Blog do José Cruz

Arquivo : agosto 2012

No pódio do amadorismo
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José Cruz

Artigo de minha autoria hoje publicado na página de Opiniáo do Correio Braziliense 

O Brasil esportivo, mesmo  com recordes de medalhas, deixa os Jogos de Londres reprovado no  vestibular do pódio olímpico. E a principal derrota não é dos atletas,  mas do governo federal, que fracassou na política de financiar o alto  rendimento a partir de 2003, ignorando os elementares investimentos na  iniciação e no desporto escolar.

Temos espetaculares 33 milhões de  estudantes, mas é potencial ainda desprezado devido à falta de projetos  a partir da prática de educação física, ponto de partida para criar nos  jovens a cultura do esporte.

O artigo completo está aqui


Três medalhas e o investimento de R$ 1 bilhão
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José Cruz

Sebastião Alfredo Jr

O bastão dos Jogos Olímpicos está com o Rio de Janeiro. Não pode deixar…  Os políticos que se virem que a gente garante a grana daqui.

Em Londres, os Estados Unidos consagram-se os grandes vencedores. Voltaram ao topo da tabela de medalhas: 46 ouros x 38 China.

A anfitriã, Grã-Bretanha, somou 29 medalhas douradas.

Brasil
Já o Brasil encerrou sua participação na 22ª posição (rigorosamente a mesma
dos Jogos de Pequim, quatro anos atrás).

Nossa delegação foi superada por potências como Cazaquistão, Cuba (olha a nossa pedrinha no sapato aí, gente!), Irã, Jamaica (olha aquela outra ilhazinha enjoada aí, de novo!) e Coréia do Norte.

Acompanhem a evolução

EDIÇÃOOUROPRATABRONZEPOSIÇÃO
Pequim 2008

3

4

        22ª
Londres 2012

3

5

9

        22ª

 

Levando em conta o acréscimo de R$ 1 bilhão de investimento de dinheiro público em relação ao investido no ciclo olímpico anterior:
E se desconsiderarmos as duas medalhas conquistadas pelo futebol em Pequim 2008 e a prata conquistada pela equipe de Mano Menezes em Londres 2012, visto que o futebol não conta com o aporte de verbas da Lei Agnelo Piva e o patrocínio das estatais, o quadro ficaria assim:

EDIÇÃOOUROPRATABRONZE
Pequim 2008

3

3

7

Londres 2012

3

4

9

Conclusão

A prata e os dois bronze conquistados a mais em Londres estão cotadas em R$ 1 bilhão.

Sebastião Alfredo Jr é leitor do blog e enviou esta contribuição ao debate


Yane, olímpica sem patrocínio
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José Cruz

A pentatleta Yane Marques conquistou inédita medalha olímpica no pentatlo moderno, modalidade na qual o Brasil não tem qualquer tradição.

Enquanto isso…

No Diário de Pernambuco / 27 Maio 2012

 Yane precisa de patrocínio

Pernambucana, um dos maiores nomes do pentatlo moderno mundial, não está ameaçando deixar a modalidade por falta de apoio, mas impressiona o fato de não contar com suporte financeiro à altura das suas conquistas.

Encontrar Yane Marques, 26 anos, ociosa é praticamente impossível. A correria é tanta que após uma sessão de pilates, no meio da sala mesmo, ela trocou de roupa e seguiu para a faculdade. E sua vida tem sido assim desde que entrou para o pentatlo moderno, em outubro de 2003. Vida agitada, mas repleta de compensações. Desde então, mantém-se finalista nas principais disputas da modalidade pelo mundo afora. Em 2007, subiu ao topo do pódio nos Jogos Pan-americanos de 2007, no Rio de Janeiro. No ano seguinte, tornou-se a primeira brasileira a representar o país em uma Olimpíada.

Neste sábado, na última etapa da Copa do Mundo de Pentatlo Moderno, disputada em Chengdu, na China,Yane conquistou a medalha de bronze.

Esta foi a última competição de Yane antes dos Jogos Olímpicos de Londres. Com o resultado, a brasileira pula do décimo para o sexto lugar no ranking mundial.

Pelo profissionalismo, dedicação e resultados expressivos alcançados ao longo destes nove anos de pentatlo é fácil acreditar que Yane Marques possui um apoio que a permita concentrar-se unicamente nos treinos. Mas não é bem assim. A atleta, natural da cidade de Afogados da Ingazeira (no Sertão de Pernambuco), não tem um único patrocinador oficial. Daqueles que banca gastos com uma equipe de profissionais que a acompanhe, pague seus gastos com suplementos alimentares, sessões com psicólogo, personal treineer e a premie depois de conquistas de grande porte.

“Cada vez que penso nessas dificuldades, tenho certeza que gosto muito do que faço. Mas confesso que não sei o motivo das empresas não se sentirem estimuladas a investir em uma atleta como eu. Acho que tenho resultados bem expressivos”, comenta Yane.

E não foi por falta de visita a empresas da iniciativa privada que Yane Marques está até hoje sem patrocíno. “Estive em uma transportadora e fiquei horas conversando com o pessoal de lá. Sai com a sensação de ‘agora vai’. Até hoje espero eles me ligarem, como ficou combinado”, relembra a atleta. Diante de tanto empecilho e descaso, Yane – uma garota muito tranqüila – prefere administrar o pouco que tem. Tem uma vida regrada e principalmente sem gastos desnecessários.

 


Ah… essas mulheres!!!
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José Cruz

Último dia olímpico, última prova e uma desconhecida brasileira para o torcedor em geral sintetiza o que é o ainda escondido esporte brasileiro.

A pernambucana Yane Marques trabalhou em silêncio, lá no Nordeste… E na primeira vez que uma brasileira disputa a prova numa olímpiada mostra a cara no pódio.

Sabe-se lá quanto recebeu dos cofres públicos para sua preparação!

Mas com a medalha de bronze conquistada no pentatlo moderno ela confirmou o potencial deste país em produzir atletas, apesar da falta de políticas para formá-los e colocá-los em ação.

Sarah Menezes fez o pódio de abertura, seguida de outra judoca,  Mayra Aguiar; Adriana Araújo no boxe, Larissa/Juliana no vôlei de praia e o time de vôlei de quadra.

Agora, Yane fecha o pódio da delegação brasileira nos Jogos de Londres com mais um desempenho inédito, compensando as frustrações de outras modalidades, como no atletismo com suas lamentáveis desavenças explícitas.

Com  esta mensagem homenageio as mulheres do nosso esporte pela exemplar  garra e evolução em resultados demonstradas nas disputas olímpicas.


A pátria “sem chuteiras”
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José Cruz

Na pátria “sem chuteiras”, o time masculino não repetiu o ouro feminino e o vôlei ficou só na prata, em Londres.

Por que “só”?

Porque para o vôlei brasileiro, três finais olímpicas, escola e referência mundiais, a prata não é o pódio da alegria.

Não ganhamos a prata, pois perdemos o ouro.

Ao contrário do que representou a prata no boxe.

Essa sim, valorizadíssima prata, pois mostrou evolução interna e a revelação de novos atletas para o mundo esportivo, referências para novas gerações.

Mas esse segundo lugar não é o caos para o vôlei, modalidade que tem estrutura e base para renovar.

Diferentemente de outros esportes, onde estamos na estaca zero. Ou abaixo de zero. O atletismo, o tênis… que o digam …

Pior para o Comitê Olímpico, pois o ouro do vôlei representaria melhorar quatro posições do Brasil na classificação. Seríamos 18º!!!

Ficamos na dependência da última medalha, com Yane Marques, no pentatlo, onde está em segundo lugar.


A lição das mulheres
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José Cruz

As bicampeãs do vôlei devolveram ao brasileiro a oportunidade de se emocionar e vibrar com uma decisão olímpica. Determinação no momento decisivo e o merecido pódio de ouro.

Logo elas, as mulheres, vaidosas por natureza, dão exemplar lição a Neymar e companhia, de que nestes megaeventos é preciso se preocupar menos com o visual e o exibicionismo explícito e se concentrar mais na competição.

O desempenho desses guris contra o México foi um vexame que envergonha e desmoraliza o principal esporte nacional.

História

Já o boxe fez história e retorna ao quadro dos esportes brasileiros premiados. Com méritos.

Uma das cinco modalidades do programa Petrobras Esporte & Cidadania, com recursos da Lei de Incentivo e dirigido por Magic Paula, a delegação de 10 atletas contou com R$ 8,4 milhões em dois anos para se preparar aos Jogos de Londres.

A comparação não é possível devido a diversidade de treinamentos, mas para que se tenha um parâmetro, a delegação de desportos aquáticos (natação, nado sincronizado, maratona aquática e saltos ornamentais), com 25 atletas, teve R$ 45,5 milhões entre 2009 e junho de 2012. Dinheiro dos cofres do governo.

Domingo.

Vôlei masculino, Yane Marques no pentatlo moderno, e atletismo encerram a participação Brasileira na Olimpíada.

Pior para o maratonista Marilson Gomes que, enfrentando quenianos, marroquinos e etíopes, tentará “salvar” o atletismo, até agora zerado em pódio. Outro vexame que desanima para 2016…

Isso que a Confederação de Atletismo recebeu R$ 57 milhões de verbas públicas no último ciclo olímpico, sendo R$ 48 milhões de patrocínio da Caixa Econômica.

Está aí mais um bom motivo para que a CPI do Dinheiro do Esporte seja uma realidade no Congresso Nacional. Mas isso está longe de ocorrer…


Olé na terra da Rainha
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José Cruz

A Seleção Brasileira de Futebol não foi feita para disputar competição olímpica. Está provado. Pode desistir. Assim como o técnico Mano pode pegar a sua medalha de prata, o boné…

A derrota para o México e a perda da medalha de ouro mantém o Brasil no 28º lugar da classificação geral. Essa posição poderá melhorar no final da tarde, dependendo do resultado Esquiva Falcão, no box. Boa sorte!

Enfim, o COB ainda não tem muito a festejar no conjunto dos Jogos de Londres.

E não foi por falta de dinheiro, assunto que tratarei na segunda-feira com um balanço específico.

Comentarei sobre a cachoeira de grana que jorrou dos cofres públicos para financiar a campanha olímpica.

Porém, mais importante que o balanço financeiro, é preciso um balanço da gestão dos cartolas, mas duvido que isso parta deles.

Em caso positivo, quem sabe muitos seguiriam o exemplo de Gesta de Melo, da Confederação de Atletismo, que sairá em janeiro.

 


O “buraco” do esporte
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José Cruz

“Sem medalha olímpica a gente volta para o buraco de novo. Vou voltar para o meu buraco”

Esta frase de Diogo Silva, do taekwondo, foi a mais forte da delegação brasileira nos Jogos de Londres.

O “buraco” exprime a realidade dos muitos atletas.

Não há uma programação para que se recuperem de um insucesso. E não é por falta de dinheiro. Público!!!

Nem a Bolsa-Atleta perdoa. Se não vencer, pagará com a suspensão do benefício. Não há alternativa.

Se o atleta sofrer uma contusão e ficar seis meses fora de competição também perde os benefícios. Quando mais precisa…

É o abandono olímpico, como se o atleta tivesse valor só na vitória, quando os cartolas engravatados correm para o estádio a tempo de entregar a medalha ao conterrâneo. E aparecem bem na foto.

Esta declaração de Diogo Silva é mais um reforço para que o Congresso Nacional investigue os rumos do dinheiro público para o esporte e a falta de políticas públicas de longo prazo.

Se não fizerem isto, em breve cairão todos no buraco … sem salvação!


Países emergentes devem ganhar mais medalhas nos Jogos do Rio
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José Cruz

Valor Econômico – 10/8/2016

Por Simon Kuper | Financial Times

A Europa Ocidental e os Estados Unidos ainda ocupam cinco das nove melhores colocações no quadro de medalhas em Londres. Mas na Olimpíada do Rio, em 2016, mais países em desenvolvimento deverão começar a seguir a China e entrar para a elite esportiva. Stefan Szymanski, um economista especializado em esportes da Universidade de Michigan, diz: “Isso reflete inteiramente o que está acontecendo na economia mundial. O PIB [dos emergentes] está aumentando, de modo que eles vão direcionar mais recursos para o esporte e assim vão se sair melhor”.

Somente na corrida – onde os pobres Quênia, Etiópia e Jamaica se destacam -, o dinheiro parece irrelevante para o sucesso. Fora isso, a fórmula olímpica básica é: talento vezes recursos é igual a medalhas. O ex-atleta olímpico britânico que anonimamente escreveu “The Secret Olympian” observa que em Atlanta, em 1996, os atletas britânicos, que receberam poucos recursos oficiais, terminaram os jogos em 36º lugar no quadro de medalhas.

Leia a notícia no Valor


Medalhas: COI validou “invenção da mídia”
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José Cruz

Ficou bom o debate sobre critérios de distribuição de medalhas.

Porém, o critério atual não é “invenção da imprensa ocidental”, como afirmou o presidente do Conselho Federal de Educação Física (Confef).

Para esclarecer, consulte a página do Comitê Olímpico Internacional onde está publicado o quadro de conquistas por países.

Esse quadro descaracteriza a tese de que a classificação por medalhas foi “invenção da imprensa ocidental”. Pode até ter sido assim, na disputa de supremacia entre as potências envolvidas na Guerra Fria. Mas em determinado momento o COI adotou o critério.

Mudanças

O próprio Comitê Olímpico Internacional promoveu mudanças nos critérios.

Até os Jogos de Seul, em 1988, o COI não valorizava a medalha de ouro para classificar os países, mas o total conquistado por cada representação.

A partir de 1992, Barcelona, a medalha de ouro passou a ter peso maior na classificação.

Ou seja, o “quadro de honra” do COI é a classificação de uma Olimpíada e, assim, a entidade valoriza essas conquistas que têm fortíssimo apelo de negócios num evento altamente comercial.

No entanto, na página do COI está a classificação por país e com a medalha de ouro tendo maior peso. Ou seja, o COI valida a “convenção inventada pela mídia”…

http://olympic-museum.de/#standings

Clique em:

Medal standings

1896 – 2008

E aí está o quadro de medalhas, por edição, desde a primeira Olimpíada.

Da mesma forma, no quadro geral de medalhas também o ouro tem maior peso. Confira

Segue o debate.