Aldo Rebelo e Silvio Torres: censurados e processados
José Cruz
Na audiência pública da última terça-feira, na Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, lembrou ao deputado Silvio Torres (PSDB-SP) que ambos são os únicos parlamentares-autores censurados na imprensa brasileira. Por decisão judicial, eles foram proibidos de publicar o relatório final da CPI da CBF Nike, em 2001.
Pior
“O pior, ministro – disse o deputado Silvio Torres -, é que também estamos sendo processados por Ricardo Teixeira (ex-presidente da CBF), por danos morais. Se perdermos a ação, cada um de nós pagará R$ 50 mil a ele. Espero que o Senhor esteja se defendendo muito bem …”
Memória
Aldo, presidente da CPI da CBF Nike, em 2001, e Silvio Torres, relator, não conseguiram aprovar o relatório final da Comissão, depois de comprovarem atos de corrupção, evasão de divisas, tráfico de menores, enriquecimentos ilícitos, esquemas fraudulentos e criminosos contra o patrimônio público, enfim, uma farra.
Na última sessão da CPI, em dezembro de 2001, o então deputado Eurico Miranda, liderando a bancada da bola, tumultuou o plenário. Gritou, desacatou o presidente da mesa, rasgou cópia do relatório que recebera, enfim. Sem conseguir conter a confusão, Aldo Rebelo e Silvio Torres encerraram a CPI, e o relatório não foi votado. Vitória da bancada da bola.
Mas o documento foi transformado num precioso livro de 260 páginas, com prefácio de Juca Kfouri. São valiosas informações ali contidas, mostrando em detalhes como o futebol esconde diferentes formas de crimes.
Ricardo Teixeira não gostou de ver o esquema da CBF tornado público e foi á Justiça, argumentando que o relatório não havia sido aprovado e, assim, o livro não tinha valor. O juiz de plantão acatou o argumento. 2 x 0 para a cartolagem, apesar de o relatório ter sido produzido a partir de documentos oficiais, obtidos pela quebra de sigilos fiscais e bancários da Confederação Brasileira de Futebol, federações e vários clubes.
Passa o tempo
Durante a CPI, o lobista da CBF, Vandenbergue Sobreira Machado atuou com desenvoltura junto á bancada da bola. Experiente nos bastidores da atividade parlamentar ele foi de grande importância para sufocar o relatório final.
Ironias do destino, Vandenbergue e Aldo Rebelo voltam a se encontrar agora, 13 anos depois daquele episódio. Porém, como parceiros, na mesma mesa, pacífica e democrática que o esporte sabe reservar.
Em ato ministerial, Aldo Rebelo nomeou Vandenbergue como suplente da representação da CBF no Conselho Nacional do Esporte, cujo titular é o presidente da Federação Brasiliense de Futebol, Jozafá Dantas do Nascimento.
Tudo em paz.