Blog do José Cruz

Arquivo : outubro 2015

Governo suspende “Atleta na Escola” e frustra três milhões de estudantes
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José Cruz

Dois anos depois de seu lançamento e com adesão de 44 mil escolas públicas, o programa “Atleta na Escola” teve suas atividades suspensas ao longo deste ano, frustrando três milhões de jovens, em 85% dos municípios brasileiros. Desenvolvido pelos ministérios da Educação e do Esporte, os R$ 70 milhões previstos no orçamento 2015  entraram no corte de gastos do governo federal, para ajudar a superar o rombo nas contas públicas.

Extraoficialmente, o programa consumiu apenas R$ 30 milhões em 2013 e R$ 45 milhões em 2014, quanto teve quatro milhões de inscritos. Há 45 dias o Blog espera respostas aos questionamentos enviados à assessoria de imprensa do Ministério da Educação. 

atletas

Iniciação

O “Atleta na Escola” era o embrião de um programa para oferecer aos alunos  da rede pública oportunidade da prática esportiva. Mas, como de hábito, o governo foi na contramão do artigo 217 da Constituição, que determina aplicar os recursos públicos para o esporte, “prioritariamente no desporto escolar”. O alto rendimento continuou sendo a prioridade, principalmente incentivado pelos Jogos Rio 2016.

No penúltimo ciclo olímpico, entre 2008 e 2012, o governo federal destinou R$ 6 bilhões para o alto rendimento, através de várias fontes: orçamento, Lei de Incentivo, Bolsa Atleta, patrocínio estatal etc.

Além de frustrar os alunos que participaram do programa em 2013 e 2014, a suspensão do programa em 2015 foi mais um incentivo à falta de confiança nas iniciativas esportivas-educacionais do governo. Principalmente, porque o Atleta na Escola era um programa de custo relativamente baixo, comparado com outros gastos exorbitantes do governo.

Enquanto isso…

… a Secretaria de Administração da Presidência da República gastou R$ 165,8 milhões, em apenas cinco meses, de janeiro a maio deste ano. Desse total, R$ 35 milhões foram para despesas com pessoal e encargos especiais, segundo o Portal da Transparência.

Memória

… faz 151 dias  que José Maria Marin, ex-presidente da CBF, está preso na Suíça.

… faz 126 dias do lançamento da primeira de cinco pesquisas do Diagnóstico do Esporte. E as outras?


Uma estrela solitária em busca de Justiça
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José Cruz

Por Gilberto Prado

Jornalista / Recife

Seu nome é Gabriel Patrício da Silva

Idade: 19 anos

Naturalidade: Natal (RN)

Atividade esportiva: atleta de remo

Especialidade: esquifista

Clube: Clube de Regatas União

remo

Há alguns meses, o jovem Gabriel apresenta-se nos campeonatos regionais de remo na condição de convidado, na sua categoria (skiff masculino), contra os melhores de cada Estado e (…) “faz tudo sempre igual”. Vence com relativa facilidade.

Gabriel repetiu a façanha na última regata, no domingo passado, no Recife, patrocinada pela Federação Pernambucana de Remo, na qual se incluíam os melhores remadores do Sport e do Náutico.

Ele venceu duas provas com mais de dois barcos de diferença. O grande público presente ao Marco Zero aplaudiu o feito. Aplausos tímidos. Afinal tratava-se de “um estranho no ninho” na competição da mais tradicional modalidade esportiva de Pernambuco, “berço” de duas das maiores expressões esportivas do Brasil. Sport e Náutico.

O jovem Gabriel era apenas a imagem de uma “estrela solitária” deslizando sobre as águas do Marco Zero diante de uma multidão. Todos desconheciam a razão de sua presença como “convidado”. Quase ninguém sabia que sua presença era simplesmente o retrato da sordidez em estágio avançado no Brasil, incluindo os esportes.

Gabriel é vítima de uma “cachorrada” entre gestores, atingindo um indefeso atleta. Na briga do rochedo com o mar é o marisco que leva a pior. E Gabriel é o “marisco”. É simplesmente o melhor esquifista do País.

A Confederação Brasileira de Remo, porém, faz questão de ignorar esse mérito. Uma das razões a ser apontadas poderia ser a origem humilde do jovem. Pertence à “Família Silva” de um Estado cuja economia não é muito destacada.

Uma razão, porém é mais revoltante. O incontestavelmente melhor esquifista do Brasil não pode vestir e defender a camisa do seu País porque a Federação Norteriograndense de Remo faz oposição à atual diretoria da entidade nacional (Confederação Brasileira de Remo).

O que se pode esperar de um País, em véspera de uma Olimpíada, cuja entidade máxima de uma das mais nobres modalidades esportivas tem um comportamento tão mesquinho? Eis a pergunta que faço, já na “fila prioritária de espera da última viagem”, aos mestres, jovens formadores de opinião e vigilantes lutando por um Brasil mais justo.

Nota do Blog

A notícia-desabafo do Companheiro Gilberto Prado é a síntese da vaidade dos cartolas, que prejudica centenas de atletas Brasil afora, demonstrando como o nosso sistema desportivo está superado, apesar de sermos “um país olímpico…”

Memória

… faz 149 dias  que José Maria Marin, ex-presidente da CBF, está preso na Suíça.

… faz 124 dias do lançamento da primeira de cinco pesquisas do Diagnóstico do Esporte. E as outras?


Bebeto de Freitas ganha reconhecimento internacional
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José Cruz

O vôlei volta a colocar o Brasil em destaque mundial, desta vez no Hall da Fama, que hoje receberá Bebeto de Freitas (foto) , Fofão e Renan Dal Zotto. bbfreitas

Com o seu potencial técnico e de gestor do esporte ignorados no Brasil, é nesse patamar de excelência que Bebeto de Freitas, técnico medalha de prata nos Jogos de Los Angeles, 1984, será acolhido. Um reconhecimento internacional merecido, também pelo exemplo de desportista de caráter, que não se dobra ao  comportamento dos tradicionais cartolas.

A cerimônia, em Holyoke, estado de Massachussetts (EUA), será às 19h (de Brasília) e poderá ser acompanhada neste link: http://www.volleyhall.org/ .  Holyoke é a cidade onde o vôlei foi criado, em 1895.


TCU confirma corrupção e aplica multa de R$ 49,5 mil em cartola do tênis
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José Cruz

O TCU (Tribunal de Contas da União) acolheu o parecer do ministro-relator Raimundo Carreiro, e aplicou multa de R$ 49,5 mil ao presidente da CBT (Confederação Brasileira de Tênis), Jorge Lacerda da Rosa, por irregularidades no uso de verbas públicas, durante o Grand Champions Brasil, disputado em São Paulo, em 2011. As denúncias foram divulgadas  neste blog em 2012.tenis cartola

O Tribunal também recomendou ao Ministério do Esporte, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (patrocinadora do tênis) e aos comitês Olímpico e Paralímpico que tornem mais rigorosas as fiscalizações dos recursos repassados à Confederação de Tênis.

Na mesma sessão, os ministros do TCU aprovaram o encaminhamento do processo ao Ministério Público de São Paulo e à Polícia Federal, também na capital Paulista, que investigam outras graves denúncias de corrupção na CBT, envolvendo verbas públicas.

Acusação e mudança

Ironicamente, em 2004,  Jorge Lacerda da Rosa, liderou um movimento nacional que culminou com o afastamento do então presidente da CBT, Nelson Nastás, acusado de corrupção, mas cujas denúncias não se confirmaram.

Em 2012, o então vice-presidente da CBT, Arnaldo Gomes, encaminhou ao TCU denúncias de suspeitas de irregularidades nas contas da entidade. Foram essas denúncias que deram origem ao processo agora encerrado. Arnaldo discordava da gestão financeira de Jorge Rosa e da falta de transparência no uso das verbas oficiais.

Nota fria

Um dos fatos mais graves denunciados por Arnaldo Gomes e, agora, comprovados pelo TCU, refere-se a uma nota fiscal de R$ 400 mil, da Premier Sports Brasil, para pagar o aluguel de duas quadras de saibro da Sociedade Harmonia de Tênis, em São Paulo, destinadas ao Grand Champions Brasil-2011.

Consultado pelo Ministério do Esporte sobre este pagamento, o presidente da Sociedade Harmonia, Marcelo Bandeira de Mello, afirmou que não recebeu qualquer valor pelo aluguel. E revelou: “Houve cessão gratuita das quadras entre 26 e 29 de maio de 2011”, disse o dirigente, por escrito, anexando ao processo do Ministério carta-acordo firmada com a promotora do torneio.

O pagamento indevido de R$ 400 mil saiu do projeto aprovado pela Lei de Incentivo ao Esporte, num total de R$ 601 mil. O assunto foi denunciado neste blog. Jorge Lacerda da Rosa concedeu entrevista para alguns veículos de comunicação e desmentiu os fatos, agora confirmados pelo Tribunal de Contas da União.

Em outra operação, a Brascourt Pisos Esportivos Ltda recebeu R$ 40 mil da Confederação de Tênis para montar uma quadra com piso de borracha no Clube Harmonia, para uso no mesmo torneio de tênis. A nota fiscal dessa operação está no processo de prestação de contas. Porém, esse serviço também não foi realizado, segundo o presidente do clube.

Ação temerária

“A gestão dos recursos ocorreu de forma temerária”, afirmaram os técnicos do Ministério do Esporte que analisaram a prestação de contas, depois encaminhada ao TCU. “Houve comprometimento da probidade dos atos” e “infrações às legislações civil e criminal,” diz o documento oficial.

Silêncio

Desde 2012 Jorge Lacerda da Rosa CBT não responde as indagações encaminhadas por este blog, sobre as denúncias de falcatruas na entidade.

Porém, o espaço deste blog está disponível para que a CBT se manifeste, apesar de o titular estar sendo processado por Jorge Rosa, por ter noticiado o fato que o TCU agora confirma. Na primeira instância o cartola foi derrotado, mas recorreu da sentença.

Para saber mais

http://esporte.uol.com.br/tenis/ultimas-noticias/2013/02/06/confederacao-de-tenis-usou-notas-frias-na-prestacao-de-contas-de-verba-publica.htm


Mais R$ 10 milhões turbinam os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas
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José Cruz

Até agora, R$ 38 milhões saíram do orçamento do Ministério do Esporte, que não respondeu ao questionamento sobre o assunto. Estranhamente, também não responde às indagações deste blog desde 9 de outubro, ofuscando a “transparência” que a presidente Dilma Rousseff alerdeia exercer Dilma

Reforço  

Os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, que começarão na sexta-feira, em Palmas, recebeu reforço de R$ 10 milhões do Ministério do Esporte, através de “termo aditivo”, totalizando R$ 34 milhões até agora liberados ao PNDUD, órgão da ONU, que participou do projeto dos Jogos e parte de sua execução. O Ministério do Esporte já havia destinado R$ 4 milhões à Prefeitura de Palmas, promotora do evento.

Os Jogos, com representantes de 22 países, vão custar em torno de R$ 100 milhões, segundo o governo de Palmas.

Na semana passada, o senador Álvaro Dias solicitou informações ao Ministério do Esporte sobre a licitação para as obras de estrutura dos Jogos, pois as suspeitas são de que o processo tenha sido direcionado para a empresa vencedora.

Em recente auditoria, o Tribunal de Contas da União alertou para a falta de estrutura no Ministério do Esporte para fiscalizar os recursos librados, o que coloca em risco a aplicação correta das verbas, que ficam sujeitas a desvios de ocasião.


O que será do Brasil esportivo depois de uma década de eventos?
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José Cruz

Em 18 de setembro de 2016, ao final dos Jogos Paralímpicos, o Brasil encerrará uma década de sede dos maiores eventos esportivos do mundo, a partir dos Jogos Pan-Americanos de 2007.

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Dívidas à parte, as dúvidas continuam.

E daí? Com decisivo aporte de bilhões de verbas federais, qual o saldo desse riquíssimo calendário de eventos para a população, em geral, e os atletas, em particular? O fracasso do pós-Pan, com instalações vazias, se repetirá?

Mesmo tendo um Ministério do Esporte como órgão maior da gestão pública, perdemos tempo e oportunidades, porque faltou um grande debate nacional integrado entre União, estados e municípios, que “trabalhasse” os megaeventos para dar rumos ao nosso esporte.

Nem o Conselho Nacional de Esporte assumiu esta discussão. Enquanto isso, os dez anos serviram para se inserir novos remendos na legislação esportiva e criar novas fontes de financiamentos, que pouco somam, mas oneram mais os já sacrificados cofres públicos. Este processo facilitou o incentivo à corrupção, cujos órgãos de fiscalização já não são capazes de acompanhar a velocidade das falcatruas.

O esporte de rendimento com fortíssima dependência do Estado, poderá ser orgulhar de ter construído estrutura física e conquistado pódios nos Jogos do Rio. Mas continuará na mesmice da dependência do dinheiro público, e na triste ausência da escola e da universidade do sistema esportivo na sua plenitude. Se o esporte é um “direito de todos”, porque o aluno fica longe dessa atividade?

Finalmente: se o governo foi “competente” para conquistar os megaeventos falhou nas nomeações políticas para o Ministério do Esporte, deixando ao largo os gestores com perfil técnico-profissional. Diante dessa realidade, o prejuízo dobra, e o fracasso do saldo geral se estenderá por longos anos…

Memória

… faz 144 dias  que José Maria Marin, ex-presidente da CBF, está preso na Suíça.

… faz 119 dias do lançamento da primeira de cinco pesquisas do Diagnóstico do Esporte. E as outras?


Jogos Mundiais Indígenas, sinais de muita fumaça…
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José Cruz

“A desorganização aqui tá geral e a Prefeitura e o Comitê Intertribal já estão em conflito. Ontem (domingo) mandaram embora um dos membros do Comitê porque ele reclamou da Prefeitura (de Palmas) abertamente, na nossa frente (voluntários)”    

Indios

O relato é de um voluntário do Norte do país, que está em Palmas para trabalhar na primeira edição dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas. O evento começa na sexta-feira, com 2.200 indígenas de 40 países e estimativa de gastos em torno de R$ 100 milhões, segundo o secretário extraordinário dos Jogos Indígenas da Prefeitura de Palmas, Hector Franco.

Desabafos

“… A Prefeitura, que ficou responsável pela gestão dos recursos do Ministério do Esporte, para aplicar na infraestrutura, inclusive para os voluntários, colocou a gente num camping que não dava pra dormir: muito calor, sem árvore nenhuma e em cima de asfalto… E sem água nos banheiros. Fora a alimentação que é só uma. Eles disseram que se a gente quisesse mais de uma refeição a gente tinha que trabalhar em mais de um turno. Difícil, né?”

“Tem gente que veio trabalhar sem ter como bancar as refeições. Estamos tentando que eles (a organização) disponibilizem café da manhã”, continua a mensagem do voluntário, que pediu para preservar a identidade. Em novembro de 2014 a Prefeitura de Palmas recebeu R$ 4 milhões do Ministério do Esporte

Dúvidas

Na semana passada, o senador Álvaro Dias solicitou informações ao Ministério do Esporte sobre a licitação para as obras de estrutura dos Jogos, pois as suspeitas são de que o processo tenha sido direcionado.

Desistências

Segundo a BBC Brasil, as etnias Apinajé e Krahô, do Tocantins, não aceitaram o convite para disputar os Jogos. “Não é o momento de festejar”, disseram, argumentando demoras na demarcação de terras, conflitos com fazendeiros, invasões de territórios etc. O governo quer de usar os Jogos para desviar o foco desses problemas”, afirmaram.

Custos

O secretário Hector Franco estima que do total investido nos Jogos (R$ 100 milhões) entre R$30 milhões e R$35 milhões vieram de patrocínios de empresas como Odebrecht Ambiental, Oi, EHL e Energisa. A Prrefeitura de Palmas participou com R$ 4 milhões, e o Ministério dos Esportes repassou R$ 4,3 milhões para a prefeitura e mais US$13 milhões (R$50 milhões) para o PNDUD, órgão da ONU, que participou do projeto e parte de sua execução.


Brasil na Série B: o time das missões impossíveis
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José Cruz

 XavantteAlguém duvida que em outubro de 2016, a Torcida Xavante faça novo carnaval para festejar a classificação à Série A do Campeonato Brasileiro?

Em Brasília, ponto de partida

Nos piores momentos, o Brasil é capaz de missões impossíveis! É quando entra em campo a já tradicional “garra Xavante”. Há um ano, em 19 de outubro, o time “Xavante”, de Pelotas/RS, eliminou o Brasiliense, na capital da República, classificando-se para a Série C do Campeonato Brasileiro deste ano. Ontem, já pelas quartas-de-final, segurou um sofrido empate contra o Fortaleza (0 x 0), diante de 62 mil torcedores que lotaram a Arena Castelão, e garantiu uma das quatro vagas na Série B do próximo Brasileirão.

Comandantes

Técnico do time há três anos, Rogério Zimmermann é o grande comandante da campanha Xavante. Mas o responsável pelo empate em Fortaleza foi o goleiro Eduardo Martini, revelado no Grêmio, com quatro sensacionais defesas, que garantiram  a classificação.

Depoimento Xavante

“O Brasil, minha gente, foi terceiro colocado no Campeonato Brasileiro de 1985 – e ninguém explica até hoje porque não foi mantido na Série A. O Brasil ganhou do Uruguai, campeão do mundo de 1950, em pleno Estádio Centenário! Ele é de Pelotas, sim; pode ser de Pelotas, mas está em cada cidade do Rio Grande e do Brasil onde bate um coração xavante”

Do consagrado jornalista e escritor gaúcho, Aldir Garcia Schlee, criador da “Camisa Canarinho”, adotada pela Seleção Brasileira em 1954, em depoimento ao jornal gaúcho Zero Hora

Vagas

Na outra semifinal da Série C, o Vila Nova-GO derrotou a Portuguesa por 2×1, e também garantiu vaga na Série B de 2016, pois venceu a primeira partida por 1 x 0. As outras duas vagas estão sendo disputadas por Londrina-PR x Confiança-SE (0x0 no primeiro jogo), hoje;  Asa-AL x Tupi-MG (0x2) jogarão amanhã.

Enquanto isso…

Coritiba, Goiás, Vasco e Joinville, brigam para não cair para a Série B…

Memória

… faz 142 dias  que José Maria Marin, ex-presidente da CBF, está preso na Suíça.

… faz 117 dias do lançamento da primeira de cinco pesquisas do Diagnóstico do Esporte. E as outras?


J.Hawilla detona cartolas e explica como ocorria a corrupção na CBF
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José Cruz

Confirma-se a tese de que o principal patrimônio esportivo-cultural do país, a Seleção Brasileira, é valioso produto para subornos, enriquecimentos ilícitos, evasão de divisas e sonegação fiscal. A cada negócio tendo a camisa Canarinho como disfarce, cartolas e empresário aplicavam no fisco um desmoralizante “drible da vaca”

É devastador o depoimento de J. Hawilla à Justiça dos Estados Unidos, sobre as relações comerciais de sua empresa, a Traficc, com a CBF, em mais um capítulo que revela, lá fora, o submundo do futebol, aqui dentro. À transcrição do depoimento, em dezembro de 2014, o jornalista Jamil Chade teve acesso, e publicou detalhes na edição de hoje de O Estado de São Paulo.

Para driblar a “democrática” concorrência entre empresas e conquistar direitos sobre um determinado evento de futebol, J.Hawilla tinha um recurso simples: pagava  “propina” a Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo del Nero. Fez isso desde 1991!

Salve-se quem puder

O depoimento de J.Hawilla – que devolverá R$ 575 milhões para ficar livre da cadeia – reforça o desmonte da máfia de cartolas que tinha a CBF como carro-chefe.

Agora mesmo que Del Nero não sai mais do país, e está explicado o porquê de Ricardo Teixeira ter deixado os Estados Unidos, onde morava, para voltar a viver no Rio de Janeiro: aqui, a possibilidade de continuar impune e longe da cadeia e real.

Enquanto isso…

… Marin que se lixe!


Nove anos depois, governo investiga prestação de contas do Segundo Tempo
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José Cruz

Pelo Diário Oficial da União, hoje, o Ministério do Esporte pede que a senhora Rosa Malvina da Silva, “em local incerto e não sabido”, se apresente, até 5 de novembro próximo, para explicar sobre “inconsistências apuradas na prestação de contas do Convênio 317/2006”, celebrado com a ONG Bola pra Frente, no interior de São Paulo.  Nove anos depois da liberação da grana?

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O convênio 317/2006 liberou R$ 987 mil para o programa Segundo Tempo, em Jaguariúna e outros quatro municípios paulistas. Investigações oficiais mostraram que em alguns municípios onde a ONG afirmava ter 6.500 crianças foram encontradas apenas 1.500…  Ação do Ministério Público de São Paulo estimou prejuízos gerais do Segundo Tempor em torno de R$ 13 milhões, só nesse estado.

O programa

“Segundo Tempo” surgiu com o ex-ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, que se enrolou num processo de R$ 2,5 milhões, até hoje sem explicações convincentes. E “Bola pra Frente” era uma ONG dirigida por Karina, ex-jogadora de basquete, coincidentemente do PCdoB, partido dos ex-ministros Agnelo, Orlando Silva e Aldo Rebelo.

As denúncias de irregularidades no Segundo Tempo cresceram quando Orlando Silva substituiu Agnelo, em 2006. Em 2008, Orlando liberou R$ 8,5 milhões ao Bola pra Frente, de Karina (foto), para atender “18 mil crianças”. Em dezembro de 2010, novo convênio, de R$ 12 milhões, cuja liberação não foi totalmente concretizada. Mas, diante das denúncias de corrupção, a presidente Dilma Rousseff acabou demitindo Orlando Silva, em outubro de 2011. Orlando entrou em campanha e, em 2014, elegeu-se deputado federal por São Paulo, o estado mais beneficiado por verbas do Segundo Tempo.

Corrupção

A convocação da senhora Rosa Malvina da Silva, uma década depois de executar projetos com verbas públicas, comprova: o Ministério do Esporte não tem estrutura para fiscalizar as milhares de prestações de contas de convênios. Esta realidade já foi comprovada pelo Tribunal de Contas da União que alertou, inclusive, para “riscos de corrupção”.

O mesmo ocorre com os convênios da Lei de Incentivo ao Esporte. Atualmente, uma auditoria da CGU (Controladoria Geral da União) tenta desatar o nó de um processo que aprovou R$ 6,5 milhões para um show de hipismo em São Paulo. Em 2009!

Para saber mais

http://josecruz.blogosfera.uol.com.br/2013/01/policia-federal-identifica-fraudes-no-segundo-tempo-nove-sao-indiciados/

Memória

… faz 139 dias  que José Maria Marin, ex-presidente da CBF, está preso na Suíça.

… faz 114 dias do lançamento da primeira de cinco pesquisas do Diagnóstico do Esporte. E as outras?