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Arquivo : Neymar

Congresso Nacional se omite no debate sobre lavagem de dinheiro no futebol
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José Cruz

Rodrigo Mattos, do UOL Esporte, publica hoje que a Receita Federal faz devassa na venda de Neymar para o Barcelona. A série de reportagensde Rodrigo sugere voltar ao nebuloso mercado de transferência de jogadores de futebol e como os órgãos de fiscalização atuam nesses negócios, depois de alertados pela imprensa. neymaar

 “A crescente internacionalização do mercado de jogadores de futebol tem aumentado a vulnerabilidade à lavagem de dinheiro”. A sonegação fiscal está nesse universo, escreveu o doutor em Economia, Mauro Salvo, do Banco Central, em recente estudo que aqui já comentei.

 Desse estudo (aqui), destaco um parágrafo que sintetiza o mercado internacional de jogadores, em que o autor demonstra que os governos, inclusive, participam do esquema, que culmina com vendas milionárias de craques.

“Considerando-se esses fluxos de dinheiro, vários importantes agentes financeiros da indústria do futebol podem ser identificados: os clubes (célula básica da indústria), jogadores de futebol (ativos mais valiosos da indústria) patrocinadores, meios de comunicação, investidores individuais (“patronos do clube”),os clubes de empresas locais ou de talentos, os agentes de futebol , governos locais (subsidiando clubes, atuando como emprestador de última instância, por vezes, proprietário do complexo do estádio), os proprietários de bens imóveis (estádios nem sempre são propriedade dos clubes ou do governo local)”.

A questão é:

As comissões de Esporte da Câmara dos Deputados e do Senado Federal discutem este assunto? conhecem o relatório sobre lavagem de dinheiro no futebol apresentado pelo Banco Mundial? Não! Nem no ano passado nem na atual legislatura dedicaram uma só reunião para discutir sobre esse tema, de interesse da economia brasileira.

Enquanto isso…

as excelências estão criando, via projeto de lei (art. 29), nova loteria para incentivar a formação de novos jogadores que, depois, entrarão neste mercado suspeito.


As chuteiras de ouro de Neymar
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José Cruz

Neymar usará chuteira dourada, no jogo contra o Chile, sábado, no Mineirão.

É modelo exclusivo, informam os companheiros da Folha de S.Paulo. Depois da Copa, a preciosidade custará R$ 1,2 mil, no mercado

chumar

E lembrar que Pelé, Rivelino, Tostão, Garrincha, Sócrates, Zico, Gerson, Júnior, Falcão … e por aí vai, usavam chuteiras de couro duro e batiam aquele bolão…

Reserva, mas com classe

Na Copa de 1950, Nilton Santos ficou na reserva porque não quis trocar a chuteira velha pela nova. Ele conta isso no seu livro, “Minha bola, minha vida”:

Já no Sul-Americano, o técnico Flávio Costa implicou com minha chuteira e comentou:

– Sua chuteira tem o bico muito mole para ser de um beque (como era chamado o jogador de defesa).

Argumentei que tinha sido convocado por ele, com o futebol que jogava com aquela chuteira. Não foi o bastante, ele retrucou:

– Beque meu joga com chuteira de bico duro e não dribla. E na hora do “bico”?

Não tive mais argumentos, pois não tinha a tal “hora” comigo. Eu não sabia chutar de bico (chute forte, sem precisão, para aliviar a defesa). Na época, todo jogador de defesa usava esse recurso. Só que eu, talvez por não gostar de jogar na defesa, não aprendi a dar de “bico”. Por isso, fiquei na reserva, com o protesto do Zizinho, que era meu incentivador e achava que eu deveria ser o titular porque sabia tocar bem a bola.”

Só jogava nos treinos coletivos. Nos treinamentos, só dava eu e o Nena – um beque central do Internacional de Porto Alegre. Ele gostava de mim e me chamava de menino. Às vezes, dizia assim:

– Como é que você está menino?

Eu dizia: “Estou bem”.

E ele: “Então vamos engrossar o treino”?

E não tinha para ninguém”.

Craques & marketing

Agora, a chuteira dourada Neymar tem o seu nome gravado, nome do filho, do pai, da mãe, da namorada, CPF, RG, data de nascimento, grupo sanguíneo, prefixo do helicóptero dele, email e por a vai…

E lembrei a simplicidade dos jogadores “daquelas” Seleções, que também foram craques, quando o jogo da bola era mais importante que marcas & marketing.

Sugestão de leitura:

“Minha bola, minha vida” – depoimento de Nilton Santos sobre a carreira dele.

Editora Gryphus


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