Blog do José Cruz

Yane, olímpica sem patrocínio

José Cruz

A pentatleta Yane Marques conquistou inédita medalha olímpica no pentatlo moderno, modalidade na qual o Brasil não tem qualquer tradição.

Enquanto isso…

No Diário de Pernambuco / 27 Maio 2012

 Yane precisa de patrocínio

Pernambucana, um dos maiores nomes do pentatlo moderno mundial, não está ameaçando deixar a modalidade por falta de apoio, mas impressiona o fato de não contar com suporte financeiro à altura das suas conquistas.

Encontrar Yane Marques, 26 anos, ociosa é praticamente impossível. A correria é tanta que após uma sessão de pilates, no meio da sala mesmo, ela trocou de roupa e seguiu para a faculdade. E sua vida tem sido assim desde que entrou para o pentatlo moderno, em outubro de 2003. Vida agitada, mas repleta de compensações. Desde então, mantém-se finalista nas principais disputas da modalidade pelo mundo afora. Em 2007, subiu ao topo do pódio nos Jogos Pan-americanos de 2007, no Rio de Janeiro. No ano seguinte, tornou-se a primeira brasileira a representar o país em uma Olimpíada.

Neste sábado, na última etapa da Copa do Mundo de Pentatlo Moderno, disputada em Chengdu, na China,Yane conquistou a medalha de bronze.

Esta foi a última competição de Yane antes dos Jogos Olímpicos de Londres. Com o resultado, a brasileira pula do décimo para o sexto lugar no ranking mundial.

Pelo profissionalismo, dedicação e resultados expressivos alcançados ao longo destes nove anos de pentatlo é fácil acreditar que Yane Marques possui um apoio que a permita concentrar-se unicamente nos treinos. Mas não é bem assim. A atleta, natural da cidade de Afogados da Ingazeira (no Sertão de Pernambuco), não tem um único patrocinador oficial. Daqueles que banca gastos com uma equipe de profissionais que a acompanhe, pague seus gastos com suplementos alimentares, sessões com psicólogo, personal treineer e a premie depois de conquistas de grande porte.

''Cada vez que penso nessas dificuldades, tenho certeza que gosto muito do que faço. Mas confesso que não sei o motivo das empresas não se sentirem estimuladas a investir em uma atleta como eu. Acho que tenho resultados bem expressivos'', comenta Yane.

E não foi por falta de visita a empresas da iniciativa privada que Yane Marques está até hoje sem patrocíno. ''Estive em uma transportadora e fiquei horas conversando com o pessoal de lá. Sai com a sensação de 'agora vai'. Até hoje espero eles me ligarem, como ficou combinado'', relembra a atleta. Diante de tanto empecilho e descaso, Yane – uma garota muito tranqüila – prefere administrar o pouco que tem. Tem uma vida regrada e principalmente sem gastos desnecessários.