Copa se resume aos estádios. Legados desaparecem
José Cruz
Aos poucos, desmoronam os argumentos eufóricos de que os megaeventos esportivos atraem investimentos para o país. Isso é até possível, mas com planejamento, empresários da construção sem comprometimentos com políticos e, principalmente, sem corrupção. Não é o nosso caso.
Assim como no Pan 2007, de injustificáveis R$ 4 bilhões…, a Copa e a Olimpíada são consumidoras insaciáveis de dinheiro público para competições de curto prazo e de “legados” fantasmas.
O mais recente relatório do Ministério do Esporte sobre a Copa 2014, ontem divulgado, demonstra que só os estádios de futebol levaram R$ 8 bilhões de financiamentos públicos. O valor é R$ 1 bilhão a mais do que o previsto na matriz de responsabilidade, documento lançado ainda pelo então presidente Lula, quando declarou: “Esta será a Copa da transparência e da iniciativa privada”… Quanta bobagem!
Retrocesso
Obras para transportes públicos e novas vias de locomoção, que seriam parte do “legado”, têm os investimentos reduzidos em R$ 800 milhões, como revela a reportagem de Vinicius Konchinski, do UOL Esporte, no Rio de Janeiro.
Pior:
O relatório do Ministério do Esporte indica que 14 projetos, 12 para transporte, um para porto e outro em aeroporto foram retirados da matriz original. A Copa 2014 está resumida aos estádios e obras de adaptações em alguns aeroportos.
Enquanto isso…
Os graves problemas para preparar o país para a Copa 2014 e Jogos Olímpicos 2016 repercutem mais e mais no exterior.
O prestigiado investigador de corrupções no esporte, Andrew Jennings, publicou em seu blog artigo do jornalista Afonso Morais, com o título:
“Dilma convoca Exército para evitar estouro do orçamento no Rio 2016”.
Apoiado por outros jornalistas estrangeiros, Afonso começa a divulgar lá fora as mazelas de nossa política e os desmandos com os megaeventos esportivos.
Sobre os Jogos 2016, assim escreveu Afonso Morais, referindo-se ao general Fernando Azevedo e Silva, presidente da APO (Autoridade Pública Olímpica):
“Não, não é um golpe militar. Mas depois do escândalo do Pan, da queda de Ricardo Teixeira e da grande despesa da Copa do Mundo 2014, Dilma entendeu que definitivamente não pode confiar dinheiro público aos dirigentes esportivos. Militares, no entanto, são servidores públicos e ela tem o poder de controlá-los.”
Será?
O artigo de Afonso Morais está aqui.