Blog do José Cruz

Arquivo : outubro 2012

Deputado Romário antecipa estudo internacional sobre desperdício de estádios da Copa
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José Cruz

Por Romário – deputado federal

Publicado originalmente em seu facebook

Soube agora que alguns pesquisadores do Instituto Dinarmaquês de Estudos do Esporte/Play the Game vão apresentar amanhã (23) uma projeção bem triste, mas que interessa muito ao povo brasileiro.

Olha só o que os caras vão divulgar às vésperas do Seminário Mega Eventos e Democracia: Riscos e Oportunidade, em São Paulo, na quarta-feira (24):

Se os números atuais referentes à presença de público não aumentarem drasticamente de agora até 2014, o legado esportivo dos 12 estádios brasileiros construídos ou remodelados para a Copa do Mundo vai acabar abaixo da média internacional de estádios similares, e algumas das arenas brasileiras serão qualificadas como elefantes brancos”.

Novidade pra vocês? O fato é que esse estudo deve servir pra nós discutirmos e pensarmos sobre como iremos aproveitar os estádios que estão sendo construídos com dinheiro público.

Esse instituto foi o mesmo que analisou 75 estádios (de Copas do Mundo, Olimpíadas de Inverno e de Verão e de outros torneios) em 20 países e, depois, elaborou o Índice Mundial dos Estádios. E, pelo visto, não é tanta vantagem para o país-sede abrigar um megaevento esportivo, pelo menos analisando só os estádios.

Segundo esta pesquisa, os 10 estádios da Copa da África custaram 16 vezes mais do que o orçamento inicial. Um absurdo! É o que queremos que aconteça no Brasil? Precisamos ficar atentos e é por isso que eu estou trazendo mais essa informação pra vocês.

Se as projeções dos analistas dinarmaqueses Jens Alm e Jens Sejer Andersen se tornarem realidade “nenhum dos estádios no Brasil vai alcançar a média internacional de público” depois da Copa.

O estudo também manda uma mensagem clara aos contribuintes brasileiros: “Planos para o uso posterior dos estádios devem ser reforçados para assegurar a sustentabilidade econômica e esportiva dos estádios.”

E ainda mostra que “especialmente quatro deles poderão ser subutilizados e experimentar um legado problemático: a Arena Amazônia, em Manaus, a Arena Pantanal, em Cuiabá, a Arena Dunas, em Natal, e o Estádio Nacional de Brasília”.

O recado tá dado!

Espero que o governo acompanhe o que vai ser debatido nesse seminário e saiba bem como está investindo o nosso dinheiro para não haver o mesmo desperdício que vimos no Pan 2007.

Da minha parte vou continuar de olho e fiscalizando as obras da Copa e das Olimpíadas.

 


Jogos Olímpicos: lucro X voluntariado
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José Cruz

Imperdível o artigo da professora Katia Rubio sobre a valorização das marcas olímpicas e a exploração da mão de obra com apelo do “voluntariado”.

“Estima-se que sejam necessários aproximadamente de 30 a 40 mil voluntários para a organização dos Jogos Olímpicos na atualidade. Seguindo, pois a lógica de que tudo que é olímpico hoje é negócio então é hora também de se acabar com a exploração de mão de obra nomeada voluntariado, afinal já não há por aí tantos escoteiros para essa função como nos primórdios olímpicos.”

Leia o artigo no Blog da Katia Rubio


Basquete: Grego tenta reconquistar o cargo
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José Cruz

Foram gestões com menos dinheiro, porém com mais realizações. Com este argumento, compartivo à atual administração da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), Gerasime Nicolas Bozikis, o Grego,  desenvolve sua campanha na tentativa de reconquistar a presidência da entidade na eleição de março do ano que vem. Ele tentará derrotar o ex-pareceiro e hoje presidente Carlos Nunes.

Nunes está com a bola cheia, fortalecido por regulares fontes de renda, campeonato nacional atrativo, ótima audiência na TV e numeroso público nas arquibancadas. Além, claro, da ascensão da Seleção aos Jogos Olímpicos, o que não é indicativo de que a modalidade vai muito bem. Pelo contrário.

Mesmo com o patrocínio da Eletrobras, Bradesco, Nike, dinheiro da Lei de Incentivo ao Esporte, Lei Piva e convênios com o Ministério do Esporte, ainda assim o basquete está deficitário em suas contas e se socorre de empréstimos bancários.

Carlos Nunes não explica essa matemática deficitária de “perfil falimentar” para a CBB. E agrava o quadro sem ter uma proposta eficiente de investimentos na base. Diante da omissão e do silêncio a oposição critica.

Comparações

O seguinte quadro demonstra quanto cada um dos candidatos recebeu e os respectivos saldos: Grego na gestão 2006/2008 e Carlos Nunes no período 2009/2011. Destaque para o saldo negativo de R$ 6 milhões da atual administração:

2006/2007/2008

2009/2010/2011

RECEITA – R$

32.595.000,00

58.705.000,00

DESPESA – R$

31.595.000,00

64.938.000,00

SALDO – R$

1.044.000,00

-6.233.000,00

Campeonato/base

56

51

 

Na área técnica, Grego afirma que, com menos recursos, realizou mais campeonatos nas categorias de base que o atual presidente (56 x 51).

Apoios

Em campanha, Grego garante que já tem apoio de cinco federações, mínimo para o registro da candidatura.  “Estou aprovado no primeiro turno”, diz ele. E vai à luta, porque são 27 eleitores. O candidato tem propostas como fortalecer as federações e massificar a prática do basquete no interior – “precisamos tirar o foco só bas capitais” , sugere.

Implementar a Universidade do Basquete para técnicos, árbitros, médicos, fisioterapeutas, dirigentes e adminsitradores, atletas e ex-atletas também está no “compromisso de campanha”.  E o robusto orçamento da CBB é garantia para tais promessas.

Futuro

A falta de massificação do basquete indica futuro difícil para as categorias principais, o que não é muito diferente de outras modalidades, como a natação, atletismo, tênis de mesa etc.

“No Sul-americano sub-15 perdemos para o Chile. Estamos fora de Mundiais dessa categoria desde 2010”, diz Grego, para demontrar a urgente necessidade de uma política de fortalecimento à iniciação, para se ter seleções adultas – masculina e femina – competitivas.

Minha análise

É fortíssimo o investimento do governo no esporte de rendimento sem que ainda se tenha uma definição de compromissos de instituições (confederações, federações e clubes), do próprio governo federal, estaduais e municipais. O que compete a quem?

As verbas públicas se misturam com interesses comerciais de instituições privadas e a desordem  começa aí. O atual fracasso nas finanças da CBB é exemplar, sem que o Ministério do Esporte se manifeste oficialmente.

Passa o tempo e, assim como nas limitações das categorias de base do esporte, há uma assustadora falta renovação entre os gestores. Continuam os mesmos. E isso é real em todas confederações e maioria das federações.

No caso do basquete não há terceira alternativa para o eleitor, porque faltam lideranças. E, principalmente, porque quem está no poder sabe muito bem o que fazer para ali continuar.

O esporte evoluiu financeiramente a partir de 2003, mas patinou na administração. Ficamos na mesmice.

Mais: a própria universidade não acompanhou com proposta acadêmica de ensino a evolução financeira do esporte de alta competição. Tanto que um dos problemas do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos 2016 é a falta de pessoal qualificado para as diferentes ações que precisa realizar na gestão esportiva.

Isso é tão grave quanto vergonhoso para um país que se diz “olímpico”.

Mas, a exemplo de Carlos Nunes, que silencia, também o governo não se manifesta. Apenas de$embolsa…


O apito dos descontentes
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José Cruz

 Depois do episódio Edílson Pereira de Carvalho, no infame Brasileiro-2005, ficou difícil defender a moral da arbitragem nacional. Esses senhores seriam apenas despreparados? Ou seriam realmente mal intencionados?

Por Bernardo Scartezini

Nunca antes na história do Brasileiro-2012 a liderança do Fluminense esteve tão larga – e nunca foi tão contestada. Passamos a semana discutindo arbitragem, em vez de discutir futebol.

Se o fluminense não levar o caneco na bola, levará no apito. É o que acusam muitos e desalentados torcedores adversários.

A choradeira acontece porque o futebol brasileiro tem buracos negros que arrastam tudo ao redor: jogadores e dirigentes, campanhas inteiras, méritos e reputações.

Um buraco negro é a CBF: privatizaram nossa Seleção e nosso futebol.  Outro buraco negro é o calendário: 12 meses está pouco para os cartolas.

Outro buraco negro é a arbitragem: erros se acumulam a  cada rodada num crescendo de insatisfação geral e paranoia coletiva.

Depois do episódio Edílson Pereira de Carvalho, no infame Brasileiro-2005, ficou difícil defender a moral da arbitragem nacional. Esses senhores seriam apenas despreparados? Ou seriam realmente mal intencionados?

E assim a péssima arbitragem brasileira, claro, acaba sendo mais um perverso fruto dos desmandos da CBF. Como garantir o caráter de quem apita dentro de campo se não se pode garantir o caráter de quem paga seus salários?

Xingar a mãe do juiz é esporte nacional. Mas não vai dar para culpar os juízes, nem a mãe deles, se o Fluminense terminar campeão. Este time tem sobrado – turno e returno -, eis a verdade.

Fluminense e Grêmio realizaram, na quarta-feira, a melhor peleja deste certame. Os gremistas saíram na frente após construírem um cerco alucinante. Mas o Flu reagiu de imediato e virou o placar em apenas quatro minutinhos. Depois teve que ceder o empate a um adversário que insistia em atacar, mesmo contando com um homem a menos. Raras vezes o Flu foi tão acossado  dentro do Rio de Janeiro. Mas…

Empates a esta altura só servem ao Fluminense. De tal forma que te digo: qualquer outro resultado amanhã, que não seja uma desmoralizante & desnorteante goleada do Atlético-MG, deixará o Fluminense matemática & emocionalmente com a parada liquidada.

Enquanto isso, na Polônia…

Mano Menzes parece ter encontrado o elemento que vinha buscando. Se Kaká se mantiver em boa forma física, ele até poderá não se tornar a liderança psicológica ainda tão necessária ao time – esse nunca foi mesmo o jeitão dele – , mas certamente ajudará um bocado com a pelota nos pés.

Com Kaká ao lado do garoto Oscar, ambos à frente de Paulinho e Ramires, a Seleção pode começar a depender menos e menos do talento individual do menino Neymar. O que seria uma boa para todos.

O bacana dessa história – e que me deixa especialmente otimista – é que hoje Kaká precisa da Seleção tanto quanto a Seleção precisa dele. Nem sempre essa equação foi assim equilibrada, em se tratando dos popstars do escrete pátrio.

Metido numa querela pessoal com José Mourinho e com futuro ainda incerto no Real Madrid, Kaká pode fazer da Seleção palco de sua redenção. Pode encenar ali o ato final de sua bela e vitoriosa carreira. O que, mais uma vez, seria uma boa para todos.

Bernardo Scartezini escreve aos sábados no SuperEsportes do Correio Braziliense


Copa 2014 e Rio 2016: festão com verba pública garantida no Orçamento
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José Cruz

O Ministério do Esporte reservou R$ 230 milhões – repetindo: R$ 230.000.000,00 – para “apoio à realização da Copa do Mundo Fifa 2014”.

A previsão está no Orçamento da União para 2013, encaminhada pelo Palácio do Planalto ao Congresso Nacional, para análise e aprovação.

Nessa grana devem estar os R$ 38 milhões para a “festa de inauguração da Copa”, como anunciou Juca Kfouri.

Festão com grana pública…

Rio 2016

Tem mais, segundo a previsão orçamentária do Ministério do Esporte:

Para os Jogos Rio 2016 o Ministério do Esporte repassará R$ 631 milhões.

VALOR R$

DESTINAÇÃO

    500.000.000,oo

Infraestrutura Olimpíada e Paraolimpíada Rio 2016

    131.000.000,oo

Organização Olimpíada e Paraolimpíada Rio 2016

 

E agora, vai?


Corrupção confirmada. Agora, só falta devolver R$ 2,9 milhões…
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José Cruz

Um dos principais escândalos de corrupção no Ministério do Esporte na era do ministro Orlando Silva – desaparecimento de R$ 2,4 milhões – está confirmado

O dinheiro repassado ao Instituto Cidade, de Juiz de Fora (MG), através do programa “Pintando a Cidadania”, para a produção de material esportivo não foi utilizado. Pior: a grana sumiu, conforme o UOL Esporte divulgou em janeiro deste ano, em reportagem de Vinícius Segalla.

O processo continua, no Minitério Público e Tribunal de Contas da União, mas o Ministério do Esporte já determinou ao Instituto Cidade a devolução da grana do convênio, com valor corrigido: R$ 2,9 milhões.

Denúncia

Em 2011 denunciei que os R$ 2,4 milhões tinham desaparecido da conta do Instituto Cidade, no Banco do Brasil, e que a produção de material – bolas, redes, camisetas, sacolas, bonés etc – estava paralisada. A Polícia Federal entrou em campo e enviou o resultado da investigação ao Ministério Público. Mais de 200 famílias foram prejudicadas pela manobra dos espertos.

Paralelamente, o Ministério do Esporte abriu inquérito e concluiu que a denúncia era real. O dinheiro desapareceu e o material encomendado – 50 mil peças, no geral – não tinha sido produzido. O ministro Aldo Rebelo determinou rescisão do convênio.

As denúncias foram acompanhado de perto pela repórter Daniela Arbex, do jornal Tribuna de Minas, de Juiz de Fora.

Na reportagem que ela publicou esta semana estão todos os detalhes dessa operação que ainda não terminou, pois falta divulgar o principal: quem se beneficiou de R$ 2,4 milhões do Ministério do Esporte, quando Orlando Silva era ministro?

Investigações

Um dos nomes envolvidos nas investigações é do presidente do Instituto Cidade, José Augusto da Silva, ex-cabo eleitoral de Wadson Ribeiro (PCdoB). Wadson disputou a última eleição à Câmara dos Deputados, pelo PCdoB, mas não se elegeu. Agora, ele chegou a ser anunciado candidato à prefeitura de Juiz de Fora. Porém, seu nome não foi registrado.

Como funcionário do Ministério do Esporte, Wadson liberou muitos recursos para Juiz de Fora, numa clara manifestação de foratalecimento de seu nome com a destinação de verba pública. Isso é comum na Esplanada dos Ministérios.

Wadson, ex-presidente da UNE (1999-2001), ocupou a Secretaria Nacional de Esporte Educacional da pasta até o final de 2011. O programa Pintando a Cidadania está vinculado a essa secretaria.

Em novembro, Wadson deixou o Ministério, pouco depois da saída do então ministro Orlando Silva, no bojo de pesadas denúncias de corrupção na pasta.

Orlando e Wadson, com Ricardo Cappelli – que preside a comissão técnica da Lei de Incentivo ao Esporte – formavam o triunvirato de ex-presidentes da União Nacional dos Estudantes com cargos de destaques no Ministério do Esporte, a partir de 2006. Do trio, apenas Cappelli permanece no cargo, na pasta agora sob o comando do ministro Aldo Rebelo.


Copa 2014: MP manda Kassab anular “cláusula de confidencialidade”
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José Cruz

Enquanto a sociedade incentiva maior transparência nos atos públicos, prefeito de São Paulo esconde acordos para  a Copa 2014

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, tem 10 dias para anular a cláusula de confidencialidade  de um contrato assinado com o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo.

A “recomendação” é do procurador da República José Roberto Pimenta Oliveira, que já encaminhou o assunto à Prefeitura de São Paulo, segundo a assessoria de imprensa do Ministério Público de SP.

A cláusula em questão impede a divulgação integral do “Acordo”, que estabelece os direitos e obrigações da capital paulista para receber jogos do Mundial de Futebol de 2014.

Se o prefeito não se manifestar, o Ministério Público encaminhará o assunto à Justiça.

Para o procurador Pimenta Oliveira, “a cláusula de confidencialidade representa graves restrições ao princípio constitucional da publicidade” e deve ser anulada por ilegalidade.

Esta realidade demonstra a que ponto chega o abuso das autoridades eleitas pelo voto popular. Escondem do eleitor-contribuinte acordos bilaterais feitos em nome do governo do município.

E isso ocorre no momento em que a sociedade exige trasparência dos atos públicos, principalmente dos eventos esportivos bilionários em que os negócios comandam os entendimentos.

Afinal, o que tem de especial esse contrato que não pode ser divulgado?

Porque a reserva, o sigilo num negócio bancado com recursos públicos?

Estranho, muito estranho, mas  sugere investigações nas outras 11 cidades-sedes.


Governo trabalha para evitar prejuízo olímpico
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José Cruz

Uma equipe de especialistas do governo federal já trabalha na projeção de receitas e despesas dos Jogos Olímpicos 2016 para evitar a repetição do derrame de dinheiro ocorrido no Pan 2007, quando a conta chegou a R$ 3,4 bilhões.

 

Preocupação com tanta antecedência faz sentido: prejuízos, inclusive do Comitê Organizador dos Jogos, serão cobertos com dinheiro público.

 

Exigência

 

A medida extrema está no artigo 15 da Lei 12.035/2009 (que instituiu o Ato Olímpico). Em outras palavras: 

 

“O governo federal destinará recursos para cobrir eventuais déficits operacionais do Comitê Organizador dos Jogos”.

 

Da mesma forma na Copa do Mundo: a Lei Geral da Copa resguarda o principal promotor (Fifa), de possíveis déficits. Nada de imposições, mas regras do jogo que o governo brasileiro se submeteu ao aceitar receber os bilionários eventos – Copa do Mundo, Olimpíada e Paraolimpíada.

 

Super-ministro

 

Quem lidera o trabalho pelo governo brasileiro é o presidente da Autoridade Pública Olímpica, Márcio Fortes, um especialista em gestão pública, com passagem por vários órgãos federais, entre eles o Ministério da Agricultura, Minas e Energia e Cidades.

 

A APO é uma empresa com duração limitada, até 2018, que coordena o planejamento integrado dos investimentos públicos nas três esferas de governo: federal, estadual e municipal. Faltou isso no Pan 2007.

 

“Independentemente de quem estiver governando o município, o estado ou o país a APO dará continuidade ao trabalho de preparação do Rio aos Jogos 2016”, explicou Márcio Fortes.

 

Sorridente com a proximidade do título de seu Fluminense, o carioca Márcio Fortes comanda uma ainda pequena equipe de funcionários, numa área central do Rio de Janeiro,cedida pelo Banco do Brasil.

 

No total, dispõe de 180 cargos, mas ainda não chegou aos 100 ocupados.

 

São profissionais especializados em todos os segmentos que envolvem a Olimpíada, atualmente concentrados em 18 frentes de trabalho: desde relações internacionais até à entrada de cavalos de competição, quarentena dos animais, segurança, telecomunicações, meio ambiente, saúde, desapropriações, energia, saneamento, revitalização portuária, instalações esportivas, hotelaria e por aí vai …

 

“Diga uma palavra e, com certeza, ela estará envolvida com um segmento olímpico que estamos trabalhando”, desafia Márcio Fortes para demonstrar o gigantismo do evento.

 

É por isso que a APO se assemelha a um super-ministério, mas com prazo limitado de funcionamento:

 

“Meu mandato termina em 2015. Não sei se em 2016 estarei na abertura dos Jogos”, brinca Márcio Fortes, mas demonstrando a realidade. A indicação para o cargo é da presidência da República e a homologação é do Senado Federal, após sabatina.  Como em 2014 teremos eleição presidencial e em política tudo é possível…

 

Lucros e prejuízos

 

Voltarei a este assunto, pois a conversa com Márcio Fortes  foi longa e há outros temas importantes como orçamento.

 

Mas me chamou atenção esse trabalho da APO para prevenir possíveis prejuízos dos Jogos a fim de que o governo não pague a conta de quem tem muito lucro, no caso o organizador maior, o Comitê Olímpico Internacional.

 

É claro que ficou para a história o tempo dos “prejuízos olímpicos”. Hoje, como tenho escrito, uma coisa são os Jogos, as disputas entre equipes e atletas e, outra, são os negócios.

 

Os Jogos do Rio, por exemplo, já superaram as projeções iniciais de patrocinadores masters: Claro, Embratel, Bradesco, Nissan e Bradesco Seguros. E virão mais.

 

Mas, na dúvida, o governo tomou a precaução de trabalhar cedo para evitar quebra de caixa e, além da falta de legado, como ocorreu no Pan 2007, também o cofre público pague a conta.


Zequinha Barbosa: realidade do atletismo ainda é muito difícil
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José Cruz

“Eu digo que o atletismo ou esporte em geral têm de estar a onde a criança está. A criança está na escola e é lá que atletismo tem de estar. Porque sem matéria prima não temos talentos, sem talentos não temos resultados e sem resultado não temos medalhas”

Um dos grandes meio-fundistas do Brasil – bronze nos 800m no Mundial de Roma, 1987, e prata na mesma prova, em Tóquio, 1991 –   Zequinha Barbosa está “preocupado” com os rumos do atletismo brasileiro.

Junto com Joaquim Cruz (ouro em Los Angeles, 1984) e Agberto Guimarães, todos treinados por Luiz Alberto de Oliveira, Zequinha lamenta que sua geração não tenha inspirado novos competidores do atletismo. Em olimpíadas, ele esteve em duas finais: foi sexto nos Jogos de Seul, 1988, e quarto em Barcelona, em 1992.

Livre de uma acusação de assédio sexual  – foi absolvido pelo Superior Tribunal de Justiça –  Zequinha deu novos rumos à sua vida de desportista: voltou para os Estados Unidos, onde fez boa parte de sua carreira de profissional, numa  época de escassez de recursos financeiros no Brasil, sem Bolsa-Atleta ou Lei de Incentivo ao Esporte. 

Pior para o Brasil, que perdeu com a experiência desse potencial para a formação de novas equipes. Joaquim Cruz continua morando nos Estados Unidos, onde também é técnico. Agberto trabalha no Comitê Olímpico Brasileiro, e apenas Luiz Alberto continua ligado ao atletismo brasileiro, dirigindo o Centro de Treinamento de Uberlândia (MG). A seguir, a entrevista com Zequinha Barbosa:

Você está na Califórnia há três anos. Por que essa opção de voltar aos Estados Unidos?

Zequinha – Voltei para os Estados Unidos em  fevereiro de 2009, convidado por Leandrinho, atleta da NBA (Phoenix Suns, 2008/2010), para desenvolver junto a ele uma preparação física diferenciada. Trabalhei dois anos como condicionador físico dele. Morar novamente nos Estados Unidos significou para mim, em primeiro lugar, uma oportunidade profissional diferenciada, dado à minha formação em educação física e a experiência como atleta olímpico, além de poder ficar perto de minhas filhas. Na verdade, não foi ofertado a mim oportunidade de trabalho no Brasil que pudesse fazer frente à experiência acumulada durante minha vida no esporte.

Atualmente, qual a sua atividade?

Hoje eu sou técnico de atletismo e cross country em uma escola do ensino médio. Também sou assistente técnico de cross countryem Junior College(faculdade)em San Diego(Califórnia). Atuo também como técnico de atletismo no alto rendimento e condicionador físico para atletas de alto nível em várias modalidades de esportes (atletismo, futebol, basquete, basebol, futebol americano, tênis e triatlo).

Você tem duas medalhas em campeonatos mundiais. Mas não tivemos seguidores de destaque nessa prova, que teve Joaquim Cruz como expoente. Por que?

Zequinha – Sinceramente acho que eu, Joaquim, o Agberto Guimarães e o Luiz Alberto (técnico) deveríamos ter unido forças para criar uma escola de meio fundo brasileira. Não somos azarões ou iluminados. Simplesmente desenvolvemos novos métodos e trabalhos sérios. Como acontece em países como o Quênia, Jamaica etc, seus atletas voltam para seus países de origem com o knowhow adquirido no exterior e desenvolvem um trabalho em conjunto para a evolução da modalidade e do atletismo nacional. No nosso caso, sem um projeto coletivo nacional, cada um seguiu seu destino. Acredito que isso não foi produtivo e serviu para que houvesse seguidores do meio fundo no Brasil.

 Qual a sua avaliação sobre o atletismo brasileiro na atualidade?

Zequinha – Há tempos ando um tanto preocupado com os rumos do atletismo no Brasil. Preocupação essa oriunda do amor que tenho pelo esporte, o que muito me orgulha. Como atleta que participou de quatro olimpíadas e, num tempo em que tudo era muito diferente, desde a medicina esportiva até o relacionamento com o patrocinador, percebo que as melhorias dos tempos atuais e o espelho e incentivo da minha geração não estão resultando em desempenhos significativos nos dias atuais. Por parte dos atletas é necessário a consciência de que é preciso manter-se bem fisicamente, sem extravagâncias, comprometimento com plano estabelecido pelo treinador, zelar pelo bem-estar da equipe, evitando qualquer tipo de picuinha ou desgaste desnecessário. Vida de atleta se faz principalmente fora dos holofotes.  Atletas, não se contentem apenas com índices para viagens. Façam o melhor, façam história.

Você acredita q e poderemos ter uma equipe mais competitiva para os Jogos 2016, apesar de não termos muitas promessas juvenis?

Zequinha – Acreditar eu sempre acredito. Agora na nossa realidade isso está muito difícil. Primeiro, há quatro anos já deveríamos termos feito um planejamento para atletismo nacional para que pudéssemos mudar ou dar um rumo a ele, levando para um nível ainda mais alto que na nossa época. Um atleta olímpico leva no mínimo oito anos para ser formado. Estamos a quatro anos dos Jogos Olímpicos do Rio. Sem falar que as promessas para o atletismo ainda são muito poucas e falta tempo hábil para esses atletas brilharem na Olimpíada de 2016.

O que fazer para mudar essa realidade?

Acho que muitas coisas devem e poder ser feitas no Brasil para que possamos nos tornar uma nação olímpica. “Todo artista tem de estar a onde o povo esta”, diz o poeta-cantor Milton Nascimento. Eu digo o atletismo ou esporte em geral, tem de estar a onde a criança está. A criança está na escola e é lá que atletismo tem de estar. Porque, sem matéria prima não temos talentos, sem talentos não temos resultados e sem resultado não temos medalhas.


O avanço paralímpico e os novos desafios
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José Cruz

Por Kleber Veríssimo

Ao longo destes últimos 17 anos acompanho o desporto paralímpico brasileiro, antes como dirigente, hoje como admirador. Sempre que sou perguntado a respeito de sua evolução menciono três momentos que considero fundamentais, dois históricos e outro mais recente.

O primeiro, ocorreu em 1995, com a fundação do Comitê Paraolímpico Brasileiro, àquela época ainda “Paraolímpico”, momento crucial, pois a partir dali o seguimento se institucionalizou, ganhando não só uma sede, na cidade de Niterói (RJ), mas principalmente através da criação de um organismo autêntico que pensasse e administrasse, única e exclusivamente, o desporto paraolímpico.

Desde seu início, o Comitê apresentou uma proposta de trabalho profissional, o que ficou comprovado na classificação alcançada pelo Brasil na Paraolímpiada de Atlanta, 1996 e Sydney, 2000, apesar de ainda reféns dos escassos aportes financeiros liberados pelo Governo Federal, o que dificultava a execução integral do planejamento previamente estabelecido.

O segundo momento ocorreu em 2001, com a sanção da Lei Agnelo Piva, que legalizou o repasse de recursos aos Comitês  Olímpico e Paraolímpico. Com recursos assegurados, o movimento deu um salto de qualidade técnica ainda maior, que culminou com a classificação do Brasil em Atenas no 14º lugar, e na China em 9º.

Porém, se na parte técnica tudo ia bem, internamente, com a entrada de capital, que teoricamente seria a solução de todos os problemas, causou uma dissidência entre os agentes que administravam o desporto paralímpico nacional. Foi um processo longo, complicado e desgastante em que o CPB foi alvo de inúmeras acusações públicas, que denegriram a imagem do paraolimpismo junto aos diversos setores do seguimento esportivo brasileiro.

O terceiro momento, e mais recente, veio com a posse do atual presidente Andrew Parsons que conseguiu administrar as vaidades, aparar arestas, buscar o consenso e, acima de tudo implantar uma gestão profissional e transparente.

Mas principalmente, e em minha opinião, o grande diferencial de sua gestão, foi a abertura de novos horizontes, através do estreitamento das relações com os diversos organismos internacionais e das parcerias público-privadas.

Antes administrávamos para dentro, de forma doméstica, acanhada e extremamente amadora. Hoje somos reconhecidos internacionalmente, não só pelos resultados alcançados por nossos atletas, mas também pelo respeito institucional conquistado pelo CPB.

E fomos além com as parcerias e os recursos que delas advém, o que dá a tranquilidade de não depender única e exclusivamente dos recursos da Lei Agnelo Piva e, com isso, poder implementar um planejamento de alto nível que possibilita aos atletas competirem em igualdade, ou em até melhores de condições, que seus adversários.

Desafios

Existem dois grandes desafios: o primeiro é o de dar continuidade ao trabalho até aqui realizado, reelegendo o atual presidente para a gestão 2013/2016, em reconhecimento aos seus méritos à frente do CPB.

O segundo é alcançar a meta pré-estabelecida de conquistarmos o quinto lugar, nos Jogos Rio 2016. Nada impossível, principalmente, se levarmos em conta o poder de superação dos nossos atletas paralímpicos na incessante busca de cada vez mais ocupar o lugar mais alto do pódio.

Professor Kleber Verissimo, foi superintendente de Esportes para a Área das Pessoas com Deficiência do Estado do Rio de Janeiro; diretor técnico da Associação Brasileira de Desporto em Cadeira de Rodas (Abradecar), diretor técnico da Associação Brasileira de Desporto para Amputados (ABDA); Diretor Técnico do Comitê Paraolímpico Brasileiro de 2007 a 2015. Participou dos Jogos Paralímpicos de Atlanta, 1996, Sydney, 2000 e Atenas, 2004.