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Sem dinheiro, Rio volta a suspender projeto social de legado da Rio 2016
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José Cruz

NO UOL ESPORTE

 “Assim como Rafael, outras 300 mil pessoas  – crianças, jovens e idosos —  do Estado do Rio não tem como praticar sua atividade esportiva. Todos eram beneficiados pelo projeto Esporte RJ, o qual foi criado para promover o maior legado social da Olimpíada de 2016.”

 

Por Vinicius Konchinski

Rafael Francklin Júnior tem 18 anos e sonha em ser jogador de futebol. Mora em Fragoso, bairro pobre de Magé, cidade da Baixada Fluminense, e tenta dar início a sua carreia num time vinculado a uma ação social mantida pelo governo do Rio de Janeiro, o projeto Esporte RJ.

Neste sábado, entretanto, completam-se 18 dias que Rafael não treina nem joga futebol. Isso porque, no último dia 14, as atividades de seu time foram suspensas.

“Entrei no Facebook e li por acaso uma mensagem dizendo tudo estava parado”, contou ele, ao UOL Esporte. “Eu estou de férias da escola [Rafael ainda não concluiu o Ensino Médio]. Estou afim de treinar e jogar. Mas descobri que o projeto parou. Não tem mais treino.”

Assim como Rafael, outras 300 mil pessoas – crianças, jovens e idosos – do Estado do Rio não tem como praticar sua atividade esportiva. Todos eram beneficiados pelo projeto Esporte RJ, o qual foi criado para promover o maior legado social da Olimpíada de 2016.

Acontece que, por falta de recursos, o governo do Rio suspendeu o Esporte RJ.  Oficialmente, a SEELJE (Secretaria de Estado de Esporte, Lazer e Juventude) parou o projeto para reavalia-lo e otimizá-lo. Quem trabalha na ação, contudo, sabe que a falta de dinheiro é que causou a interrupção.

“O novo secretário [Marco Antônio Cabral, filho do ex-governador Sergio Cabral] nos chamou para uma reunião. Disse que houve uma readequação orçamentária”, relatou Fabio Sodré, diretor do Zico 10, uma das entidades contratadas pelo governo por causa do Esporte RJ. “A parada é ruim. Espero só que ela seja curta.”

A parada, aliás, não é a primeira promovida pelo governo do Rio. Em setembro de 2013, o Esporte RJ também foi paralisado. Naquela época, porém, a iniciativa tinha outro nome: Projeto Rio 2016.

Na época, a SEELJE informou que o projeto havia sido suspenso para ser reformulado e virasse o Esporte RJ.

Foi exatamente o que aconteceu. Porém, até que o projeto fosse reiniciado, milhares de pessoas ficaram sem praticar esporte. E mais: muitos professores do projeto ficaram sem receber seus salários.

Hoje, segundo a SEELJE e Fabio Sodré, da Zico 10, não há problemas de pagamento. Sodré deu férias coletivas para todos seus funcionários. Ele, inclusive, disse que confia no secretário Cabral e na retomada do Esporte RJ. No entanto, já não com o mesmo tamanho.

“Nos avisaram duma redução de 70% no orçamento”, disse Sodré. “Com certeza o projeto vai diminuir. Não tem como atender à mesma quantidade de pessoas com 30% da verba que tínhamos antes.”

Rafael espera que a futura redução do projeto não o afete, nem aos seus amigos. Em Fragoso, disse ele, o futebol tem papel importante para afastar jovens do crime. Neste caso, portanto, qualquer corte ou parada pode ter consequências radicais.

“Está todo mundo aí na rua, sem fazer nada. Sabe como é?”, disse ele. “É bom os treinos voltarem logo, senão já viu…”


Nada a ver
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José Cruz

Os artistas da agência paulista Birdo Produções se inspiraram na fauna e na flora brasileiras e misturam “ficção e realidade” para criaram os mascotes dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. Esses bichinhos, nascidos em telas de computadores, não traduzem a riqueza da diversidade da flora e fauna nacionais. Isso sem falar nas sugestões de nome, “Oba” e “Eba”. Por que não “Toma Lá” e “Dá cá”?

MASCOTE

Inesquecíveis

O urso Micha, nos Jogos de Moscou, 1980, e o tigre Hodori, Seul, 1988, continuam sendo referências. E ficamos por aí.

Misha

 

Hodori

O Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016 poderia ter aproveitado o assunto para divulgar nas escolas ensinamentos sobre o significado dos Jogos Olímpicos e sua importância para o Brasil. Um trabalho com o Ministério da Educação incentivando a participação de milhares de alunos, universitários, inclusive, descobrindo-se, quem sabe, talentos artísticos e criativos ainda sem chances de exibirem suas artes. O legado da participação popular, pelo menos, estaria garantido.

Logotipo

O marca dos Jogos Rio 2016 já tinha sido motivo de polêmica, pois sugere arte estilizada do quadro “A Dança”, do francês Henri Matisse. A mesma arte já havia sido grosseiramente copiada pela fundação norte-americana Telluride.

O QUADRO DE MATISSE                                                                                                        Simbolo

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Rio 2016: investimentos privados superam os públicos
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José Cruz

rio parqueNo atigo Autódromo de Jacarepaguá é construido o Parque Olímpicos

Dos R$ 6,5 bilhões investidos até julho na preparação dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio de Janeiro 65% (R$ 4,2 bilhões) vieram da iniciativa privada. E 35% (R$ 2,2 bi) são verbas públicas dos três governos – federal, estadual e municipal – envolvidos no consórcio dos eventos. Em janeiro último, essa proporção era de 74% para investimentos privados e 26% públicos.

Os dados foram apresentados pelo presidente da APO (Autoridade Pública Olímpica), general Fernando Azevedo e Silva. Ele vibra com esse resultado até agora, pois nos Jogos Pan-Americanos 2007 foi decisiva a participação das verbas de governos.

No Pan, não havia uma instituição como a APO. O trabalho ficou concentrado no Ministério do Esporte, então sob o comando de Orlando Silva. As disputas políticas-partidárias prejudicaram a preparação do Rio ao evento continental, e a conta maior dos R$ 4 bilhões investidos foi paga pelo governo federal.

Enquanto isso…

O prefeito do Rio de janeiro, Eduardo Paes, se queixa da “paralisia do governo federal e implicações no cronograma dos Jogos Rio 2016, devido à campanha eleitoral”, como revelou meu colega Ilimar Franco, em O Globo, hoje.Mas o general Fernando tranquiliza: “Estou confiante, pois as obras estão em andamento, num modelo enxuto e eficiente”.

Rumos

“Depois de arrumar a casa, agora é pensar no legado”, afirmou Fernando Azevedo e Silva. “Arrumar a casa” foi quando ele chegou à APO, no Rio, em novembro do ano passado, e começou reformular a equipe.

Uma das atribuições da APO está na cláusula quarta – “dos objetivos e finalidades” – da Lei 12.396/2011, que criou a Autoridade Pública Olímpica: “ planejamento referente ao uso do legado dos jogos”.

Para tanto, o general Fernando vai a Londres nos próximos dias conhecer como as autoridades inglesas tratam desse assunto, já que a os Jogos daquele país, em 2012, são uma das referências em termos de megaeventos esportivos. Enfim, o badaladíssimo “legado” entra na pauta brasileira com boa antecedência.


Rio 2016: golfe, um campo minado de suspeitos buracos
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José Cruz

Foto: Alex Ferro / Comitê Rio 2016)

campo-golfe-2016-rio2016-alexferro2-1  Um dos mais agressivos empreendimentos para os Jogos Rio 2016, a construção do campo de golfe, na reserva ambiental de Marapendi, na região da Barra da Tijuca, tem mais furos de suspeitas irregularidades que os 18 buracos para a tradicional competição, como demonstram os integrantes do movimento carioca “Golfe para quem”?

A mais recente denúncia demonstra, com documentos obtidos nos arquivos do extinto SNI (Serviço Nacional de Informações), que aquela valorizada área pertence ao governo federal.

Em construção acelerada, o campo de golfe está em litígio desde 1970, há praticamente meio século. Mas decisões políticas do prefeito Eduardo Paes atropelam as ações judiciais.

Hoje, ao meio dia, com reprise à meia noite, o Sportscenter apresentará a segunda reportagem da série. Imperdível, para que se observe como os interesses olímpicos-imobiliários atropelam áreas públicas e normas judiciais.

 Pior:

A obra do campo de golfe invade expressiva área da Mata Atlântica. O projeto se caracteriza por crime ambiental, sem que os governantes da cidade ou do estado do Rio de Janeiro tomem qualquer iniciativa.

E depois dos Jogos…

Quem se responsabilizará pela gestão do campo de golfe?

Será entregará à iniciativa privada, como ocorreu com o Estádio do Remo da Lagoa, fechando o espaço público para a população?

Será asfaltado para estacionamento dos condomínios de luxo, nos arredores, como fizeram com o estádio de atletismo Célio de Barros?

Ou será destruído, como o Velódromo do Pan 2007?

Para saber mais

Vejam estas reportagens, dos companheiros Marcelo Gomes e Roberto Salim, da ESPN, e a do repórter Vinicius konchinski, do UOL Esporte:

http://espn.uol.com.br/video/437036_com-documentos-irregulares-campo-olimpico-de-golfe-e-construido-no-rj-em-terreno-do-governo-Federal?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

 

http://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/esporte/2014/08/24/campo-de-golfe-da-rio-2016-entra-na-mira-da-justica-e-nova-polemica.htm

 

http://esporte.uol.com.br/rio-2016/ultimas-noticias/2014/01/29/orcamento-olimpico-mostra-que-custo-de-obras-dobrou-desde-candidatura.htm