Blog do José Cruz

Arquivo : setembro 2012

Procurador da República pede que Fittipaldi devolva verba destinada ao neto, piloto nos EUA
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José Cruz

O procurador da República em São Paulo, José Roberto Pimenta Oliveira, recomendou que o Instituto Emerson Fittipaldi devolva R$ 998.000,00  aos cofres públicos.

O dinheiro, obtido via Lei de Incentivo ao Esporte, destinou-se ao piloto Pietro, neto de Emerson, que disputa a Fórmula Nascar, nos Estados Unidos. A informação, do repórter Bruno Benevides, está na Folha.uol.com

“Precisa acabar a ideia que o incentivo serve para qualquer finalidade”, afirma o procurador da República José Roberto Pimenta Oliveira. O autor da recomendação diz que o projeto só beneficia Pietro. Mas isso não é ilegal, a lei permite.

O que se questiona é se num país com tantas carências para o esporte educacional, principalmente, (e a Lei de Incentivo contempla essa atividade),  o automobilismo internacional esteja entre as prioridades para uso de verba pública.

O procurador esperara que a devolução até 11 de outubro. Caso contrário, entrará com ação.

Memória

Em 12 de março deste ano publiquei a notícia do projeto aprovado e da captação do dinheiro. Tudo dentro da lei.

Por isso, por melhor que seja a argumentação do Procurador José Roberto, não acredito que obterá sucesso na investida.

Mas ele poderia fazer sugestões ao Ministério do Esporte para mudar a legislação a fim de evitar estas aberrações e tantas outras que ocorrem no uso dessa verba.

A Lei de Incentivo é um importantíssimo recurso para desenvolver o esporte nacional. Nos últimos quatro anos foram aplicados R$ 523.400.000,00.

Repetindo: R$523 milhões…  Dinheiro do Imposto de Renda.

Mas qual o resultado efetivo dessa fortuna no nosso contexto esportivo?

Este episódio é mais uma demonstração da falta de uma política de esporte, falta de metas, prioridades e planejamento.

O que não falta é dinheiro.


A tetraeleição de Nuzman e o cinismo olímpico
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José Cruz

 

Em outubro,  Carlos Arthur Nuzman será tetraleito presidente do COB.

Em 2016, ele completará 21 anos de poder. Cinco ciclos olímpicos. Outros presidentes de confederações fazem o mesmo.

Um deles, Jorge Rosa Lacerda, que assumiu a Confederação de Tênis com discurso “moralizador e democrático”, aprendeu a lição rapidinho. Em seguida, como discípulo de Nuzman, contrariou sua própria palavra, mudou o estatuto e já se reelegeu. Seguiu o exemplo que vem de cima.

Mas essa gente não se envergonha, mesmo com o estatuto do Comitê Olímpico Interncional permitindo apenas uma reeleição de seu presidente. Nem um rubor na face. Nada! Driblar o ato legal tornou-se rotina.

No Brasil, do salto do regime militar para a abertura política, já há vinte e tantos anos, a democracia ainda não chegou ao esporte. Nele, predomina a ditadura dos cartolas.

Idoneidade

A tetraeleição de Nuzman ocorrerá num momento em que a credibilidade do COB está seriamente fragilizada e comprometida:

– Roubo de informações dos computadores da organização dos Jogos de Londres;

– Demissão dos acusados, mas sem clareza oficial do episódio;

– Comprometimento internacional da imagem esportiva do Brasil;

– Gerenciamento de farta verba pública, mas sem resultados expressivos no pódio;

– Estatuto do COB impondo limitações para candidaturas à presidência;

– Superfaturamento nas obras do Pan 2007;

– Falta de planejamento para o aproveitamento das arenas esportivas;

– Acúmulo de poder com a presidência do Comitê Organizador Rio 2016;

– Diálogo limitado com os poderes da República;

– Presidente Dilma Rousseff com “um pé atrás” e de “saco cheio” de Nuzman.

Cinismo olímpico

Avaliando a importância do esporte sob o aspecto humano e educacional, como escreveu  Katia Rubio, em excelente artigo, ontem, observa-se que o Comitê Olímpico Brasileiro está na contramão desses princípios históricos.

Os legados que inspiraram os Jogos desapareceram e, por aqui, se fortalece a tese de que uma coisa são os Jogos; outra os negócios.

É nesse panorama, de perfil antipático para uma entidade que deveria ter a adesão e apoio popular, por natureza, que Nuzman vai para a eleição isolada e ofuscada pela falta de transparência na verba pública que administra.

São gestões em que se gastam rios de dinheiro – público – “favorecendo limitado número de dirigentes, que se perpetuam no poder e continuam, cinicamente, a falar sobre o ideal olímpico e o papel do esporte na educação e na integração dos povos”, escreveu Andrew Jennings.


Plano Brasil Medalhas: se o governo recuar, o País perde
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José Cruz

Da Associação Atletas pela Cidadania

O momento é único para o Esporte brasileiro. Nunca o Esporte recebeu tanto investimento e atenção como agora, prestes a sediar os maiores eventos esportivos do mundo. Mas se queremos resultados, precisamos criar bases sólidas para o futuro e para isso é preciso implantar mudanças. E o que o Esporte mais precisa, há décadas, é de um sistema integrado e que funcione.

 Acompanhamos o trabalho do governo e partilhamos do seu interesse em realizar reformas. O plano Brasil Medalhas 2016 se apresentou como uma grande oportunidade, pois, além de destinar mais recursos, usou como base o diagnóstico de que é preciso gestão profissional nas entidades que administram o esporte. Segundo anunciou o governo, os recursos somente seriam repassados a entidades que respeitassem critérios como limite para a reeleição de seus mandatários, profissionalização administrativa e metas claras de gestão – nesse caso, defendemos ainda a democratização do colégio eleitoral das federações, incluindo o direito a voto das partes diretamente interessadas e competentes como técnicos, atletas e árbitros.

Por isso, nosso apoio a essa iniciativa era total e continua sendo. Mas, agora, muito nos alarma a possibilidade do governo recuar dessas exigências.

A Presidenta Dilma Rousseff e o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, têm vontade e apoio público suficientes para a devida manutenção e aprofundamento dessas ações. Podem contar com o nosso apoio e de vários outros setores como a iniciativa privada, clubes e boa parte da comunidade esportiva.

O recuo, tão próximo de uma conquista tão importante, seria lastimável e um descaso com todos que investem e trabalham arduamente pelo Esporte brasileiro.

A Atletas pela Cidadania é uma associação de atletas de várias modalidades e está engajada, de forma propositiva, na melhoria do esporte nacional. Acreditamos que é preciso constituir um sistema nacional integrado, renovar as estruturas, exigir metas e gestão profissional e competente. Além de investimento e planejamento de longo prazo em todas as dimensões do Esporte: o Esporte acessível a toda população, o Esporte educacional e o Esporte de alto rendimento. Se não for assim, o sistema falha e não teremos o resultado que todos esperam.

O momento realmente é único, mas, como atletas, sabemos que é preciso ter metas, determinação, encarar os obstáculos sem medo, trabalhar duro e em equipe. Nós, atletas, sabemos na prática, no corpo e no espírito como isso funciona e como deve funcionar. Está na hora de sermos ouvidos. Chegou a hora de uma mudança.

Para saber mais:

A Atletas pela Cidadania é uma ação pioneira no mundo, que soma a imagem da vitória, o talento e o engajamento de atletas brasileiros, de diversas gerações e modalidades esportivas, em prol de uma causa comum. A organização sem fins lucrativos é composta por atletas, ex-atletas e outras importantes figuras da comunidade esportiva. Este grupo uniu esforços para chamar a atenção e mobilizar os cidadãos no apoio às causas sociais de relevância nacional, em projetos que contribuam para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil.

Conheça mais sobre a organização em www.atletaspelacidadania.org.br


Valores olímpicos? Não. Humanos
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José Cruz

Por Katia Rubio

Os valores olímpicos, e, portanto humanos, são os maiores propulsores do imaginário heróico que transpira dos Jogos Olímpicos para o público e que mantém vivo esse fenômeno que mobiliza, excita e emociona a tantos ao redor do planeta.

Talvez por isso que situações que envolvam corrupção, descumprimento de regras ou falcatruas de qualquer ordem sejam tomadas de forma tão dramáticas, porque, no limite, elas representam a traição daquilo que nos torna, indiscutivelmente, humanos.

O artigo completo está aqui

Katia Rubio, jornalista e psicóloga, é autora de vários livros sobre esporte, educação e olimpismo e professora da Academia Olímpica Internacional


Lars Grael pede “gestão esportiva mais democrática, plural e transparente”
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José Cruz

Sobre a decisão do governo de adiar para depois dos Jogos Rio 2016 a implantação de critérios que democratizem a gestão do esporte, recebi a seguinte mensagem do velejador Lars Grael, que integra o grupo Atletas pela Cidadania.

Recuar, jamais!

Esta é posição do movimento Atletas pela Cidadania diante a um eventual recuo do Ministério do Esporte na posição de condicionar investimentos públicos para as confederações com um dispositivo que limite os mandatos dos coronéis do esporte.

Seria a hora de fincarmos a bandeira por um modelo de gestão esportiva mais democrática, plural e transparente.

As entidades de administração do desporto são entidades de direito privado, sim, mas representam um bem público nacional que é o esporte, no caso Olímpico e Paralímpico. Vivem e se abastecem de investimentos majoritariamente públicos. Nada mais natural e democrático que nossos dirigentes tenham noção de transitoriedade. Seria uma grande contribuição do Ministro Aldo Rebelo para o futuro do esporte brasileiro.

Usar a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 como reféns, do “não se pode acabar agora com um trabalho encaminhado para estes eventos globais”, não serve!

 Os bons presidentes de confederações poderão terminar seus mandatos, e se forem bons, serão capazes de eleger um sucessor. Outros que se perpetuam por décadas perceberão a necessidade de separar o público do privado. Separar o pessoal do institucional. O esporte é de todos. É este novo modelo de governança que a sociedade anseia.

Devemos seguir o exemplo a partir da cúpula do esporte, o Comitê Olímpico Internacional, que por iniciativa de seu presidente, o velejador Jacques Rogge, alterou o estatuto do COI permitindo apenas uma reeleição, já a partir de seu próprio mandato.

No Brasil, algumas entidades esportivas adotaram espontaneamente este conceito, como o Comitê Paralímpico Brasileiro.

 Não queremos cartolas, queremos gestores e que sejam profissionalizados.

 Queremos que atletas, treinadores e árbitros tenham direito ao voto.

O lobby das confederações poderá atropelar este movimento pela democracia no esporte. Podemos até perder esta batalha, mas ganharemos a guerra, por que a causa é certa. Defender a tirania da cartolagem, é indefensável.

Esperar por 2017, seria incorrer num equívoco histórico.

Lars Schmidt Grael

 


Futebol rasteja no DF e políticos invadem eleição para Federação
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José Cruz

Advogado desconhecido no esporte,  funcionário do GDF e intimamente ligado ao governador Agnelo Queiroz disputa a presidência da Federação Brasiliense de Futebol.

Políticos dominam o pleito da cartolagem, de olho nos milionários negócios da Copa 2014. Cabine eleitoral foi improvisada atrás de uma pasta 007

Na capital da República, onde um estádio para 75 mil pessoas está em construção, o futebol profissional rasteja, mas seu bastidor é animadamente disputado. Aqui, três clubes estão nas séries C e D do Campeonato Brasileiro, mas a média de público não chega a mil torcedores…

Nos bastidores desse “progresso”, depois de mais de um ano com intervenção judicial, devido denúncias de desvios de verbas públicas, a Federação Brasiliense de Futebol realizou eleição, que terminou empatada, 19 x 19 e um voto nulo, entre o advogado Josafá Dantas e o policial militar Márcio Coutinho. O desempate será em 4 de outubro.

Os detalhes dessa politicagem futebolística estão no blog da jornalista Ana Maria Campos.

Enquanto isso…

O jornalista Walter Guimarães levantou números impressionantes sobre os três clubes de Brasília que disputam as séries C e D do Campeonato Brasileiro de 2012.

A situação é a seguinte:

CLUBE / SÉRIEJOGOSPÚBLICOMÉDIAINGRESSOS
DOADOS
Brasiliense / C

5

4.219

844

2.663

Sobradinho /D

4

3.365

841

2.300

Ceilândia / D

5

499

100

*

 

*O Ceilândia não utilizou da técnica de passar ingressos para torcedores com valor simbólico de R$ 1,00. O time passou para a segunda fase, mesmo assim o maior público foi de 167, no derby contra Sobradinho, e no menor, 57 heróicos assistiram a partida contra o Aparecidense-GO.

Em resumo:

Nos 14 jogos disputados neste ano no DF apareceram 8.083 testemunhas, sendo que apenas 3.120 realmente tiraram dinheiro da carteira. Estes somam 4% da capacidade do novo estádio Mané Garrincha, um “feto problemático”, pois depois da Copa falecerá …, resumiu o companheiro Walter.

Neste ritmo precisaríamos de “apenas” 336 jogos de times candangos para lotar tal arena que Agnelo constroi, ao custo de mais de R$ 1 bilhão.

Só mais um detalhe, todas, repito, todas as partidas tiveram renda negativa, ou seja, prejuízo atrás de prejuízo…

Mas os candidatos à Federação de Futebol estão aí, brigando para administrar esta potência …

Por quê?

E qual o motivo de Agnelo estar interessado nesse comando?

Suspeito interesse, muito suspeito…


Romário: “Não recue, Ministro Aldo Rebelo”
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José Cruz

Romário: “Não recue, ministro Aldo Rebelo”

 

Deputado Romário reagiu contra a decisão do governo federal de adiar para 2017 as mudanças estruturais nas instituições de esporte contempladas com recursos públicos

“Nos últimos dias vimos brotar a esperança do início da moralização do esporte brasileiro. Em uma série de entrevistas, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, anunciou que estaria a caminho uma medida que vetaria o repasse de recursos públicos a entidades esportivas sem alternância de poder. A esperança, no entanto, durou pouco.

Desculpa, Senhor Ministro, mas há tempo sim!  O que falta é vontade política.

Os projetos tramitam há anos, sabemos da morosidade do Parlamento, mas quando o Governo quer faz.

Existem outros mecanismos para se atingir o mesmo objetivo, seja uma Portaria ou uma Medida Provisória.

Nunca estivemos em um ambiente tão favorável para a mudança. Tenha coragem, ministro. O país inteiro está do seu lado, anseia pela mudança.”

O manifesto completo do deputado Romário está aqui


Governo adia arrocho aos cartolas. Limitação de mandatos só em 2017…
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José Cruz

Depois de fazer barulho e criar expectativas, o governo federal recuou no projeto de só liberar recursos públicos às confederações que renovassem suas diretorias e limitassem os mandatos a apenas uma reeleição.

Segundo um assessor do Ministério do Esporte,  o ministro Aldo Rebelo reconheceu que não haverá tempo até dezembro para aprovar os projetos de lei que tramitam na Câmara e no Senado e, em seguida, as entidades esportivas promovam mudanças em seus estatutos e as tais eleições.

O prazo limitado tem outra agravante: para cumprir a meta do Plano Brasil Medalha 2016 (colocar o país entre as 10 potências esportivas do mundo)  em janeiro próximo começarão a ser liberados os primeiros recursos às confederações.

Previsão

Na semana passada previ que teríamos um impasse na proposta governamental. Se as confederações batessem o pé, a quem o governo destinaria os recursos para preparar as equipes aos Jogos 2016?

Pois não foi preciso bater pé. Mais uma vez a dinastia da cartolagem sai fortalecida no confronto com o governo. Democracia no esporte brasileiro só daqui a cinco anos…

Alternativa

Os argumentos do governo são questionáveis, principalmente porque o ministro Aldo Rebelo criou expectativas sobre as mudanças, com declarações firmes e impositivas, no programa “Juca Entrevista”, em entrevista nas páginas amarelas de Veja e ao UOL. Agora, retroceder transmite a sensação de fraqueza.

Ora, se a intenção do governo é moralizar a gestão esportiva a presidente Dilma não precisaria esperar a aprovação de projetos de lei, mas editar medida provisória fixando normas para a distribuição de recursos públicos, entre elas a mudança imediata dos estatutos das confederações. E quem não se adaptasse, o Ministério faria parcerias com os clubes para desenvolver o seu projeto.

Isso não seria autoritarismo, intromissão nem falta de democracia, mas a determinação firme de um governo que é o financiador do esporte, porém sem contar com gestores eficientes, em geral, determinados a fazer o país evoluir no setor.

Projeto

No domingo, o repórter Gustavo Marcondes publicou sobre o assunto, no Correio Braziliense, lembrando que um dos projetos de lei é do senador  Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). A proposta, de fato, se arrasta no Senado e ainda precisa ser discutida e votada na Câmara dos deputados.

Dureza

O senador Cristovam Buarque tem um projeto de lei similar que aguarda cinco anos para entrar na pauta de votação das comissões.

“Meu projeto não é exclusivo para dirigente esportivo. É mais abrangente e limita em cinco anos os mandatos de todos os cargos eletivos, com direito a apenas uma reeleição inclusive de deputados, senadores, vereadores, líder sindical etc”, explicou Cristovam.

E qual a sua expectativa, senador?

Mínima, porque meus próprios pares são contrários à proposta -, diz ele em tom desanimado.

Ex-ministro da Educação no governo Lula – foi demitido por telefone, lembram? –  Cristovam Buarque tem outro projeto de lei que provoca arrepios nos políticos em geral.

Filho de parlamentares, municipal, estadual ou federal tem que estudar em escola pública”!

E…?

Esse mesmo é que nunca vai ser votado…”


COB, mensalão e a credibilidade do esporte brasileiro
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José Cruz

É possível que o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, se manifeste nesta segunda-feira sobre o escândalo do Comitê Organizador Jogos Rio 2016.

Em caso positivo, estará 96 horas atrasado, desde que a notícia se tornou pública, na quinta-feira, pelo blog de Juca Kfouri.

Episódio de repercussão internacional, envolvendo nosso principal representante olímpico, a reação do governo deveria ser imediata questionando o COB? “Qual a explicação para esse vexame”?

Reações

Conversando com uma autoridade do governo federal, soube que a presidente Dilma está “de saco cheio” e com “um pé atrás” com o presidente do COB e do Comitê Rio 2016, Carlos Nuzman.

É possível, sim.

Quando lançou o programa Medalhas Rio 2016,  Carlos Nuzman chegou sozinho ao Palácio do Planalto, pegou o elevador e foi para o segundo andar, local da solenidade. E lá permaneceu com atletas e convidados, até cinco minutos antes de a presidente chegar ao ambiente festivo. Só então Nuzman foi chamado ao gabinete e Dilma, de onde desceu também acompanhado pelo ministro Aldo Rebelo.

Nos tempos de Lula, Nuzman entrava pela garagem do Palácio do Planalto, geralmente com o então ministro Orlando Silva, indo  direto para o gabinete presidencial. As relações são outras.

Mais dois episódios ajudam a entender a insatisfação de Dilma: Nuzman, há 17 anos presidindo o COB, também assumiu o Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016. Nessa condição, desapareceu de duas solenidades, inclusive com a presença de representantes do governo brasileiro, como uma coletiva para a imprensa estrangeira, sobre os preparativos do Rio de Janeiro para 2016. Mas ele não é o presidente do Comitê Organizador dos Jogos?  E não compareceu à coletiva?

É possível que naquela ocasião Nuzman já estivesse abalado pelo puxão de orelhas que recebeu de Sebastian Coe, presidente do Comitê Organizador dos Jogos de Londres, sobre a surrupiada de documentos dos arquivos olímpicos.

Esporte e política

Enfim, a rodada de futebol deste fim de semana pode ajudar a esfriar o assunto, mas a demissão de 10 funcionários não esclarece o episódio em toda sua abrangência.

Certo é que repetem-se no esporte olímpico as dúvidas do Mensalão, em julgamento no Supremo Tribunal Federal: afinal, o chefe sabia que estavam copiando documentos de computadores alheios?

Assim como Lula. que jura não saber nada sobre o mensalão, articulado por assessores de seu partido, é possível que Nuzman também não soubesse que seus funcionários estavam agindo fora da ética e abusando do “espírito olímpico” … Mas quem garante isso?

Resultado: a credibilidade da gestão esportiva brasileira está internacionalmente abalada e comprometida.


“Espertos” nos grandes negócios olímpicos
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José Cruz

Por Katia Rubio

“Lamento que muitos dos envolvidos com o grande negócio “Jogos Olímpicos Rio 2016” não tenham a menor ideia do que seja valores olímpicos, educação olímpica, não saibam nada sobre o que tenha sido os Jogos na Antiguidade e o que levou à sua derrocada, como essa competição deixou de ser um encontro de aficionados para se tornar em uma transação financeira planetária. Vejo que muitos dos erros que levaram à ruína dos JO no passado se repetem 2 mil anos depois sem que seus organizadores se deem conta disso”

 

Mestra em assuntos olímpicos – professora da Academia Olímpica Internacional –  a psicóloga e jornalista Katia Rubio analisa o recente episódio da cópia de documentos dos arquivos dos Jogos de Londres, por brasileiros ligados à organização da Olimpíada Rio 2016.

O texto completo está aqui