Nuzman afirma que trabalha em escritório de advocacia
José Cruz
No pódio da transparência pública o COB ocupa vaga da omissão
Em entrevista ao repórter Kennedy Alencar, da Rede TV – programa “É Notícia” –,no dia 16 de julho, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuznam, afirmou:
“Sou advogado, tenho escritório e trabalho, simultaneamente”.
Simultaneamente aos compromissos de dirigente esportivo, só pode ser. E é um evidente caso de triplo emprego: presidente do COB, Comitê Organizador Rio-2016 e escritório de advocacia. Haja fôlego.
Assim, Nuzman justificou a fonte de sua renda, pois nada recebe do COB, como declarou sua assessoria, em notícia que publiquei na semana passada. Há controvérsias. Mesmo sem citar nomes, não é o que diz o Tribunal de Contas da União.
Não que eu seja contra o pagamento de salários para os dirigentes. Nosso esporte movimenta mais de R$ 2 bilhões num ciclo olímpico e precisa de profissionais bem remunerados no comando dessa grana. É impossível termos hoje dirigentes de “final de tarde”, como ocorria “antigamente”.
Mas sou contra, isso sim, pagar salário de cartola com dinheiro público. Depois de 11 anos de intensivo financiamento estatal, nossas instituições já deveriam ter outra fontes de rendas que não fosse a dependência exclusiva do governo federal. Acomodaram-se ao uso da muleta oficial.
Voltando ao escritório
Duvido que o presidente Nuzman dedique uma hora por semana ao exercício da advocacia. Trabalho de advogado também não se faz nas horas de folga… E Nuzman não tem espaço em sua agenda para cuidar de processos, audiências, tribunais etc. Além do COB, ele preside o Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016. São duas frentes com agendas gigantescas, e se ainda sobrar tempo para exercer a advocacia, Nuzman está negligenciando em alguma de suas tarefas olímpicas. E isso, sabe-se, não ocorre.
Resumindo:
Essa história está mal contada, e insisto no assunto porque falamos, prioritariamente, de verbas públicas.
Assim, é preciso que haja transparência nas informações salariais no Comitê Olímpico Brasileiro. E não adianta dizer que os dados estão “disponíveis” nos balanços financeiros, porque ali mesmo é que eles não aparecem.
Para saber mais:
A entrevista de Carlos Arthur Nuzman está aqui