Blog do José Cruz

Arquivo : junho 2012

Copa 2014:TCU identifica indícios de fraudes no Ministério do Turismo
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José Cruz

R$ 440 milhões podem ir para o ralo: pagamentos deprojetos em dobro, falta de licitações e risco de não alcançar as metas

A preparação do “Brasil Turístico” para a Copa 2014 joga dinheiro pela janela do Planalto Central.

Quem alerta – em palavras mais elegantes e adequadas, claro – é o Tribunal de Contas da União em seu último relatório trimestral, divulgado na sexta-feira.

Auditoria do TCU constatou que o Ministério do Turismo pode estar pagando em dobro o mesmo serviço contratado,  para projetos de preparação de mão-de-obra, do programa “Bem receber Copa”, por exemplo.

Indícios

Até agora, o Ministério do Turismo investiu R$ 440 milhões em projetos de qualificação profissional. Desse total, em sete convênios avaliados pelo TCU, envolvendo apenas R$ 72 milhões – pouco mais de 10% do investimento total – os auditores encontraram indícios de fraudes e alertaram para riscos, como “não se alcançar  as metas propostas”. Há sobreposição de atividades e riscos de “prejuízo ao erário”…

Mais:

Há dúvidas nos preços dos serviços contratados  e “deficiência de controles na fiscalização e execução as ações de qualificação”. Palavra dos auditores! Em português para o contribuinte entender, estão metendo a mão e carregando as malas… para turismo, claro…

Irritação

A dois anos da realização do jogo de abertura da Copa do Mundo, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, muda o tom dos primeiros dias e irrita-se com perguntas de repórteres, como ocorreu ontem, em Curitiba, contestando atrasos nas obras dos estádios e possibilidade de evitar etapas para ganhar tempo nos serviços e, assim, facilitar superfaturamentos. Isso é real!

Pior:

O ministro , também deputado e, por isso, com missão dobrada de fiscalizar e zelar pelo bem público, disse que desconhece o relatório do TCU indicando aumento nos gastos para o evento de 2014 e desperdícios  de dinheiro nos projetos do Ministério do Turismo.

Não deveria ignorar, pois na semana passada a assessora especial do Ministério do Turismo,Suzana Dieckmann, confessou publicamente ao deputado Romário (PSB-RJ) que vários convênios de preparação de mão-de-obra estavam suspensos por “indícios de irregularidades”.

Isso eu já sabia e denunciei em janeiro de 2011. Agora, é o TCU confirmando as irregularidades, que sugerem a ação de espertos metendo a mão na grana que não lhe pertence.

E daí?

Daí que esperamos que o TCU viesse com seu relatório para revelar mais falcatruas com o dinheiro público confirmando o que se sabia há um ano…

A Senhora Dieckmann, que por dever de servidora pública tem a obrigação de denunciar a fraude nos projetos que comanda, silenciou. E só revelou que havia “suspeitas de fraudes”  provocada por um deputado. Mas o ministro, ainda assim, ignora tudo isso.

E ainda faltam dois anos…


Ricardo Leyser investigará uso de R$ 400 mil pela UNE
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José Cruz

O crescimento de denúnicas de falcatruas com verbas do tempo dos ex-ministros Agnelo Queiroz e   Orlando Silva são indicativo de um “mensalão do esporte”?

O Secretário Nacional de Esporte de Alto Rendimento, Ricardo Leyser Gonçalves, informou pelo twitter que se atualizará sobre os “Jogos de Verão da UNE”, suspeitos de não terem sido realizados, apesar dos R$ 400 mil recebidos do Ministério do Esporte.

Com atraso, que sugere desinteresse e desleixo no controle do bem público, mas, enfim, alguém vai se manifestar sobre o estranho caso que aqui divulguei em janeiro de 2011. Dezoito meses depois alguém do Ministério vai olhar o assunto. Baita progresso!

Análises

É muito importante a investigação do secretário Leyser a fim de que se esclareça, de vez, sobre o mistério desse evento, custeado com verba de um ministério de orçamento enxuto, que não consegue pagar em dia a Bolsa-Atleta dos não olímpicos. E isso é gravíssimo!

As denúncias de inúmeras irregularidades no Ministério do Esporte, do tempo dos ex-ministros Agnelo Queiroz e, depois, Orlando Silva, já não podem mais ser analisadas isoladamente pelos órgãos de controle financeiro do governo federal. As dúvidas sobre o destino de tanta verba desviada impõe a necessidade de investigações rigorosas da Polícia Federal, cruzando nomes e instituições beneficiadas, inclusive, como já faz com convênios do Segundo Tempo.

Documentos pesquisados pelo jornalista Walter Guimarães, colaborador assíduo deste blog, indicam que a liberação dos R$ 400 mil para a UNE, para os tais Jogos de Verão, foi assinada por José Lincoln Daemon, subsecretário de Planejamento e Orçamento do Ministério do Esporte.

Nomeado pelo ex-ministro e amigo Agnelo Queiroz, Daemon era quem também cuidava da grana do Segundo Tempo, cuja denúncia de corrupção em vários programas acabou por detonar Orlando Silva da cadeira de ministro.

Devoluções

Em outubro de 2011, a Controladoria Geral da União (CGU) determinou que 26 instituições devolvessem R$ 49 milhões ao Ministério do Esporte, por não terem comprovado o uso legal ao do dinheiro recebido para projetos sociais.

Entre os envolvidos estava a Associação Kung Fu, de Brasília, de João Dias, também amigo de Agnelo Queiroz, que denunciou desvio de dinheiro para beneficiar autoridades do próprio Ministério do Esporte. O processo está em andamento, e de repente João calou-se, desapareceu de cena e ninguém mais fala sobre o assunto.

Novas denúncias

Na edição de domingo, O Globo publicou reportagem mostrando que o patrimônio do governador do Distrito Federal , Agnelo Queiroz, aumentou 12 vezes a partir de 1998. Agnelo foi ministro do Esporte entre 2003 e 2006.

Todas essas informações que recupero como “memória”, envolvendo personagens e instituições ligadas ao PCdoB, mostram como o segmento “esporte” tornou-se fonte fortíssima de pesadas denúncias de corrupção, apesar de Orlando Silva afirmar que não há provas de irregularidades em sua gestão ministerial.

Em resumo a situação é a seguinte:

1. – há dezenas de denúncias de falcatruas no Ministério do Esporte, desde sua criação, identificadas, inclusive, pelo Tribunal de Contas e Controladoria Geral da União

2. – Vários processos estão em fase de investigação pela Polícia Federal

3. – O Ministério do Esporte se omitiu na maioria das denúncias e não deu transparência às investigações.

4. – A maioria de pessoas e instituições citadas nos processos mostram vínculos com o PCdoB, como a União Nacional dos Estudantes.

5. – Diante de tais evidências estaríamos diante de um novo “mensalão”, agora disfarçado pelas emoções do esporte?

Os casos do Instituto Cidades, de Juiz de Fora, da Federação Paulista de Xadrez, das verbas para UNE e as liberações para a Associação Kung Fu, de João Dias, são indicativos para que o ministro Aldo Rebelo determine uma varredura no ministério que agora está sob o seu comando.

Não fará isso, claro, pois seria dar ouvidos a um simples jornalista e, quem sabe, correr o risco de constranger correligionários. Mas os órgãos de fiscalização do governo podem agir cruzando dados, informações e destino da grana. Quem sabe mais surpresas aparecerão e, fora do esporte, tenhamos novas emoções. Tristes emoções…


UNE contratou empresa para gastar R$ 400 mil em Jogos de Verão, sem resultados
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José Cruz

Em janeiro de 2011 denunciei que R$ 400 mil foram embolsados pela União Nacional dos Estudantes (UNE), diante da falta de informações para um tal “Jogos de Verão”da UNE.

O dinheiro, liberado pelo Ministério do Esporte, na época de Orlando Silva, ex-presidente da UNE, foi repassado através da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mas nunca consegui informação oficial sobre os Jogos de Verão, estranhamente de “alto rendimento”.

Estranhamente, porque quem trata de alto rendimento é o Comitê Olímpico e no caso acadêmico a Confederação Brasileira de Desporto Universitário, CBDU. Estranho e suspeitos Jogos da UNE, pelo menos enquanto não apresentarem os campeões.

Realidade

Agora, circula a notícia que é um indicativo para este fato:  o Ministério Público e o TCU descobriram que a UNE recebeu R$ 12 milhões junto com a União Metropolitana de Estudantes de São Paulo. O dinheiro saiu de vários ministérios para eventos culturais e esportivos. Mas as prestações de contas das entidades demonstram que houve festa e farra….

O procurador do Ministério Público, Marinus Marsico, conforme notícia de O Globo, identificou que boa parte da prestação  de contas dos R$12 milhões foi com notas frias.

Pior: a verba pública financiou, também,  bebidas alcoólicas: cerveja, vinho, cachaça, uísque e vodca, além de telefones celulares, freezer e até um ventilador… quem sabe para jogar “poeira” na confusão… A direção da UNE desmente, mas com argumentos tão frágeis que tornam mais suspeita a gastança com dinheiro público.

Silêncio

Os ministérios do Esporte, da Educação e a UFRJ nunca me enviaram os resultados dos Jogos de Verão, apesar dos pedidos.

Que modalidades foram praticadas? onde? quem venceu? quantas instituições e   atletas participaram? até agora isso não foi revelado, mas os R$ 400 mil do Ministério do Esporte sumiram. E esse valor ainda não foi analisado pelo Ministtério Público.

Entre outras despesas na prestação de contas que tive acesso, os tais Jogos de Verão gastaram R$ 2.340,00 com flores; R$ 4.900,00 pagos a um jornalista; R$ 3.800,00 para uma recepcionista; R$ 25.500,00 para a filmagem dos Jogos!!! R$ 29.000,00 pela  confecção de 2 mil sacolas; R$ 23.960,00 por duas mil pastas com zíper. E por aí vai… Mas não há despesas com esporte, efetivamente, como arbitragem, medalhas, troféus etc.

Inacreditável

Diante das cobranças que fiz, recebei um comunicado do Ministério do Esporte, sem qualquuer informação sobre os Jogos, mas com a seguinte preciosidade burocrática:

Como o recurso (R$ 400 mil) é descentralizado a aprovação da prestação de contas financceira e contábil náo é feita pelo Ministério do Esporte, mas pelo órgão executor, no caso a Universidade Federal do Rio de Janeiro“.

Entenderam? o Ministério libera a grana e a prestação de contas e respectiva aprovação compete a quem gastou…

Não é uma maravilha?

Claro que é, principalmente porque quem gastou a grana não foi a UNE nem a UFRJ, mas uma empresa chamada  ANBP Promoções e Eventos Empresariais Ltda”.

Agora as dúvidas aumentam: os Jogos foram mesmo realizados? “não creio, pois em caso positivo teriam dado divulgação; e porque contrataram uma empresa para gastar o dinheiro? Que resultado efetivo esse evento trouxe para o fortalecimento do esporte nacional? porque o Ministério do Esporte não se interessa em investigar esse caso suspeito de gravíssimas irregularidades com dinheiro público?

Afinal, quantas Bolsa-Atletas poderiam ser pagas com R$ 400 mil que jogaram no lixo? Finalmente, o que diz o atual ministro, Aldo Rebelo, ex-presidente da UNE, que tem a obrigação de zelar pelo bom uso do bem público?

 

 

 


Lei da Copa e a política do pão e circo
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José Cruz

 Na Zero Hora, hoje

O Estado, que prega a distribuição de benefícios com o objetivo declarado de “apoiar as famílias mais pobres e garantir a elas o direito à alimentação e o acesso à educação e à saúde”, pretende que utilizem o benefício para adquirir ingressos para assistir aos jogos do Mundial.

 Por Ricardo P.Heller 

No último dia 6, foi publicada no Diário Oficial da União a Lei n° 12.663, conhecida como Lei Geral da copa recheada de pontos polêmicos, como já se esperava.

Dentre as questões controversas, os portais de notícias da internet dão ampla repercussão à ausência de liberação ou proibição expressa à venda de bebidas alcoólicas.

Há alguns poucos anos, o governo federal tomou a autoritária decisão de proibir a comercialização dessas bebidas nos estádios e, agora, se vê obrigado a “abrir uma brecha” na sua lei para atender os interesses dos patrocinadores.

O fato permite duas interpretações: ou o Estado curvou-se aos interesses privados de uma instituição e seus financiadores ou entende que os estrangeiros que virão assistir aos jogos da Copa são mais civilizados do que os brasileiros, pois podem ingerir bebidas alcoólicas sem causar transtornos. Ou ambas.

Mas há outro dispositivo da Lei Geral da copa que não tem recebido o merecido destaque. Trata-se de obrigação imposta à FIFA de vender os ingressos da categoria 4 (a mais barata) com desconto de 50% para brasileiros “participantes de programas federal de transferência de renda”. Ou seja, beneficiários do Programa Bolsa-Família e similares.

Trata-se de levar as medidas demagogas ao seu extremo. É a mais descarada política do pão e circo implantada em pleno século 21. Sucede que estão autorizadas a participar do programa as famílias que possuem  renda mensal inferior a R$ 140 por pessoa.

Sem adentrar o exame do mérito de tais programas assistencialistas para não nos afastarmos do ponto principal, trata-se de unidades familiares que, segundo o próprio governo, enfrentam dificuldades até mesmo para se alimentar.

No entanto, o mesmo ente estatal que prega a distribuição de benefícios com o objetivo declarado de “apoiar as famílias mais pobres e garantir a elas o direito à alimentação e o acesso à educação e à saúde”, pretende que utilizem o benefício recebido para adquirir ingressos para assistir aos jogos do Mundial.

Por outro lado, não custa lembrar que os recursos que permitem ao Estado custear tais programas provêm dos tributos recolhidos pelos cidadãos, de modo que, ao final, inegavelmente ver-se-á concretizado o objetivo do governo federal, qual seja a transferência de renda: do contribuinte diretamente à FIFA.

Por fim, fica a pergunta, será que vai sobrar um trocado para a cervejinha?

 Ricardo P. Heller é advogado, associado do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)


Ministério do Esporte gasta R$ 5,4 milhões com inventários de estádios de futebol
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José Cruz

Enquanto isso,  Bolsa-Atleta de 2011 para os não-olímpicos (R$ 6 milhões) ainda não foi paga…

O Ministério do Esporte pagou R$ 5,4 milhões para a Universidade Federal do Rio de Janeiro “diagnosticar a real situação dos estádios brasileiros em relação às condições de segurança, conforto acessibilidade e higiene”.

O valor é praticamente o orçamento da Bolsa Atleta de 2012 (R$ 6 milhões) para os competidores das modalidades não-olímpicas e não-paralímpicas.

Segundo o  Ministério serão vistoriados 152 estádios de futebol com capacidade para mais de 10 mil pessoas. Com o resultado a Secretaria de Futebol estabelecerá critérios para a construção e funcionamento de arenas esportivas.

Desconfio que essa seja uma manobra para o ministério do Esporte retomar o projeto de monitoramento por TV de torcedores em estádios de futebol, suspenso em janeiro deste ano, pelo ministro Aldo Rebelo.

Por decisão do ministro o projeto não será retomado”, dizia nota do Ministério, à ocasião, a partir de determinação do TCU, para darem um basta nesta bobagem.

Afinal, isso não é obrigação das prefeituras e dos governos, através de seus órgãos oficiais de segurança pública?

Num ministério de orçamento apertado, inclusive para o Bolsa Atleta, é justo gastar R$ 5,4 milhões para dizer o que um estádio de futebol de clubes privados precisa?

O Ministério do Esporte não tem outros compromissos mais sérios e urgentes, como tratar de uma política para a iniciação, a ponto de desperdiçar tempo e dinheiro com o futebol profissional? O próprio TCU, em auditoria específica, já puxou as orelhas dos gestores do esporte alertando-os para a falta de uma política nacional que contemple o desporto escolar, como determina a Constituição.

Enquanto retoma decisões do ministro anterior, Aldo Rebelo dá o tom de populismo em sua gestão, explorando o forte apelo do futebol. Está na cara.

 Enquanto isso…

A Bolsa Atleta de 2011 para competidores de modalidades não olímpicas ainda está na fase de inscrições…

Pior:

o Ministério promoveu mudanças nos critérios de concessão da Bolsa que prejudicam diretamente os paralímpicos, conforme já se debateu neste espaço.

Foi uma manobra vergonhosa para ajusar o apertado orçamento e, claro, sobrar grana para gastar com o futebol profissional.

Como se vê, nem todos estão “juntos num só ritmo“. ..


Ministério do Turismo pagou R$ 39 milhões para convênios “suspeitos de irregularidades”
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José Cruz

Revelação foi feita por autoridade do Ministério à indagação do deputado Romário

Com suspeitas de irregularidades, o Ministério do Turismo suspendeu a execução de convênios do programa “Bem Receber Copa”, informou hoje a assessora especial do órgão, Suzana Dieckmann.

O programa consumiu R$ 39,4 milhões, mas a assessora afirmou que o dinheiro retornará aos cofres públicos. Será?

A manifestação da senhora Dieckmann foi em resposta ao deputado Romário (PSB-RJ), na audiência pública desta terça-feira, na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara, sobre preparação de mão-de-obra para os megaeventos no Brasil, a partir da Copa das Confederações, no ano que vem.

Pergunta

Romário quis saber qual o resultado prático do convênio entre o Ministério do Turismo com o Instituto Brasileiro de Hospedagem, que embolsou R$ 17.410.520,00…

Na teoria, o convênio se destinava a “implementar a segunda etapa do projeto Escola Virtual dos Meios de Hospedagem no âmbito do Programa Bem Receber Copa”.

Ufa! Mais burocrático e enrolado impossível.

Resposta

A senhora Dieckmann fez sinal para um assessor, que também não sabia do que se tratava.

Na dúvida, a representante do Ministério do Turismo foi à mesa do deputado Romário para pegar as informações, exibidas no Portal da Transparência da Controladoria Geral da União.

Pouco depois, Suzana Dieckmann respondeu ao parlamentar que o programa em questão destinava-se a qualificar profissionais, mas “foram cancelados no início deste ano, após denúncias de irregularidades, que estão sendo investigadas”.

Porém, o Portal da Transparência não faz qualquer referência às investigações reveladas, mas confirma o pagamento de R$ 39.449.797,00 para 12 instituições conveniadas.

Para a Fundação Getúlio Vargas, por exemplo, foram pagos R$ 3,6 milhões, em janeiro de 2011, a título de “apoio técnico e pedagógico, gestão, monitoramento e avaliação do programa Bem Receber Copa”.

A mesma Fundação recebeu R$ 1,4 milhões para “estudo de mapeamento estratégico do turismo para a Copa do Mundo/FIFA no Brasil em 2014.”

Já a Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares faturou R$ 9,9 milhões do Ministério do Turismo para “promover qualificação de profissionais do segmento de alimentação e bebidas”…

foto: Akimi Watanabe (CTE/CD)

 Da esquerda para direita:  Anna Beatriz Waehneldt (Senac); dep. José Rocha; Wesley Passaglia (Sest) e Suzana Dieckmann (Ministério do Turismo)

Dúvidas sem respostas

Em 2010 e 2011 questionei neste blog sobre a importância prática desses convênios, diante dos elevados valores. Até hoje não obtive resposta.

Após a audiência desta terça-feira tentei entrevistar a Senhora Dieckmann. Alegando pressa para chegar a 0outro compromisso – o que é comum quando uma autoridade quer fugir dos repórteres – ela não conseguiu articular uma frase completa sobre o assunto e repetiu o que havia dito na audiência.

 Transparência

Diante disso crescem as dúvidas sobre os atos legais desses convênios que, agora, também são do deputado Romário: afinal, para que serviram esses convênios, na prática?

Quem sabe, diante do prestígio do parlamentar, a Senhora Suzana Dieckmann apresente respostas convincentes. Será?


Basquete: fartura e omissões
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José Cruz

O jornalista Edgar Alves, com quem convivi em coberturas olímpicas,  assina artigo nesta terça-feira na edição de Esportes da Folha de S.Paulo.

Edgar aborda sobre o balanço financeiro de 2011 da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), cujo resultado indica o caminho da falência fosse ela uma empresa privada, assunto que aqui já tratamos.

Edgar poderia ter dedicado seu artigo à terceira conquista nacional do time de Brasília, ontem. Mas preferiu analisar um tema grave, a gestão do esporte, principalmente porque a modalidade sobrevive de verba pública. E aí está a questão central.

Como se sabe quem organiza o Campeonato de Basquete é Liga Nacional de Basquete, através do Novo Basquete Brasil. A Confederação apenas chancela os resultados. Algo como ocorria no futebol entre o Clube dos 13 e a CBF.

Porém, quem é quem nessa parceria? A Confederação paga para que a Liga realize o certame? Quanto? E quem recolhe os impostos?

Paralelamente, não está clara como ocorreu a transferência da gestão técnica-administrativa da Confederação de Basquete para a Brunoro Sports, pois o presidente da Confederação, Carlos Nunes, ainda não se manifestou oficialmente sobre essa terceirização de serviços. E quanto a CBB paga para delegar o que é de sua competência?

Assim, com gestor terceirizado e organização do campeonato nas mãos da Liga Nacional, para que serve a Confederação Brasileira de Basquete?

E, nessa dúvida, para que fins o governo repassa verbas (foram R$ 17 milhões em 2011) à Confederação? Que programas, efetivamente, estão sendo financiados na base, sobretudo? A situação é tão frágil que o NBB reúne somente 18 clubes de apenas seis estados… Isso que é “Novo Basquete…”

O que se tem, de fato, é uma instituição frágil que dá aval a um negócio rentável (o campeonato brasileiro), que envolve verba de fortes patrocinadores, da televisão e do Estado, claro. É evidente a intromissão do Estado na iniciativa privada financiando o que não lhe compete e, pior, sem fiscalizar.

O Tribunal de Contas, a Controladoria Geral da União e o Ministério Público, já analisaram essa omissa função da CBB frente aos milionários recursos federais que recebe?

Enfim, está aí, de forma repetitiva, a evidência de que o Estado se mistura, cada vez mais, com esporte profissional, de gestão suspeita diante do balanço financeiro que apresenta.

É isso se repete ano a ano sem que o Ministério do Esporte, que tem a obrigação de ser fiscal ativo, questione os abusos e aberrações da gestão de Carlos Nunes.


Esporte comunitário, a realidade possível
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José Cruz

Ainda longe do perfil de um corredor e vestindo bermuda, tênis e camiseta de passeio, o mineiro Daniel Eloi de Melo passou pelo primeiro teste para se tornar atleta.

Incentivado pela irmã Edna, Daniel faltou duas horas ao trabalho, numa feira de roupas  – a 30km de Brasília. Ao final de uma corrida de 600 metros, cumpridos abaixo de dois minutos, na ainda nova pista do Centro Olímpico de Ceilândia, Daniel estava aprovado para a próxima etapa que selecionará 30 candidatos para o programa “Rumo ao Pódio Olímpico”, de olho nos Jogos Rio 2016.

A iniciativa para formar atletas é do Instituto Joaquim Cruz, no Distrito Federal, e o teste realizado no sábado, sob a direção de Ricardo Vidal, foi numa região de tradicionais fundistas, um deles Marilson Gomes dos Santos, bicampeão da Maratona de Nova York, já classificado para os Jogos Olímpicos de Londres.

O início

Edna inscreveu o irmão no teste no último dia permitido pelos organizadores.

“Ceilândia, onde moramos, tem forte influência de traficantes de drogas. Por isso é importante que os jovens se envolvam com o esporte. Lembrei  que meu irmão poderia tentar se tornar atleta e ele aceitou o desafio”.

Daniel foi à pista e, mesmo sem roupas e tênis adequados, demonstrou na curta corrida-teste  passadas largas e consistentes até o final.

“O garoto é do ramo, leva jeito, pode ser orientado para se tornar um bom fundista”. Palavra do experiente Ronaldo da Costa, Ronaldinho, ex-recordista mundial de maratona (2h06min), um dos instrutores do projeto do Instituto Joaquim Cruz.

Esperanças

Depois de muitos anos voltei a uma pista de atletismo, onde já realizei boas reportagens e contei histórias de vidas que a modalidade sempre guarda. Estava com saudades, confesso.

Desta vez o encontro foi no Centro Olímpico de Ceilândia, do Governo do Distrito Federal, com espaços para várias modalidades – natação, basquete, vôlei, futebol etc. Mas esses centros – nove ao total, cinco em funcionamento – são, antes de tudo, redutos de concentração comunitária em regiões onde faltam opções para os jovens, principalmente. Melhor: as famílias acompanham os garotos, para reuniões e atividades lúdicas com os instrutores, num processo interação social a oartur di esporte.

Para quem faz críticas à falta de políticas públicas de esporte, fiquei feliz ao ver o Centro de Ceilândia lotado: 1.400 pessoas estiveram lá no sábado passado, só pela manhã, repetindo uma experiência de bons resultados verificados no Rio de Janeiro, de onde veio a ideia dos Centros Olímpicos.  Ainda são poucos espaços como o de Ceilândia para uma capital com 2,4 milhões de habitantes e com forte influência do tráfico de drogas, principalmente explorando a inocência de crianças moradoras de regiões de muita pobreza, com promessas de ganhos fáceis.

Outro aspecto altamente positivo desses centros é que ex-atletas da cidade estão vinculados às suas direções, numa tentativa de afastar a influência política de aproveitadores de ocasião.

Carmem de Oliveira, Ricarda, Pipoka, entre outros, sob a liderança do secretário de Esporte, Célio René, respeitado karateca, campeão pan-americano, são alguns dos nomes que integram o “comitê de governança”, apoiados por um Conselho Comunitário.

Essa é a proposta básica: Integrar Centros Olímpicos cada vez mais à rotina das cidades, para que suas atividades prossigam independentemente da mudança de mudanças de governos. Se conseguirem isso, o direito da população de praticar esportes e ter espaço para o lazer estará garantindo.

Enfim, ganhei o sábado ao constatar que a discussão teórica que neste espaço se trava sobre o direito de esporte para todos – previsto na Constituição – é possível de ser realizada, com resultados efetuvis,

A decisão – geralmente burocrática –  de construir e manter os centros olímpicos é política.Mas é indispensável a participação comunitária no acompanhamento da gestão dessas áreas, para evitar que se tornem redutos de políticos ou cabides de empregos de governos. Que esses esses espaços sejam, antes de tudo, um direito efetivo da população.


Zico – Uma Lição de Vida: edição atualizada será lançada em Nova York
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José Cruz

Publicação já está disponível para IPad – Leia abaixo depoimento do personagem

Enquanto o Flamengo vive um dos maiores dramas de relação profissional, com o episódio Ronaldinho Gaúcho, o torcedor rubro-negro pode retroceder na história do clube, reviver fatos marcantes e se orgulhar da trajetória do ex-craque e eterno ídolo,  Zico.

Com texto atualizado pelo autor, jornalista Marcus Vinicius Bucar Nunes, será lançada a segunda edição de Zico – Uma Lição de Vida, quarta-feira, na Feira Internacional do Livro, em Nova York. Os compromissos com a Seleção do Iraque, que Zico dirige e tenta classificar para a Copa no Brasil, impedirão a presença do personagem ao lançamento.

A primeira edição, de 1994, foi lançada no Japão, com 130 mil exemplares vendidos, e no Brasil, com 30 mil. Agora, “Uma Lição de Vida”, da Thesaurus Editora, vem com texto atualizado sobre as últimas jornadas de Zico, mundo afora

No IPad

Para os internautas, uma dica: a Apple, na sua banca virtual para IPad, já disponibilizou a versão atualizada em português. Em julho lançará o texto em inglês e, em setembro, em japonês.

O rubro-negro, sem alegria ultimamente, poderá reviver os grande momentos de uma geração vitoriosa que, conquistando títulos, contribuiu para deixar o Flamengo com uma das maiores torcidas do planeta.
Depoimento

De  Zico, recebi esta manifestação:
“Quando o Marcus Vinicius falou comigo sobre o livro, confesso que não dei muita importância. Achava que era mais uma demonstração festiva da nossa amizade que se estende às nossas famílias. Mas não tinha dúvida que, se o projeto fosse adiante, haveria muita seriedade, muito dedicação e principalmente, muita fidelidade quanto aos fatos. O Marcus é assim.
Foram mais de doze horas de gravações. A mais longa foi em Udine, na Itália. Com muitas fotos e muitos vídeos dos nossos jogos, Marcus chegou por lá quando eu ainda estava na Udinese. Relembramos lances, os diálogos trocados durante os jogo e fatos, dentro e fora de campo, que quase nunca a torcida toma conhecimento.
Torcedores que leram o livro me falaram que gostaram do conteúdo e da forma como foi escrito. Particularmente, o que mais gostei foi a abordagem das minhas dificuldades iniciais. Principalmente por saber que sempre existe a possibilidade da criança, do jovem e do adolescente, conhecerem um pouco da minha história. A determinação, que o Marcus destaca no texto, é fundamental. E ele soube valorizar esse predicado que todos devem abraçar para conquistar os seus objetivos.
Nunca pretendi ser exemplo para ninguém. Fiz apenas o meu trabalho, com fé, muita garra, esperança, disciplina, sacrifícios, determinação e muito amor, a cada dia, a cada treino, a cada partida, a cada campeonato. Até porque ontem, hoje e sempre, ninguém será capaz de exercer a sua profissão sem se exercitar, com muita dedicação e responsabilidade.”
Pra finalizar, não posso negar que o capítulo que conta os 6 a 0 contra o Botafogo e o gol do Rondinelli contra o Vasco, sem dúvida são dois momentos especiais do livro por toda a emoção que o Marcus jogou no texto.
Que as edições digital e o lançamento da edição impressa em inglês, na Feira do Livro de Nova York, alcance o sucesso que ele espera.”
Abraço, Zico


Ronaldinho e Dona Patrícia, baita entrevero…
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José Cruz

Em 2006 passei uma semana em Porto Alegre pesquisando, investigando, perguntando, descobrindo personagens importantes e visitando locais históricos que contribuíram para produzir uma reportagem-perfil sobre Ronaldinho Gaúcho.

Foi um trabalho de fôlego, ao lado do fotógrafo Ronaldo de Oliveira. Produzimos cinco páginas para o Correio Braziliense com histórias emocionantes contadas por quem esteve perto e influenciou na transformação do  “guri” em craque.

Ouvimos ex-coleguinhas de clube do tempo em que, em dias de chuva e sem poder ir para o “Campo do Sabiá”, Ronaldinho brincava driblando o cachorro Bombom e cadeiras enfileiradas no corredor de uma velha casa. A bola era seu único e inseparável prazer e qualquer obstáculo o adversário a ser superado.

A última personagem que ouvimos para a reportagem foi Dona Minguelina.

– Mas, afinal, dona Miguelina, Ronaldinho não gostava mesmo de estudar?

Gostava sim. Ele não era muito aplicado, mas estudava” – o coração de mãe é enorme, mesmo, imaginei, lembrando as entrevistas das professoras que tiveram Ronaldinho em sala de aula e contaram, rindo, histórias do moleque.

Às vezes eu perguntava para ele como tinha sido o dia na escola, e a resposta era sempre a mesma”, contou dona Miguelina, revelando:

Ah, mamãe, na escola eu não fui bem, mas no recreio marquei cinco gols…”

Isso demonstra que o futebol esteve sempre na rotina desse craque que, agora, transformou-se em assunto polêmico num dos principais patrimônios do futebol brasileiro, o Clube de Regatas do Flamengo.

Show

Reportagem à parte, não há com esquecer a liderança de Ronaldinho naquela virada sobre o Santos (4 x 5) em julho do ano passado, pelo Brasileirão. Jogo em que o Gaúcho e Neymar se encarregaram de deixar o futebol mais bonito, de encher os olhos.

foto: Fla Imagem

O amor “foi” lindo

Passou  o tempo. Quase um ano. Vieram as denúncias. De um lado, a falta de pagamento de salários; de outro, o relaxamento nos treinos e a desmotivação nos jogos. O rompimento foi inevitável e a torcida não perdoa. Quer show. Como?

O que fica desse desenlace é a repetição da fragilidade nas relações trabalhistas de clubes profissionais, os compromissos milionários assumidos que não podem ser cumpridos e a ainda gestão amadora diante de patrimônios históricos, como o do Flamengo.

O desencontro de informações entre os diretores e presidenta Patrícia Amorim, neste episódio,  evidência desleixo no trato de assunto tão sério e que envolve muito dinheiro de parceiros.

A verdade sobre o que Ronaldinho cobra e o que o Flamengo deve só saberemos quando a Justiça entrar em campo e bater o martelo.

Se de um lado há queixas de prejuízo salarial, de outro há argumentos de que o craque faltou com a obrigação trabalhista. “Baita entrevero”, como se diz lá no Sul.

Certo é que ficamos privados das jogadas de um craque que, com o tempo, foi se afastando da bola e do clube, deixando nosso futebol mais pobre por aqui e alertando que a gestão profissional é tema inadiável na terra da Copa do Mundo.