Blog do José Cruz

Olimpíada de Londres: o Brasil, a fartura e as previsões

José Cruz

Os atletas olímpicos brasileiros repetiram nesta sexta-feira, no Palácio do Planalto, o cerimonial que se renova a cada quatro anos, véspera do embarque rumo aos Jogos Olímpicos.

Faz sentido a visita da delegação  à chefe de Estado, pois o governo federal é o maior patrocinador do esporte de rendimento.

Essa, sem dúvida, é a delegação que teve mais recursos, que viabilizou os melhores meios para que os atletas de todas as modalidades tivessem a sua melhor preparação'', afirmou Bernard Rajzman, chefe da delegação.

Mas alertou:

''A qualidade no treinamento ainda [está] aquém dos países do Primeiro Mundo'', conforme registro na Folha de S.Paulo, hoje.

Mas quando se critica sobre isso, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo diz que é “complexo de vira-latas”, apesar de o alerta vir do principal órgão do olimpismo.

Não há dúvidas de que foi no governo do PT que o governo federal assumiu o esporte olímpico nacional.  Até então, ainda no governo FHC, as dificuldades  eram enormes. Poucas estatais patrocinando e orçamento federal limitadíssimo, reforçado por um sorteio das loterias em anos olímpicos.

Com Lula, que já herdou a Lei Agnelo Piva, criada em 2001, vieram outros investimentos :a Lei de Incentivo ao Esporte, a Bolsa Atleta, valiosos convênios das confederações com o Ministério do Esporte e oito estatais que passaram a usar 22 modalidades como uma de suas peças de propaganda institucional.

E vem mais por aí. Com a regulamentação da Lei Pelé, cujo texto está em análise no Palácio do Planalto, cerca de R$ 40 milhões serão repassados à Confederação Brasileira de Clubes. A verba, das loterias, via Ministério do Esporte, terá aplicação específica, inclusive no desporte escolar e universitário.

Boa grana

Em 2011, completou-se o primeiro decênio da Lei Piva, que turbinou o esporte olímpico com R$ 900 milhões.

E Bernard tem razão, pois não faltaram recursos federais nestes últimos três ciclos olímpicos. Porém, mesmo com a passagem de três titulares pelo Ministério do Esporte, continuamos capengas de uma política integrada para detectar atletas, encaminhá-los a centros de treinamento (temos isso?) e promover a formação profissional.

Acredito, porém, que a previsão de Bernard, sobre o desempenho do Brasil seja conservadora. Ao mesmo tempo em que não faz previsão otimista, preserva o anúncio de possível crescimento de medalhas e participações em finais para festejar como evolução do nosso esporte.

Mesmo assim, não há como ignorar que estamos atrasadíssimos em termos de estrutura esportiva. Temos leis, instituições, fartos recursos financeiros, clubes e potencial humano. Falta gestão centralizada e não como ocorre agora – ou há anos – em que cada um pega o seu quinhão no cofre público e aplica sem metas comuns ou planejamentos integrados.

O desperdício das instalações do Pan 2007 é a principal evidência de que a festa continua com desordem institucional e, neste ponto, a irresponsabilidade é do Ministério do Esporte, que já completou nove anos de atuação…