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Arquivo : Legado Olímpico

Cadê o legado?
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José Cruz

 “O que significa Top-10 no quadro de medalhas para um Brasil que ainda evita se reunir para debater sobre educação, saúde e esporte na escola? O que acontecerá com o esporte do Brasil após os jogos do Rio 2016? Quais serão as expectativas de medalhas nas próximas edições dos jogos olímpicos uma vez que alçarmos o Top-10?” (Joaquim Cruz)

Excelente artigo publicado no Correio Braziliense, hoje, na matéria assinada por Jéssica Raphaela. Em “Para ser sincera…”, a repórter aborda sobre o atletismo e a dúvida de Fabiana Murer sobre um possível pódio nos Jogos Rio 2016. Confira:

Por Jéssica Raphaela

Os Jogos no Rio de Janeiro não empolgam mais os atletas como ocorreu quando o anúncio foi feito, em 2009. A promessa de que o evento deixaria um legado para o esporte no Brasil passa longe do atletismo. “Foram construídas algumas pistas pelo país, mas falta muita coisa. Há poucos locais de treinamento e ainda faltam estrutura e material!”, reclama Fabiana Murer. fabiana murer

Em pleno ciclo olímpico, a cidade sede viu seu único estádio de atletismo ser demolido para dar lugar a um estacionamento.

“Hoje, um atleta do Rio tem dificuldades de encontrar um lugar para treinar. Com o Célio de Barros destruído, teremos o Engenhão. Mas ele está com o piso danificado. Além disso, pertence ao Botafogo, e o custo para realizar uma prova lá vai muito além da nossa capacidade. Se está assim na cidade da sede das Olimpíadas, imagina no resto do país”, critica o superintendente da CBAT, Martinho Santos.

O legado humano também ficou excluído do projeto olímpico. O aumento no investimento ignorou a base, já que os R$ 6,5 milhões anuais do Plano Brasil medalhas ficam restritos a 21 competidores da modalidade.

“O país saiu muito atrasado para a preparação  dos atletas. Os recursos vieram em cima da hora, em 2013, o que nos obrigou a trabalhar somente com os que mais têm chances nos Jogos”, lamenta Martinho Santos.

O recordista olímpico Joaquim Cruz foi bastante crítico em relação às pretensões do país.

“O que significa Top-10 no quadro de medalhas para um Brasil que ainda evita se reunir para debater sobre educação, saúde e esporte na escola? O que acontecerá com o esporte do Brasil após os jogos do Rio 2016? Quais serão as expectativas de medalhas nas próximas edições dos jogos olímpicos uma vez que alçarmos o Top-10?”, disparou.

“O dinheiro tem sido muito importante para dar o suporte a atletas com potencial de chegar ao pódio no Rio, mas o que vai garantir uma ordem e progresso a longo prazo é uma reforma geral, permanente no sistema nacional de esporte. Se isso acontecer antes dos Jogos do Rio, será a maior conquista para todo o brasileiro e para o Brasil”.


O legado olímpico vai para a iniciativa privada
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José Cruz

… sem esquecer a “tragédia” do Velódromo do Pan 2007, obra de R$ 15 milhões, destruída, sem que ninguém tenha sido responsabilizado por esse crime. Que empreiteira, partido ou político se beneficiou dessa manobra de corrupção?

  Selecionei três parágrafos da reportagem em O Globo, ontem, assinada pelos companheiros Cláudio Nogueira, Sanny Bertoldo e Victor Costa, sobre a precária estrutura esportiva do Rio de Janeiro. Diz assim:

“… a rotina dos artistas do esporte é a falta de locais para treinar e competir”.

“… O atletismo não tem o Célio de Barros. Os fãs de basquete não puderam, ao longo da semana, entrar no Tijuca. O Maria Lenk, é pouco usado na natação, e o Júlio de Lamare está interditado há seis meses. O Centro Nacional de Tiro Esportivo está fechado, por falta de verbas do Ministério do Esporte. Autódromo e kartódromo já não existem mais. No remo, as competições até acontecem na Lagoa, mas sem público, pois a arquibancada foi extinta”.

“… Fechado a cadeado desde 9 de janeiro de 2013, o Célio de Barros – que foi estacionamento da Fifa na Copa – é onde treinavam diariamente atletas de todos os clubes. O passado por trás do presente e a falta de futuro emocionam Robson Caetano, dono de dois bronzes olímpicos (1988 e 1996).”

robson_caetano– A história do esporte passa por aqui, e um povo sem história está perdido no tempo. Por aqui passaram grandes nomes, e Joaquim Cruz bateu o recorde mundial juvenil dos 800m, com 1min44s300.” (Robson Caetano, na foto).

Golfe

No mesmo jornal, outra reportagem diz que a Prefeitura do Rio de Janeiro prepara concessão para a iniciativa privada do campo de golfe olímpico, na Barra da Tijuca. Na candidatura do Rio, o discurso oficial indicava que o campo de golfe seria legado para a população e incentivo à massificação do esporte.

Esta realidade crítica demonstra como continuamos sem rumo para o esporte de alto rendimento, com milhões de reais anualmente injetados pelo governo federal.

Apesar de sermos um país olímpico, não se pode sequer ocupar os espaços disponíveis, além da crônica falta de projetos de longo prazo para a prática esportiva por jovens atletas, estudantes e população. Continuamos trabalhando no imediatismo, na preparação de equipes para eventos internacionais.

Com certeza, o alto rendimento tornou-se negócio valorizado, não pode ser desprezado como tal e as parcerias privadas, às claras, são sempre bem-vindas. Mas o que se observa é o Estado envolvido com o bem material, ali gastando fortunas – superfaturadas, como é praxe -, em detrimento do acolhimento e atenção maiores ao principal patrimônio do esporte, os atletas.

Enquanto isso...

… sem esquecer a “tragédia” do Velódromo do Pan 2007, obra de R$ 15 milhões, destruída, sem que ninguém tenha sido responsabilizado por esse crime. Que empreiteira, partido ou político se beneficiou dessa manobra de destruição de patrimônio público?

Finalmente

E os pilotos do Rio de Janeiro continuam sem autódromo, que está se transformando em parque olímpico.


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