Blog do José Cruz

Arquivo : julho 2012

Atletismo: em 18 anos Brasil ganha segunda medalha de ouro no juvenil
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José Cruz

A geração 2016 do atletismo brasileiro terminou o Campeonato Mundial Juvenil em 13º lugar, com uma medalha de ouro (Thiago Braz, o salto com vara) e três de bronze.

Os Estados Unidos foram os campeões. Quênia ficou  em segundo lugar. Veja o quadro de medalhas

Apesar da evolução brasileira, o único ouro, em Barcelona, evidencia o atraso da modalidade.

Em 26 anos e 14 edições do Campeonato Mundial Juvenil de Atletismo (primeira edição em Atenas, 1986), a medalha de Thiago Braz é a segunda de ouro que o Brasil conquista na competição.

A primeira foi em 1994, com Clodoaldo Gomes da Silva, que venceu os 20km nas ruas de Lisboa.

Agora, ao final do evento de Barcelona no ‘Placing Table’ (que classifica os países atribuindo pontos da 1ª a 8ª colocação em cada prova) terminamos na 12ª colocação, novamente atrás do Quênia, da Etiópia e da Jamaica e apenas um ponto à frente de Bahamas.

Perguntar não ofende

– Uma única medalha de ouro, em 18 anos, para uma confederação que desde 2001 conta com o aporte da Caixa e os repasses da Lei Piva, é um desempenho satisfatório?

– O aporte de verbas públicas está sendo bem investido na base e na preparação de novos talentos?

– O nosso atletismo (e o nosso esporte olímpico geral) não carecem – com urgência – de uma política de Estado para o esporte?

– Não estaria na hora (ou já passamos dela…?) de copiar, sem vergonha alguma, os programas de esporte escolar e esporte universitário de países como Estados Unidos, Jamaica e Cuba, por exemplo?

Análise

Voltarei a este assunto. O professor Fernando Franco, do Centro de Estudos de Atletismo, conclui análise com os resultados para melhor projetar o futuro do nosso atletismo.


Arena do Grêmio, o avanço da obra
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José Cruz

A disputa da dupla GreNal é espetacular, também fora das quatro linhas.

Foi só o Inter anunciar a cobertura de seu estádio que a direção do Grêmio partiu para construir sua nova arena, com o Olímpico entrando na negociação.

O amigo Rubens Reis Freitas enviou as fotos a seguir para que os gremistas, Brasil afora, acompanhem o atual estágio da construção, próximo do Rio Guaíba, assim como o Beira Rio…

A diferença é a seguinte: por por mais avançada que esteja a Arena do Grêmio, os jogos da Copa serão na casa do arquirival…

Em agosto vou ao Sul e farei uma reportagem sobre os dois clubes e seus investimentos patrimoniais.


Maracanã: mais de R$ 1bi em reformas em apenas cinco anos
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José Cruz

Da série “legados do Pan” , que abri com a mensagem anterior, sobre a demolição do Velódromo

Cinco anos depois de ter passado por “maquiagem” para os Jogos Pan e Parapan-Americanos, quando consumiu R$ 265 milhões (R$ 100 milhões do governo federal), o Complexo do Maracanã terá mais R$ 883 milhões, para receber a Copa do Mundo.

Em 2007, os R$ 100 milhões do governo federal pagaram o sistema de ar condicionado, cadeiras, placar eletrônico, escadas rolantes e sistema de som. Será que isso foi preservado na reforma de agora?

Política & problemas

Para melhor entender os problemas financeiros do Pan 2007 deve-se considerar a composição política à época:

Prefeito do Rio de Janeiro:  César Maia, do então PFL

Governador do Rio:  Sérgio Cabral, do PMDB

Ministro do Esporte: Orlando Silva, do PCdoB

Presidente da República: Lula da Silva, PT.

A magnitude dos eventos e visibilidade oferecida eram motivos de disputas entre os políticos e seus diferentes partidos.

Até que, em 2006, o então prefeito César Maia recuou em alguns compromissos alegando que a Prefeitura havia chegado ao limite de sua disponibilidade. O orçamento do Pan entrou em “crise de financiamento” e a conta veio parar no Palácio do Planalto.

Para evitar vexame, o governo federal deu um “socorro emergencial” e assumiu vários itens, como a construção do Parque Aquático Maria Lenk (R$ 60 milhões).

Conta salgada

Transcrevo alguns itens mais dispendiosos que foram honrados pelo Governo Federal, para que os leitores tenham ideia do que nos espera para a Olimpíada e Paralimpíada, levando em conta as relações políticas-partidárias:

COMPROMISSO

          VALOR R$
Serviços de telecomunicações

45.320.595,80

Passagens delegações estrangeiras

15.126.549,44

Revezamento da tocha

5.760.751,26

Despesas com recursos humanos

33.663.483,00

Cerimônias abertura/encerramento

6.496.868,47

Infra-estrutura Vila Pan-Americana

45.359.629,43

Hospedagem e alimentação

14.698.560,94

Reforma do Maracanã

99.935.672,00

Instalações temporárias/Maracanã

12.631.456,97

Cenografias do Pan e Parapan

7.003.109,13

Compra de material esportivo

15.400.000,00

Material para antidopagem

8.400.000,00

Hospedagem de autoridades

14.698.560,94

Arbitragem em geral

6.402.996,00

Cerimônias de premiações

2.043.352,05

Serviços de seguro

7.317.572,76

Obras do Complexo de Deodoro

128.725.000,00

Tecnologia da informação

253.300.000,00

Instalações provisórias

60.591.390,00

Serviços de hotelaria Vila do Pan

31.886.145,39

Medalhas e diplomas

2.044.605,73

Operação logística

15.990.171,00

Organização geral do Pan e Parapan

36.300.000,00

Comitê Organizador

29.990.000,00

Operação de segurança

563.100.000,00

 Fonte: Relatório dos XV Jogos Pan e Parapam-Americanos/Ministério do Esporte

 


Legado de R$ 14 milhões do Pan 2007 será demolido
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José Cruz

Velódromo do Rio de Janeiro não atende aos “padrões olímpicos”. Decisão atingirá projeto de formação de atletas que aplicaria R$ 20 milhões em três anos

A notícia divulgada no ano passado confirma-se agora: vão demolir o Velódromo que sediou os Jogos Pan-Americanos de 2007.

Primeiro desastre

Projetado em 2003, o preço inicial do Velódromo foi de R$ 7 milhões. Ao final da obra o custo dobrou: R$14.116.000,00.

Desse total, R$ 2,1 milhões foram do governo federal, para a importação de madeira maciça de pinho siberiano, para a pista.

Os R$ 12 milhões restantes saíram do orçamento da Prefeitura do Rio de Janeiro, segundo o relatório do Pan 2007, do Ministério do Esporte.

Segundo desastre

A proposta original do Comitê Organizador do Pan era ter um velódromo provisório. O Ministério do Esporte e a Prefeitura do Rio decidiram por um permanente, pois não havia nenhum na cidade.

Agora, cinco anos depois, as excelências concluem que o espaço está “fora dos padrões olímpicos”.

Terceiro desastre

O Velódromo tem apenas 1.500 lugares e o Comitê Olímpico Internacional exige 5.000. Se fosse em Brasília, com certeza teríamos um velódromo para 70 mil pessoas…

Além disso, duas pilastras que sustentam a cobertura impedem a visualização total da arbitragem e prejudicam as transmissões de TV.

Quarto desastre

Além de R$ 14 milhões de dinheiro público jogados no lixo, os melhores atletas de ciclismo de pista serão prejudicados, pois ficarão sem o local de treinamento. Eles participam de um projeto de longo prazo, com investimentos de R$ 20 milhões em três anos.

Outras 60 crianças que ali fazem iniciação no ciclismo, atletas da patinação e da ginástica também serão diretamente prejudicados pela eficiência do planejamento esportivo nacional.

               O Velódromo do Rio e as colunas do “desastre olímpico”

O que diz o Ministério do Esporte?

A resposta está aí, mas é evitente que começou o jogo de empurra:

A decisão de construir o velódromo para os Jogos Pan-americanos de 2007 foi da prefeitura do Rio, que definiu as especificações junto com o Comitê Organizador. O Ministério do Esporte não financiou a obra, apenas atendeu pedido da prefeitura para pagar a pista, importada da Holanda, que custou R$ 2,1 milhões. A intenção das partes naquele momento era prover a cidade com uma instalação que servisse para treinamentos e competições do ciclismo e eventualmente de outras modalidades.

Quanto aos requisitos, são as federações internacionais das modalidades que decidem as especificações das instalações a serem utilizadas a cada edição dos Jogos Olímpicos – de inverno ou de verão. É comum, a cada edição, as federações alterarem os requerimentos em diversos aspectos, como, por exemplo, a capacidade de público, áreas de imprensa, vestiários, entre outros. No caso do atual velódromo, a Federação Internacional de Ciclismo decidiu que ele não poderia ser utilizado para 2016.

Por isso, o Ministério do Esporte está negociando o seu remanejamento para outra cidade onde ele igualmente seja importante para o ciclismo brasileiro. A cidade, o prazo e o custo do remanejamento do velódromo estão sendo definidos pelo Ministério.

Um novo velódromo será construído na área do atual autódromo de Jacarepaguá onde será erguido o futuro parque olímpico do Rio. A construção está a cargo da prefeitura com recursos do governo federal. O cronograma de construção do novo equipamento está sendo definido pela prefeitura do Rio e o valor será estipulado no projeto executivo da obra.

Quanto ao espaço para os atletas treinarem, o COB, o Ministério e a prefeitura do Rio estão buscando alternativas, de modo que não haja prejuízos à preparação das seleções que treinam no velódromo.”


Romário pede ao TCU balanço do Pan 2007
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José Cruz

Motivado pelos bilionários gastos para a Copa do Mundo no Brasil e Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o deputado se volta para o passado.

Faz sentido.

Depois que ouviu representantes do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) sobre a preparação do Rio para 2016, o deputado encaminhou um requerimento ao Tribunal de Contas da União pedindo alguns dados sobre os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007.

Por exemplo:

Quantos processos de auditorias foram concluídos? Quantos estão em tomadas de contas especiais e quantos ainda vão a plenário?

Houve alguma decisão no sentido de devolução de dinheiro aos cofres públicos por uso indevido?

Alguma autoridade do governo federal foi denunciada por abuso de poder, ou relaxamento no controle dos recursos públicos?

Qual a situação do processo em que o Ministério do Esporte, à época do ministro Agnelo Queiroz, repassou R$ 25 milhões ao Comitê Organizador do Pan, para pagamento antecipado do aluguel dos apartamentos da Vila Pan-Americana?

Qual a conclusão do TCU sobre 880 aparelhos de ar condicionado encontrados pelos auditores que, pagos, não chegaram a  ser instalados?

O TCU tem inventário sobre a guarda dos diferentes equipamentos adquiridos para o Pan 2007, em todos os seus segmentos, como esportivo, segurança, hoteleiro etc?

E por aí vai, com outras indagações.

Breve teremos novidades, pois a confusão foi grande.

Tanto que, cinco anos depois do Pan, o Tribunal de Contas ainda tem vários processos em análise.


Amor e confiança
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José Cruz

O Senhor Ricardo Teixeira, que ainda colabora com a CBF, ganhando um salarinho para ser conselheiro do Marín, tinha dito algo mui justo após o vexame em África-2010, quando admitiu precisar “trazer a Seleção para perto do povo”.

Bernardo Scartezini

Do Correio Braziliense

Como fazer para a gente gostar de novo da Seleção Brasileira de futebol se ela carrega no peito o escudo da CBF – se ela quase sempre joga em Londres ou em Nova Jersey?

Estava a penar nisso. Enquanto aqui e ali éramos bombardeados pelo revival de 1982. Trinta anos na semana que passou.

Algumas derrotas são mais marcantes do que certas vitórias. Daí o fascínio pelos fracassos de 1950 e 1982. Aquela tarde miserável no Sarriá lançou a Seleção num turvo pragmatismo que envenenou as copas seguintes.

Nem sequer a conquista de 1994 conseguiu sublimá-lo – a lembrar das imortais palavras do capitão Dunga aos repórteres ali presentes (e de certa forma ao povo brasileiro que assistia a tudo) ao levantar a taça: “Fotografa essa p*, seus FDP”!

Já pensei que o problema da Seleção Brasileira fosse seus jogadores. Por conta de rancorosos como o amigo Dunga, ou de gente puramente ruim de bola como tantos outros, é inegável que a amerelinha perdeu muito de seu carisma, de seu charme.

Já parei de ver partidas na Globo e, mesmo diante desta geração de talento – Neymar, Ganso, Oscar, Pato, Lucas etc –, percebo que a rapaziada (os torcedores e talvez até os próprios atletas) se importa cada vez menos com o time nacional.

Quando eu escrevi, lá em cima, sobre a gente voltar a gostar da Seleção, na verdade, exagerei um bocadinho: já seria bem bacana se a gente ao menos se importasse com ela.

Pensamos primeiro nos nossos times, queremos bem aos nossos clubes, e a Seleção Brasileira meio que virou a Seleção Brasileira S.A. Quem se importa com uma firma?

Até podemos perdoar o mercantilismo em nossos clubes, mas não o perdoamos na Seleção.

O próprio presidente da CBF, José Maria Marín, esse sujeito de notório interesse pelo desporto, corrobora o sentimento geral ao sacar Ney Franco da delegação olímpica às vésperas dos Jogos e mandá-lo para o São Paulo – para o “seu” clube.

O Senhor Ricardo Teixeira, que ainda colabora com a CBF, ganhando um salarinho para ser conselheiro do Marín, tinha dito algo mui justo após o vexame em África-2010, quando admitiu precisar “trazer a Seleção para perto do povo”.

Disse isso por pensar ($$) na Copa de 2014. Claro. De toda forma, esse me pareceu um gesto oportuno para uma Seleção em constante turnê pelo mundo.

Pois bem, dois anos de passaram, e o que aconteceu? O time continua longe. À exceção de um amistoso com a Argentina cheio de jogadores medíocres de nossos clubes em vez de jogadores medíocres de clubes ucranianos.

Quem sabe na Copa de 2014, com suas arenas megalômanas e com o Galvão Bueno entusiasmado, nossa Seleção volte a ser contagiante. Ou quem sabe uma derrota na final, dentro do recém-inaugurado Ex-Maracanã, reconcilie a todos.

“If  it´s not Love/ Then it´s the bomb, the bomb, the bomb, the bomb, the bomb / That will bring us together” – (Setephen Morrissey, The Smiths)

“Se não for o amor, quem sabe a bomba nos unirá”.

* Publicado no Correio Brasiliense em 12 de julho de 2012


Dinheiro público paga salários de cartolas
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José Cruz

Um dos maiores mistérios da gestão esportiva do alto rendimento brasileiro começa a ser desvendado, com dados oficiais: os cartolas recebem salários e o dinheiro é público. A prática vem de 2005.

Despesas com recursos públicos, que sustentam o esporte, devem ser divulgados em detalhes? O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) afirma que sim:

O Comitê Paralímpico Brasileiro disponibiliza ao público todas as suas informações financeiras em seu site desde agosto de 2005. O Tribunal de Contas da União publicou uma Direção Normativa (DN 69/2005), em 2 de agosto de 2005, solicitando o acesso à todas essas contas, no entanto, o CPB entende que a transparência é direito a toda população. Em seu site, é possível consultar todos os extratos de contas do CPB, bem como a tabela de salários ( http://www.cpb.org.br/wp-content/uploads/Plano-de-Cargos-e-Salarios.pdf )”.

Segundo o CPB, aproximadamente 18,31% dos recursos que recebe anualmente da Lei Agnelo Piva (nº 10.264/2001) destinam-se ao pagamento de seus funcionários.

Entre os beneficiados está a diretoria, a partir do presidente, Andrew Parsons, que recebe R$ 17.232,88 mensais.

Dificuldades

Já o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) também paga os seus “funcionários”, segundo o diretor financeiro, Sérgio Lobo.

Ainda não consegui os valores desses salários, e as prestações de contas não esclarecem sobre isso.(http://www.cob.org.br/comite-olimpico-brasileiro/downloads.pdf)

Explicações

O Comitê Olímpico Brasileiro é uma entidade de direito privado e este assunto (divulgação de salários) está sendo analisado internamente pela entidade. De acordo com o Estatuto do COB o presidente, o vice-presidente e os diretores estatutários não são remunerados.” (o grifo é meu)

Contradição

O Tribunal de Contas da União (TCU), que fiscaliza as contas do COB afirma:

Alguns integrantes da diretoria do COB recebem salário com recursos oriundos da Lei Piva.  Não temos os valores para te passar e ainda não há um trabalho específico sobre isso.” (o grifo é meu)

Logo o pagamento tornou-se um ato legal, pois tem o aval do órgão fiscalizador, o TCU. Mas, em 11 anos de vigência da Lei Agnelo Piva, os dirigentes não conseguiram desenvolver estratégias de marketing para que seus salários independam das muletas do governo?

Entenda a polêmica

É histórica a discussão sobre remuneração de dirigentes esportivos no Brasil. O deputado José Rocha, relator da reformulação da Lei Pelé, afirmou que essa prática é proibida pelo Código Civil. Há divergências e voltaremos a este “detalhe”.

O assunto está na ordem do dia a partir de uma pergunta do deputado Romário, semana passada, em audiência pública com o presidente do Comitê Olímpico, Carlos Nuzman, sobre “salários no COB”. Diante da dúvida e insegurança na resposta entrei novamente no polêmico tema.

Parte do dinheiro que sustenta os esportes no Brasil vem das loterias federais, que repassam 2% do que arrecadam aos comitês Olímpico e Paralímpico. No ano passado isso representou R$ 157 milhões para o COB, que recebe 85% do valor total, e R$ 27 milhões para o CPB (15%).

Até 2011, primeiro decênio de vigência da lei Agnelo Piva, como é conhecida, as loterias destinaram mais de R$ 1 bilhão ao nosso esporte de rendimento, escolar e universitário.

Dúvidas

Segundo o TCU esse dinheiro não é “orçamentário”, mas é “público”. Então, com a vigência da Lei da Transparência os dirigentes devem dar divulgação detalhada das aplicações?

Dinheiro público pode ser pagar salários de dirigentes esportivos?

Os presidentes das confederações (Natação, Atletismo, Vôlei, Basquete etc) também estão recebendo salários?

Em caso positivo, a Lei da Transparência não determina que os nomes e os valores de quem recebe sejam divulgados?

O Ministério do Esporte tem balanço sobre a realidade financeira do esporte de rendimento e a necessidade de atletas e técnicos e as prioridades do setor?

Essa última posso antecipar a resposta: não tem. E o Ministério nem sabia que cartola é beneficiado com o dinheiro do torcedor-apostador.

Diante do silêncio de sete anos, da falta de transparência e das dificuldades para se obter informações esclarecedoras, fico na dúvida do que ocorre com as demais fontes de recursos públicos para o esporte (Lei de Incentivo, patrocínio das estatais, repasses do Ministério do Esporte etc). E, principalmente, se o TCU está sendo um fiscal eficiente da grana que é pública, nossa.

Enfim, mais do que nunca a CPI do Esporte de Rendimento precisa ser aprovada no Congresso Nacional.


O impossível acontece
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José Cruz

Numa sessão relâmpago, que esteve na iminência de não ser realizada para não interferir na ordem do dia, no plenário da Câmara dos Deputados, a Comissão de Turismo e Desporto aprovou projeto de lei que limita a uma reeleição o mandato de cartolas.

O projeto (n º 4.397/2008), do deputado Geraldo Magela (PT-DF), foi relatado pelo deputado baiano José Rocha (PR), também presidente da Comissão de Turismo e Desporto.

O que vemos são dirigentes transformando seus mandatos em reinados. É preciso impor limites, pois a alternância do poder é saudável à democracia”, argumentou José Rocha, ao ler seu relatório.

Ex-presidente e atual conselheiro do Vitória, da Bahia, José Rocha sempre esteve alinhado com os dirigentes, Ricardo Teixeira, entre eles. Agora, o projeto de lei será apreciado pela Comissão de Constituição e Justiça e de lá irá ao Senado.

Coincidência

Coincidentemente, o projeto de lei foi aprovado uma semana depois que representantes do Comitê Olímpico Brasileiro participaram de audiência pública em Brasília, quando informaram que o Brasil esportivo não deverá evoluir nos Jogos de Londres. A previsão é que se repita o resultado da Olimpíada de Pequim – 15 medalhas.

Reforço

Paralelamente, outro projeto de lei sobre o mesmo tema tramita no Senado Federal, de número 328/2010, do senador Alfredo Cotait (DEM/SP).

Os clubes, federações, confederações e outras associações esportivas não poderão receber subvenções e quaisquer outras verbas do orçamento federal e de empresas sob controle estatal federal, se os mandatos de seus presidentes e outros diretores excederem a duração de quatro anos, admitida a reeleição para período de idêntica duração em único mandato.”

O projeto do senador, que está na Comissão de Educação Cultura e Desporto, se aplicará aos atuais dirigentes, “os que já ultrapassaram ou vierem a ultrapassar o limite estabelecido”.

Como fica?

Os dois projetos de lei serão anexados, no Senado Federal. Lá, um senador analisará as propostas e apresentará texto final para ser aprovado ou não.

Quem entende?

O interessante é que esses projetos avançam nas duas casas legislativas seis meses depois de o Congresso Nacional ter aprovado a “nova” Lei Pelé (nº 9.615/98), que atualizou a legislação esportiva sem se deter nos mandatos dos cartolas, sob a alegação de que comitês, confederações, federações, clubes etc são sociedades civis que não podem sofrer a interferência do Estado em suas gestões.

A novidade, agora, é o argumento que há muito a comunidade esportiva discute: se essas instituições esportivas são subvencionadas por verbas públicas,  seus dirigentes devem ter mandatos limitados e não perpétuos. A discussão é das boas e será longa.


Copa 2014: Estádio Mané Garrincha tem inauguração adiada
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José Cruz

O Estádio Nacional de Brasília, Mané Garrincha, não será inaugurado às 12h de 31 de dezembro deste ano, como prometido.

28 de fevereiro de 2013 é a nova data. Em seguida começa o plantio da grama.

“Tudo sem prejuízo para o calendário da Fifa e programação da Copa das Confederações” – de 15 a 30 de junho, informou o coordenador do Comitê Organizador, Sérgio Lima da Graça.

“Dezembro nunca foi divulgado oficialmente. Era uma previsão do ex-secretário executivo da Copa em Brasília”  (Cláudio Monteiro), disse Sérgio.

Cláudio falava em nome do governo, e 31 de dezembro tornou-se oficial.Mas ele foi afastado das funções, inclusive da chefia de gabinete do governador. Cláudio Monteiro foi acusado de envolvimento com o esquema de Carlinhos Cachoeira. Está sendo investigado.

Licitação

Projetado para 71 mil pessoas, o Mané Garrincha despertou o interesse da uma das principais empresas internacionais de gerenciamento de estádios, a AEG Facilities ( http://aegworldwide.com.br/pt/facilities ). Uma licitação internacional será lançada ainda este ano e fixará critérios para a transferência da área.

Custos

A expectativa é saber se o governo do Distrito Federal conseguirá recuperar os investimentos oficiais de R$ 849 milhões, até agora (R$ 676 milhões para a estrutura e instalações mais R$ 173 milhões da cobertura).

Se o negócio for confirmado, o governo se livrará, no mínimo, da gestão e conservação do estádio que, concluído, exigirá recursos de R$ 10 milhões anuais.

No Mané Garrincha poderão ser realizados, também, eventos musicais e culturais; tem espaço para dois restaurantes,  um museu do esporte e transformações dos camarotes VIPs  em escritórios comerciais, com até 100m² cada um.

Visita

Na sexta-feira visitei as obras do novo Mané Garrincha, já em preparação final para receber a cobertura, que custou R$ 173 milhões.

A construção, perto de chegar aos 60% do total, consome recursos da Terracap – empresa responsável pela administração e venda de terrenos públicos do Distrito Federal.

“O dinheiro para o estádio não sai do orçamento do GDF, mas da venda de terrenos da Terracap”, informou Sérgio Graça. Ele contestou as críticas de que o Governo desvia recursos da saúde, educação e segurança para aplicar na construção do novo Mané Garrincha.

Detalhes  

Aguardo  informações sobre os terrenos vendidos e os valores já repassados ao Consórcio de empresas construtoras.

Já tentei obter  esses dados no Tribunal de Contas do Distrito Federal, no Ministério Público, na Câmara Legislativa e na própria Terracap. Ninguém tem. Devem ser exclusivos do gabinete do governador.

Transparência interna é egoismo. É preciso que seja pública, detalhada. Caso contrário os gastos tornam-se suspeitos.

Para saber mais:

“Uma licitação de R$ 12,7 milhões para a compra das cadeiras do estádio de Brasília para a Copa-2014 foi suspensa pela suspeita de que as regras do edital poderiam alijar empresas interessadas.” (na Folha de S.Paulo desta quarta-feira)

http://www1.folha.uol.com.br/esporte/1118255-arena-de-brasilia-tem-licitacao-suspensa-para-a-copa-2014.shtml


Atletismo: sobra estrutura, mas faltam atletas em Belo Horizonte
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José Cruz

O Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da Universidade Federal de Minas Gerais, em, Belo Horizonte, inaugurou estrutura de atletismo de Primeiro Mundo.

Mas…

Falta o elementar para a privilegiada área se tornar útil:  “auxílio financeiro contínuo aos atletas em formação e manutenção”, informa Bruno Moreno, do jornal Hoje em Dia, na reportagem “Sobra estrutura para treinos, mas faltam atletas

Este é mais um capítulo do seriado sobre verbas para esporte, estruturas e falta de políticas de longo prazo.