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F-Indy: Agnelo privatizou o lucro e estatizou a despesa da megacorrida
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José Cruz

Um mês depois de ter assumido o Distrito Federal, o governador Rodrigo Rollemberg livrou-se de um abacaxi: receber a milionária etapa de abertura da Fórmula Indy, em 8 de março.

Mas comprou uma briga com o Grupo Bandeirantes de Rádio e Televisão. Os detalhes da rescisão de contrato da prova em Brasília estão na reportagem de Daniel Brito. indy

Dona da prova

A Band detém junto à Indycar LLC os direitos de exclusividade na organização e realização das etapas no Brasil entre 2015 e 2019. A não realização de uma etapa significa o desembolso de R$ 70 milhões em multa.

O contrato entre o GDF/Terracap e a Band, ao qual a reportagem teve acesso, não tem cláusula específica sobre “multa”, em caso de rescisão. Ao contrário, o GDF pode aplicar “multa compensatória” à emissora, se houver falhas administrativas previstas no contrato.

Repasse

O ônus das principais despesas da prova de 8 de março foi repassado pela Band ao Governo do Distrito Federal, conforme o “termo de compromisso” assinado pelo então governador Agnelo Queiroz, em março do ano passado. Na prática, o ex-governador estatizou a despesa e privatizou o lucro do megaevento de velocidade. E, logo que deixou o poder, Agnelo voou para Miami

Por exemplo, no termo de compromisso que Agnelo assinou,  o GDF/Terracap garantia, “sem qualquer participação financeira da Band, inclusive em relação aos tributos associados… contratar equipes de coordenação, serviços de segurança e limpeza” (do Autódromo, onde a Terracapa já financiava o recapeamento da pista).

Parcelas

Só para esta primeira etapa o GDF/Terracap pagaria R$ 37,2 milhões em seis parcelas, à Bandeirantes. Outros R$ 148,9 milhões estavam programados para desembolso entre 2016 e 2019.

Oposição

Logo no início de seu governo, em 2012, o então governador Agnelo Queiroz enfrentou oposição do Grupo Bandeirantes, resultado do corte da verba publicitária para a emissora. Em 2014 as relações voltaram ao normal, quando Agnelo assinou contrato para a realização da etapa da Indy em Brasília. Mas deixou uma “pegadinha” para o governo seguinte.

Quando o contrato foi assinado, em 4 de setembro de 2014, a um mês da eleição, Agnelo já estava em terceiro lugar nas pesquisas e sabia que não pagaria essa fatura da Indy, mas seu sucessor, que herdaria cofre zerado, inclusive para honrar salário dos professores.

Apelo

Quando foi eleito governador, Rodrigo Rollemberg recebeu a direção da Band, que “apelou” para que mantivesse a prova. Mas as despesas na recuperação do autódromo e a falta de dinheiro em caixa para compromissos prioritários (saúde, educação e segurança, principalmente) levaram o governador à medida extrema, amparado por decisão do Ministério Público.


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