Blog do José Cruz

Arquivo : janeiro 2015

Rio 2016: os planos olímpicos de quem foi top mundial em 2014
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José Cruz

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Vinte e cinco atletas, duplas ou equipes nacionais terminaram o ano entre os três primeiros do ranking ou no pódio de mundiais, contemplando 11 modalidades olímpicas. Entre eles, Fabiana Murrer, líder do salto com vara (foto), Martine Grael e Kahena Kunze , primeiras na classe 49er da vela, Robenilson de Jesus, segundo no boxe, categoria até 56kg, Arthur Zanetti na ginástica etc.

Confira a reportagem, com os principais destaques da equipe olímpica 2016, com projeções para os Jogos Pan-Americanos de Toronto, Canadá, de 10 a 26 de julho próximo.

A reportagem é da equipe do portal Brasil 2016, do Ministério do Esporte.


Sem dinheiro, Rio volta a suspender projeto social de legado da Rio 2016
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José Cruz

NO UOL ESPORTE

 “Assim como Rafael, outras 300 mil pessoas  – crianças, jovens e idosos —  do Estado do Rio não tem como praticar sua atividade esportiva. Todos eram beneficiados pelo projeto Esporte RJ, o qual foi criado para promover o maior legado social da Olimpíada de 2016.”

 

Por Vinicius Konchinski

Rafael Francklin Júnior tem 18 anos e sonha em ser jogador de futebol. Mora em Fragoso, bairro pobre de Magé, cidade da Baixada Fluminense, e tenta dar início a sua carreia num time vinculado a uma ação social mantida pelo governo do Rio de Janeiro, o projeto Esporte RJ.

Neste sábado, entretanto, completam-se 18 dias que Rafael não treina nem joga futebol. Isso porque, no último dia 14, as atividades de seu time foram suspensas.

“Entrei no Facebook e li por acaso uma mensagem dizendo tudo estava parado”, contou ele, ao UOL Esporte. “Eu estou de férias da escola [Rafael ainda não concluiu o Ensino Médio]. Estou afim de treinar e jogar. Mas descobri que o projeto parou. Não tem mais treino.”

Assim como Rafael, outras 300 mil pessoas – crianças, jovens e idosos – do Estado do Rio não tem como praticar sua atividade esportiva. Todos eram beneficiados pelo projeto Esporte RJ, o qual foi criado para promover o maior legado social da Olimpíada de 2016.

Acontece que, por falta de recursos, o governo do Rio suspendeu o Esporte RJ.  Oficialmente, a SEELJE (Secretaria de Estado de Esporte, Lazer e Juventude) parou o projeto para reavalia-lo e otimizá-lo. Quem trabalha na ação, contudo, sabe que a falta de dinheiro é que causou a interrupção.

“O novo secretário [Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador Sergio Cabral] nos chamou para uma reunião. Disse que houve uma readequação orçamentária”, relatou Fabio Sodré, diretor do Zico 10, uma das entidades contratadas pelo governo por causa do Esporte RJ. “A parada é ruim. Espero só que ela seja curta.”

A parada, aliás, não é a primeira promovida pelo governo do Rio. Em setembro de 2013, o Esporte RJ também foi paralisado. Naquela época, porém, a iniciativa tinha outro nome: Projeto Rio 2016.

Na época, a SEELJE informou que o projeto havia sido suspenso para ser reformulado e virasse o Esporte RJ.

Foi exatamente o que aconteceu. Porém, até que o projeto fosse reiniciado, milhares de pessoas ficaram sem praticar esporte. E mais: muitos professores do projeto ficaram sem receber seus salários.

Hoje, segundo a SEELJE e Fabio Sodré, da Zico 10, não há problemas de pagamento. Sodré deu férias coletivas para todos seus funcionários. Ele, inclusive, disse que confia no secretário Cabral e na retomada do Esporte RJ. No entanto, já não com o mesmo tamanho.

“Nos avisaram duma redução de 70% no orçamento”, disse Sodré. “Com certeza o projeto vai diminuir. Não tem como atender à mesma quantidade de pessoas com 30% da verba que tínhamos antes.”

Rafael espera que a futura redução do projeto não o afete, nem aos seus amigos. Em Fragoso, disse ele, o futebol tem papel importante para afastar jovens do crime. Neste caso, portanto, qualquer corte ou parada pode ter consequências radicais.

“Está todo mundo aí na rua, sem fazer nada. Sabe como é?”, disse ele. “É bom os treinos voltarem logo, senão já viu…”


F-Indy: Agnelo privatizou o lucro e estatizou a despesa da megacorrida
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José Cruz

Um mês depois de ter assumido o Distrito Federal, o governador Rodrigo Rollemberg livrou-se de um abacaxi: receber a milionária etapa de abertura da Fórmula Indy, em 8 de março.

Mas comprou uma briga com o Grupo Bandeirantes de Rádio e Televisão. Os detalhes da rescisão de contrato da prova em Brasília estão na reportagem de Daniel Brito. indy

Dona da prova

A Band detém junto à Indycar LLC os direitos de exclusividade na organização e realização das etapas no Brasil entre 2015 e 2019. A não realização de uma etapa significa o desembolso de R$ 70 milhões em multa.

O contrato entre o GDF/Terracap e a Band, ao qual a reportagem teve acesso, não tem cláusula específica sobre “multa”, em caso de rescisão. Ao contrário, o GDF pode aplicar “multa compensatória” à emissora, se houver falhas administrativas previstas no contrato.

Repasse

O ônus das principais despesas da prova de 8 de março foi repassado pela Band ao Governo do Distrito Federal, conforme o “termo de compromisso” assinado pelo então governador Agnelo Queiroz, em março do ano passado. Na prática, o ex-governador estatizou a despesa e privatizou o lucro do megaevento de velocidade. E, logo que deixou o poder, Agnelo voou para Miami

Por exemplo, no termo de compromisso que Agnelo assinou,  o GDF/Terracap garantia, “sem qualquer participação financeira da Band, inclusive em relação aos tributos associados… contratar equipes de coordenação, serviços de segurança e limpeza” (do Autódromo, onde a Terracapa já financiava o recapeamento da pista).

Parcelas

Só para esta primeira etapa o GDF/Terracap pagaria R$ 37,2 milhões em seis parcelas, à Bandeirantes. Outros R$ 148,9 milhões estavam programados para desembolso entre 2016 e 2019.

Oposição

Logo no início de seu governo, em 2012, o então governador Agnelo Queiroz enfrentou oposição do Grupo Bandeirantes, resultado do corte da verba publicitária para a emissora. Em 2014 as relações voltaram ao normal, quando Agnelo assinou contrato para a realização da etapa da Indy em Brasília. Mas deixou uma “pegadinha” para o governo seguinte.

Quando o contrato foi assinado, em 4 de setembro de 2014, a um mês da eleição, Agnelo já estava em terceiro lugar nas pesquisas e sabia que não pagaria essa fatura da Indy, mas seu sucessor, que herdaria cofre zerado, inclusive para honrar salário dos professores.

Apelo

Quando foi eleito governador, Rodrigo Rollemberg recebeu a direção da Band, que “apelou” para que mantivesse a prova. Mas as despesas na recuperação do autódromo e a falta de dinheiro em caixa para compromissos prioritários (saúde, educação e segurança, principalmente) levaram o governador à medida extrema, amparado por decisão do Ministério Público.


Doping na natação: disputa acirrada entre Brasil e China
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José Cruz

O Ministério do Esporte usou apenas 14,8% dos R$ 12 milhões disponíveis em 2014 para “implementação e desenvolvimento da política nacional de controle de dopagem”.

Outros R$ 6,5 milhões foram “empenhados”, em 31 de dezembro. Mas faltam garantias de pagamentos desse valor em 2015, pois não foi feita a reserva em “restos a pagar”. Portanto, há dúvidas se essa parcela foi efetivamente gasta.

O principal motivo para não usar toda a grana é o “contingenciamento”:  o governo segura os gastos para aumentar o saldo em caixa, o tal “superávit” … Será que essa omissão do Estado nas questões do doping justifica os elevados casos registrados na natação, por exemplo.

Realidade

Reportagem de Paulo Roberto Conde, na Folha de S. Paulo de ontem, mostrou que apenas 20% das confederações esportivas brasileiras fazem exame antidoping. “80% não fazem”, revelou Sandra Soldan, coordenadora da área na CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos).

Ainda segundo a reportagem, a elite da natação brasileira só fica atrás da China em número de atletas dopados. De 2001 até hoje são 30 casos positivos, enquanto os chineses têm 33 deslizes confirmados.

O ranking de doping na natação, nos últimos 14 anos (2001 a 2014), é o seguinte:

PAÍSTOTAL
China33
Brasil30
Rússia28
Rússia14
EUA12
Austrália4

 

Os “melhores”

Esses números sugerem questionar sobre a lisura dos resultados do esporte de alto rendimento, em todas as modalidades. O mais recente caso envolve o capixaba João Luiz Gomes Júnior, flagrado pelo uso de um diurético, no Mundial de Piscina Curta, em dezembro, no Catar, onde ganhou

Memória

“Os testes são fáceis de burlar”, disse Tyler Hamilton, medalhista olímpico no ciclismo, em depoimento a Daniel Coyle, para o livro “A Corrida Secreta de Lance Armstrong”.

“Estamos muito à frente dos testes. Eles têm os médicos deles e nós temos os nossos, e os nossos são melhores. Mais bem pagos, com certeza”, concluiu.

No Brasil, uma das desculpas usadas pelos atletas flagrados em doping é o da “contaminação” de medicamento. Durante a elaboração de uma determinada droga ela absorve no ambiente do laboratório os restos de outra, preparada anteriormente, casualmente um produto proibido, mais tarde identificado no exame antidoping. Inadvertidamente o atleta acaba se dopando “por tabela”. É a tese, claro.


Apesar da fartura financeira, ministro quer “fundo” para o esporte
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José Cruz

Sem saber onde está metido, o ministro George Hilton fala na criação de nova fonte para o esporte, um “fundo”. O interessante é que a ideia surgiu em menos de um mês à frente de uma pasta cujo assunto ele não entende, como já revelou. Mas, além de “gente”, parece que o ministro também entende de dinheiro.

 

O dinheiro do tal “fundo” virá do Orçamento da União, recursos privados, oriundos de incentivos fiscais, verbas de loterias etc”.  dinheirrrooo

Em primeiro lugar, o orçamento da União é peça fictícia. O deste ano nem foi aprovado. O do Ministério do Esporte é um mistério. O do ano passado teve apenas 44,8% de execução. Isto é, não gastaram nem 50% dos R$ 3,1 bilhões aprovados, aí incluída a verba dos parlamentares, as “emendas”…

Realidade

Desde 2003 o dinheiro deixou de ser problema para o alto rendimento. De tal forma que os dirigentes olímpicos e paraolímpicos recebem salários, pagos com verbas públicas, atualizados periodicamente!

A S    F O N T E S

Lei Piva – é dinheiro sagrado e crescente. Incremento em torno de 20% ao ano, devido ao aumento nas apostas. Foram R$ 200 milhões só em 2014.

Lei de Incentivo – São R$ 400 milhões anuais disponíveis. Mas faltam bons projetos e há pouca participação do mercado. Dos R$ 3 bilhões em projetos aprovados entre 2007 e 2014 houve captação de apenas R$ 1,1 bilhão. A maior parte dessa grana foi para o futebol profissional. Em sete anos tivemos um desperdício de R$ 2 bilhões.

Estatais – Banco do Brasil, Caixa, Petrobras, Infraero e Correios são as principais. Estimam-se aplicações de R$ 300 milhões anuais. Lembrando que a Caixa patrocina 14 clubes de futebol, com investimentos de R$ 111 milhões, em 2013.

Orçamento e Convênios – São verbas para projetos específicos das confederações e construções de CTs, principalmente nesse ciclo olímpico rumo a 2016. No Orçamento 2014, o projeto “Esporte e Grandes Eventos Esportivos” tinha R$ 2 bilhões disponíveis. Aplicou em torno de 30%, R$650 milhões.

Bolsa Atleta – Foram R$ 183 milhões em 2014, para sete mil contemplados. É projeto expressivo, mas sem fiscalização, sujeito a falcatruas e pagamentos indevidos, como o TCU já constatou.

Forças Armadas – São 700 atletas que integram os quadros das Forças Armadas. Os valores aplicados não estão disponíveis, mas a maioria recebe Bolsa Atleta e patrocínio de estatais.

Confederação Brasileira de Clubes – é beneficiada com 0,5% dos 4,5% que o Ministério do Esporte recebe das Loterias Federais, para projetos de iniciação. Não tenho os valores atualizados, mas o tema merecerá artigo específico.

Enquanto isso…

O ministro fala na criação de um “fundo”. Com o devido respeito, isso é debochar dos que estão na parte de baixo dessa fartura, como as federações, falidas, mas indispensáveis para manter os cartolas da parte de cima, com ótima saúde financeira.

Repeteco

Nenhum dos três ministros que passou pelo Esporte fez um balanço de nossa realidade e propôs rumos de longo prazo para o desporto escolar, para a iniciação, para o alto rendimento. Principalmente porque há dúvidas de que essa grandiosidade financeira continuará depois de 2016. Agora, o ministro George Hilton vai no mesmo rumo: o negócio é dinheiro!

Nesse entrevero da já superada estrutura do nosso esporte e falta de planejamento desperdício de talentos e de dinheiro é real. Estamos com o foco em 2016 e só!

Esse quadro favorece a corrupção, como constatou o Tribunal de Contas da União em auditorias na Lei de Incentivo ao Esporte e na Bolsa Atleta e no próprio Ministério.

Estranho, muito estranho, mas vou continuar neste assunto, porque tenho lá minhas suspeitas. Já vimos este filme…


Natação: os assustadores casos de doping
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José Cruz

A propósito da recente denúncia de doping do nadador brasileiro João Gomes Jr, flagrado no Mundial de Piscina Curta, em Doha, Catar, publico o excelente artigo da repórter Mayra Siqueira, da CBN

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À SOMBRA DA VERGONHA DO DOPING

Por Mayra Siqueira

“O Brasil se aproxima da Rússia em casos de doping”, manchete de um famoso e respeitado portal americano de natação. Quanto mais tentamos acreditar que a situação melhora por aqui e apontamos dedo para outros países com casos graves de irregularidades no uso de substâncias proibidas, mais mascaramos nossos próprios erros e a gravidade da nossa própria situação.“O Brasil se aproxima da Rússia em casos de doping”, manchete de um famoso e respeitado portal americano de natação. Quanto mais tentamos acreditar que a situação melhora por aqui e apontamos dedo para outros países com casos graves de irregularidades no uso de substâncias proibidas, mais mascaramos nossos próprios erros e a gravidade da nossa própria situação.”

. . .

“De acordo com um levantamento (bastante confiável) do Coach Alexandre Pussieldi, são no total 31 casos de doping na história da natação brasileira. E 21 deles de 2009 até hoje. Números escandalosos, que fazem barulho ainda por outra situação que levanta suspeitas de que a CBDA não faz o seu maior esforço para combater o problema no Brasil: em nenhum deles os atletas foram pegos em testes surpresa. Sempre em competições oficiais. Os nadadores brasileiros que se dopam têm o hábito de apenas usar substâncias proibidas às vésperas ou durante competições, ou a fiscalização não é feita como deveria ser no país?”

O artigo completo está aqui

Para saber maishttp://esportefino.cartacapital.com.br/doping-russia-natacao-efimova/


Governo vai “desenvolver” o futebol feminino
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José Cruz

A promessa do ministro do Esporte, George Hilton, de “priorizar e desenvolver” o futebol feminino mostra que não se pode esperar muito da pasta neste novo-continuado governo de Dilma Rousseff

Não é missão do governo “desenvolver” qualquer esporte ou se misturar com campeonatos de futebol, como se desejasse estatizar essa prática esportiva, quem sabe por ser popular e isso render votos…  Esse anúncio é espécie de intromissão nas competências da CBF.

feminino

 Ministro Hilton com a cúpula da CBF e Fifa, fazendo promessas

Novos rumos

Com certeza o futebol feminino merece novos rumos, principalmente para se aproveitar o potencial técnico desperdiçado pela ausência de clubes, organização, competições, etc. Mas faltam visão e gestão empresariais, projetos conjugados com a CBF, como promover campeonatos regionais e nacionais  com partidas preliminares da competição masculina, por exemplo.

Está claro que a CBF não está nem aí para isso, a não ser para promover a Seleção Brasileira feminina e garantir presença do país em eventos internacionais.

O ex-ministro Aldo Rebelo cometeu a mesma intromissão. Com R$ 10 milhões da Caixa financiou um campeonato nacional feminino com meia dúzia de clubes de três ou quatro estados.  O que isso significou para o fortalecimento do esporte? Onde estão as jogadoras daquele evento? Quem foi a revelação? Qual o “legado” da ação do governo?

A CBF que assuma o que lhe compete – e agora, tem verba da Fifa para tanto. E que dê as mulheres o oportunidade de praticarem o esporte como “direito”, garantido a todos pela Constituição, promovendo o mercado de trabalho e valorizando novas seleções. Talentos temos de sobra.

 

A foto que ilustra este artigo é da assessoria de imprensa do  Ministério do Esporte


MP da dívida fiscal só para o futebol? e as federações?
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José Cruz

O veto da presidente Dilma aos artigos da medida provisória que beneficiariam as dívidas fiscais dos clubes de futebol foi um nocaute temporário nos deputados da Bancada da Bola, em geral, e da CBF, em particular. Ousados e abusados, pela arma do voto que detêm no Congresso Nacional, eles insistirão.dilma

 Mas…

A nota oficial divulgada pelo Ministério do Esporte refere-se à preparação de nova medida provisória para tratar da repactuação da dívida “dos clubes de futebol”.

E as confederações das demais modalidades? E as centenas de federações esportivas e clubes, principalmente, vítimas da exploração dos bingos e, por isso, também devedoras de milhões ao fisco? Ficarão de fora dessa “repactuação”? Por que apenas o futebol? Há ex-dirigentes que perderam seus patrimônios para pagar dívidas de federações que dirigiam. Outros estão com seus bens empenhados. Mas os cartolas do futebol na mesma situação continuam intocáveis…

O esporte precisa ser passado a limpo urgentemente. Precisa de uma revisão geral em toda estrutura, falida há anos, coincidentemente com o período em que o governo federal começou a liberar bilhõe$, que se concentraram na elite. Tivemos verbas não tivemos gestão planejada.

Enquanto isso…

Ao criar comissão interministerial para apresentar proposta de pagamento da dívida fiscal, está claro que o Palácio do Planalto deu um chega pra lá no projeto de lei apresentado pelo relator da Comissão Especial, deputado Otávio Leite. Perdeu-se um ano de debates e discussões para nada… O projeto ficará no esquecimento.

Mas isso tem alguns benefícios.

Por exemplo: no projeto de lei da Comissão Especial da Dívida Fiscal, os deputados incluíram a criação de mais uma loteria esportiva. Parte da arrecadação seria para sustentar escolinhas de futebol. Era um evidente trambique para enriquecer espertos em suas bases eleitorais.

Agora, na nova medida provisória, o Estado poderá limitar sua atuação especificamente na dívida fiscal. Isso é o que interessa.


Doping: a realidade do ciclismo vale para todos os esportes?
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José Cruz

O anúncio de suspeita de doping do nadador brasileiro João Gomes Júnior remete ao livro “A corrida secreta de Lance Armstrong”. Trata-se de um impressionante depoimento do ciclista medalhista olímpico, Tyler Hamilton, a Daniel Coyle sobre “doping, armações e tudo o que for preciso para vencer”,

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Hamilton foi um dos ciclistas mais bem colocados no ranking mundial. Atuou como escudeiro de Lance Armstrong. Ele “limpava o caminho” para as vitórias do amigo, como nas três primeiras das sete conquistas do Tour de France.

Mas, poucas semanas depois de ter conquistado ouro nos Jogos Olímpicos de 2004, Hamilton foi julgado culpado por doping e banido do esporte.

“É fácil burlar”

No livro que relata sobre os bastidores do Tour de France, há este diálogo entre o autor, Daniel Coyle, e o ex-ciclista, Tyler Hamilton:

Perguntei como ele conseguira evitar que seus testes apontassem positivo, todos esses anos, e Hamilton deu ma risada ríspida:

“Os testes são fáceis de burlar. Estamos muito à frente dos testes. Eles têm os médicos deles e nós temos os nossos, e os nossos são melhores. Mais bem pagos, com certeza. Além do mais, a UCI (União Ciclística Internacional, o órgão regulador do esporte) nunca iria querer pegar alguns caras. Por que fariam isso? Iria lhes custar muito dinheiro”.

Enquanto isso…

… o presidente da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), Coaracy Nunes, anunciou que os advogados da entidade farão de tudo para livrar de pena o brasileiro João Gomes Junior, acusado de doping, no Mundial de Piscina Curta, em Doha, Catar, e sujeito a suspensão por até quatro anos. Júnior nadou as eliminatórias do 4×50 medley, 4×100 medley e 4×50 medley misto.

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 Explicação

Tentei contato com o presidente Coaracy Nunes e deixei mensagem no celular dele, mas não houve resposta.

Gostaria de saber se é legal usar verba pública para pagar advogados de acusados de fraudar competição esportiva. A CBDA se mantém com recursos do Ministério do Esporte (convênios), da Lei de Incentivo ao Esporte, patrocínio dos Correios e Lei Piva.

 


Brincando de ser ministro
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José Cruz

A entrevista do ministro do Esporte, George Hilton, ao repórter Daniel Brito, do UOL Esporte, é peça histórica na Esplanada dos Ministérios. Escancara o despreparo da excelência e como estamos perdidos no setor.

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Pelas repostas, George Hilton (foto)  lembra “invenções” passadas, que contribuíram para o atraso que temos hoje.

Rafael Greca, por exemplo, nos tempos do PFL; era especialista em turismo, mas atirava nos assuntos do esporte como se fosse grande entendido. E saía dando risadas pelo corredor, com cartolas atrás, aplaudindo suas bobagens …

Ou o deputado Carlos Meles, também ex-PFL, um plantador e exportador de café, que aceitou o “desafio” de ser ministro do Esporte.

Tivemos Agnelo Queiroz e Orlando Silva. Agnelo não conseguia fechar o raciocínio de uma frase. Orlando, que tinha discurso, foi um especialista em enrolação. Mas, como os demais, ignorou a corrupção com as verbas liberadas. Deu no que deu.

Com esta brincadeira de fazer ministro para agradar partidos e ter apoios políticos perderemos mais oito anos: quatro de paralisia, porque agora é tudo em nome dos Jogos Rio 2016; e outros quatro que deixaremos de avançar nas questões elementares, como o esporte escolar, na base, na iniciação, na estrutura do setor, completamente falida. Como ocorreu com Aldo Rebelo, que foi o ministro da Copa do Mundo, continuaremos em ritmo de festa…

E o que dizem os desportistas, cartolas, atletas, ex-atletas, dirigentes em geral que se submetem a essa estupidez política sem qualquer reação?