Blog do José Cruz

Arquivo : maio 2012

Má gestão do futebol desperdiça oportunidades de empregos e negócios bilionários
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José Cruz

Enquanto isso cresce a dívida fiscal dos clubes, mas Caixa Econômica busca alternativas para a Timemania, tornando-a mais atrativa a fim de que o torcedor-apostador ajude a pagar a elevada conta

Pentacampeão em campo, a gestão do futebol brasileiro ainda é amadora e precária. Desperdiça oportunidades de lucros e prejuízos e dívidas.

Por exemplo, do potencial de R$ 7,9 bilhões disponíveis para explorar em negócios são gerados apenas R$ 2,1 bilhões. E dos 2.000.000 de empregos diretos, indiretos e induzidos ofertados  pela cadeia produtiva do futebol só 371.000 são concretizados. O potencial é real e o desperdício evidente por falta ações, apesar da proximidade de grandes eventos mundiais.

A conclusão é do coordenador de projetos da Fundação Getúlio Vargas, Pedro Trengouse, que, ontem, apresentou números e sugestões sobre o setor, na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados.

A audiência pública foi proposta pelo deputado Deley, ex-craque do Fluminense, para tentar salvar a agonizante Timemania. Mas o desinteresse dos presidentes e gestores de clube ficou claro: dos 80 convidados menos de 10 compareceram para debater. Isso demonstra que os cartolas, em geral, querem mesmo é solução de governo e não um projeto integrado que passa, obrigatoriamente, pela profissionalização de das administrações dos clubes.

Ironia

Ironicamente, enquanto a Comissão de Esporte discutia sobre os rumos das finanças do jogo da bola, perto dali uma CPI investigava o passado da “bola” liderada pelo silencioso de ocasião, Carlos Cachoeira, um ex-eficiente gestor do jogo,bingos, inclusive, conduzindo com zelo o rateio de suas falcatruas e corrupções com dinheiro público, conforme investigações da Polícia Federal.

Vamos ao jogo

O motivo principal da audiência pública era debater sobre uma nova fórmula para que os clubes devedores de R$ 2 bilhões ao fisco melhor se beneficiem da Timemania.

Essa loteria, criada em 2008, repassa 22% de sua arrecadação para abater no débito fiscal das entidades do futebol que refinanciaram seus débitos com o FGTS, INSS e Imposo de Renda.

Porém, o elevado valor da aposta e os baixos prêmios oferecidos não motivaram os torcedores, que preferem loterias mais atrativas, como a Megasena. Resultado: a Timemania não ajudou, e o débito cresceu gravando o problema para clubes e governo federal.

Gestão

A má gestão também contribui para o endividamento dos clubes. Os débitos oficiais não são divulgados porque envolvem sigilos garantidos em lei.

Um estudo realizado por Pedro Trengrouse, a pedido do Ministério do Esporte, estimou que o passivo geral dos clubes alcance R$ 3,5 bilhões, entre parcelamentos tributários, dívidas com funcionários e tributos, com instituições financeiras e passivos diversos. É muito para o potencial de faturamento que o futebol brasileiro dispõe.

A situação tornou-se tão grave que, segundo um estudo da FGV, realizado a pedido do Ministério do Esporte, identificou-se que para cada R$ 1 real do patrimônio do clube há uma dívida de R$ 1,6.

Porém, o problema da dívida fiscal – renegociada em 2008 com 240 meses de prazo para pagar, depois de perdoados 50% das multas  – estaria resolvido se,  em vez do lançamento da Timemania, o governo tivesse optado pelo refinanciamento através de uma loteria mais atrativa, como a Megasena.

Na avaliação de Pedro Trengrouse, o futebol é superavitário, lucrativo. “Já o endividamento registrado deve-se, em parte, ao uso das receitas do futebol para investimentos em esportes olímpicos”, explicou Trengrouse. Será? Sobre isso estou levantando informações e escreverei oportunamente.

Solução

A Caixa Econômica Federal – administradora das loterias –  já trabalha em alternativas para uma “remodelagem da Timemania”, onde o escudo dos clubes seriam mais valorizados, com melhor a oferta de prêmios, segundo o diretor de Loterias, Gilson Braga.

Paralelamente, uma comissão com representantes dos ministérios da Fazenda, Educação, federações, CBF e Ministério Público atuarão junto à Caixa para ajudar na busca de solução que estanque  o crescimento da dívida fiscal e retribua melhor o apostador, na prática o agador do calote fiscal futebolístico que se formou ao longo dos anos.


Timemania fracassa e o calote dos clubes aumenta
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José Cruz

A Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados realiza hoje uma audiência pública para discutir sobre o maior golpe do futebol aos cofres públicos: vai por águas abaixo o pagamento da bilionária dívida dos clubes para com o fisco – Imposto de Renda, INSS e Fundo de Garantia etc.

Em 2007, falava-se que os 80 principais clubes de futebol deviam R$ 2 bilhões aos cofres públicos. Para tentar resolver o problema, o governo criou uma loteria específica, a Timemania, destinando 22% de sua arrecadação para abater no débito. Mas a loteria não decolou:  apostas caras e prêmios miseráveis.

Em 2011, por exemplo, rendeu míseros R$ 159 milhões. Desse total, apenas R$ 34 milhões (22%) foram abatidos da dívida dos clubes.

“Até agora, o abatimento da dívida foi ínfimo e ineficaz, em relação aos débitos com o fisco, que totalizavam R$ 968 milhões, em 2007”, explicou o deputado Deley. 0bservem que o valor divulgado por Deley é longe dos R$ 2 bilhões divulgados em 2007. Há contradições nas informações, antes de tudo.

Como o dinheiro não é suficiente para atingir o total das parcelas que vencem mensalmente, os clubes complementam com dinheiro de seus caixas, até alcançar o valor da prestação do refinanciamento de suas dívidas.

Muitos não conseguem fazer isso e o saldo do débito aumentou. Resultado, alguns clubes se tornaram inadimplentes, como Botafogo, Flamengo, Corinthians, Internacional, Fluminense, Grêmio entre outros. E “inadimplente” não recebe verba pública, como da Lei de Incentivo ao Esporte.

Audiência

No debate de hoje na Comissão de Esporte, Plenário 3, às 14h, estarão o superintendente de Loterias da Caixa, Gilson César Pereira Braga, e o pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Pedro Trengrouse.

Dívida

Estudioso sobre o assunto, Trengrouse diz que a dívida dos principais clubes está em torno de R$ 4 bilhões, mas aí incluídos impostos federais, estaduais, contribuições previdenciárias, salários atrasados, dívidas trabalhistas na Justiça etc.

Para início de conversa, os valores das dívidas é uma informação que precisa ficar bem esclarecida ao público. Não há dados oficiais sob a alegação de “sigilo”. Porém, com a vigência da Lei de Acesso à Informação, não há mais desculpas.

Enquanto isso…

O governo precisa estar atendo aos balanços dos clubes devedores, recentemente publicados pelo especialista em finanças do futebol, Amir Somoggi.

As análises demonstraram receitas crescentes das 20 principais instituições, em torno de 73% nos últimos cinco anos.

A principal fonte de renda dos clubes continua sendo a televisão, com 36%, patrocinadores com 18%, venda de atletas 15% e bilheterias em último lugar, representando apenas 8% do que os clubes recebem anualmente. Ou seja, o torcedor vai cada vez menos ao estádio.

A audiência pública de hoje é resultado de loby dos cartolas para que o governo reformule a fracassada Timemania.

Na verdade, os espertos dirigentes tentarão sensibilizar o Congresso Nacional para receber “perdão” de suas dívidas. Mas, duvido que a presidente Dilma concorde com isso.

Já se fosse o ex-presidente Lula a conversa seria outra.

Para saber mais: http://www1.caixa.gov.br/loterias/loterias/timemania/timemania_resultado.asp

 

 


Campeonato Candango desmoraliza o novo estádio Mané Garrincha
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José Cruz

O Ceilândia desbancou os tradicionais Gama e Brasiliense e conquistou o Campeonato Candango de 2012, sábado. Mesmo perdendo o jogo por 1 x 0 para o Luziânia a  retrospectiva de melhor campanha lhe garantiu o título

O “espetacular” jogo foi testemunhado por 970 pagantes.

Exatamente, menos de mil torcedores foram ao estádio, com “extraordinária” renda de R$ 9.700,00 …

Pois é para um campeonato que tem final com esse perfil que o governador Agnelo Queiroz constroi um estádio para 75 mil pessoas…

O custo da obra já está em R$ 850 milhões e passará fácil de R$ 1 bilhão.

Ou seja, transporatado para o colosso do novo Mané Garrincha, a torcida de sábado ocuparia irrisórios 1,3% do estádio. Nem dois por cento…

Um imenso vazio no concreto, cuja manutenção será de R$ 100 milhões/ano, dinheiro do orçamento do Distrito Federal. Ou do contribuinte, como queiram.

Mais:

O Luziânia, que fez a final e se tornou vice de 2012, não é do Distrito Federal, mas de Goiás;

O ataque do campeão Ceilândia soma 107 anos: Dimba, 38 anos, Allan Delon, 32 e Cassius, 37;

Finalmente: a Federação Brasiliense de Futebol, filiada à CBF, está sob intervenção da Justiça: gestões passadas acusadas de corrupção com dinheiro público, pois aqui o Campeonato foi subsidiado por Roriz, Arruda e, agora, Agnelo.

Enquanto isso…

Aproveito o comentário do jornalista Walter Guimarães, no Facebook, para encerrar:

A final da Liga dos Campeões, no sábado, vencida pelo Chelsea, nos pênaltis, foi disputada na moderníssima Allianz Arena. E me vem a lembrança que Brasília terá um estádio maior, em cerca de um ano…

No Allianz cabem 68 mil pessoas; aqui caberão 75 mil… 

Lá, tem jogo a cada 15 dias, no  campeonato com maior média de público do mundo; aqui, a final do Candangão foi entre Ceilândia x Luziânia…”

Que tal?


Joaquim Cruz lança segunda etapa de seu sonho olímpico
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José Cruz

Três décadas depois de ter conquistado a única medalha brasileira de ouro olímpica em provas de pista, Joaquim Cruz (IJC) implanta em Brasília a primeira etapa de um antigo sonho: formar atletas de alto rendimento.

É a continuidade de um plano por ele iniciado em 1989 com o Clube dos DescalSOS, para 120 crianças de 12 a 17 anos, em cinco cidades de Brasília, com apoio da Caixa.

O Clube dos DescalSOS é uma espécie de homenagem às crianças de origem humilde, como a de Joaquim, que iniciou carreira em Brasília no basquete e, mais tarde, no atletismo, onde se consagrou.

A primeira meta do Instituto Joaquim Cruz destina-se ao exercício da cidadania e contriui para o  desenvolvimento das potencialidades infanto-juvenis, com atividades esportivas, culturais e educacionais.

Pódio

Agora, surge o programa, “Rumo ao Pódio Olímpico”, dirigido por Ricardo Vidal, que será desenvolvido inicialmente na cidade de Ceilândia – 30km do centro da capital, de onde saiu o fundista Marilson Gomes dos Santos, bicampeão da Maratona de Nova York.

Destinado a 30 garotos entre 16 e 21 anos, serão oferecidas provas de meio e fundo e fundo (800m, 1.500m, 3.000m, 10.000m e maratona).

Meta: ter competidores nas provas de atletismo nos Jogos Olímpicos de 2020. E entre os instrutores para as provas de longa distância estará Ronaldo da Costa, que, em 1998, registrou o recorde mundial da maratona, com 2h06min05s.

Seleção

Os 30 atletas sairão de uma superseleção, a partir de uma prova de 600m. Os 400 melhores que correrem a distância abaixo de 2 minutos passarão à próxima etapa, rumo a mais duas peneiras, até ficarem 50 candidatos. Finalmente, após duas semanas de treinos, mais uma prova para formar a seleção de 30 candidatos a atleta olímpico.

Os classificados receberão treinamento através de equipe multidisciplinar, vales transporte e alimentação, assistência odontológica e uma bolsa em dinheiro (valor não revelado)

O programa está orçado em R$ 3,6 milhões, e já captou R$ 1,4 milhão de patrocínio da multinacional Tetra Pak, via Lei de Incentivo ao Esporte.

Análise da notícia

Com a ausência da prática de educação física nas escolas públicas e a carência de bons programas de atletismo para o volume de jovens estudantes no país  — 33 milhões matriculados em 2011 –  a iniciativa do Instituto Joaquim Cruz chega para tentar aproveitar uma pequena parte dos talentos escondidos, no celeiro de Brasília.

O programa idealizado pelo campeão olímpico é uma espécie de mutirão, em que Joaquim oferece o nome prestigiado internacionalmente e o programa para os jovens, elaborado nos Estados Unidos, onde ele mora. O governo do Distrito Federal entra com o espaço físico para as atividades esportivas e os recursos financeiros vêm da Lei de Incentivo ao Esporte.

Mesmo com toda essa força conjugada será possível atender apenas 30 jovens candidatos a atleta.

O elogio à iniciativa é, paralelamente, um puxão de orelhas aos governos Federal e do Distrito Federal pela omissão em programas desse tipo. Esses sim, em trabalho integrado dos ministérios da Educação, Esporte e Saúde deveriam, há muito, estar liderando iniciativas do gênero, com programas permanentes em todo o país.

Os milhões de reais do programa Segundo Tempo, desviados para o bolso de espertos pela falta de fiscalização do Ministério do Esporte, poderiam ter sido aplicados em bons projetos se houvesse seriedade e compromisso social de nossos governantes. Perdeu-se, dinheiro, tempo e talentos.

Assim, com limitação de recursos financeiros, serão 30 “felizardos” no Rumo ao Pódio Olímpico num país de milhões de crianças e adolescentes.

É mais um programa que se soma a outros, anônimos, Brasil afora. Mas não há como ignorar que a eliminação de centenas de jovens provocará frustrações. E isso reforçará, insisto, a incompetência e irresponsabilidade governamentais – de ontem e de hoje – incapazes de promover projetos de longo prazo e dando destino proveitoso ao dinheiro público que administram.

Para saber mais: Instituto Joaquim Cruz


Pan 2007: Ministério do Esporte obstruiu fiscalização, diz TCU
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José Cruz

Cauê, o simpático mascote, ainda sem luz suficiente para iluminar as prestações de contas do Pan 2007

O Tribunal de Contas da União (TCU) ainda analisa cinco processos, dos 36 instaurados, de auditorias nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro.

O assunto é pra lá de complexo e exige, inclusive, Tomada de Contas Especial, isto é, um detalhado mergulho na prestação de contas para atualizar falhas, ouvir explicações das partes e identificar responsáveis por irregularidades previamente constatadas.

Dificuldades

Para que o leitor tenha ideia do que foi fiscalizar os gastos no Pan 2007 (R$ 3,4 bilhões, segundo o TCU), vejam o relato dos auditores em um dos processos, ainda em aberto:

Cabe ressaltar também a obstrução dos trabalhos de acompanhamento deste Tribunal por parte dos responsáveis do Ministério do Esporte, que algumas semanas anteriores ao início dos jogos alegaram não possuir os projetos e detalhamentos da execução contratual que possibilitassem o acompanhamento pelos técnicos do TCU. Contudo, na primeira inspeção (Triatlo), a equipe descobriu haver os projetos detalhados fornecidos pelos mesmos responsáveis do Ministério do Esporte.”

Entenderam bem? houve “obstrução aos trabalhos de auditoria do Tribunal e esconderam projetos detalhados”!

E quem assim agiu são as mesmas pessoas já estão escaladas para trabalhar nos Jogos Rio 2016…

Energia e planejamento

Em outro processo, o TCU analisa a compra de aparelhos de ar condicionado que não foram instalados porque, acreditem, não havia energia elétrica suficiente para suportar a carga…

Assim se manifestaram os auditores do TCU:

A redução da quantidade de aparelhos instalados em função da falta de energia suficiente nas instalações denota falha no planejamento, ao prever a existência das unidades de ar-condicionado sem a devida verificação do fornecimento de energia elétrica. Em função dessa falha, os responsáveis do Ministério do Esporte acabaram por aprovar o pagamento de unidades inutilizadas no evento, o que configurou ato de gestão antieconômico.”

Os aparelhos a mais foram incorporados ao patrimônio da União e devem estar refrigerando salas onde haja energia suficiente, imagino.

Bronca

Pois mesmo diante desses fatos que estão em processos do Tribunal de Contas da União a turma do Ministério do Esporte não gostou da crítica que fiz na terça-feira, quando disse que usarei a Lei da Transparência para ter acesso à prestação de contas oficial do Pan 2007.

Para que não fiquem dúvidas, esclareço que ainda no ano passado recebi o “Relatório do Pan”, enviado pelo secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento, Ricardo Leyser Gonçalves.

À época, escrevi sobre o assunto, não o suficiente, reconheço, mas porque ainda faltavam informações valiosas, como o encerramento de alguns processos polêmicos pelo TCU, o que levará alguns meses, com certeza, porque o trabalho é longo, complexo e difícil.

O “Relatório do Pan”, em três volumes fartamente ilustrados, é registro de números oficiais, de receitas de todos os entes envolvidos – governos Federal, Estadual e Municipal, do Rio, do Comitê Organizador –  e despesas, como num balanço contábil. Que fique claro: isso não é prestação de contas. É “relatório”, documento demonstrativo sob a visão do próprio Ministério.

E , que confiança pode-se ter nesse documento sabendo-se que os autores são os mesmos que dificultaram o trabalho de fiscalização do TCU?

Fico, assim, no aguardo final das auditorias do Tribunal para fazer o balanço com base nas decisões daquela corte. E muito já foi esclarecido, é verdade, e aqui transcreverei os resultados na medida em que for concluindo a leitura de volumosos processos, recheados de números, informações, termos técnicos de difícil entendimento e, claro, surpresas a cada página que se vira.

Assunto para render por mais um ano, sem dúvida, mas que não pode ser esquecido.


Governo já gastou R$ 144 milhões em consultorias para Copa e Olimpíada
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José Cruz

Quatro órgãos do governo federal já gastaram R$ 144,9 milhões em consultorias externas para a Copa do Mundo 2014 e Jogos Olímpicos Rio 2016.

Desse total, só o Ministério do Esporte desembolsou R$ 31,3 milhões em consultorias para a Copa e R$ 41,3 para a Olimpíada, num total de R$ 72,6 milhões, entre 2008 e 2011.

Para a Copa do Mundo, o ministério mais ousado em contratação de consultoria externa é o do Turismo, com R$ 60,4 milhões.

Já o Finep (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) gastou  R$ 8.735,00 milhões. E o Ministério da Cultura foi mais modesto, com apenas R$ 3 milhões.

Contraste

Os valores contrastam com recente declaração do ministro do Esporte, Aldo Rebelo.

Ontem, ele criticou a consultoria ao Comitê Organizador da Copa (COL) segundo a qual é “crítico” o atraso nas obras para 2014”, conforme reportagem do jornal Folha de S.Paulo.

Há poucos dias, Aldo Rebelo ironizou a expressão “elefante branco”, usada pelo Tribunal de Contas para os estádios que não terão serventia no pós-Copa.

Agora, o ministro voltou a surpreender com manifestação debochada para a gravidade do assunto e realidade dos fatos.

Além de o relatório do COL estar “desatualizado”, como afirmou, Aldo disse que na área de consultoria “a tradição é sempre botar defeito, problema, porque se não ele (o consultor) não tem como prosseguir o trabalho”.

Ora, se é essa a visão de Aldo Rebelo sobre consultorias como explicar que sua pasta já tenha desembolsado R$ 72 milhões nesse tipo de contrato?

CONSULTORIAS 2088/2011
Copa   2014 R$
Min.   Turismo60.566.977
Min. Esporte31.312.540
Finep8.735.915
Min. Cultura3.000.000
Subtotal103.615.432
Olimpíada   2016
Min. Esporte41.321.178
TOTAL 144.936.610

 

Legado zero

É estranho, também, que cinco anos depois do Pan 2007 o Ministério do Esporte não tenha se preparado para os grandes eventos e contratado pessoal qualificado para as indispensáveis consultorias.

Observa-se que, no quesito “planejamento”, o legado do Pan foi zero para a área governamental.

Mas não tem importância, contrata o consultor externo que o povão paga a conta.


Lei de Acesso à Informação e as contas do esporte
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José Cruz

Para comemorar a vigência da Lei de Acesso à Informação, a partir de hoje, publico  um texto de Ayn Rand, uma filósofa russo-americana.

Mesmo escrito por uma estrangeira adapta-se perfeitamente à nossa realidade, neste momento em que  a CPI do Cachoeira investiga falcatruas com o dinheiro público e aguarda-se o julgamento do Mensalão.

Confiram a preciosidade que me foi enviada por uma leitora:

Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada;

Quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores;

Quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você;

Quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto sacrifício…

Então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.

Texto atual? Exatamente!

Mas foi escrito em 1 9 2 0!!!. Há 92 anos! Um século, praticamente. E continua atual. Autora: Ayn Rand era judia, fugitiva da Revolução Russa.

A Lei

A Lei de Acesso à Informação, nº 12.527/2011, garante acesso a dados oficiais dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

A nova norma  ajudará muito na transparência, no acompanhamento dos gastos públicos e identificação de falcatruas oficiais.

Do lado esportivo, tentarei obter o balanço dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, por exemplo, até hoje escondido.
Estou curioso para conhecer detalhes da festa que custou R$ 3,4 bilhões.

E com isso vou testar se a Lei vale ou é só disfarce oficial.

Para saber mais:

Contas Abertas

http://www.contasabertas.org/WebSite/Noticias/DetalheNoticias.aspx?Id=825&AspxAutoDetectCookieSupport=1

 


Nilton Santos: belas lições, Amigo!
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José Cruz

Hoje  Nilton Santos completa 87 anos. Tenho carinho especial por ele, que com a Seleção Brasileira bicampeã, 1958/1962, me deram tantas alegrias.

Nilton morou em Brasília. Aqui, ele ia diariamente à sede da Associação dos Cronistas Esportivos, onde contava boas histórias de sua trajetória esportiva.  Garrincha – o “compadre”, como dizia – estava sempre num episódio. Há quase 10 anos Nilton voltou a morar no Rio.

Certa vez, numa de minhas visitas, conversamos muito, do Flamengo até o Maracanã. Ao final fiz reportagem de página inteira para o Correio Braziliense mostrando como ele era reconhecido e admirado na rua,  por torcedores em geral.  Foi craque em campo e homem simples, de convivência amiga, como o bom carioca sabe viver.

Hoje, Nilton está internado numa clínica e passa pelo difícil outono de sua vida.

Naquela caminhada pela manhã carioca, quando passávamos por uma alameda, já próximo do Maracanã, ele dizia o nome dos passarinhos que ouvia cantar. Era uma de suas paixões desde guri.

De repente, Nilton me perguntou:

Sabe por que pardal nunca quis aprender a cantar?

– Não sei, Nilton. Não sei nada de passarinhos – respondi

Para  não viver preso em gaiola…

A resposta é a síntese de Nilton Santos: um craque que jogou livre, solto, dominando seu espaço. Um craque que assinava contratos em branco. Talvez por isso não tenha feito fortuna, é verdade, mas se orgulhava do que o futebol lhe ofertou: prazer de viver.

Niltom foi muito feliz com o  Botafogo, seu único time em toda carreira. Indagado sobre o futebol de sua época, ele respondia com um sorriso de saudade e uma pontinha de lágrima:

Eu fazia o que gostava e ainda me pagavam!

Memória

Uma das histórias que Nilton Santos gostava de contar aconteceu em 1984, quando ele foi treinar o São Paulo, na cidade de Rio Grande, 300km ao sul de Porto Alegre.

Acostumado ao calor do Rio de Janeiro, Nilton enfrentava o rigoroso inverno gaúcho. Num domingo, o levaram para visitar a extensa praia do Cassino. O frio era intenso e Nilton nem saiu do carro.

De repente, viu um pinguim morto na beira da praia. Era a desculpa que precisava para romper o conrato:

Olha, pessoal, se nem pinguim aguenta o frio daqui, o que é que estou fazendo nesta cidade?

Arrumou as malas e voltou ao sol da sua Cidade Maravilhosa.


Brasília: crescem assaltos e assassinatos na sede da Copa
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José Cruz

Em Brasília, capital da República, um assalto é realizado a cada 3 horas. Aqui será uma das 12 sedes da Copa do Mundo.

Farmácias, postos de gasolina e lojas nas quadras comerciais registraram aumento de 40,1% no número de assaltos no atual governo, de Agnelo Queiroz.

Ontem, uma joalheria foi assaltada num dos mais movimentados shoppings. Os ladrões entraram e saíram sem serem importunados.

Os assassinatos e estupros também são crescentes, 13%  nos primeiros meses deste ano, comparativamente a 2011. Os dados são oficiais.

O desconforto nos hospitais é contínuo, com pacientes deitados no chão recebendo medicação. Quando há medicação, porque leitos e macas acabaram.

Enquanto isso…

O governador Agnelo visitou ontem as obras do estádio Mané Garrincha, acompanhado do ministro do Esporte Aldo Rebelo.

E ambos voltaram a sorrir e fizeram graça com os que afirmam que, ali, está se construindo uma obra inútil de mais de R$ 1 bilhão, pois o futebol em Brasília é inexpressivo.

Agnelo, demonstra ignorância também em questões mundiais e falta visão global dos acontecimentos, ao declarar bobagens como esta, referindo-se ao caos no transporte urbano na capital, o pior do país:

O transporte seguro e rápido até o estádio e o Setor Hoteleiro estará garantido com intervenções que faremos num espaço de tempo que nenhuma outra capital do mundo pode oferecer”…

O governador fala em “segurança” como se aqui não houvesse ladrões, com e sem gravata. E não sabe que o governo japonês reconstruiu cidades e estradas destruídas há um ano e pouco por terremotos e tsunamis, isso sim, num espaço de tempo sem igual e de fazer inveja. Ignora que na China já constroem prédios em nove dias…

E diante do caos adminsitrativo em que Brasília está mergulhada, o governador fala em obras em espaço de tempo que não existem mundo afora….

E, o pior, é que os jornais publicam essas aberrações, como se fosse uma informação de importância ou de valor, quando lhe falta credibilidade, antes de conhecimento, para se manifestar sobre tais temas.

Enfim, para quem já teve Roriz e Arruda como governadores…


A milionária CBF, a miséria dos clubes e um desafio para Romário
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José Cruz

Juca Kfouri divulgou que Ricardo Teixeira ganhava R$ 90 mil mensais como presidente da CBF e mais R$ 110 para dirigir o Comitê Organizador da Copa.

Divulgou, também, que o atual presidente, José Maria Marin, aumentou seu salário de presidente da CBF para 160 mil. Com mais R$ 110 do Comitê são R$ 270 mil mensais. Beleza!

Enquanto isso…

… a dívida dos principais clubes brasileiros chega a R$ 4 bilhões. Repetindo: Flamengo, Vasco, Botafogo, Grêmio, Atlético-MG, Palmeiras e por aí vai… devem quatro bilhões de reais.

Parte dessa dívida é trabalhista. Outros R$ 2 bilhões são para o fisco: Imposto de Renda, INSS e Fundo de Garantia! Nem a Timemania salvou e o calote tende a ser eterno.

Boa parte dos clubes, da Série A, não consegue manter em dia a folha de pagamento. Ronaldinho Gaúcho que o diga.

Mas, afinal, o que é a CBF, cujos salários afrontam a realidade miserável das finanças do nosso futebol?

Didaticamente, a CBF é uma instituição que congrega as federações estaduais. E as federações são formadas pelos clubes de futebol.

Assim, a milionária CBF tem sustentação jurídica-institucional de entidades devedoras, muitas caloteiras, outras em situação de falência. Que tal?

Contraste

Nesse panorama, a CBF é uma entidade riquíssima, que em 2011 registrou R$ 300 milhões de receitas.

Do total, R$ 219 milhões vieram de patrocínios. Outros R$ 41,9 milhões de direitos de transmissões. Dados de seu balanço financeiro.

E por que tanto patrocínio? Porque a CBF gerencia um produto chamado “Seleção Brasileira”, que tem apelo emocional e total visibilidade na mídia. A “amarelinha” enche os olhos dos anunciantes, valorizada pelo pentacampeonato mundial.

Desafio

A CBF gere uma das expressões da cultura nacional, o futebol, representado pela Seleção Brasileira, que “convoca” os jogadores.

Em campo, a Seleção exibe as cores do país; entoa o Hino Nacional e se perfila diante do nosso pavilhão. É a representatividade brasileira por excelência.

Portanto, seria justo que a CBF destinasse 20% de sua renda bruta para projetos sociais que usassem o futebol como atividade principal, em comunidades pobres, de reconhecido risco, Brasil afora.

Seriam “escolinhas” da CBF, não para descobrir talentos, mas para levar aos jovens a oportunidade de praticarem uma atividade que é a síntese de nossa cultura esportiva.

Ficam as sugestões e o desafio para que o deputado Romário, por exemplo, que tem participação atuante na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara, encaminhar esta proposta.

O seu passado de atleta campeão, a liderança demonstrada entre os parlamentares desportistas e as suas relações com a CBF o credenciam a encampar esta sugestão, de alcance social, antes de tudo.