Futebol x Saúde: decisão com Dilma Rousseff
José Cruz
Enquanto o ministro Aldo Rebelo negocia anistiar o calote dos clubes para com o fisco, 2.100 Santas Casas de Misericórdia, que respondem por 56% do atendimento do SUS – Sistema Único de Saúde – , acumulam dívida de R$ 11 bilhões para com credores em geral, Receita Federal e INSS.
E por que essas instituições, que têm 500 anos de história no Brasil, chegaram a esta situação?
Porque, para cada R$ 100,oo que gastam com um paciente do SUS, o governo repassa apenas R$ 65,oo.
Na prática, os hospitais pagam para atender pacientes que são compromisso do Estado.
A situação é tão grave que a Santa Casa de Belo Horizonte teve seus bens penhorados, os elevadores, inclusive, para saldar dívidas junto à Receita Federal.
Empréstimo
Em março deste ano, o BNDES anunciou que liberaria uma linha de crédito às Santas Casas. Até hoje a proposta está no papel…
Enquanto isso…
… a reforma dos estádios para a Copa 2014 é feita, em parte, com recursos do … BNDES…
Contraste
É neste panorama que se discute a proposta do deputado Vicente Cândido, para PERDOAR a dívida dos clubes ao INSS, Receita Federal e FGTS.
Não se pode ignorar a falta de transparência nos negócios dos clubes. Enquanto se lamentam de problemas financeiros, realizam transações milionárias e contratações suspeitas de legalidade, como demonstraram duas CPIs do Futebol, na Câmara e no Senado.
Paralelamente não pagam os salários e as dívidas trabalhistas crescem mensalmente. Tudo isso é do conhecimento do ministro do Esporte, Aldo Rebelo
Mais:
Ao longo dos anos, os cartolas não cumpriram os três compromissos assumidos nas renegociações das dívidas dos clubes para como fisco. Até chegarem à criação de uma loteria (Timemania) que transferiu para o torcedor-apostador o ônus da dívida que criaram. Uma vergonha.
Pois nem isso resolveu e, agora, ao lado de parlamentares que querem usar o futebol como estribo de suas pretensões políticas, chegam ao cúmulo de obter perdão de uma conta bilionária, que contrasta com outra, das Santas Casas.
Ficará nas mãos da Presidente Dilma Rousseff a decisão de dar prioridade à saúde ou ao futebol.