Blog do José Cruz

O avanço paralímpico e os novos desafios

José Cruz

Por Kleber Veríssimo

Ao longo destes últimos 17 anos acompanho o desporto paralímpico brasileiro, antes como dirigente, hoje como admirador. Sempre que sou perguntado a respeito de sua evolução menciono três momentos que considero fundamentais, dois históricos e outro mais recente.

O primeiro, ocorreu em 1995, com a fundação do Comitê Paraolímpico Brasileiro, àquela época ainda “Paraolímpico”, momento crucial, pois a partir dali o seguimento se institucionalizou, ganhando não só uma sede, na cidade de Niterói (RJ), mas principalmente através da criação de um organismo autêntico que pensasse e administrasse, única e exclusivamente, o desporto paraolímpico.

Desde seu início, o Comitê apresentou uma proposta de trabalho profissional, o que ficou comprovado na classificação alcançada pelo Brasil na Paraolímpiada de Atlanta, 1996 e Sydney, 2000, apesar de ainda reféns dos escassos aportes financeiros liberados pelo Governo Federal, o que dificultava a execução integral do planejamento previamente estabelecido.

O segundo momento ocorreu em 2001, com a sanção da Lei Agnelo Piva, que legalizou o repasse de recursos aos Comitês  Olímpico e Paraolímpico. Com recursos assegurados, o movimento deu um salto de qualidade técnica ainda maior, que culminou com a classificação do Brasil em Atenas no 14º lugar, e na China em 9º.

Porém, se na parte técnica tudo ia bem, internamente, com a entrada de capital, que teoricamente seria a solução de todos os problemas, causou uma dissidência entre os agentes que administravam o desporto paralímpico nacional. Foi um processo longo, complicado e desgastante em que o CPB foi alvo de inúmeras acusações públicas, que denegriram a imagem do paraolimpismo junto aos diversos setores do seguimento esportivo brasileiro.

O terceiro momento, e mais recente, veio com a posse do atual presidente Andrew Parsons que conseguiu administrar as vaidades, aparar arestas, buscar o consenso e, acima de tudo implantar uma gestão profissional e transparente.

Mas principalmente, e em minha opinião, o grande diferencial de sua gestão, foi a abertura de novos horizontes, através do estreitamento das relações com os diversos organismos internacionais e das parcerias público-privadas.

Antes administrávamos para dentro, de forma doméstica, acanhada e extremamente amadora. Hoje somos reconhecidos internacionalmente, não só pelos resultados alcançados por nossos atletas, mas também pelo respeito institucional conquistado pelo CPB.

E fomos além com as parcerias e os recursos que delas advém, o que dá a tranquilidade de não depender única e exclusivamente dos recursos da Lei Agnelo Piva e, com isso, poder implementar um planejamento de alto nível que possibilita aos atletas competirem em igualdade, ou em até melhores de condições, que seus adversários.

Desafios

Existem dois grandes desafios: o primeiro é o de dar continuidade ao trabalho até aqui realizado, reelegendo o atual presidente para a gestão 2013/2016, em reconhecimento aos seus méritos à frente do CPB.

O segundo é alcançar a meta pré-estabelecida de conquistarmos o quinto lugar, nos Jogos Rio 2016. Nada impossível, principalmente, se levarmos em conta o poder de superação dos nossos atletas paralímpicos na incessante busca de cada vez mais ocupar o lugar mais alto do pódio.

Professor Kleber Verissimo, foi superintendente de Esportes para a Área das Pessoas com Deficiência do Estado do Rio de Janeiro; diretor técnico da Associação Brasileira de Desporto em Cadeira de Rodas (Abradecar), diretor técnico da Associação Brasileira de Desporto para Amputados (ABDA); Diretor Técnico do Comitê Paraolímpico Brasileiro de 2007 a 2015. Participou dos Jogos Paralímpicos de Atlanta, 1996, Sydney, 2000 e Atenas, 2004.