Blog do José Cruz

Arquivo : setembro 2012

O esporte tem mensalão?
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José Cruz

Acompanhando o julgamento do Mensalão  ouvi do ministro Luiz Fux o seguinte voto:

 

Concluo que a entidade bancária (Banco Rural) serviu de lavanderia de dinheiro em negócio fraudulentos, tenebrosos”.

E fico a pensar: nossas entidades do esporte, fartamente contempladas com dinheiro público, de várias fontes, lavam dinheiro?

Não sei. Sinceramente, não sei.

Nossas entidades do esporte têm mensalão?

Também não sei.

E por mais esdrúxula que seja, a dúvida é pertinente.

Porque, mensalão não é apenas o repasse promíscuo de dinheiro entre corruptos interessados, mas a troca de favores, convites para privilegiados eventos, viagens, mordomias etc.

O ex-ministro do Tribunal de Contas da União, Marcos Vinícius Vilaça, é exemplar neste sentido. Ele chefiou uma viagem da Seleção Brasileira ao exterior.

E quem era Marcos Vilaça, então ministro do TCU? Era o relator do processo do Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro.

Aí está a relação promíscua entre o fiscal da verba pública e entidade do esporte suspeita de corrupção e de evasão de divisas.

Transparência opaca

Além disso, a falta de transparência impede saber o que fazem com o dinheiro que sai do pagamento de impostos pelo público. Daí, “verba pública”.

Essa falta de transparência é bem diferente das prestações de contas dos beneficiados ao Tribunal de Contas ou Ministério do Esporte. Porque, nesses órgãos também não se têm acesso às tais prestações de contas. O jogo de empurra faz parte do esquema para desestimular a investigação.

No ano passado, por exemplo, a Controladoria Geral da União determinou que várias entidades devolvessem R$ 49 milhões aos cofres públicos. Dinheiro do Ministério do Esporte para o Segundo tempo que não chegou ao seu destino. Ficou pelo caminho …

Mas só ficamos sabendo disso quando da determinação final de processos de quatro ou cinco anos! E quantos não têm a mesma decisão, por influência política?

Por isso, comitês, confederações e demais associações esportivas contempladas com verbas do governo deveriam ser OBRIGADAS a publicar em seus sites como estão usando a verba.

Protestos e reclamações recentes de técnicos e atletas de que “o dinheiro não chega até nós” é indício gravíssimo de que algo está muito errado neste processo, mas até agora com total omissão e silêncio do Congresso Nacional, principalmente.

Isso sem falar que os resultados esportivos internacionais não são proporcionais ao volume crescente de verbas repassadas nos últimos anos.

Por tudo isso, fico a pensar se há “negócios fraudulentos e tenebrosos” – usando expressão do ministro Fux – no esporte brasileiro.

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, poderia se interessar por este assunto.

Ou o Palácio do Planalto, na omissão de tantos.


40 anos do massacre de Munique
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José Cruz

Hoje, 40 anos do massacre de Munique.

Entrou para a história a imagem de um árabe encapuzado, do grupo terrorista Setembro Negro, na varanda de um prédio da Vila Olímpica, nos Jogos de Munique, 1972.

Impossível descrever o clima que havia no estádio olímpico durante o culto ecumênico realizado no dia seguinte. Tinha que estar lá para sentir”.

Sugiro a leitura do artigo de Alberto Murray Neto, que estava naquele triste e inesquecível evento para a história do esporte mundial. É dele o depoimento acima.

 


Confirmada maracutaia de R$ 11 milhões no amistoso da Seleção com Portugal. Há quatro anos…
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José Cruz

Lembram daquele amistoso em que a Seleção Brasileira aplicou 6 x 2 na Seleção de Portugal, na inauguração do estádio do Gama, no Distrito Federal?

Difícil esquecer aquele novembro de 2008…  Nem tanto pelo placar, mas pela “festa” patrocinada pelo então governador Arruda, que usou R$ 11,3 milhões (corrigidos) dos cofres públicos naquele amistoso.

Num jornal local de televisão, o secretário de Transparência do DF, Carlos Higino, confirmou hoje irregularidades no contrato, cujo valor original foi de R$ 9 milhões. Um dos beneficiários da esperta jogada foi o atual presidente do Barcelona, Alexandre Rosell Feliu.

Ele fundou a Ailanto, empresa que fez o acordo com Arruda para negociar a transmissão por TV do amistoso, segundo o processo da Secretaria de Transparência.

Á época, um parecer da Procuradoria do DF alertou que se tratava de uma falcatrua, que o governador estava entrando numa fria.

Soberano, Arruda mandou ver. Agora terá que devolver a grana com outros envolvidos, entre eles Agnaldo Silva, ex-secretário de Esporte do Distrito Federal.

As conclusões foram entregues ao Ministério Público do DF.

Quatro anos  depois…

Imaginem o que vai acontecer com os processos da Copa 2014, da construção do estádio de Brasília…

 

 

 


Paralímpicos e os limitadores de tecnologia: velocidade sem barreiras
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José Cruz

Em 2006 entrevistei o então astro mundial paralímpico Oscar Pistorius. Ele tinha 19 anos.

“Eu apenas não tenho os pés”, afirmou o sul-africano, com muita simplicidade, referindo-se ao equilíbrio sobre duas lâminas nas provas de velocidade e recordes sobre recordes que batia.

Mal sabia que naquele mesmo ano de 2006 um brasileiro,  Alan Fonteles, então com 14 anos, também corria equilibrando-se em próteses. Com treinos e persistência se tornaria agora, nos Jogos de Londres, o grande campeão paralímpico, derrotando justamente o até então ídolo sul-africano Pistorius.

Mas o bicampeão paralímpico dos 200m da categoria T4 – biamputados – o sul-africano não foi elegante ao reclamar que o brasileiro se apoia sobre próteses cinco centímetros mais altas que as suas.

   Alan Fonteles na capa no The Times, de Londres (foto: Comitê Paralímpico Brasileiro)

Limitadores

Na Paralimpíada de Sydney, em 2000, entrevistei dois engenheiros de próteses para amputados. Ambos previam que, “um dia”, o Comitê Paralímpico Internacional precisaria colocar “limitadores” nas tecnologias usadas pelos competidores, pois elas fariam diferenças.

Será que a reclamação de Pistorius servirá para reabrir a discussão sobre a tecnologia em paralimpíadas?

A verdade é que, com sprint inesperado, Alan Fonteles venceu dentro das regras e das normas oficiais.

Mais tarde, humilde, Pistorius reconheceu a vitória de Alan e se contentou com a prata. Ficam as expectativas para os 400m rasos e o revezamento 4x100m que colocará a dupla novamente na mesma pista.

Comum entre os dois velocistas é o exemplo de superação e como o esporte paralímpico em geral contribui para a melhoria da qualidade de vida desses atletas sem barreiras e sem limites.


Clube caloteiro poderá sofrer “punição desportiva”. Será?
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José Cruz

Clubes de futebol que atrasarem o recolhimento de impostos aos cofres públicos poderão sofrer “punição desportiva”.

 Traduzindo:

“Punição desportiva” seria a perda de pontos do clube devedor nas competições oficiais”.

 A surpreendente proposta foi defendida pelo presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Nero, na reunião da Comissão de Turismo e Desporto, que trata da reformulação da Timemania.

A reunião, no último dia 27,  na CBF, teve a a participação do presidente José Maria Marin.

Também compareceram representantes do Internacional, Botafogo, Coritiba, Santos, Palmeiras, Vasco, Grêmio e Corinthians.

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O deputado José Rocha, que preside a Comissão de Turismo e Desporto, sugeriu que as dívidas fiscais – R$ 5 bilhões, extraoficialmente, para com a Receita Federal, FGTS e INSS – sejam compensadas por publicidade das empresas estatais nos uniformes e estádios dos clubes devedores.

Enquanto isso…

O Ministério do Esporte prepara projeto de lei para que os clubes amortizem suas dívidas ficais oferecendo espaços para a formação de atletas olímpicos, conforme divulguei na semana passada.

Este projeto de lei poderá se transformar em medida provisória, se a presidente Dilma Rousseff avalizar o bilionário calote dos cartolas, o que seria vergonhoso para a dirigente que busca dar perfil de moralidade ao governo federal.

Na prática, há uma movimentação para que a dívida não seja paga. Se a proposta de medida provisória falhar o “plano B” estará pronto para ser detonado.

Mas não se iluda, caro Leitor.

Essa idéia de “punição desportiva”, de Del Nero, é conversa para boi dormir. É para dar tom de compromisso ou seriedade ao assunto.

Porém, é exatamente isso que falta à cartolagem em geral. Ela enrola a dívida há mais de 15 anos, assina renegociações e assume compromissos que não cumpre.

O calote está  a caminho, e com o apoio do ministro do Esporte, Aldo Rebelo

Bah!!! Quem diria!!!


Afinal, onde a base se esconde?
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José Cruz

Durante os Jogos de Londres muito se ouviu sobre “investimentos na base”. Ou “o dinheiro não chega à base”.
Mas, afinal, onde está a base?

Está por aí, pelos estados, pelas cidades escondidas, Brasil afora, esperando que o dinheiro público, um dia, chegue onde tem um atleta em potencial, um talento.

Afonso Morais foi ao Nordeste visitar a família. E com a sensibilidade de repórter que enxerga notícia escondida ele não perdeu a chance  de entrevistar um ex-campeão de corridas de rua, hoje técnico, que explica, em parte, sobre a tal “base e suas dificuldades.”

Afonso, colaborador deste blog, me alertou para as limitações técnicas da gravação, feita num celular.

Não se preocupe, Amigo. O que importa é a mensagem. Ela está muito clara e complementa, perfeitamente, a entrevista do técnico campeão olímpico, Luiz Alberto de Oliveira, que ontem publiquei.  Essas duas postagens ajudam a enter um pouco mais os problemas do nosso esporte, rico em dinheiro e pobre em gestão.

Escondido no Nordeste

Por Afonso Morais

Na ressaca de uma das mais decepcionantes campanhas olímpicas do Brasil, a entrevista a seguir pode esclarecer as razões do fraco desempenho do atletismo brasileiro nos Jogos de Londres. Com a experiência de quem venceu inúmeras competições, o ex-atleta Francisco Armendes Cardoso, de 38 anos, nos faz entender como, apesar dos 26 milhões de reais disponíveis para a Confederação Brasileira de Atletismo (sendo 24 milhões de verba pública), a modalidade retrocedeu 20 anos nesta edição das Olimpíadas, já que o país também não conquistou nenhuma medalha no atletismo nos Jogos de Barcelona, em 1992.

Confira a entrevista


Atletismo: rumos para 2016 – entrevista com Luiz Alberto de Oliveira
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José Cruz

Prestigiado pela conquista de pódios por seus atletas, em duas olimpíadas – ouro e prata com Joaquim Cruz – e 13 medalhas em campeonatos mundiais, sendo seis indoor, o técnico Luiz Alberto de Oliveira faz uma análise do nosso atletismo, projetando expectativas para 2016.

Na sua opinião, o Brasil pode ser a sua própria escola a partir de experiências exitosas de outros países, onde ele morou e treinou vários atletas.

Confira a entrevista no UOl Esporte do atual coordenador técnico do Centro Nacional de Treinamento de Atletismo, em Uberlândia, MG, que tem em seu currículo os seguintes resultados:

07 Participações em Jogos Olímpicos (2 medalhas)

11 Participações em Campeonatos Mundiais (07 medalhas)

08 Participações em Campeonatos Mundiais Indoor (06 medalhas)

11 Participações em Jogos Pan-Americanos (19 medalhas)

03 Participações em Copas do Mundo (3 medalhas)

03 Participações em Campeonatos Mundiais de Juvenis (4 medalhas)

http://esporte.uol.com.br/atletismo/ultimas-noticias/2012/09/01/ex-tecnico-de-joaquim-cruz-critica-atletas-brasileiros-e-pede-mais-esporte-nas-escolas.htm