Blog do José Cruz

Arquivo : Ministro George Hilton

Mesmo no caos financeiro, Esporte lança o programa “Luta pela Cidadania”
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José Cruz

Enquanto os Ministérios da Educação e Esporte encerram o programa “Atleta na Escola”, porque o governo não tem R$ 70 milhões anuais e frustram três milhões de estudantes, o ministro George Hilton (foto) lança hoje o Programa Luta pela Cidadania (PLC), “destinado a democratizar o acesso às práticas corporais de lutas e artes marciais, seguindo os princípios do esporte educacional”.  

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Para isso, o Ministério fará convênios com órgãos públicos, prefeituras, por exemplo, e financiará a aquisição do material esportivo e pagará os instrutores. Num país de crise também na educação, as escolas têm instrutores capacitados para ensinar lutas e artes marciais a crianças e adolescentes?

Crise e festa

O lançamento do programa, cujo valor anual ainda não foi divulgado, ocorre enquanto analistas econômicos projetam rombo de R$ 100 bilhões no Orçamento de 2016.  Este ano, o governo da presidente Dilma Rousseff não conseguiu honrar o programa de ensino integral na escola, apesar de estarmos na “Pátria Educadora”…

E o que isso tem a ver com o Programa Luta pela Cidadania?

Na medida em que os meses avançam e o dinheiro começa a faltar, surgem os chamados “cortes orçamentários”, que são adiamentos de pagamentos compromissos dos ministérios. Em alguns casos, calote.

Bolsa Atleta

É por isso que a Bolsa Atleta está atrasada sete parcelas. Faltou dinheiro, adiaram o pagamento e comprometeram a programação de sete mil competidores, muitos na reta final para a obtenção de marcas aos Jogos Rio 2016. Só uma determinação da presidente Dilma Rousseff poderá resolver o problema. Há promessas para esta semana. Promessas!

Mais:

Foi por falta de dinheiro que os ministérios da Educação e do Esporte acabaram com o programa Atleta na Escola, frustrando três mil alunos.

É por isso que o governo acabou, ainda em anos passados, com o projeto Pintando a Liberdade, que evoluiu para o Pintando a Cidadania. Os dois foram para o buraco.

É por isso que o governo acabou com o Segundo Tempo, hoje reduzido a meia dúzia de convênios, principalmente porque ali estava um forte foco de corrução.

Mesmo diante dessas tragédias e previsões de caos nas contas públicas surge o Programa Luta pela Cidadania. Irresponsabilidade ou deboche?

 


As medalhas olímpicas e a urna política
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José Cruz

Tecla batida que motiva este artigo, mas como este é um país “sem memória” é preciso repetir e repetir. Até a chegada do próximo ministro, especialista em …. em …  Deixa pra lá!

A 350 dias dos Jogos Rio 2016, dois temas estão na agenda governamental: a conclusão das obras para o certame e a expectativa de a equipe ficar no “top 10” dos países medalhistas. O ministro do Esporte, George Hilton falou recentemente sobre isso no programa “Sabatinas Olímpicas”, da Folha de S.Paulo. Meta viável mas difícil, disse ele. medalhas

Paraquedista no setor, a palavra do ministro que “entende de gente” deve ser considerada como representante do governo. Mas ele não tem visão global do tema em todos os seus segmentos. Apenas foco específico. As limitações ficam por aí, mas já ouvi de gente importante do setor que “o ministro se esforça para se atualizar…”

Preocupação

Recentemente, George Hilton declarou para uma agência estrangeira: “Minha única preocupação (nos Jogos) é “ganhar medalhas”.  Sob o aspecto político, faz sentido, porque medalhas e pódios podem influenciar no resultado da urna do deputado-ministro na eleição seguinte. E lixe-se o esporte, estrutura, legados, massificação, iniciação, talentos… Entenderam?

Legado

Ainda ontem, o professor Aldemir Teles, da Escola Superior de Educação física, da Universidade de Pernambuco, abordou o tema e escreveu, neste blog:

“Para haver legado é necessária preparação, de anos. E não faltando menos de um ano, como no momento. O legado não se dá por si só. Exige planejamento, trabalho. É preciso desenvolver ações com toda a população (do país e não apenas do Rio de Janeiro) para que se engaje efetivamente no evento. Ações essas que não existiram”.

Temos isso? Não temos!

Por exemplo: depois de fazer algum barulho com o lançamento do “Diagnóstico do Esporte”, George Hilton não falou mais sobre os demais itens que faltam divulgar, como “investimentos financeiros” e “infraestrutura”, principalmente. Os números continuam escondidos. Gente do Ministério disse que o ministro está “ensaiando” a próxima apresentação, porque não domina o assunto e não pode fazer feio. Mas disse, também, que os números sobre financiamento não são favoráveis ao governo. Algo como “saiu muita grana e temos poucos resultados”. Portanto, escondam os números. E as informações não entram no debate, que é urgente, como o da formulação de um “sistema nacional do esporte”.

Rumo?

Mas tudo isso demonstra como o governo, 12 anos depois de ter criado o Ministério do Esporte, ainda não tem um rumo para o segmento “esporte”, em toda sua abrangência. Intromete-se no alto rendimento e nos grandes espetáculos (negócio$) e não trata do elementar, o esporte na base. Não trata do fundamental, a atividade física na escola.

Tecla batida que motiva este artigo, mas como este é um país “sem memória” é preciso repetir e repetir.

Até a chegada do próximo ministro, especialista em …. em … Deixa pra lá…

 

 


Jogos Rio 2016: os equívocos do Ministro
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José Cruz

Prof. Ms Aldemir Teles   

Escola Superior de Educação Fisica – Universidade de Pernambuco (aldemirteles@uol.com.br)

George Hilton acredita no papel do esporte como fator de prevenção (de doenças), mais que formar atletas de rendimento. Pensa que esse é “o grande legado que (a Olimpíada) deixará para o país”

Sem grandes (e boas) novidades. Mas quem se apresentou na “Sabatinas Olímpicas”, no jornal Folha de S.Paulo, na terça-feira, foi um ministro do Esporte realista em relação às metas do COB (Comitê Olímpico do Brasil), quanto ao número de medalhas a serem conquistadas. Meta “difícil”, segundo George Hilton (foto) george_hilton

Ele supervalorizou a presença de psicólogos na preparação dos atletas para os Jogos Rio 2016, quando outros recursos indispensáveis, desde a formação, não são disponibilizados para atletas e equipes.

O ministro exagerou ao justificar que o fracasso do Brasil na Copa 2014 deve-se à falta de melhor acompanhamento (psicológico) e ao “nível de tensão muito grande”. Assim, ele minimizou, demasiadamente, os outros aspectos que influenciaram no mau resultado da Seleção Brasileira. Além de não considerar o efetivo potencial da Alemanha, campeã da Copa.

George Hilton acredita no papel do esporte como fator de prevenção (de doenças), mais que formar atletas de rendimento. Pensa que esse é “o grande legado que (a Olimpíada) deixará para o país”.

Considero outro equívoco essa visão utilitarista do esporte. Política de prevenção é com o Ministério da Saúde. O gestor ainda não entendeu as dimensões do esporte como um todo, especialmente a cultural.

Recado

Não haverá legado esportivo, nem na dimensão cultural, nem no sentido de tornar a população mais ativa fisicamente. Para haver legado é necessária preparação, de anos, que antecedem o evento. E não faltando menos de um ano, como ocorre no momento.

O legado não se dá por si só. Exige planejamento, trabalho. É preciso desenvolver ações com toda a população (do país e não apenas do Rio de Janeiro) para que se engaje efetivamente no evento. Ações essas que não existiram.

Desde que o Rio de Janeiro foi eleito sede olímpica, em 2009, dizem em discursos oficiais que os Jogos serão de todos os brasileiros. O ministro George Hilton repete a promessa.

Mas, a pergunta é: como o restante do Brasil está vivenciando esse megaevento? Ou vai vivenciar? Quais ações estão em curso atualmente para que a população brasileira, “do Oiapoque ao Chuí” participe dos Jogos?

A seguir, um levantamento que realizei das estruturas esportivas do país, selecionadas para sediar o Treinamento Pré-Jogos, também chamado de período de aclimatação, para as delegações dos países que virão disputar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos.

Infraestrutura desigual

Os dados, do Comitê Rio 2016, mostram as desigualdades regionais em termos de infraestrutura, tanto na quantidade quanto na qualidade dos equipamentos e a carência de determinadas regiões do país.

Se houvesse interesse, de verdade, na participação da federação, passados seis anos da conquista da sede olímpica, a situação da infraestrutura seria diferente. Foram 176 locais selecionados.

Aldemir

 


Apesar da fartura financeira, ministro quer “fundo” para o esporte
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José Cruz

Sem saber onde está metido, o ministro George Hilton fala na criação de nova fonte para o esporte, um “fundo”. O interessante é que a ideia surgiu em menos de um mês à frente de uma pasta cujo assunto ele não entende, como já revelou. Mas, além de “gente”, parece que o ministro também entende de dinheiro.

 

O dinheiro do tal “fundo” virá do Orçamento da União, recursos privados, oriundos de incentivos fiscais, verbas de loterias etc”.  dinheirrrooo

Em primeiro lugar, o orçamento da União é peça fictícia. O deste ano nem foi aprovado. O do Ministério do Esporte é um mistério. O do ano passado teve apenas 44,8% de execução. Isto é, não gastaram nem 50% dos R$ 3,1 bilhões aprovados, aí incluída a verba dos parlamentares, as “emendas”…

Realidade

Desde 2003 o dinheiro deixou de ser problema para o alto rendimento. De tal forma que os dirigentes olímpicos e paraolímpicos recebem salários, pagos com verbas públicas, atualizados periodicamente!

A S    F O N T E S

Lei Piva – é dinheiro sagrado e crescente. Incremento em torno de 20% ao ano, devido ao aumento nas apostas. Foram R$ 200 milhões só em 2014.

Lei de Incentivo – São R$ 400 milhões anuais disponíveis. Mas faltam bons projetos e há pouca participação do mercado. Dos R$ 3 bilhões em projetos aprovados entre 2007 e 2014 houve captação de apenas R$ 1,1 bilhão. A maior parte dessa grana foi para o futebol profissional. Em sete anos tivemos um desperdício de R$ 2 bilhões.

Estatais – Banco do Brasil, Caixa, Petrobras, Infraero e Correios são as principais. Estimam-se aplicações de R$ 300 milhões anuais. Lembrando que a Caixa patrocina 14 clubes de futebol, com investimentos de R$ 111 milhões, em 2013.

Orçamento e Convênios – São verbas para projetos específicos das confederações e construções de CTs, principalmente nesse ciclo olímpico rumo a 2016. No Orçamento 2014, o projeto “Esporte e Grandes Eventos Esportivos” tinha R$ 2 bilhões disponíveis. Aplicou em torno de 30%, R$650 milhões.

Bolsa Atleta – Foram R$ 183 milhões em 2014, para sete mil contemplados. É projeto expressivo, mas sem fiscalização, sujeito a falcatruas e pagamentos indevidos, como o TCU já constatou.

Forças Armadas – São 700 atletas que integram os quadros das Forças Armadas. Os valores aplicados não estão disponíveis, mas a maioria recebe Bolsa Atleta e patrocínio de estatais.

Confederação Brasileira de Clubes – é beneficiada com 0,5% dos 4,5% que o Ministério do Esporte recebe das Loterias Federais, para projetos de iniciação. Não tenho os valores atualizados, mas o tema merecerá artigo específico.

Enquanto isso…

O ministro fala na criação de um “fundo”. Com o devido respeito, isso é debochar dos que estão na parte de baixo dessa fartura, como as federações, falidas, mas indispensáveis para manter os cartolas da parte de cima, com ótima saúde financeira.

Repeteco

Nenhum dos três ministros que passou pelo Esporte fez um balanço de nossa realidade e propôs rumos de longo prazo para o desporto escolar, para a iniciação, para o alto rendimento. Principalmente porque há dúvidas de que essa grandiosidade financeira continuará depois de 2016. Agora, o ministro George Hilton vai no mesmo rumo: o negócio é dinheiro!

Nesse entrevero da já superada estrutura do nosso esporte e falta de planejamento desperdício de talentos e de dinheiro é real. Estamos com o foco em 2016 e só!

Esse quadro favorece a corrupção, como constatou o Tribunal de Contas da União em auditorias na Lei de Incentivo ao Esporte e na Bolsa Atleta e no próprio Ministério.

Estranho, muito estranho, mas vou continuar neste assunto, porque tenho lá minhas suspeitas. Já vimos este filme…


Brincando de ser ministro
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José Cruz

A entrevista do ministro do Esporte, George Hilton, ao repórter Daniel Brito, do UOL Esporte, é peça histórica na Esplanada dos Ministérios. Escancara o despreparo da excelência e como estamos perdidos no setor.

hhhiiii

Pelas repostas, George Hilton (foto)  lembra “invenções” passadas, que contribuíram para o atraso que temos hoje.

Rafael Greca, por exemplo, nos tempos do PFL; era especialista em turismo, mas atirava nos assuntos do esporte como se fosse grande entendido. E saía dando risadas pelo corredor, com cartolas atrás, aplaudindo suas bobagens …

Ou o deputado Carlos Meles, também ex-PFL, um plantador e exportador de café, que aceitou o “desafio” de ser ministro do Esporte.

Tivemos Agnelo Queiroz e Orlando Silva. Agnelo não conseguia fechar o raciocínio de uma frase. Orlando, que tinha discurso, foi um especialista em enrolação. Mas, como os demais, ignorou a corrupção com as verbas liberadas. Deu no que deu.

Com esta brincadeira de fazer ministro para agradar partidos e ter apoios políticos perderemos mais oito anos: quatro de paralisia, porque agora é tudo em nome dos Jogos Rio 2016; e outros quatro que deixaremos de avançar nas questões elementares, como o esporte escolar, na base, na iniciação, na estrutura do setor, completamente falida. Como ocorreu com Aldo Rebelo, que foi o ministro da Copa do Mundo, continuaremos em ritmo de festa…

E o que dizem os desportistas, cartolas, atletas, ex-atletas, dirigentes em geral que se submetem a essa estupidez política sem qualquer reação?


Novo ministro do Esporte evita conversar com jornalistas
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José Cruz

Também pastor da Igreja Universal, ministro George Hilton confessou: “Não entendo de esporte, mas entendo de gente”, justificando sua disposição para, dialogando, se sair bem na função

Num auditório lotado, mas esvaziado de atletas, com poucos dirigentes e a ausência de representante do COB (Comitê Olímpico do Brasil), o deputado federal George Hilton (PRB-MG) assumiu o Ministério do Esporte com um discurso de otimismo. E, humildemente, o também pastor da Igreja Universal, confessou: “Não entendo de esporte, mas entendo de gente”, justificando sua disposição para, dialogando, se sair bem na função. Até o encerramento deste artigo não se sabia o motivo oficial sobre a ausência do COB. Coaracy Nunes, presidente da CBDA (Confederação de Desporto Aquáticos) e decano dos dirigentes, esteve na cerimônia, assim como os presidentes do Judô, Basquete, Canoagem entre outros. O ex-presidente do Corinthians, Andréz Sanches, agora deputado federal (PT/SP), também compareceu à solenidade. geeeoorfrr

Talvez por ainda conhecer pouco sobre o complexo assunto o ministro tenha desaparecido logo depois de encerrada a cerimônia de transmissão de cargo, promovida pelo ex-ministro Aldo Rebelo. Hilton recebeu meia dúzia de cumprimentos e escapou do assédio dos repórteres.

Antecipadamente, sabia-se que o ministro não daria entrevistas coletiva nem individual. Isso ocorrerá só daqui a uma semana, depois que George Hilton (foto) se reunir com assessores e conhecer melhor os números do setor, segundo a assessoria dele.

Mesmice

A exemplo de Agnelo Queiroz, em 2003, Orlando Silva, em 2006 e Aldo Rebelo, em 2011, o novo ministro disse que intensificará parceria com o Ministério da Educação. “O esporte escolar é o caminho para o desenvolvimento sustentável do esporte brasileiro”.

Na prática não há parceria com a Educação, mas iniciativas individuais, porque não temos um programa de governo, cada pasta faz o que acha que é o correto. O novo lema do governo Dilma Rousseff é “Brasil, pátria educadora”, mas também no discurso de posse, na quinta-feira, a presidente não fez referência a projeto integrado de “educação e esporte”.

Sobre os Jogos Olímpicos Rio 2016, George Hilton assumiu compromisso: “Eu me comprometo com o legado dos Jogos e quero que seja amplo, democrático, nacional e duradouro”.

Na plateia, o general Fernando Azevedo e Silva, presidente da APO (Autoridade Pública Olímpica), que já trabalha nesta questão, por ser competência do órgão que dirige, conforme a legislação.

No mês passado, Azevedo e Silva viajou a Londres para conhecer o projeto de legado dos Jogos de 2012 e melhor encaminhar o assunto no Brasil. O cerimonial do Ministério do Esporte falhou em não chamar o presidente da APO para a mesa, pois ele é a autoridade maior do governo federal para assuntos dos Jogos 2016, o representante do Palácio do Planalto nas relações com os governos municipal e estadual do Rio de Janeiro.

Dos atletas da ativa, apenas Emanuel, medalha de ouro no vôlei de praia, com Ricardo, nos Jogos de Atenas. Ele é marido da ex-jogadora Leila (PRB/DF), que ontem assumiu a Secretaria de Esportes do Distrito Federal e hoje foi levar o seu apoio ao novo ministro e correligionário.


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