rosa. Arnaldo confirmou todas as informações registradas no blog. E acrescentou que não se afastará do cargo para o  qual foi eleito, pois será nessa condição que combaterá a gestão arbitrária do atual presidente, buscando, prioritariamente  transparência em todos os atos da diretoria.


Tênis: patrocinadores têm obrigação de investigar denúncias. Cartola apela para o deboche
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José Cruz

As denúncias de irregularidades na gestão de recursos públicos da Confederação Brasileira de Tênis (CBT) aqui divulgadas,  comprometendo a seriedade proposta pelo presidente Jorge Rosa, precisam ser investigadas com urgência.

Apesar de o assunto já estar em nível judicial e, inclusive, da Polícia Federal, é indispensável que os patrocinadores do tênis também avancem nas investigações, a fim de se ter efetiva e segura transparência de uma entidade que lida com recursos públicos.

Correios, Caixa – que administra as loterias – Ministério do Esporte, que repassa expressivas verbas à CBT e o próprio Comitê Olímpico Brasileiro, administrador central dos recursos da Lei Piva, têm a obrigação de questionarem a direção da CBT sobre as denúncias e que divulguem amplamente a realidade dos fatos, sob o ponto de vista oficial.

Deve-se considerar que  tais denúncias não vieram de um irresponsável com o propósito de fazer alarido ou brigar por cargos, mas de um dirigente da CBT, o senhor Arnaldo Gomes, terceiro na hierarquia da Confederação.

É raríssimo um comportamento assim. O comum é esconder os fatos ilegais para proteger a diretorria como um todo. Arnaldo ousou ao levantar suspeitas, com base em documentos oficiais  sobre atos gravíssimos, e está sujeito a represálias de seus pares. Também sobre isso precisamos estar alertas para repudiar qualquer tentativa nesse sentido.

Parceiro de primeira hora quando Jorge Rosa denunciava falcatruas na CBT, em 2005, na histórica campanha que afastou Nelson Nastás, Arnaldo Gomes alerta, agora, para  a repetição de problemas de então. Não foi para isso que criaram o movimento Tênis Brasil. E onde estão os parceiros daquele momento de apoio a Jorge Rosa, entre outros Gustavo Kuerten?

Engraçado e triste

Ao explicar  seu vínculo de empresário do tênis com benefícios que pode receber da Confederação, da qual é o primeiro vice, Jesus Tajra tentou ser engraçado com a repórter Carol Knoploch, de O Globo, conforme reportagem ontem publicada.

Porém, na sua ironia de ocasião foi debochado e acabou acusando o próprio presidente do COB, Carlos Nuzman, de também se beneficiar do cargo.

Denúncia que foi repelida pelo COB na mesma reportagem, mas isso demonstra dois fatos: a irresponsabilidade de um dirigente do tênis e a necessidade crescente de uma investigação rigorosa no sistemaa esportivo nacional, contemplado com milhões de recursos financeiros mas sem a fiscalização adequada.

A pretexto de identificar talentos, formar atletas e coordenar delegações esportivas o esporte de rendimento tornou-se fonte inesgotável de enriquecimento de poucos com financiamento de verba pública. Isso é real, e  se o governo não está interessado em fiscalizar, que seja o Congresso Nacional – também suspeito por sua frágil idoneidade – mas ainda o representante maior da democracia que se  defende.

Pior foi a manifestação de Jorge Rosa, desrespeitoso com a repórter Carol Knoploch, baixando o nível do deebate e fazendo pouco de acusações sérias que deveriam merecer dele o rigor da transparência.

Principalmente, porque Jorge exerece um mandato até agora sem resultados que nos orgulhem.

Ao contrário, é vergonhoso para o Brasil, que já teve tenistas de expressão internacional, suplicar para tenhamos um representante na Olimpíada de Londres, pois pela qualificação de direito não conquistamos a vaga.

 

 

 

 

Portanto

 


Falta de transparência provoca crise na cúpula do tênis, que é investigada pela Polícia Federal
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José Cruz

Segundo vice-presidente da Confederação de Tênis pede na Justiça esclarecimentos sobre gestão financeira do presidente Jorge Lacerda Rosa

Segundo vice-presidente e terceiro na hierarquia sucessória, Arnaldo Gomes rompeu com o presidente da Confederação Brasileira de Tênis (CBT) e foi à Justiça pedir que as contas do cartola Jorge Lacerda sejam investigadas em detalhes.

Arnaldo está envolvido com os demais membros da diretoria da confederação numa queixa-crime que tramita no Ministério Público, em São Paulo,   O processo n. 134.001.003152/2011-81, atualmente na Polícia Federal, está em segredo de justiça.

Ao descobrir esses detalhes, Arnaldo deu um basta. Até então acreditava na palavra do presidente. Em fevereiro deste ano, Jorge Rosa visitou Arnaldo, em Brasília, quando garantiu que o processo era exclusivo contra a presidência da CBT. Nessa reunião estavam o assessor da CBT, Sérgio Opréa, e o presidente da Federação Brasiliense de Tênis, Carlos Mamed.

Arnaldo assumiu a vice-presidência em 2009, mas apoiou as mudanças na CBT em 2005, quando Jorge Lacerda Rosa foi eleito.

“Não foi para esconder as contas da confederação nem para realizar acordos suspeitos que tiramos Nelson Nastás, afirmou Arnaldo.  Ele também se queixa que falta transparência na gestão, pois nem as reuniões do conselho fiscal são realizadas trimestralmente, como determmina o estatuto da CBT.

As suspeitas de Arnaldo incluem a proximidade do primeiro vice-presidente da CBT, Jesus Tajra, proprietário da empresa Set Point, de Fortaleza. Tajra é beneficiado com a indicação da CBT para realizar eventos de tênis, sua especialidade, caracterizando o uso do cargo para se beneficiar de recursos da Confederação”.

Contas laranjas

Um dos casos mais graves narrados por Arnaldo é de um suspeito contrato  da CBT com o Insstituto Tênis, de Florianópolis, do qual Jorge era o vice-presidente. Numa parceria firmada em 2006, o Instituto autorizou que Jorge Lacerda Rosa usasse suas contas correntes para movimentar recursoss da Confederação Brasileira de Tênis.

Tais contas correntes, segundo Jorge, eram necessárias porque, ao assumir a CBT o dinheiro que recebia dos torneios de tênis estava comprometido com débitos da gestão anterior, de Nelson Nastás. Assim, ao usar o Instituto Tênis configorou a criação de contas “laranjas” para driblar a Justiça. Pior: não  prestou contas dessas movimentações bancária, segundo Arnaldo Gomes.

“Nunca vi uma só prestação de contas dessa movimentação bancária, além de ter sido um ato contrário às normas legais e aos princípios éticos que propusemos implantar na Confedeeração de Tênis”, afirmou o segundo vice-presidente.

Gravíssimo

Pela análise dos documentos dessa parceria, Arnaldo constatou que o estatuto do Instituto Tênis – que cedeu seis contas correntes à CBT – foi adulterado e registrado em cartório sete meses antes da realização da assembléia que aprovou o mesmo estatuto, facilitando a atuação da presidência da CBT.

Memória

Além dos presidentes de federações, renomados tenistas apoiaram o Movimento Tênis Brasil, em 2005, para afastar Nelson Nastás da CBT e manifestando apoio a Jorge Rosa: Gustavo Kuerten, Fernando Meligeni, Thomaz Kock, Nelson Aerts, Ricardo Acioly, Larri Passos, Marcelo Saliola, Patrícia Medrado, Andreia Vieira, João Soares, Mauro Menezes, Roberto Jábali entre outros.

Por conta desses apoios, um processo do Movimento Tênis Brasil, na Justiça de Brasília, foi parar na mesa do juiz federal Eduardo Luiz Rocha Cubas, que diante dos argumentos apreseentados afastou Nelson Nastás da presidêrncia da CBT.  Paralelamente, nomeou o brasiliense Sérgio Oprea como interventor da Confederação, que convocou eleições.  Jorge   Lacerda Rosa venceu.

Agora, indagado sobre aquele ato que visava moralizar a CBT e as denúncias de irregularidades que continuam na Confederação, assim se manifestou o juiz Eduardo Cubas:

Recordo-me que, à época, havia na CBT diversos problemas, inclusive com atuação do Tribunal de Contas da União. Fico muito triste com a notícia de que tais fatos estão sendo objeto de nova investigação”.

Silêncio

Em contatos anteriores com a CBT não obtive respostas às indagações encaminhadas. A assessoria de Jorge Rosa respondeu que “as informações sobre tais assuntos foram prestadas na época oportuna”.

Na verdade, Jorge Rosa escondeu da imprensa as informações sobre as contas laranjas. E como a CBT é uma instituição que recebe expressivas somas de verbas públicas tem obrigação de dar transparência aos seus atos.

Virando a mesa

Em fevereiro deste ano, Jorge Rosa permitiu mudanças no estatuto da Confederação de Tênis, alterando o que ele mesmo havia proposto, mas garantindo que dispute a terceira eleição e continue cartola até 2016. Com uma gestão dessas e mesmo com bom dinheiro em caixa, o Brasil está sem representante nos Jogos Olímpicos de Londres. Depende de um convite para que apenas um jogador seja chamado. Vergonha para o esporte e desmoralização para a gestão do desacreditado Jorge Lacerda Rosa.