Blog do José Cruz

O futebol na casa da Mãe Joana

José Cruz

Prestigiada, a Seleção Brasileira de Futebol conquista o 14º patrocinador, a EF Englistown, que se junta às marcas da Samsung, do Guaraná Antarctica, Nike, Itaú, Vivo, Nestle, Sadia, Mastercard, Extra, Gillette, Volks, Gol e Seguros Unimed.

As estimativas indicam que a CBF, administradora da Seleção Brasileira, recebe mais de R$ 200 milhões anuais de patrocínios. O principal contrato, da Nike, rende R$ 80 milhões/ano. Em 2008, a Seleção rendeu R$ 104,7 milhões de patrocínios. Em 2009 já eram R$ 165 milhões e em 2012 R$ 235 milhões.

Enquanto isso…

À época de Ricardo Teixeira,  tivemos a denúncia de que os valores da então patrocinadora, TAM, eram depositados em contas de laranjas, em ilhas fiscais. A investigações continuam.

E se renovam as suspeitas sobre o dinheiro pago por amistosos da Seleção, que seria depositado em contas nos Estados Unidos, em nome de amigos de Ricardo Teixeira. Sonegação fiscal e evasão de divisas.

Essas denúncias reforçam a tese de que o futebol é a “maior lavanderia a céu aberto do mundo”, segundo um relatório específico da ONU, com base em documentos dos principais países que praticam o futebol  e comercializam jogadores, promovendo ''branqueamento de ativos''.

Assim, temos a CBF riquíssima, que administra um futebol financeiramente miserável, com a maioria dos clubes falidos, com federações estaduais inexpressivas, com as principais agremiações devedoras de R$ 4 bilhões ao fisco, com gestão altamente suspeita de corrupção e dependente de apoios financeiros do governo para poder se equilibrar.

E qual a ação efetiva da Secretaria de Futebol do Ministério do Esporte para acabar com esses trambiques explícitos? Para saber quem está se beneficiando dos patrocínios da Seleção? Nenhuma! Ao contrário, os cartolas caloteiros têm lugar de destaque na mesa de reuniões do governo. O ministro do Esporte, inclusive, sabe muito sobre isso. Presidente da CPI da CBF Nike, em 2001, ele conheceu os bastidores dessas contas suspeitas ao quebrar o sigilo bancário e fiscal da CBF, federações e clubes. Hoje, Aldo Rebelo negocia com os cartolas sobre o perdão das dívidas dos clubes para com o Estado.

É o retrato do futebol na casa da Mãe Joana. E a omissão do governo torna-se, também, altamente suspeita.