Blog do José Cruz

Arquivo : janeiro 2012

O debate sobre a possível saída de Nuzman do COB
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José Cruz

Dois ótimos artigos hoje publicados comentam sobre a gestão do olimpismo nacional.

O primeiro está no blog de Juca Kfouri, aqui.

O segundo, é texto do advogado paulista Alberto Murray Neto, também imperdível. Confira

Diante de opiniões tão qualificadas, resta-me apenas complementar: tal debate ocorre num momento de fartura da economia do esporte.

Houve época em que o esporte de rendimento não tinha recursos financeiros. Nada! Dificuldades de toda ordem. Hoje, nada de braçada na grana pública.

Amanhã publicarei mais uma mensagem mostrando a fartura que sai dos cofres federais para o olimpismo.

A partir do governo Lula, em 2003, as torneiras foram abertas, sem controle. E a economia do esporte de rendimento tornou-se altamente estatizada. Porém, sem que tivéssemos um plano integrado de desenvolvimento. Sem uma política nacional. Sem planejamento, no mínimo! Nisso continuamos os mesmos: nada.


Lars Grael: educação, esporte e socialização
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José Cruz

Para começar 2012, excelente entrevista com o velejador Lars Grael ao Memória Olímpica.

Eis aqui três bons temas abordados:

Educação e Esporte

No Brasil, durante muitos anos, a educação se divorciou do esporte, a educação física perdeu importância e relevância nas escolas de todo o território nacional, o reconhecimento do esporte como vetor de socialização se perdeu e foi nesse sentido que os atletas e ex-atletas começaram a atuar, nesse vácuo deixado pelo estado.”

Estratégia política

É importante valorizar a educação física e o esporte na escola. Essa deveria ser uma estratégia prioritária nas políticas educacionais brasileiras, mas o que vemos hoje é o caminho inverso.”

Doping

O correto é que a Anvisa estivesse alinhada com o laboratório de prevenção ao doping no Brasil. Todo e qualquer medicamento que tivesse substância dopante deveria apresentar esta informação em sua própria caixa.”

Confira aqui a entrevista feita pelos repórteres Nayara Barreto e Thyago Mathias

Para saber mais: Lars Grael.com.br


Pan 2007: a versão oficial
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José Cruz

Com quatro anos e seis meses de atraso começo, enfim, a leitura do relatório oficial dos Jogos Pan-Americanos, três enormes e bem produzidas publicações, de 300 páginas cada uma. Os documentos me foram enviados recentemente por Ricardo Leyser Gonçalves, representante do Ministério do Esporte no Pan 2007 e atual secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento.

Não é possível resumir todos os assuntos em uma, duas, três mensagens. Por isso, vou escrever quantas forem necessárias, pois se trata da versão governamental – por isso oficial – daquele evento realizado no Rio de Janeiro.

Nestes últimos quatro anos fui crítico insistente sobre a oportunidade de realizarmos o Pan e os elevados gastos diante da nossa ausência de políticas de esporte, questão que continua prioritária, na minha avaliação. Foram investidos R$ 3.097.681,00, o orçamento oficial dos Jogos Pan Rio 2007. O orçamento original, de  fevereiro de 2003, previa gastos de R$ 980.702,00.

Por isso, divulgo as informações do relatório, para que o leitor tenha, agora, a versão oficial do Pan, que reuniu 5.623 atletas de 42 países e 1.115 competidores de 25 paíes no Parapan. E uma espécie de preparação para o Rio 2016.

Auditorias

Lembro que acompanho o desfecho das auditorias realizadas pelo Tribunal de Contas da União sobre o assunto. Até aqui, são esses documentos que têm orientado minhas críticas. Foram produzidos 39 processos; nove – os mais polêmicos – ainda não foram julgados. Portanto, uma coisa é a versão oficial; outra é a análise das contas pelo órgão de fiscalização do governo, o TCU.

O que se lê no relatório de 2007 é um resumo do que nos espera para 2016: um evento gigantesco que envolve relações comerciais, políticas e institucionais em níveis federal, estadual e municipal, intercâmbios com organismos internacionais, projetos de segurança máxima etc. E tudo com hora rigorsamente marcada, pois se há um elemento fundamental neste projeto é o compromisso com a televisão internacional.

Recursos humanos

O trecho a seguir – do relatório oficial – dá a dimensão do que foi o Pan:

O primeiro – e maior – investimento do governo federal nos recursos humanos do Comitê Organizador dos Jogos Pan-Americanos (CO-Rio) foi na ordem de R$ 23.271.932,02, através do convênio 008/2007, utilizados na contratação de 547 novos funcionários, incorporados entre janeiro e abril de 2007… Outro convênio de R$ 6.502.818,54 da União manteve 119 profissionais … e um terceiro convênio de R$ 1.845.381,06 federais garantiu a contratação de 150 pessoas para atuar na preparação dos Jogos Parapan-Americanos, em diversas áreas funcionais. Além disso, R$ 2.727,391,02 do Ministério do Esporte foram contratados 46 coordenadores técnicos para trabalhar no Pan e oito no Parapan, com a função de prestar consultoria para o planejamento técnico  e organizacional das modalidades, para que as competições pudessem ser homologadas”.

Dificuldades

Duas questões: um Pan-americano corresponde á realização de 30 campeonatos continentais simultaneamente; pela falta de grandes eventos esportivos no país a dificuldades para contratar mão-de-obra especializada é um dos principais problemas, que já se observa também na preparação dos Jogos Rio 2016.

No Pan 2007 foram aplicados R$ 2.043.352,05 na contratação de mão-de-obra especializada – 164 funcionários – para a produção das cerimônicas de boas-vindas dos atletas e de premiação do Pan e do Parapan: cerimonial, produção musical, direção artística, gerentes de locução bilíngües etc.

Para a área de doping foram repassados  R$ 909.034,25, destinados à contratação de 63 profissionais, entre gerentes, delegados técnicos da Organização Deportiva Pan-Americana (Odepa) e do Comitê Paraolímpicos das Américas, assessores, médicos e veterinários.

Convênios

Em 2007, o governo federal firmou seis convênios com o Comitê Olímpico e 34 com o CO-Rio. “Só entre 1º e 13 de junho, 24 convênios foram assinados. Neste período, a cada dois dias era assinado um convênio, uma demanda quase impossível de cumprir”, relembra José Mardovan Pontes, assessor do Ministério do Esporte responsável pela área.

Orçamento

Resumidamente, o orçamento foi assim constituído

Executores dos Jogos Rio 2007 (R$  milhares)
Comitê Organizador433.383
Governo Federal1.165.009
Governo Estadual RJ290.331
Governo Municipal938.575
Outros270.384
TOTAL3.097.682

 

O governo federal executou diretamente 71,8% dos R$ 1,6 bilhão que investiu nos Jogos… O Comitê Organizador arrecadou R$ 162,2 milhões, dos quais R$ 41 milhões foram em produtos e serviços de patrocinadores e parceiros. Os recursos arrecadados foram investidos em recursos humanos, contratação da emissora oficial – através de convênio com a Prefeitura do Rio –, operações, instalações, comunicação e marketing e outras áreas”.

Custo total dos Jogos 2007 por área

SETORES ATENDIDOSEm R$ milhares
Segurança563.181
Tecnologia368.132
Recursos humanos213.914
Operações100.421
Turismo19.898
Comunicação e Marketing88.967
Jogos Parapan-americano62.921
Esporte48.223
Cultura e Educação12.906
Instalações e Vila1.414.819
Vila Pan-Americana204.300
TOTAL3.097.682

Na próxima mensagem publicarei sobre os impactos econômicos.  Sob o ponto de vista oficial ocorreu o seguinte:

Os estudos confirmam, os efeitos dos investimentos nos Jogos Pan e Parapan-Americanos de 2007 foram bons para o Rio – e ótimos para o País”.

Mais:

A iniciativa privada injetou R$ 6,71 bilhões nas cadeias produtivas do Pan. O impacto total na economia (investimentos mais recursos injetados pela cadeia produtiva) foi de R$ 10,28 bilhões”.

Obs: o relatório completo do Pan 207 está aqui


Quanto pesa o Marrocos no circo da Fifa?
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José Cruz

Geraldo Hasse

Anunciado pela Fifa como sede do Mundial de Clubes de 2013 e 2014, o Marrocos não é marinheiro de primeira viagem em eventos esportivos. Há mais de vinte anos esse país agrícola do norte da África, com pouco mais de 30 milhões de habitantes, busca espaço no rico mundo do futebol. No final da década de 1980, disputou o direito de sediar a Copa de 1994, afinal realizada nos EUA.

Se está no jogo, agora como antes, é porque tem grana para apostar. Bem como a Fifa aprecia e o Diabo gosta, a grana marroquina se concentra nas mãos da família real e poucos apaniguados, o que tende a facilitar a concretização de negócios no âmbito do turismo — palavra que abrange várias atividades, do transporte à hotelaria, passando pela gastronomia, a música e a prostituição. Nesse circo armado para que times de todos os continentes tenham chance de chegar à grande final, os espetáculos esportivos são a cereja do bolo.

O continente africano está chegando tardiamente ao mundão dos eventos esportivos. Já estaria nadando de braçada ao lado das Américas, da Ásia e da Europa se não vivesse tropeçando em recorrentes problemas de subdesenvolvimento econômico e cultural. Já nos tempos de João Havelange a Fifa investia na expansão do futebol na África. O grande parceiro era a Coca-Cola.

Um dos protagonistas centrais dessa epopéia, lá no começo, foi o Santos de Pelé, cujo time – campeão do mundo em 1961 e 1962 — lotava estádios e produzia goleadas em campos sem grama e com escassa cobertura de agências noticiosas internacionais. Jogava por cachês milionários (para a época), metade deles embolsados pelo próprio Craque Café. Também o Botafogo de Garrincha fez excursões pelo continente negro, aproveitando o saldo da fama das Copas de 58, 62 e 70. Com tudo isso, a África levou quase meio século para sediar uma Copa do Mundo. A festa da África do Sul em 2010 revelou que o continente negro continua cheio de problemas que o futebol ajuda a mascarar.

Torneio do Rei

Todo esse contexto de décadas remete a uma história vivida por um grupo de jornalistas brasileiros convidados* a conhecer o Marrocos em julho de 1987. Não foi uma daquelas visitas convencionais, com guias e autoridades mostrando instalações esportivas, aeroportos, estradas e hotéis. Para animar os convidados de sete países mais os donos da casa, o trade turístico marroquino inventou um torneio de futebol entre jornalistas.

Esse programa mezzo amador, mezzo profissional, concebido para provar que o país tinha condições de sediar a Copa de 1994, não funcionou. Sem acreditar nas possibilidades de o Marrocos sediar uma Copa, a maioria dos jornalistas encarou a viagem como passeio grátis e o torneio como festa de fim-de-semana num país exótico. Praticamente ninguém buscou informações sobre a infraestrutura turística do Marrocos. Os próprios marroquinos pareciam descrer do projeto bancado pelo rei Hassan II, dono de metade dos negócios do país.

Além de brasileiros e marroquinos, compareceram jornalistas da Itália, França, Espanha, Portugal, Senegal e Tunísia. Cada “seleção” jogou três partidas na sexta, sábado e no domingo, sem o descanso recomendado pela Fifa, sob o calor senegalesco de Agadir, a Miami da África.

A “seleção brasileira” foi convocada pela Fenaj. Um dos seus diretores, José Paulo Kupfer, não teve dificuldade em conseguir três jogos de material esportivo com a Alpagatas, fornecedora dos uniformes (Topper) da Seleção da CBF. Camiseta amarela, calção azul, meias brancas. Sim, a seleção brasileira de jornalistas vestiu a gloriosa camiseta canarinho nessa jornada africana.

Prevalecendo o critério de representação geográfica, a caravana fenajosa reuniu gente do Amazonas, Ceará, Rio Grande do Norte, São Paulo, Minas, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Rio Grande do Sul. No total, 19 pessoas, sendo três mulheres. Viajou quem tinha passaporte ou arranjou folga ou estava de férias ou era frila ou estava desempregado.

Como alguns não tinham prática no esporte bretão, foi possível apenas formar a espinha-dorsal de um time. A princípio, a equipe contava com um goleiro de nível de Seleção, pois fazia parte da caravana Raul Plassmann, ex-Cruzeiro, ex-Flamengo, na época agente turístico da Air Maroc, estatal de aviação do Marrocos.

Dublê de guia e comentarista da TV Globo, Raul dispensou-se de atuar como goleiro ao ver o desempenho de Madson, jornalista de Natal, que fechou o gol nos treinos. Solidário, o craque imortalizado pelo uso de camisa amarela no gol do Cruzeiro acabou ocupando a vaga de treinador, inicialmente reservada para o célebre João Saldanha, outro jornalista global, que ficou no Rio, com uma distensão na língua.

Em tempos pré-internet já se cogitou mobilizar a equipe brasileira para escrever essa história que merece ficar nos anais da crônica esportiva, mas nunca foi possível coordenar uma narrativa conjunta. Agora talvez seja mais fácil recontar o causo completo a 22 mãos ou mais. Para alguns, a viagem ao Marrocos foi uma simples aventura turística mas para outros foi uma grande e inesquecível jornada futebolística.

Em Agadir, cidade turística com cerca de 100 mil habitantes, reconstruída após o terremoto de 1961, as crianças chamavam os jornalistas brasileiros por nomes familiares: “Sócrates!”, “Zico”, “Falcão”, “Careca!”, craques que nessa época jogavam na Itália, ali perto, e tinham brilhado nas Copas de 82 e 86.

Nem a fantasia superaria tudo aquilo. Era real, mágico, inverossímil. Um dos jornalistas recusou-se a assinar um autógrafo: “Veja a minha barriga, sou jornalista, não sou jogador de futebol”, disse ao garoto que insistia no souvenir. Alguns membros da comitiva sorriam intimamente gratificados por essa maravilhosa identificação popular oriunda do reconhecimento do talento futebolístico dos brasileiros.

Na abertura do Torneio do Rei, o estádio municipal lotado juntou 15 mil pessoas. E, segundo a versão entusiasmada dos garçons do Hotel Atlas de Agadir, as partidas foram transmitidas pelo canal estatal de TV, visando especialmente a agradar ao rei, que vive em seu palácio em Rabat, a duas horas de carro da capital do sul do Marrocos.

Ao que consta, o único jornal brasileiro que publicou alguma coisa sobre essa bizarra excursão brasileira foi O Estado de S. Paulo, que mandou uma “enviada especial”: Kássia Caldeira, recém-chegada do Estado de Minas, onde fora uma das primeiras repórteres a cobrir a área de esportes. A revista Imprensa, editada então por Manoel Canabarro, publicou uma nota sarcástica na seção Gente da edição de setembro de 1987. Nela aparece uma foto do time brasileiro acuado numa barreira: meia dúzia de canarinhos se encolhendo e se protegendo de uma bolada na cobrança de uma falta.

O time brasileiro terminou em 4º lugar, após um desempenho sofrível: na estréia ganhou por 1 a 0 da Tunísia e em seguida levou 3 a 0 do Senegal. Na disputa pelo terceiro lugar, perdeu nos pênaltis para Portugal, depois de um renhido 1 x 1 – foi o único jogo do torneio que teve briga, provocada por um desentendimento brutal entre o goleiro brasileiro e o centroavante português. Considerando o sol inclemente, as altas temperaturas, a falta de preparo físico e o rigor das disputas, a “seleção brasileira” deu-se por satisfeita por voltar inteira ao Brasil, só lamentando uma violenta torção no joelho do mineiro Manoel e quatro pontos na testa do gaúcho Luiz Armando Vaz.

Além do goleiro que colocou Raul para a reserva, os melhores da equipe eram os dois de Brasília e Guilherme Cunha Pinto, o Jovem Gui, que jogava como meia-atacante e era muito respeitado porque aos 19 anos fora para a Europa tentar o futebol profissional e sobrevivera um ano num time da segunda divisão da Suíça. Numa das assembléias prévias para discutir a escalação e a tática do jogo de estréia, Gui mostrou o seu outro talento, como contador de histórias (era repórter especial da Play Boy): “Não me venham com táticas nem estratégias. Se pudermos ganhar o jogo, tudo bem, mas acreditem que estou aqui realizando um sonho de criança”. E calou a todos falando por cada um: “Quando eu era criança, eu me imaginava jogando bola num estádio qualquer com a camiseta da Seleção Brasileira.” E fechou assim: “Me deixem continuar sonhando”.

Entre uma partida e outra, os jornalistas foram levados a conhecer as principais cidades do país: Marrakesh, Meknes, Fes, Casablanca e Rabat, a capital. Segundo a versão oficial, em duas dessas cidades já havia estádios para 100 mil pessoas, coisa que ninguém chegou a conferir, pois tanto a viagem como o torneio e tudo o mais embalavam os convidados num clima surrealismo. Acreditava quem quisesse, iludia-se quem pudesse.

Essa história faz parte de uma época em que mal começava a germinar a semente do narcofutebol, com essas transações milionárias que agora dominam os bastidores do esporte. No Marrocos daquele final dos anos 1980, parecia prevalecer ainda o amor ao esporte. Jogava-se pela gana de jogar. Todos os participantes do torneio, desde os organizadores até os “atletas”, estavam ali para brincar, sem saber que dali por diante os interesses mercantis começariam a arruinar o futebol.

O Marrocos perdeu de goleada para os EUA na disputa para sediar a Copa do Mundo de 1994. Agora esse país tropical, que está para a África como o Peru está para a América do Sul, conseguiu a escalação como sede do Mundial de Clubes de 2013 e 2014. Quanto lhe custou, quanto lhe custará essa indicação? Uma grana pesada, com certeza.

É possível que alguns membros da delegação brasileira tenham uma noção dos valores em jogo. Não me surpreenderia se o próprio Raul Plassmann, que trabalhou para a empresa aérea do Rei do Marrocos, soubesse detalhes das transações entre a Fifa e Rabat. Alô, Raul: vai que essa bola é sua!

* Seleção Brasileira de Jornalistas que foi ao Marrocos em julho de 1987

AM – Deocleciano de Souza

CE – José Paulo de Araujo

DF – Marcos Lisboa e Hamilton

ES – Jésus Miguez

MG – Manoel Guimarães, Luiz “Peninha” Bernardes (com Leonor) e Humberto (Juiz de Fora)

RJ – Octávio Costa, Wilson Timoteo (com Vilma) e Raul Plassmann

RN – Madson

RS – Luiz Armando Vaz

SP – Edgar Alves, Guilherme Cunha Pinto e Geraldo Hasse

Geraldo Hasse é jornalista gaúcho e colaborador deste blog


Alcino Reis deixa a Secretaria do Futebol do Ministério do Esporte
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José Cruz

Confirmou-se hoje a saída de Alcino Reis Rocha da Secretaria de Futebol do Ministério do Esporte, conforme antecipei, no final de dezembro.

Ligado ao grupo do ex-ministro Orlando Silva, Alcino pediu para sair depois de um desentendimento com o ministro Aldo Rebelo. A exoneração foi publicada no Diário Oficial de hoje.

Segundo um deputado, Alcino teria discordado de Aldo, que mandou anular o convênio do Ministério do Esporte com o Sindicato do Futebol, no valor de R$ 6,5 milhões, para cadastrar torcedores. O trabalho não chegou a ser realizado, e um dos primeiros atos de Aldo Rebelo, ao assumir o ministério, em 31 de outubro, foi rescindir a esdrúxula parceria com o Sindicato do Futebol, presidido por Mustafá Contursi.

Com a saída de Alcino, o ministro dá forma ao seu gabinete, mas exibe, também, as divergências partidárias, naturais entre os que ocupam cargos públicos e os burocratas que buscam espaço nos órgãos governamentais.

Agora, falta confirmar se o novo titular da Secretaria de Futebol será mesmo o bicampeão de futebol, Cafu – Marcos Evangelista de Morais. Que, por sinal, prestigiou a posse de Aldo Rebelo, em outubro.

Cafu dirige uma fundação por ele criada, em Jardim Irene, na capital paulista, onde Aldo Rebelo tem forte influência política.

Enquanto isso…

O cientista político Luís Manuel Rebelo Fernandes aguarda a posse na secretaria-executiva do Ministério do Esporte.

O decreto confirmando Manuel Fernandes saiu no último dia 28, quando o Palácio do Planalto tornou “sem efeito” a nomeação de Paula Dias Pini,  que não aceitou ocupar esse que é  o segundo cargo em importância na hierarquia ministerial.

Aos 53 anos, Luis Manuel é formado em Relações Internacionais, na Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, e doutor em Ciência Política.

Vascaíno, ele tem experiência em assuntos do governo. Em 2007, ocupou a presidência da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), órgão do Ministério de Ciências e Tecnologia, quando foi gestor de um orçamento de  R$ 2 bilhões.

 


A maratona olímpica para escrever a “enciclopédia do atleta”
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José Cruz

Uma excelente notícia para a história do nosso esporte inaugura o ano olímpico de 2012. É de Rodrigo Cardoso, da revista IstoÉ 2016, a reportagem contando como a psicóloga, jornalista e pesquisadora, Katia Rubio, trabalha num projeto de fôlego: contar a história de cada um dos 1.667 brasileiros que já estiveram em jogos olímpicos. Quase 600 atletas já foram ouvidos, o que rendeu 800 horas de gravação.

Conheci o ambiente de trabalho de Katia, na Faculdade de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo, onde ela coordena a equipe que realiza essa verdadeira maratona histórica-jornalística.

Numa das salas estão distribuídos vistosos painéis – que Katia chama de “mandalas” – com os nomes dos atletas que já representaram o Brasil em 35 modalidades olímpicas: vôlei, basquete, remo, natação, judô, atletismo, futebol, etc.

Katia exibe suas valiosas "madalas do esporte"

Recentemente, acompanhei uma das entrevistas. Com uma pequena câmera ela grava a conversa, e é a mensagem do atleta que será publicada na enciclopédia, com lançamento previsto para 2015. Dessas conversas, a pesquisadora coleciona informações valiosas sobre a história do nosso esporte. Por exemplo, os homens ganharam mais medalhas olímpicas, mas os melhores desempenhos são das mulheres. Confira a excelente reportagem “O almanaque Olímpico do Brasil”, publicado pela revista IstoÉ 2016, em dezembro último.