Esportes olímpicos sob graves suspeitas de corrupção
José Cruz
Depois de denúncias de irregularidades financeiras nas confederações de Tênis, Taekwondo e Ginástica, todas envolvendo uma bolada de dinheiro público, a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) volta ao noticiário esportivo-policial. Porque, quem já deu calote em banco, como a CBB é, de fato, caso de polícia.
A situação é tão grave que a Eletrobras suspendeu patrocínio ao basquete, como revela em detalhes o companheiro Fábio Balassiano, em seu blog. Confira lá.
Ginástica
Esta semana, a Folha de S.Paulo também divulgou que a Confederação de Ginástica registrou “falhas graves, entre elas atraso em pagamento de anuidade à federação internacional da modalidade e falta de uma administração profissional”.
Depois dos problemas no laboratório de combate à dopagem, Ladetec, que foi descredenciado pela Agência Mundial Antidoping, agora uma instituição olímpica dá calote na entidade internacional à qual está subordinada.
É preciso lembrar que a Confederação de Ginástica tem patrocínio da Caixa Econômica. Estará a gerência de Marketing da Caixa agindo com o mesmo rigor da Eletrobrás, na fiscalização dos gastos de sua parceira, agora também suspeita de irregularidades com dinheiro público?
Leia os detalhes dessa reportagem
Tênis
Já o presidente da CBT (Confederação de Tênis), Jorge Rosa, foi investigado pela Polícia Federal e responde a processo, em segredo de Justiça, em São Paulo.
Rosa apresentou notas frias na prestação de contas de R$ 600 mil ao Ministério do Esporte, além de ter usado duas contas de laranjas para movimentar a grana da entidade que dirige.
E vem mais, porque no ano passado o Ministério do Esporte entregou R$ 2.018.000,00 – isso mesmo, dois milhões de reais – para a CBT, que já estava sob investigação, para realizar “treinamento multidisciplinar aos Jogos Rio 2016”.
Foi uma execução tão desastrosa, sem contemplar o total de atletas previstos, que o Ministério do Esporte não renovou a parceria.
Taekwondo
Recentemente, os companheiros da ESPN produziram um programa com manifestações de técnicos, atletas e dirigentes denunciando gestão financeira suspeita na CBTk (Confederação Brasileira de Taekwondo).
O vídeo sobre essas denúncias está aqui:
O que diz o COB
As denúncias sobre a CBTk são graves e consultei o COB sobre o assunto. A resposta foi a seguinte:
“O Comitê Olímpico Brasileiro, após receber grupo de Dirigentes e Atletas praticantes de Taekwondo, estudou detalhadamente as questões que lhe foram apresentadas e concluiu não ser cabível a criação de uma “Comissão Especial Temporária”, como anteriormente anunciado através de “Nota à Imprensa” divulgada em 21 de junho, tendo em vista se tratar de divergências entre a Confederação Brasileira de Taekwondo e algumas de suas filiadas. O Comitê Olímpico Brasileiro informa que, dentro dos estritos limites de sua competência, continuará verificando a correta aplicação dos recursos repassados à Confederação Brasileira de Taekwondo e acompanhará eventuais demandas, judiciais e / ou administrativas, que possam estar relacionadas com a referida Entidade, de modo a, se necessário, adotar as providências cabíveis.”
Enfim, são muitas fontes de recursos públicos (sete estatais, orçamento federal, Lei de Incentivo, Lei Piva, Bolsa Atleta), e o Ministério do Esporte não tem estrutura para acompanhar a execução de centenas de convênios nem fiscalizar com rapidez as prestações de contas.
Já o COB fiscaliza especificamente a aplicação dos recursos da Lei Piva, por ele administrada. Mas não pode fechar os olhos às denúncias de suas filiadas, que são várias e de longa data.