Blog do José Cruz

O esporte sob o comando da ordem unida

José Cruz

O leitor “Chave de Grifo” questionou sobre a decisão de a presidente Dilma Rousseff ter nomeado, só agora, um militar – general Fernando Azevedo e Silva, para a presidência da Autoridade Pública Olímpica (APO).

“Ela já poderia ter tomado medidas drásticas há muito tempo”, disse o leitor no comentário enviado.

Com certeza, Grifo, mas os dirigentes são, sempre, dependentes dos apoios políticos. Aí, a conversa é outra.

Dilma assumiu com duas heranças esportivas de Lula da Silva: tornar realidades a Copa do Mundo e os Jogos Rio 2016. Só que, como seu antecessor, ela não entregou a preparação dos megaeventos a especialistas, mas a amadores e, pior, a espertos disfarçados gestores.

Nesse contexto, a APO tornou-se espaço de alguns apadrinhados de poderosos ministros, como já divulguei. Por isso, é indispensável “limpar a área” e contratar profissionais experientes e responsáveis para o setor. Só assim o general tornará o órgão eficiente e capaz de enfrentar forças suspeitas, além da máquina política do governador Sérgio Cabral e do prefeito do Rio, Eduardo Paes, principalmente.

Desordem

Assim como Lula, Dilma não deu a mínima para a desordem na estrutura do nosso esporte. Mas escancarou o cofre público e os megaeventos chegaram como se fossem promover milagres num país em que a cultura esportiva é exclusiva do futebol.

Quem tem o comando, o COB ou o Ministério do Esporte? Para que serve o Conselho Nacional do Esporte?

Porque o desperdício de dinheiro em projetos inexpressivos e sem resultados efetivos?

Qual a participação de técnicos e atletas nas tomadas de decisões sobre os rumos do setor? Qual o nosso modelo esportivo?

Muito dinheiro

É preciso entender, caro Grifo, que as entidades do esporte são privadas, mas têm suas economias estatizadas. Sem a ajuda do governo não funcionam. E nesse contexto não há como ignorar que corrupção ainda é farta.

Nos últimos 10 anos, o esporte de alto rendimento cresceu em recursos disponíveis, mas ainda é um fracasso em gestão integrada. E, sem estrutura para fiscalizar, o Ministério do Esporte torna-se cúmplice do desperdício e  avaliza  ilegalidade.

Somente este ano, o Ministério do Esporte deu sinais de ações que inibam o desperdício. Mas são medidas ainda desarticuladas, pouco eficientes e, por isso, de resultados ainda duvidosos.

Por tudo isso, Grifo, não é de estranhar que a presidente Dilma tenha ignorado o poder político e nomeado um general para tentar dar credibilidade e rumos ao setor. Pela formação de caserna, militares trabalham com diagnóstico, planejamento, estratégias e metas. Isto é “gestão”.  É o oposto dos interesses políticos. Para esses, a desordem e a pressa são formas de driblar o ato legal e chegar ao superfaturamento fácil.  O Pan 2007 foi lamentável exemplo que não pode ser esquecido.