Blog do José Cruz

Paralímpicos e os limitadores de tecnologia: velocidade sem barreiras

José Cruz

Em 2006 entrevistei o então astro mundial paralímpico Oscar Pistorius. Ele tinha 19 anos.

“Eu apenas não tenho os pés”, afirmou o sul-africano, com muita simplicidade, referindo-se ao equilíbrio sobre duas lâminas nas provas de velocidade e recordes sobre recordes que batia.

Mal sabia que naquele mesmo ano de 2006 um brasileiro,  Alan Fonteles, então com 14 anos, também corria equilibrando-se em próteses. Com treinos e persistência se tornaria agora, nos Jogos de Londres, o grande campeão paralímpico, derrotando justamente o até então ídolo sul-africano Pistorius.

Mas o bicampeão paralímpico dos 200m da categoria T4 – biamputados – o sul-africano não foi elegante ao reclamar que o brasileiro se apoia sobre próteses cinco centímetros mais altas que as suas.

   Alan Fonteles na capa no The Times, de Londres (foto: Comitê Paralímpico Brasileiro)

Limitadores

Na Paralimpíada de Sydney, em 2000, entrevistei dois engenheiros de próteses para amputados. Ambos previam que, “um dia”, o Comitê Paralímpico Internacional precisaria colocar “limitadores” nas tecnologias usadas pelos competidores, pois elas fariam diferenças.

Será que a reclamação de Pistorius servirá para reabrir a discussão sobre a tecnologia em paralimpíadas?

A verdade é que, com sprint inesperado, Alan Fonteles venceu dentro das regras e das normas oficiais.

Mais tarde, humilde, Pistorius reconheceu a vitória de Alan e se contentou com a prata. Ficam as expectativas para os 400m rasos e o revezamento 4x100m que colocará a dupla novamente na mesma pista.

Comum entre os dois velocistas é o exemplo de superação e como o esporte paralímpico em geral contribui para a melhoria da qualidade de vida desses atletas sem barreiras e sem limites.